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cantor angolano Da Wikipédia, a enciclopédia livre
José Adelino Barceló de Carvalho, conhecido artisticamente como Bonga ou Bonga Kuenda (Caxito, 5 de setembro de 1942), é um cantor e escritor de letras de música angolano.
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José Adelino Barceló de Carvalho | |
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Nascimento | José Adelino Barceló de Carvalho 5 de setembro de 1942 (82 anos) Caxito (África Ocidental Portuguesa) |
Cidadania | Angola |
Ocupação | cantautor, atleta, cantor, artista discográfico(a) |
Distinções |
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Instrumento | Reco-reco, voz |
Barceló de Carvalho nasceu na localidade de Porto Quipire, actualmente um bairro da cidade de Caxito, capital da província do Bengo, poucos quilómetros ao norte de Luanda, na Angola Portuguesa.
A sua infância foi passada em bairros como os Coqueiros, Ingombota, Bairro Operário, Rangel e no Marçal. Aí vive-se um ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, marginalizadas pela dominação colonialista presente na época. O folclore dos musseques (bairros pobres) cedo fascinou o pequeno Barceló de Carvalho e por isso começou a frequentar e a participar das turmas dos bairros típicos de Angola, onde iniciou a sua actividade musical. Foi no bairro do Marçal que fundou o grupo "Os Kissueias do Ritmo". Barceló resolve criar o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, numa época muito conturbada.
Bonga é produto de uma geração aguerrida e marginalizada que resiste à aculturação da sociedade marginal através do respeito pela música tradicional de Angola. A cultura angolana era dominada pela colonização portuguesa de então (Estado Novo), daí que tanto a língua como a música tradicional fossem discriminadas e impedidas de se manifestar em plenitude.
Barceló de Carvalho sempre se sentiu atraído pelo atletismo. Tudo começou ainda muito jovem quando revelou perante os seus amigos do bairro ser o mais rápido nas corridas e nas fugas. Depois começou oficialmente a correr no S. Paulo do Bairro Operário, rotulado pejorativamente como o "club dos pretos". Ingressou no Clube Atlético de Luanda.
Em 1966, com 23 anos de idade, depois de ter alcançado os maiores títulos de Angola em 100, 200, e 400m, a sua entrada em Portugal dá-se aquando de um convite do Sport Lisboa e Benfica, que se deveu às suas múltiplas vitórias nos campeonatos em Angola. O objectivo deste convite é a prática semi-profissional de atletismo. É entre 1966 e 1972 que Barceló de Carvalho atinge por sete vezes o estatuto de campeão e permanente recordista de atletismo: onze internacionalizações nos 400 metros, nos 200 e 400 metros na taça da Europa de 1967, nove nos 4 x 400 metros e seis nos 200 metros, além de várias vitórias em torneios, tal como o prémio de Viseu em 1968 (400 metros), o Torneio Toddy em 1969 (100 metros), o II Grande Prémio das Festas de Santo António, etc.
Barcelo de Carvalho é já um nacionalista convicto. Portugal era então regido pela política repressiva e fascista de Salazar e Caetano. Com o início dos movimentos a favor da independência das ex-colónias portuguesas, Barceló de Carvalho usa a sua liberdade de movimentos proporcionada pelo seu estatuto de atleta recordista para passar mensagens entre compatriotas que lutam pela independência em Angola. Por este motivo é obrigado a fugir de Portugal para a Países Baixos, uma vez que começa a ter problemas com a polícia do Estado-Novo, a Pide.
Em 1972, nos Países Baixos lança o seu primeiro álbum "Angola 72", onde canta a revolução e o amor à pátria. É por esta altura que Barceló de Carvalho passa a chamar-se Bonga. Adopta um nome africano que significa "aquele que vê, aquele que está à frente e em constante movimento".
Barceló de Carvalho está consciente de que a cultura e a música africana ainda não é respeitada enquanto tal no mundo dos europeus, ditos civilizados. É esse o fundamento de uma consciência da necessidade da independência, da libertação, do povo e da pátria, tornando-se uma voz e o rosto da angolanidade no mundo. Os anos 70 são os tempos da arte-combate, onde estão espelhadas nobres e profundas convicções e aspirações a favor das ex-colónias portuguesas e contra o colonialismo. "Angola 72" está por esta altura proibido em Portugal e Angola, pela sua ressonância política e consciência crítica.
Barceló de Carvalho actua pela primeira vez nos Estados Unidos em 1973, aquando da celebração da independência da Guiné-Bissau, integrado num espectáculo de homenagem à cultura lusófona. Eis que surge a Dipanda (independência) em Angola e com ela Bonga atinge o estatuto simbólico de embaixador da música angolana. Dá-se o 25 de Abril e Bonga lança "Angola 74". Em África as independências sucedem-se. Bonga está em Paris e regista no consulado português em França o seu nome artístico,
Os anos 80 são tempos de apogeu internacional, comercial e cultural: é o primeiro artista africano a actuar a solo, dois dias consecutivos no Coliseu dos Recreios, símbolo da música portuguesa, é o primeiro africano Disco de Ouro e de Platina em Portugal. O seu sucesso estende-se para lá das fronteiras lusófonas e Barceló de Carvalho actua no Apolo em Harlem, no S.O.B. de Nova Iorque; no Olympia de Paris, na Suíça, no Canadá, nas Antilhas e em Macau. O seu sucesso é resultado de um trabalho árduo, intensivo e metódico e de uma imaginação criativa que caracteriza toda a sua carreira.
Em 1988, Barceló de Carvalho regressa a Portugal, dezassete anos depois de ter fugido clandestinamente. Bonga regressa não como recordista do atletismo, mas como recordista de vendas e popularidade, que canta música de intervenção, revolucionaria e carismática. Um dos motivos pelos quais Barcelo de Carvalho não regressa definitivamente a Angola é porque a independência pós-colonial desintegrou-se em corrupção, tirania e guerra. Assim sendo, Barceló de Carvalho manteve uma aguda consciência crítica relativamente aos líderes políticos de ambas as partes.
Barceló de Carvalho recebeu a distinção de “Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras” pelo governo francês. A menção honrosa foi entregue pelo Ministério da Cultura de França, numa cerimónia a 10 de Dezembro 2014, em Angola.[1]
Bonga cria uma fusão entre a sua pessoa e a música de Angola, tornando-as indissociáveis e tendo como maior estandarte, o Semba, um ritmo tradicional angolano correspondente ao samba brasileiro, mas precursor deste.
Também interpretou géneros musicais cabo-verdianos, sendo responsável pela adulteração da coladeira “Sodade” para uma morna, 18 anos antes de Cesária Évora a tornar mundialmente famosa.
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Barceló de Carvalho recebeu inúmeros prémios de popularidade e homenagens relativamente à sua obra, onde conta com distinções várias, medalhas e discos de ouro e de platina. Barceló de Carvalho manifestou inúmeras vezes a sua solidariedade e altruísmo dando concertos de beneficência para instituições como a MRAR, a Amnistia Internacional, FAO, ONU, UNICEF e também este concerto que se realizará no C.C.F. a 31 de Janeiro, reverterá a favor da ação missionária dos Capuchinhos em Angola. Para além disso tem participado em CDs como por exemplo "Em Português Vos Amamos" dedicado a Timor, "Paz em Angola" ou ainda "Todos Diferentes, Todos Iguais", um marco na luta contra o racismo.
Tem mais de 300 composições da sua autoria, 32 álbuns, 6 videoclipes, 7 bandas sonoras de filmes, e álbuns com inúmeras reedições em todo mundo.
Seus temas têm sido interpretados por ilustres artistas como no Brasil Martinho da Vila, Alcione e Elsa Soares, em França, Mimi Lorca, na República Democrática do Congo, Bovic Bondo Gala, no Uruguai, Heltor Numa de Morais, e muitos artistas angolanos da nova vaga.
Barceló de Carvalho, com mais de trinta anos de carreira, é recordista de vendas dos seus 32 álbuns, em todo o mundo, convidado para muitos espetáculos que contribuem para a imagem positiva do seu país.
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