Jogo da paz é como ficou conhecido uma partida amistosa de futebol realizada no dia 18 de agosto de 2004, no Estádio Sylvio Cator, na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, entre a Seleção Brasileira de Futebol – então Campeã mundial – e a Seleção Haitiana (então 95ª colocada no ranking da FIFA daquela época).[1]

Factos rápidos Brasil ...
Jogo da Paz
Data 18 de agosto de 2004 (20 anos)
Local Estádio Sylvio Cator, Porto Príncipe, Haiti
Árbitro BrasilBRA Paulo César de Oliveira (FIFA)
Público ~15 mil pessoas
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Recebeu a alcunha de "Jogo da Paz" pois o objetivo principal foi iniciar uma campanha de desarmamento naquele país[2] (o País caribenho vivia uma guerra civil desde a comemoração do bicentenário de sua independência, em janeiro de 2004[3]), com os ingressos do jogo sendo oferecidos em troca de armas. Por conta disso, a CBF foi agraciada com um Prêmio Fair Play da FIFA.[4]

Cenário Pré-Jogo

"O Brasil veio para o Haiti com a sua arma mais poderosa: o futebol."[5]
 
Frase extraída do documentário "O Dia em que o Brasil Esteve Aqui".

Em 2004, o Haiti, país mais pobre das Américas, vivia uma grave crise política que assolava o país. 80% da população vivia abaixo da linha da pobreza e 50% eram analfabetos.[6] O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que essa seria a grande oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil estava disposto a assumir uma posição de liderança, e enviou soldados para ajudar a reconstrução do país. Nos debates sobre a polêmica decisão brasileira de liderar a intervenção das Nações Unidas no Haiti, o primeiro-ministro daquele país, Gerard Latortue se queixou de que o Brasil deveria ter enviado a seleção de futebol, não soldados.[7] Assim, Lula convidou a Seleção para fazer um jogo no Haiti. A CBF gostou da idéia, pois queria estreitar seus laços com o poder público e com a FIFA para sediar a Copa do Mundo de 2014. Com o ok da FIFA,[8] e visando trazer um pouco mais de alegria para a sofrida população haitiana,[9] que é apaixonada pelo futebol brasileiro,[2] o "Jogo da Paz" foi oficializado.

Por questões de segurança, a delegação brasileira desembarcou no Haiti apenas duas horas antes da partida.[10] No trajeto entre o aeroporto e o estádio (cerca de 5km), os atletas brasileiros foram em carro blindado de combate,[10] e foram acompanhados por milhares de haitianos, que tomaram as ruas para ver os jogadores passarem.[11]

O primeiro-ministro do país caribenho, Gerard Latortue, ofereceu US$ 1.000 para quem marcasse um gol na seleção brasileira. Além disso, o político garantiu ceder, de seu próprio bolso, US$ 100 para cada um dos atletas haitianos em caso de vitória.[12] Edu, meia da Seleção Brasileira, afirmou que "a nossa intenção é tentar ajudar os haitianos e chamar a atenção mundial para o país."[10]

Mesmo sendo convocados, o goleiro Dida, o lateral-direito Cafu e o meia Kaká não foram liberados pelo Milan, da Itália, assim como o zagueiro Lúcio e o meia Zé Roberto, do Bayern de Munique, da Alemanha.[3]

A partida

"Foi uma honra jogar com os campeões do mundo."[13]
 
Jean Pierre, capitão do selecionado haitiano.
18 de agosto de 2004 Haiti Haiti 0 – 6 Brasil Brasil Estádio Sylvio Cator, Porto Príncipe
14:30 (UTC-5 – hora do Haiti)
16:30 (UTC-3 – hora de Brasília)
Relatório Roger Gol marcado aos 19 minutos de jogo 19', Gol marcado aos 41 minutos de jogo 41'
Ronaldinho Gaúcho Gol marcado aos 32 minutos de jogo 32', Gol marcado aos 66 minutos de jogo 66', Gol marcado aos 81 minutos de jogo 81'
Nilmar Gol marcado aos 85 minutos de jogo 85'
Público: ~15 mil pessoas
Árbitro: BrasilBRA Paulo César de Oliveira
Cores do Time
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GK1Gabard Fénélon
RB2Dieuphène Thélamour
LB3Pierre Richard Bruny
DM4Jean-Jacques Pierre
CB5James Dorcélus
CB6Ricardo Pierre Louis
RW7Marc-Hérold Gracien
FW8Richardson Ulcénat
AM9Monès Chéry
FW10Romulus Turlien
LW11Stéphane Guillaume
Substituições:
Johnny Descollines 46'
GL22Luidgi Beauzile 46'
Wadson Corriolan 46'
Maxo Sampeur 63'
Roosevelt Désir 63'
Josué Mayard 67'
Frantz Gilles 67'
Peter Germain 71'
Barthélémy Grémard 71'
David Saincius 78'
Treinador:
Haiti Carlo Marcelin
G1Júlio César
LD2Belletti
Z3Juan
Z4Roque Júnior
LE6Roberto Carlos
V8Gilberto Silva
V11Edu
M5Juninho Pernambucano
M10Roger
A7Ronaldinho Gaúcho
A9Ronaldo
Substituições:
G12Fernando Henrique
Z13Cris
LE14Adriano Correia
V15Magrão
V16Renato
M17Pedrinho
A18Nilmar
Treinador:
Brasil Carlos Alberto Parreira

Pós-Jogo

Se alguém ainda tinha dúvida em relação à validade desta viagem, deve ter se convencido diante dessas imagens. Na próxima vez que um de vocês (jornalistas) me perguntarem qual a emoção mais forte que vivi no futebol, direi foi esta. E olha que todos sabem que já vivi muitas.[14]
 
  • Esta foi a 2ª vitória brasileira sobre a seleção haitiana.[15]

Mídia

Referências

  1. globoesporte.globo.com/ Seleção brasileira e povo do Haiti: uma relação marcada para sempre
  2. professorrafaelporcari.terra.com.br/[ligação inativa] O mundo de olho no Jogo da Paz. Haiti, o país mais pobre do Continente Americano é apaixonado pelo futebol brasileiro
  3. «douradosnews.com.br/». Consultado em 5 de julho de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016
  4. Pierrend, José Luis. «FIFA Awards - FIFA Fair Play Trophy». The Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation. Consultado em 3 de maio 2017. Cópia arquivada em 12 de janeiro 2016
  5. cinema.uol.com.br/ Documentário capta diplomacia do futebol brasileiro no Haiti; veja fotos e trailer
  6. esporte.uol.com.br/ Brasil não 'dá bola' para Lula e goleia Haiti por 6 a 0
  7. revistadehistoria.com.br/ Arquivado em 11 de janeiro de 2014, no Wayback Machine. A diplomacia dos gramados
  8. virgula.uol.com.br/[ligação inativa] Brasil x Haiti: amistoso e bom exemplo
  9. esporte.uol.com.br/ Brasil enfrenta Haiti no "Jogo da Paz"
  10. guiadoestudante.abril.com.br/ Arquivado em 4 de março de 2016, no Wayback Machine. De olho em vaga no Conselho de Segurança da ONU, Brasil lidera tropas de paz no Haiti e usa como arma o futebol
  11. esporte.uol.com.br/ Premiê do Haiti promete US$ 1.000 para cada gol no Brasil
  12. esporte.uol.com.br/ "Diplomacia da bola" cria aparição na miséria haitiana
  13. istoe.com.br/ Num dia emocionante, Ronaldo e a Seleção páram o miserável Haiti, enlouquecem mais de 150 mil fãs, goleiam e deixam o país ovacionados
  14. sportv.globo.com/ "SporTV Repórter" mostra como está o Haiti dez anos após Jogo pela Paz

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