Jacques de Molay, por vezes também chamado Tiago de Molay,[1] (em latim: Iacobus Burgundus; em francês: Jacques de Molay ; (Pronúncia: [ʒak də mɔlɛ] Jak Demolé); Molay, 1244Paris, 18 de março de 1314) foi um religioso e militar francês, e o último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários.[2] Nascido em Molay, pertencia a uma família da pequena nobreza francesa. É hoje o patrono da Ordem DeMolay.[3]

Factos rápidos
Jacques de Molay
Jacques de Molay
Jacques de Molay, o último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, em representação do século XIX. Hoje não existe nenhum retrato seu feito em vida.
Nome completo Jacques de Molay
Nascimento 1243/1244 ou 1249/1250
Molay, França
Morte 18 de março de 1314
Paris, França
Nacionalidade Borgonhês (pois o território não pertencia ao Reino da França à época em que Jacques de Molay nasceu)
Ocupação Cavaleiro e último grão-mestre da Ordem dos Templários
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Biografia

Nascido em Molay, comuna francesa atualmente localizada no departamento de Alto Sona, França, mas na época o vilarejo pertencia ao Condado da Borgonha. Muito pouco se sabe sobre sua infância e adolescência; aos seus 21 anos de idade, como muitos filhos da nobreza europeia, de Molay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários, organização sancionada pela Igreja Católica para proteger as estradas entre Jerusalém e Acre, importante porto no mar Mediterrâneo.

Nobres de toda a Europa enviavam os filhos para serem cavaleiros templários, e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em todo o continente europeu e Oriente Médio.

Em 1298, Jacques de Molay foi nomeado grão-mestre dos templários (assumiu o cargo após a morte de seu antecessor, Teobaldo Galdino), uma posição de poder e prestígio. Mas passou por uma difícil situação: as Cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas, capturando algumas cidades e portos vitais dos cavaleiros templários e dos hospitalários (outra ordem de cavalaria). Restou apenas um único grupo do confronto contra os sarracenos.

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Ordenação de Jacques de Molay em 1265 como Cavaleiro Templário, no comando de Beaune. Pintura de Marius Granet (1777–1849).

Os templários resolveram, então, se reorganizar e readquirir sua força. Viajaram para a ilha de Chipre, esperando que a população se levantasse em apoio a outra Cruzada. Em vez de apoio público, os cavaleiros atraíram a atenção dos poderosos senhores feudais, muito deles seus parentes, pois para se entrar na ordem teria de se pertencer à nobreza.

Em 1305, o rei da França Filipe IV, o Belo (r. 1285–1314) resolveu obter o controle dos templários para impedir a ascensão da ordem no poder da Igreja Católica. O rei era amigo de Jacques de Molay devido ao parentesco deles; o delfim Carlos, mais tarde Carlos IV (r. 1322–1328), era afilhado de Jacques. Mesmo sendo seu amigo, o rei de França tentou juntar a ordem dos Templários e a dos Hospitalários, pois sentiu que as duas formavam uma grande potência econômica e sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza.

Sem obter o sucesso desejado, de juntar as duas ordens e se tornar um líder absoluto, o então rei de França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários. Chamou o nobre francês Esquino de Floyran com a missão de denegrir a imagem dos templários e de seu grão-mestre, e como recompensa receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los. O ano de 1307 marcou o começo da perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 000 homens, Jacques foi a França para o funeral da imperatriz latina, Catarina de Courtenay, que era casada com Carlos de Valois, o irmão do rei, e levou consigo alguns cavaleiros. Logo foram capturados na madrugada de 13 de outubro por Guilherme de Nogaret, homem de confiança do rei Filipe IV.

Durante sete anos, Jacques de Molay e os cavaleiros aprisionados na masmorra sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto isso, Filipe IV gerenciava as forças do papa Clemente V (1305–1314) para condenar os templários e suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas à proteção do rei. Mesmo após três julgamentos Jacques manteve sua lealdade para com seus amigos e cavaleiros, recusando-se a revelar o local das riquezas da Ordem e denunciar seus companheiros.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay foi levado à Corte Especial. Como evidências, a corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas pelo grão-mestre. Desmentiu as confissões, sob as leis da época a pena por desmentir era a morte.

Foi julgado pelo Papa Clemente V, e assim como Jacques de Molay o cavaleiro Guido de Auvérnia desmentiu sua confissão e ambos foram condenados. Filipe IV ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia. Durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França.

Grão-mestrado

Jacques de Molay assume o grão-mestrado da ordem em 1298, não se sabendo no entanto a data exata da sua eleição. Eleito em detrimento de outra figura de peso dentro da ordem, Hugo de Pairaud, sobrinho do visitador do templo em França.

O início do seu mestrado é marcado pela ação a favor de uma nova cruzada, desenvolvendo uma campanha diplomática na França, Catalunha, Inglaterra, nos estados da península Itálica e nos Estados Pontifícios. Esta campanha visou não só resolver problemas internos da ordem, problemas locais, como disputas entre a ordem e bispos, e também pressionar as coroas e a igreja a uma nova cruzada.

Organizou a partir da ilha de Chipre ataques contra as costas egípcias e síria para enfraquecer os mamelucos, providenciando apoio logístico e armado ao Reino Arménio da Cilícia, e também intentou uma aliança com o Canato da Pérsia, sem resultados visíveis.

Outro assunto discutido durante o seu mestrado foi a fusão entre as duas maiores ordens militares, a dos Templários e a dos Hospitalários. A Ordem do Templo, com a perda de Acre, começava a ser questionada quanto à razão da sua existência. As suas funções de proteger os peregrinos e de defender a Terra Santa tinham cessado quando se retiraram para a ilha de Chipre. Em maio de 1307 em Poitiers, Jacques de Molay junto do papa Clemente V apresentou uma defesa contra a fusão e ela não se realiza.

A prisão e o processo

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Interrogatório de Jacques de Molay. Impressão do século 19.
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Jacques de Molay foi sentenciado à morte, em 1314, sendo queimado na Ilha da Cidade, em Paris

Dia 13 de outubro de 1307 no Reino da França, os templários foram presos em massa por ordem de Filipe IV, o rei de França. O grão-mestre Jacques de Molay é capturado em Paris. Imediatamente após a prisão, Guilherme de Nogaret proclama publicamente nos jardins do palácio real em Paris as acusações contra a ordem.

Esta manobra régia impedira o inquérito pontifício pedido pelo próprio grão-mestre, o qual interno à Igreja, discreto e desenvolvido com base no direito canônico, emendaria a ordem das suas faltas promovendo a sua reforma interna.

A prisão, as torturas, as confissões do grão-mestre (de Molay nunca confessou as acusações como menciona anteriormente), criam um conflito diplomático com a Santa Sé, sendo o papa o único com autoridade para efetuar esta ação. Depois de uma guerra diplomática face ao processo instaurado contra a ordem entre Filipe, o Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois estando o grão-mestre e o preceptor da Normandia, Godofredo de Charnay sob custódia dos agentes do rei, estão no entanto protegidos pela imunidade sancionada pelo papa e absolvidos não podendo ser considerados heréticos.

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Placa assinalando o lugar da execução de Jacques de Molay, na Ilha da Cidade, em Paris: Neste local, Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em 18 de março de 1314

Em 1314, o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias internas que o impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica e assegurando ao rei que a temida recuperação da ordem não será efetuada. Perante a comissão, Jacques de Molay e Godofredo de Charnay proclamam a inocência de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão para o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.

Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição da ordem ainda pendente, Filipe IV, o Belo, decide um golpe de mão para que a questão templária fosse terminada. Ordena o rapto de Jacques de Molay e de Godofredo de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos, e ordena que sejam queimados numa fogueira na Ilha da Cidade, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.

Com isso Jacques de Molay passou a ser conhecido como um símbolo de lealdade e companheirismo, pois preferiu morrer a entregar seus companheiros ou faltar com seu juramento.

Maldição

Existe a lenda de que durante sua morte Jacques de Molay jogou uma maldição sobre Filipe IV, o Belo e o Clemente V. O papa Clemente V morreu quarenta e dois dias depois, dia 20 de abril de 1314, já o rei Filipe IV, teve um derrame cerebral fulminante em 29 de novembro de 1314, seis meses depois da morte do mestre templário. [4]

Nos próximos quatorze anos os três filhos do rei, seus sucessores no trono, vieram a falecer, encerrando a linhagem direta de três séculos da Dinastia Capetíngia, o que levaria a Guerra dos Cem Anos pelo trono da França.

Ordem DeMolay

Anos após sua morte foi escolhido como patrono de uma ordem para-maçônica denominada Ordem DeMolay voltada para o desenvolvimento de jovens do sexo masculino.[5]

Teatro e cinema

No cinema o ator francês Gerard Depardieu interpretou De Molay no filme Os Reis Malditos (2005).

No teatro, o ator brasileiro John Vaz interpretou De Molay no espetáculo Jacques de Molay: O Fim da Ordem do Templo, em turnê pelo Brasil.

Ver também

  • Pont Neuf - Ponte em Paris onde se encontra o marco do local de sua execução

Referências

Bibliografia

Ligações externas

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