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A dinastia dos cometópulos (em búlgaro: Династия на комитопулите; em grego: Κομητόπουλοι) foi a última dinastia real do Primeiro Império Búlgaro, reinando de c. 976 até a queda da Bulgária frente ao Império Bizantino em 1018.[1] O membro mais notável da dinastia, o czar Samuel é famoso por ter resistido às investidas bizantinas por mais de quarenta anos. Por vezes, o reino dos cometópulos é chamado de Reino Búlgaro Ocidental ou "Império Búlgaro Ocidental".[2][3]
O nome real da dinastia é desconhecido e "cometópulos" é meramente o nome pelo qual os historiadores bizantinos faziam referências aos governantes da dinastia, pois seu fundador, o boiardo Nicolau, era um conde (governador, em grego: Κóμης, vinda do latim; em búlgaro: Комита - komita), provavelmente da região de Sredets (Sófia). De acordo com algumas fontes, a dinastia era de origem armênia.[4][5] Em 969 e depois da conquista russo-bizantina da Bulgária Oriental, o conde Nicolau assumiu o controle das terras búlgaras a oeste dos rios Iskar e Estrimão. Na época da conquista bizantina de Preslava e a deposição do czar Bóris II em 972, Nicolau foi assassinado e o governo passou para os seus quatro filhos, David, Aarão, Moisés e Samuel (Samuil). David liderava a defesa da região sudoeste e morava em Prespa; Moisés, do sudeste e morava em Estrúmica; Aarão governava a região de Sredets enquanto que Samuel estava encarregado do norte da Bulgária, com sua capital em Vidin.
David e Moisés perderam suas vidas logo no início - David assassinado por nômades valáquios e Moisés durante o cerco de Serres. Um conflito irrompeu entre Samuel e Aarão conforme este último se tornava mais e mais pró-Bizâncio até que, em 14 de junho de 976, Aarão foi executado perto de Dupnitza. Posteriormente, no mesmo ano, o deposto Bóris II e seu irmão, Romano I, conseguiram escapar da prisão em Constantinopla e chegaram até a fronteira búlgara, Bóris foi morto por engano pela guarda de fronteira. Como resultado, Romano é quem foi coroado como czar búlgaro, ainda que poder de fato e o controle do exército estivessem nas mãos de Samuel.
Samuel se mostrou um líder vitorioso, infligindo uma séria derrota aos bizantinos comandados pelo imperador Basílio II Bulgaróctono nas Porta de Trajano e retomando o nordeste da Bulgária. Suas campanhas expandiram as fronteiras da Bulgária até a Tessália e Epiro e, em 998, ele conquistou o principado de Dóclea. No ano anterior, ele já havia sido proclamado imperador da Bulgária após a morte do governante legítimo, Romano. Após a morte de Samuel, em 1014, a coroa passou para o seu filho, Gabriel Radomir (r. 1014–1015), que, no ano seguinte, foi assassinado pelo seu primo e filho de Aarão, João Vladislau. Com a morte deste em 1018, terminou também o Primeiro Império Búlgaro e se consolidou a conquista bizantina da Bulgária, ainda que alguns nobres e o exército tenham se juntado a Presiano II, filho de João Vladislau, como sucessor. Ele e seus irmãos Arão e Alusiano lideraram uma determinada oposição à conquista bizantina baseada na montanha de Tomor em 1018. Eventualmente, todos foram forçados a se render e acabaram integrados à corte em Constantinopla. Uma tentativa de restaurar a independência búlgara ocorreu vinte anos depois na Revolta de Pedro Deliano (r. 1040–1041), filho de Gabriel Radomir. Ele, auxiliado por seu primo Alusiano, organizou uma revolta e conseguiu expulsar os bizantinos de Ocrida por um breve período, mas acabou traído por Alusiano, que recebeu para si e para seus filhos, títulos e terras no Império Bizantino.
Após a queda da Bulgária, os descendentes de Samuel assumiram importantes cargos na corte bizantina após terem sido realocados e recebido terras na Ásia Menor e na Armênia. Uma de suas netas, Catarina, se tornou imperatriz. Outro neto, Pedro Deliano, liderou uma tentativa de restaurar o Império Búlgaro. Duas outras mulheres da dinastia se tornaram também imperatrizes,[6] enquanto que muitos nobres serviram no exército como estratego ou se tornaram governadores de províncias.
Tem havido um debate entre os historiadores no qual alguns enxergam que o Reino dos Cometópulos teria sido uma entidade distinta do Primeiro Império Búlgaro. Os cometópulos mantiveram o título de "Imperador dos Búlgaros", mas alguns aspectos que emergiram durante seu reinado fizeram de seu reino algo diferente do Império Búlgaro.[7][8] Seus centros de poder (Escópia, Ocrida, Prespa e Bitola) se localizavam no que hoje chamamos de região da Macedônia, mas que, naquela época, era uma província do Primeiro Império Búlgaro chamada Cutmichevitsa. O bizantinista George Ostrogorsky discute o assunto e conclui que para seus criadores e para os bizantinos, tratava-se simplesmente de mais um reino búlgaro, mas, por diversos fatores políticos, geográficos e religiosos, ele chama o estado deles de "Império Macedônio".[7] Outros autores também o chamam de "Império Búlgaro Ocidental", mas a maior parte dos acadêmicos vêem a dinastia como uma continuação direta do Primeiro Império. Porém, na República da Macedônia, a historiografia oficial se refere a ele como "Império Eslavo-macedônio",[9] mas esta visão é uma forma de um ultrapassado nacionalismo contemporâneo.[10]
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