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Informação 2 foi o telejornal de horário nobre da RTP2, que estreou em 1978 e terminou em 1982 e um dos símbolos da então recém-autonomizada RTP2. Jornalistas como Joaquim Letria, Carlos Pinto Coelho, José Júdice, Dina Aguiar, Hernâni Santos ou Henrique Garcia fizeram parte da equipa de redação do Informação 2.
Informação 2 | |||||
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Informação geral | |||||
Formato | telejornal | ||||
Duração | 30 minutos (aproximadamente) | ||||
Criador(es) | RTP Informação | ||||
País de origem | Portugal | ||||
Idioma original | português | ||||
Produção | |||||
Apresentador(es) | António Mega Ferreira Carlos Pinto Coelho José Júdice Dina Aguiar Henrique Garcia | ||||
Exibição | |||||
Emissora original | RTP2 | ||||
Transmissão original | 16 de outubro de 1978[1] – 15 de outubro de 1982[2] | ||||
Cronologia | |||||
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Programas relacionados | Cartas na Mesa A Par e Passo Tal & Qual Directo 2 |
Este serviço noticioso surgiu aquando a remodelação da RTP2 em 1978, que até então era apenas um retransmissor da RTP1. Foi também o primeiro telejornal da RTP2.
A equipa do Informação 2 queria fazer uma informação menos comprometida com o poder, e contava nas suas fileiras com nomes como os de Carlos Pinto Coelho, José Júdice ou Joaquim Letria[3]. Essa é a razão invocada para o seu fim prematuro, decretado pelo então Presidente do Conselho da Administração da RTP, Daniel Proença de Carvalho[3].
Desde criação da RTP2 em 1968 que sempre se procurou tornar esta uma alternativa para a RTP1, mas só depois do 25 de Abril é que se procurou autonomizar o canal. Esse objetivo seria alcançado em outubro de 1978, após João Soares Louro assumir a presidência da RTP e estabelecer uma estratégia que, mais tarde, sintetizará da seguinte forma: "Levar até às últimas consequências a concorrência entre o primeiro e o segundo canal", seguindo o princípio de que, em televisão "não há um, mas vários públicos". Separa as direções de programas dos dois canais e incumbe Fernando Lopes de fazer da RTP2 um canal alternativo. Na Informação, a delimitação de campos entre os dois canais era uma realidade: redações separadas, uma equipa de cada canal para cobrir o mesmo acontecimento[4]. A direção da informação da RTP2 a estar sob a responsabilidade de Hernâni Santos, que constituiu a redação recorrendo a jornalistas da imprensa escrita[4][5].
A criação do formato da Informação 2 teve patente duas ideias principais: jornalismo explicativo, mais focado em explicar as notícias do que meramente transmitir, e jornalismo descomprometido, pois a informação da RTP1 era considerada como sendo conivente com os poderes políticos dos mais variados governos.[3][6]
Assim, aquando da rentrée televisiva e da estreia da grelha de programação da nova RTP2 estreiam programas de informação como o Informação 2, de segunda a sexta e magazines de atualidades ao fim-de-semana (Cartas na Mesa, aos sábados e A Par e Passo, ao domingo), que introduziram uma rutura com a conceção informativa existente[7]. Para assinalar a sua componente explicativa e analítica, este telejornal consistia em abordar os assuntos mais importantes do dia e aprofundá-los, privilegiando aqueles "que iam ao encontro das necessidades das pessoas", como a atualidade internacional, bem como problemáticas sociais (saúde, educação, vida sindical), coisa que nenhum telejornal da RTP1 abordava, para além de mais informação internacional. A dada altura, tornou-se frequente a presença de convidados em estúdio, para melhor explicar ao telespectador alguns dos temas falados, o que marcou também uma rutura com os padrões vigentes[4][8].
Nomes como António Mega Ferreira, José Júdice, Dina Aguiar, Joaquim Letria, Joaquim Furtado[6], Henrique Garcia[9], José Rocha Vieira, Luís Pinto Enes ou Gualdino Paredes formavam a equipa deste noticiário. António Mega Ferreira[10] e José Júdice[11] alternavam na função de "pivot" do telejornal que ia para o ar, diariamente às 22h00[8]. O jornal era apresentado por um pivot principal e um secundário, que assumia a responsabilidade de apresentar uma síntese das notícias no final da emissão[9].
Uma das componentes mais originais do Informação 2 era a ligação que fazia entre a informação e a restante programação do canal. Um dos exemplos mais célebres foi durante a exibição da minissérie "Holocausto"[12][13], que foi acompanhada por um intenso trabalho jornalístico da redação de informação da RTP2. A partir desta série sobre o genocídio dos judeus na Segunda Guerra Mundial, foi para o ar, no dia 1 de março de 1979[14], um especial de informação moderado por António Mega Ferreira, contando com a presença de Orlando Neves (crítico de televisão), Ferreira de Almeida (psicólogo) e Erich Brotheim (austríaco fugido em 1938)[4][15].
Também foram transmitidos momentos de maior solenidade, como o do falecimento de Agostinho Neto, em 11 de setembro de 1979. O Informação 2 fez um especial de uma hora, que terminou com Manuel Alegre a declamar poemas do antigo Presidente angolano. Da mesma forma, foram transmitidas emissões especiais das eleições nacionais, como as eleições legislativas de 1979[16][17][18] e 1980[19], as autárquicas de 1979 (no programa A Par e Passo[20]) e as presidenciais de 1980[21], a primeira vez que a RTP2 teve uma cobertura eleitoral diferente da RTP1.
As más condições logísticas e de equipamento não são esquecidas[22].
O epílogo de Informação 2 começa com a ascensão ao poder da Aliança Democrática, liderada por Francisco Sá Carneiro, no final de 1979 aquando as eleições legislativas. O estilo do programa era cada vez menos bem visto pelo governo de Sá Carneiro. Na verdade, a Informação 2, criou desde o início atritos com o meio político, e eram acusados de ser o "canal vermelho", apesar de ter tido sempre uma imagem de isenção que não existia, à época, no Telejornal[6].
Victor Cunha Rego substitui João Soares Louro à frente da RTP e sustenta que a estação "é um aparelho ideológico do Estado"[4]. A consequência foi a suspensão do noticiário a 21 de outubro de 1980[23] já com Proença de Carvalho, e a transferência de uma grande parte da equipa do noticiário para o recém-criado Gabinete de Projectos Especiais[24]. A partir de dia 22, a informação da RTP2 era garantida através da transmissão em diferido do Telejornal da RTP1.[25] Apesar disto, o noticiário voltou em vésperas das eleições presidenciais de 1980, a 21 de novembro,[26] mas o formato iria durar pouco tempo.[27]
A "certidão de óbito" de Informação 2 é passada por Proença de Carvalho, no início de 1981, poucos meses depois de assumir os destinos da RTP.[28] No entanto, Informação 2 manteve-se em antena até 1982, com o mesmo nome, mas sem o formato característico[24], transmitido ao mesmo tempo que o Telejornal,[29] terminando com Proença de Carvalho a alegar a "fraca implantação" do jornal na audiência televisiva.[30] Justificou, anos mais tarde, a decisão pelo carácter "demasiado 'engagé' e esquerdista" do programa e por considerar que a independência informativa não se encontrava nos moldes de uma televisão pública[24]. Para Henrique Garcia e outros jornalistas da equipa, a Informação 2 acabou por "motivos políticos", dado que "questionava o estado das coisas e isso custou-lhe caro"[22].
Em termos de audiência, de acordo com um estudo da Contagem, de 1980, apesar do canal apenas cobrir 40% do território, à época, tinha atingido, em agosto de 1979, "um índice de penetração global de 27%", mostrando-se uma transferência de audiência da RTP1 para a RTP2 na hora do noticiário[31].
O noticiário terminou, definitivamente, em 1982, sendo substituído pelo Jornal da Noite, parcialmente elaborado pela Redação do Porto, que consistia num simples bloco de notícias, diferente do formato do Informação 2.[32]
O estilo de informação da Informação 2 ainda hoje está assente no Jornal 2, o atual bloco informativo da RTP2, que continua a ser diferente do da RTP1[22].
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