A Igreja Nosso Senhor do Bonfim é um templo católico localizado na Sagrada Colina, na península de Itapagipe, em Salvador, Brasil. Sua construção teve início entre 1745 e 1746, finalizando suas obras internas em 1754 e externa em 1772 (com as torres). É lá que são distribuídas as famosas fitinhas do Bonfim, que são feitas desde o início do século XIX com a medida do comprimento do braço direito até o peito da imagem do Senhor do Bonfim. É tombado desde 1985 e seu tombamento inclui também todo o seu acervo.[1][2]
Igreja Nosso Senhor do Bonfim | |
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Fachada principal. | |
Informações gerais | |
Estilo dominante | neoclassicismo e rococó |
Religião | catolicismo |
Diocese | Arquidiocese de São Salvador da Bahia |
Website | http://santuariosenhordobonfim.com/ |
Geografia | |
País | Brasil |
Localização | Salvador |
Coordenadas | 12° 55′ 25″ S, 38° 30′ 29″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Para o povo baiano, a Igreja do Bonfim é o maior centro da fé católica, e ainda daquelas que, pelo sincretismo, têm no local o ponto máximo da religião.[3]
As imagens de Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia vieram de Portugal para a Bahia, através do capitão da marinha portuguesa Theodozio Rodrigues de Faria, chegando no dia 18 de abril de 1745, num domingo de Páscoa e ficando abrigadas na Igreja da Penha, edificada na ponta da península itapagipana, até 1754.[2]
História
A imagem do Nosso Senhor do Bonfim foi trazida em razão de uma promessa feita pelo Capitão de mar e guerra da marinha portuguesa, Theodózio Rodrigues de Faria, que, durante forte tempestade prometeu que se sobrevivesse traria para o Brasil a imagem de sua devoção. Assim, em 18 de abril de 1745, réplica da representação do santo existente em Setúbal foi trazida daquela vila, terra natal do capitão, e abrigada na Igreja da Penha até o término da construção da Igreja do Senhor do Bonfim. Em 1754, a parte interna da Igreja do Senhor do Bonfim foi finalizada e as imagens transferidas para lá em procissão, onde foi celebrada missa solene.[2]
A iluminação era feita através de lampiões até que em junho de 1862 foi implantada a iluminação pública, feita com lâmpadas de gás carbônico. As instalações elétricas realizadas em 1902 foram mantidas até 1998, quando a igreja foi restaurada.
A lavagem da igreja teve início em 1773, quando os integrantes da "irmandade dos devotos leigos" obrigaram os escravos a lavarem a igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim, no segundo domingo de janeiro, depois do Dia de Reis. Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá. A Arquidiocese de Salvador, então, proibiu a lavagem na parte interna do templo e transferiu o ritual para as escadarias e o adro. Durante a tradicional lavagem as portas da igreja permanecem fechadas durante a lavagem — as baianas despejam água nos degraus e no adro, ao som de toques e cânticos africanos. A tradição das fitinhas do Senhor do Bonfim foram idealizadas por Manoel Antônio da Silva Servo em 1809. À época ele era o tesoureiro e implementou este costume com o objetivo de aumentar a arrecadação de dinheiro para a devoção ao Senhor do Bonfim.[2][4]
É uma das mais tradicionais igrejas católicas da cidade, dedicada ao Senhor do Bonfim, padroeiro dos baianos e símbolo do sincretismo religioso da Bahia.
Foi erguida a partir de 1745, ano em que chegaram as imagens do Senhor Jesus do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia, trazidas de Portugal pelo capitão Theodózio Rodrigues de Faria, estando concluída em 1754/1772 como já mencionado anteriormente.
Em 1923, por razão das comemorações pela Independência da Bahia, foi composto o Hino ao Senhor do Bonfim, de autoria do poeta Arthur de Salles e de João Antônio Wanderley. Este hino tornou-se muito popular na Bahia até os dias atuais. Em 1927 foi elevada à Basílica pelo Papa Pio XI.
Em 2022, nas Comemorações do Bi-Centenário da Independência da Bahia, o tenor português João Mendonza, cantou o seu original Ave Maria, em direto para a TVE.
Arquitetura
Construída em estilo neoclássico com fachada em rococó, essa típica igreja colonial possui duas torres sineiras laterais. A Igreja do Bonfim de Salvador chama a atenção por suas dimensões e pela posição de destaque na elevação onde foi instalada. Construída em alvenaria de pedra e tijolo, tem em sua fachada duas
torres com bulbo e é revestida em azulejos portugueses do século XIX. Sua planta é similar às igrejas do século XVIII, com nave central, coro com tribunas à sua volta e capela-mor ao fundo com sacristia e sala de ex-votos ao lado. Sua nave possui pórticos em forma de arcos, uma transição do estilo do século XVII para o estilo com corredores laterais característicos no século XVIII. A decoração interior segue o estilo neoclássico, com uma pintura do teto da nave de Franco Velasco.[1][5]
O entorno da igreja é uma praça com conjuntos de casas de romeiros rodeando-a, erguidas pela Irmandade no século XIX.[1]
Acervo
Localizado no segundo pavimento da igreja, um museu preserva quadros de José Teófilo, um dos pintores baianos do final do século XVIII, vestimentas dos padres, móveis e uma grande diversidade de ex-votos. Entre os ex-votos estão desde alguns realizados em madeira esculpida até de prata e ouro, com o formato da parte
do corpo que foi curada pela promessa feita. Um dos mais curiosos entregue por devotos é uma moeda atingida por uma bala de revólver, que segundo relatos, salvou a vida da pessoa.
Também guarda o órgão importado da França, doado por Feliciana Maria de Britto Lopes Alves para a Igreja em 1854 . Ele é composto por flautas, metais e tubos e tem em torno de quatro metros de altura por dois metros de largura, além de possuir duzentos e noventa tubos. É um dos raros exemplares deste modelos na Bahia.
Festa da Lavagem
Este costume teve início em 1773 com os escravos efetuando a lavagem para os preparativos da festa do Senhor do Bonfim. Todos os anos na segunda quinta-feira do mês de janeiro após o dia de Reis, realiza-se a Lavagem do Bonfim, na escadaria da igreja, onde baianas lavam com água de cheiro e muita festa os seus degraus, embalada por seus blocos de afoxé. Tudo começa com uma procissão desde a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia, até ao Bonfim. Uma grande massa humana acompanha a festa.[3]
Ver também
Referências
- «Igreja do Senhor do Bonfim (Salvador, BA)». portal.iphan.gov.br. Consultado em 13 de agosto de 2021
- «Senhor do Bonfim: igreja, festa, fitas e lavagem do Bonfim». Brasil Escola. Consultado em 13 de agosto de 2021
- «Igreja Nosso Senhor do Bonfim». Salvador da Bahia. Consultado em 13 de agosto de 2021
- "Símbolo do sincretismo religioso da Bahia", por Eliza Muto. Revista História Viva, pg. 97. Editora Duetto, (Fevereiro 2004).
- «Igreja do Bonfim, Salvador - Bahia». www.bahia-turismo.com. Consultado em 13 de agosto de 2021
Ligações externas
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