Igreja do Compromisso Marítimo de Lagos
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A Igreja do Compromisso Marítimo de Lagos, originalmente denominada de Capela do Espírito Santo, é um edifício religioso que foi adaptado a outras utilizações, situado na cidade de Lagos, em Portugal. Foi construída originalmente no Século XV.[1]

Igreja do Compromisso Marítimo de Lagos | |
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Antigo edifício da Igreja do Compromisso Marítimo de Lagos, em 2019. | |
Informações gerais | |
Tipo | Antiga igreja |
Estilo dominante | Renascentista |
Construção | Século XV |
Religião | catolicismo |
Diocese | Diocese do Algarve |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Lagos |
Coordenadas | 37° 06′ 00″ N, 8° 40′ 18″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Descrição
O edifício está situado na Rua Silva Lopes, num espaço denominado originalmente de Largo do Espírito Santo.[2]
Um dos principais elementos da igreja era um pórtico de entrada com dois medalhões esculpidos, que foi um dos primeiros exemplos da arquitectura renascentista no Algarve.[3]

História
Resumir
Perspectiva
A igreja foi construída no século XV.[1] Segundo o historiador Manuel João Paulo Rocha, o Compromisso Marítimo de Lagos tinha sido formado no reinado de D. Manuel, sendo originalmente denominado de Irmandade do Corpo Santo de Pescadores e Marítimos de Lagos.[4] Com efeito, existe uma carta de confirmação datada de 1497, onde o monarca determinou oito privilégios, comprovando desta forma o seu interesse por este grupo de profissionais ligados ao mar.[5] Foi um dos três compromissos na região do Algarve, sendo os outros dois em Ferragudo e Olhão.[6] Em 15 de Janeiro de 1749 o rei D. João V reformou o compromisso, que ganhou uma organização semelhante às irmandades do Corpo Santo em Faro e Portimão,[4] passando a denominar-se de Irmandade do Corpo Santo dos Mareantes e Pescadores da Cidade de Lagos.[7] Em 12 de Dezembro de 1756, a capela foi entregue pela Câmara Municipal de Lagos à Irmandade do Senhor Jesus das Candeias, na Freguesia de Santa Maria.[2] Desta forma, aquela irmandade poderia colocar a imagem do seu orago na capela, retratando o Menino Jesus e o Senhor Jesus, uma vez que a sua igreja tinha sido totalmente destruída durante o sismo de 1755.[8] A irmandade comprometia-se igualmente a fazer obras de reconstrução na capela,[2] que tinha sido destruída pelo sismo.[8]
Nos finais do século XIX a Irmandade do Corpo Santo deu lugar ao Real Compromisso Marítimo de Lagos, que foi criado por um alvará de 19 de Julho de 1894.[7] Esta alteração teve origem no crescente anticlericarismo estatal, uma vez que em 1834 tinham sido encerradas as ordens religiosas, perdendo assim tanto o título de irmandade como o nome do seu patrono.[9]
Ao longo da sua existência, o compromisso tinha utilizado a capela como lugar de culto, tendo-a mantido em bom estado de conservação.[2] Em Maio de 1910, quando o bispo veio fazer uma visita pastoral, verificou-se que o telhado do edifício encontrava-se em mau estado, mas a obra era demasiado dispendiosa para a comissão dos festejos, pelo que o prelado sugeriu que fosse criada uma comissão para angariar o dinheiro necessário.[2] Porém, pouco tempo após a Revolução de 5 de Outubro de 1910, o governo começou a inventariar a capela e o seu conteúdo, no sentido de a nacionalizar, no âmbito da Lei da Separação do Estado das Igrejas.[2] O Compromisso Marítimo manifestou-se contra esta medida, alegando que o edifício pertencia àquela associação há cerca de dois séculos, tendo conseguido manter a posse da capela e do seu recheio.[2] Alguns anos depois, o Compromisso manifestou a intenção de modificar a fachada frontal do edifício, medida que foi inicialmente contestada pelas autoridades, atrasando o início das obras.[2] Foi colocado um tapume de madeira a tapar o retábulo, e o edifício foi arrendado como um depósito para vinhos, e instalada uma taberna na capela em si.[2] Apesar destas alterações, ainda se mantiveram as sepulturas no interior da capela, tapadas por lápides de pedra no pavimento, algumas delas com as inscrições já muito danificadas.[2] A autarquia de Lagos considerou vergonhosa a utilização do antigo tempo como uma taberna, pelo que iniciou, em Fevereiro de 1914, o processo para reaver a posse da capela, tendo enviado várias missivas ao governo nesse sentido entre 1914 e 1930.[2] Em 1929, a talha dourada renascentista foi vendida à Irmandade do Carmo.[1]
Na década de 1930 o Compromisso Marítimo fundiu-se com o Monte Pio Artístico Lacobrigense, processo que foi autorizado por uma portaria de 29 de Janeiro de 1932, formando o Compromisso Marítimo Artístico de Lagos.[7] Pouco tempo depois esta instituição foi reconvertida na Associação de Socorros Mútuos «A Lacobrigense»,[7] cujos estatutos foram aprovados por um alvará de 4 de Dezembro de 1939.[10] Esta mudança teve origem principalmente em motivos legais, uma vez que já há muito tempo que a maior parte dos compromissos tinham sido extintos, e estavam a ser integrados nas Casas dos Pescadores.[11] Este processo contou com o apoio pessoal do então presidente do conselho, António de Oliveira Salazar.[11] Na sequência da reconversão numa associação de socorros mútuos, tendo os novos estatutos impedido que fossem gastas verbas na manutenção do edifício.[2] As obras passaram a ser custeadas pelos devotos de Nossa Senhora da Piedade, cuja comissão dos festejos era liderada pelo presidente da direcção do Compromisso Marítimo, pelo que desta forma o Compromisso continuou a ser responsável pela capela.[2] Posteriormente, o edifício albergou a sede e o quartel dos Bombeiros Voluntários, durante cerca de meio século.[1] Entretanto, em 1935 o portal da igreja foi mudado para o Museu municipal, de forma a evitar que fosse danificado.[3] Na década de 2010, foi transformado num espaço comercial, o Mar d’Estórias.[3]

Ver também
- Lista de património edificado em Lagos
- Capela de São João Baptista (Lagos)
- Convento da Trindade (Lagos)
- Convento de Nossa Senhora do Loreto (Lagos)
- Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos
- Ermida de Santo Amaro (Lagos)
- Igreja de Santa Maria da Graça (Lagos)
- Igreja Paroquial de Santa Maria de Lagos
- Igreja de São Sebastião (Lagos)
- Igreja de Santo António (Lagos)
- Igreja de Nossa Senhora da Graça (Lagos)
- Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Lagos)
- Ermida da Ponta da Piedade
Referências
- GONÇALVES, Mara (20 de Maio de 2017). «A cultura portuguesa conta-se num Mar d'Estórias». Público. Consultado em 15 de Outubro de 2019
- «Reclamação do Compromisso Marítimo de Lagos». Arquivo Digital do Ministério das Finanças. Consultado em 18 de Outubro de 2019
- GLÓRIA, Filipa (19 de Julho de 2018). «Em Lagos, as paredes contam estórias». Barlavento. Consultado em 17 de Outubro de 2019
- ROCHA, 1909:48
- MARTINS, 2000:27
- «Compromisso Marítimo viaja pela história de Lagos com homenagem a Zeca Afonso». Sul Informação. 13 de Março de 2019. Consultado em 17 de Outubro de 2019
- MARTINS, 2000:39
- ROCHA, 1909:51
- MARTINS, 2000:79
- MARTINS, 2000:38
- MARTINS, 2000:40
Bibliografia
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