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A Igreja da Letônia ou Igreja Ortodoxa da Letônia (letão: Latvijas Pareizticīgā Baznīca, russo: Латвийская Православная Церковь, Transl. Latviyskaya Pravoslavnaya Tserkov) é uma Igreja Ortodoxa autogovernada, no território da República da Letônia, sob a jurisdição do Patriarcado de Moscou.[1] O Primaz da Igreja Ortodoxa da Letônia carrega o título de Metropolita de Riga e de Toda a Letônia (letão: Rīgas un visas Latvijas metropolīts; russo: Митрополит Рижский и всея Латвии, Transl. Mitropolit Rizhskiy i vseya Latvii). Esta posição é ocupada desde 27 de outubro de 1990 pelo Metropolita Alexandre Kudriashov.[2][3]
Igreja Ortodoxa da Letônia (Metrópole de Riga e Toda a Letônia) | |
Catedral da Natividade em Riga. | |
Fundador | Santo André (Séc. I); Missionários ortodoxos de Polotsk (Séc. XI); Nicolau I (1850); Patriarca Ticônio (1921) |
Independência | Autonomia (1921) Exarcado (1941) Autogoverno (1992) Autocefalia (2022) |
Reconhecimento | Igreja Ortodoxa Russa (1921), como Igreja autônoma. |
Primaz | Metropolita Alexandre |
Sede Primaz | Riga, Letônia |
Território | Letônia |
Posses | Nenhuma |
Língua | Letão, Eslavo Eclesiástico |
Adeptos | Cerca de 350.000 |
Site | Igreja da Letônia |
O número de membros da Igreja Ortodoxa da Letônia é estimado em cerca de 350.000.[4]
De acordo com uma tradição acredita-se que o apóstolo André foi do Mar Negro ao Mar Báltico e depois voltou por Roma ao Mediterrâneo oriental. Assim, o Apóstolo percorreu duas antigas rotas comerciais - a rota “dos Varegues com os Gregos”, que liga os mares Negro e Báltico, e a “rota do âmbar”, que liga o Mar Báltico ao Adriático.[5][6]
O Cristianismo ortodoxo foi disseminado entre tribos locais pelo contato com bielorrussos e russos, que desde os tempos antigos se comunicavam e viviam com as tribos Latigalianas, Selonianas, Semigalianas, Curonianas, Livonianas, Vendianas (de origem eslava).[6][7]
No século XI, a Letônia se tornou um campo missionário da Diocese de Polotsk.[carece de fontes] A região permaneceu predominantemente pagã até ser conquistada no século XIII pela Ordem Teutônica. Antes disso, no entanto, parte dos proeminentes nobres latigalianos (Rei Visvaldis de Jersika, Rei Vetseke de Koknese e Tālivaldis, o mais velho de Tālava) e uma grande parte do povo latigaliano, em geral, haviam se convertido à Ortodoxia voluntariamente.[carece de fontes]
Monumentos arqueológicos indicam que templos ortodoxos do século XII ficavam nas margens do Daugava. Um dos primeiros, na margem direita do estuário, onde hoje fica o centro histórico de Riga, foi construído e dedicado a São Nicolau.[6]
No final do século XII, as costas orientais do Mar Báltico continuaram a ser o último local da Europa, onde o cristianismo latino não teve tempo de penetrar. As tribos livonianas e parte dos latigalianos naquela época eram tributários do Principado de Polotsk,[8] e os estonianos e os Principados letões de Talava e Adzel (nas crônicas russas chamadas " Ochela ") eram tributários da República de Novgorod.[9] Nas condições de dependência de Pskov, os governantes de Talava - Talivaldis e seus filhos - converteram-se à Ortodoxia, que abandonaram com a transição para o governo do Bispo de Riga. Em Jersika, segundo o cronista, antes de sua conquista pelos cruzados existia um templo ortodoxo.
Em 1193, o Papa Celestino III anunciou uma cruzada contra os pagãos do Báltico a fim de convertê-los ao catolicismo e removê-los da influência da Ortodoxia.[10]
As terras da Letônia foram gradualmente conquistadas pelos Cavaleiros Teutônicos, que devastaram centros espirituais ortodoxos como Jersika, Atzele, Lucane (Ludza), Kukenois (Koknese), o antigo Tolovo (entre Smiltene e Valmiera), Venden (Cesis) e outras. E apenas a Igreja Ortodoxa de São Nicolau[11] em Riga sobreviveu e permaneceu ativa por cerca de três séculos, sob a supervisão dos Arcebispos de Polotsk.[6][7]
No Séc. XVI, após o colapso da Livônia, as terras bálticas foram divididos entre Lituânia, Dinamarca, Suécia e Polônia. A ortodoxia continuou sendo a fé de um número significativo da população. O número de cristãos ortodoxos era particularmente grande em Ilukste e Jekabpils.[6]
No entanto, nessas condições difíceis, a Igreja Ortodoxa não foi destruída. Em 1570, uma sé episcopal ortodoxa foi fundada em Yuryev (Tartu), à qual Sua Graça o Bispo Cornelius foi instalado.[7]
Em 1621, depois de várias guerras, a Letônia foi conquistada pela Suécia. Durante a Reforma Protestante os suecos saquearam a Igreja Ortodoxa de São Nicolau,[11] em Riga, e o ícone do santo foi levado para a Suécia.[6]
Em 1710, durante a Guerra do Norte, Livônia e Riga tornaram-se parte do Czarado da Rússia. Desde então, as comunidades ortodoxas da província da Livônia fizeram parte da Diocese de Pskov, e o governo espiritual estabelecido em Riga.
Em 13 de janeiro de 1764, o título "de Riga" foi incluído no título dos Bispos de Pskov. Desde 1799, o título foi alterado para Arcebispo de Pskov, Livonia e Curlândia, e de 1836 a 1850 a Cátedra do Vigário de Riga funcionou como parte da Diocese de Pskov.[12]
Em 1 de março de 1850, o Imperador Nicolau I aprovou o relatório do Santo Sínodo, segundo o qual uma diocese independente foi criada a partir do Vicariato de Riga da Diocese de Pskov com uma cátedra em Riga e o nome "Diocese de Riga e Mitava", a partir de 1 de julho de 1850.[13]
Em 1936, a Igreja da Letônia se separou da Igreja Russa e se juntou ao Patriarcado de Constantinopla,[14] embora tenha sido devolvida à Igreja Russa após a adesão da Letônia à URSS em 1940.[15]
Em 12 de março de 2013, por decisão do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, Daugavpils foi separado da Diocese de Riga.[16]
Em 1836 foi estabelecido o Vicariato de Riga da Diocese de Pskov, em 1850 uma diocese independente (Diocese de Riga e Mitava), que se tornou a Igreja Ortodoxa da Letônia autônoma em 1921 por decisão do Patriarca São Ticônio.[12][15]
Em 6 de julho de 1921, a Igreja Ortodoxa Russa concedeu autonomia ao Vicariato da Letônia, criando assim a Igreja Ortodoxa da Letônia (denominada "Arquidiocese de Riga e Toda a Letônia").[17]
Com a anexação soviética da Letônia em 1940, depois a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial e novamente a anexação soviética em 1944, a Igreja da Letônia perdeu sua autonomia, ficando sob a Igreja Russa como parte do Exarcado Patriarcal dos Estados Bálticos (1941), e experimentou um longo período de opressão até a independência do país em 1991.[18]
Em 1992, a Igreja Ortodoxa da Letônia, de acordo com os Tomos de Sua Santidade o Patriarca de Moscou e Toda a Rússia Aleixo II, recebeu autonomia (autogoverno),[12] após a restauração da independência da República da Letônia.
Em 5 de setembro de 2022, o Presidente da Letônia, Egils Levits, anunciou sua intenção de alterar a Lei da Igreja Ortodoxa Letã, garantindo a total independência da Igreja Ortodoxa da Letônia do Patriarcado de Moscou e declarando de fato seu status autocéfalo.[19] Em 8 de setembro, em reunião do Seimas, este projeto de lei, após apreciação pela Comissão Parlamentar de Direitos Humanos e Assuntos Públicos[20], foi aprovado pelos deputados. Em 9 de setembro, após a reunião do Sínodo, foi publicada uma mensagem no site oficial da Igreja Ortodoxa da Letônia, confirmando a decisão do Seimas de determinar o status de autocéfalo e especificando que a Igreja da Letônia continuará a manter comunhão orante e litúrgica com outras Igrejas Ortodoxas canônicas.[21] O Departamento de Relações Externas da Igreja do Patriarcado de Moscou declarou um dia antes que apenas a Igreja Ortodoxa Russa poderia conceder “independência eclesiástica” a Igreja Ortodoxa da Letônia.[22]
Em 20 de outubro de 2022, Um concílio da Igreja Ortodoxa Letã foi realizado, no qual foi decidido alterar os estatutos da Igreja de acordo com as recentes demandas do Estado para separar a Igreja do Patriarcado de Moscou.[23][24][24] O Conselho da Igreja letã também escreveu um apelo ao Patriarca Cirilo de Moscou e Toda a Rússia para dar uma “decisão canônica sobre o status da Igreja Ortodoxa Letã”.[23]
A Igreja Ortodoxa da Letônia tem duas eparquias:[12][25]
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