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igreja em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Igreja Matriz - Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias é uma igreja situada na cidade de Ouro Preto, no Brasil, localizada entre duas praças: a Praça Barão de Queluz e a Praça Antonio Dias. É um expressivo exemplar de arte e arquitetura sacra do período Barroco. Nesta igreja está sepultado Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.[1]
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias | |
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Tipo | igreja, igreja paroquial |
Inauguração | 1727 (297 anos) |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localidade | Antônio Dias |
Localização | Sede - Brasil |
Patrimônio | Património de Influência Portuguesa (base de dados), bem tombado pelo IPHAN |
A Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias surgiu inicialmente como uma capela erguida pelo bandeirante Antônio Dias em torno de 1699 e dedicada à Conceição. Em 1705 foi erigida em Matriz e ao que parece reformada para ampliação, já que possuía reduzidas dimensões.[2] Em 1717, foi criada a Irmandade do Santíssimo Sacramento. Desta edificação pouco restou, pois em 1724 as irmandades solicitaram à Câmara auxílio para a construção de um edifício novo, em vista do estado de ruína do antigo.[3]
A partir de 1727 iniciou nova edificação sob a responsabilidade do notável mestre de obras Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Ambos estão enterrados na igreja. A planta apresenta dois sólidos retângulos, típica da primeira metade do setecentos, com ângulos chanfrados, envolvendo capela-mor, corredores laterais, sacristia disposta na transversal e consistório. Tanto a nave quanto a capela-mor têm deambulatórios laterais com tribunas no piso superior. Sobre a entrada há um coro. Em sua estrutura e fachada ela tem muitas similaridades com a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, levantada na mesma época, mas seus interiores são muito diferentes.[2]
Contudo, as obras seguiram lentamente, e em torno de 1741 apenas uma das torres estava erguida. Pouco se sabe sobre a cronologia dos trabalhos, já que grande parte da documentação foi perdida. Há notícia de que em 1745 as campas, janelas e telhado sofreram intervenções e uma das paredes foi reconstruída, estando em ameaça de cair.[2]
Esses trabalhos se prolongaram até 1756, quando foi iniciada a talha da capela-mor, concluída por volta de 1770. O projeto da talha é atribuído a Antônio de Souza Calheiros, mas foi modificado entre 1756 e 1768 por Jerônimo Félix Teixeira e Felipe Vieira. A pintura e douramento só iniciaram depois de 1770, terminando em 1772. Houve reaproveitamento da talha dos altares da nave da antiga Matriz, em estilo Joanino, conjunto este sensivelmente anterior a 1730. Sua autoria é desconhecida, mas o altar de Nossa Senhora do Rosário sofreu reparos na década de 1740, efetuados por Manoel Gonçalves e depois por José Coelho de Noronha.[2]
No fim do século a Matriz já carecia de consertos em muitos elementos, sendo realizados no frontispício, torre e escadas. Outras obras de manutenção seriam efetuadas no século XIX em várias oportunidades. O adro só foi construído entre 1860 e 1863, com as obras conduzidas por Joaquim Mariano Augusto de Menezes. As grades são de 1881.[2]
Dentro da Matriz surgiram várias irmandades, entretanto, a maior parte da documentação se perdeu. As datas mais recuadas encontradas atestando que elas, inclusive, já existiam legalmente são: Irmandade do Santíssimo Sacramento (1717), da Conceição (1717), de Nossa Senhora da Boa Morte (1721), de São Miguel e Almas (1725), Nossa Senhora do Terço (1736), São Sebastião (1738), São Gonçalo Garcia (1738), cuja imagem fica no altar da Boa Morte.
Em 2005, após solicitação do pároco cônego Luiz Carlos César Ferreira Carneiro, o então arcebispo de Mariana, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida concedeu à Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto o título de Santuário Arquidiocesano.[4]
A Matriz em si permite um interessante estudo da história da arte brasileira, pois apresenta, no painel do altar-mor e nos retábulos e altares, características das três fases barrocas do Brasil-Colônia. Testemunha do passar dos tempos, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição é valioso patrimônio histórico e artístico. A decoração interna da nave é atribuída a Manoel Francisco Lisboa.[2]
O altar-mor tem um rico retábulo composto por um nicho, onde está entronizada a imagem da Conceição sobre um trono escalonado, conjunto ladeado por colunas torcidas que sustentam um grande frontispício, dominado por anjos que sustentam um brasão. Os motivos, a talha superficial mais rarefeita e o uso do branco de fundo já caracterizam uma transição do Barroco Joanino para o Rococó. Os oito altares da nave, reaproveitando material da Matriz primitiva, são mais antigos e tipificam o Barroco Joanino, com seus dosséis, colunas espiraladas e talha de grande densidade e alto relevo, decorada com hastes e folhas de paineira, vergônteas e lírios, recobertas de folhas e flores; pássaros, como a fênix, símbolo da Ressurreição, dragões e outros. Há numerosos pequenos anjos distribuídos por todas as superfícies. Esses altares são separados por pilastras monumentais coroadas por capitéis jônicos.[2][5]
Neles há velários representando Jesus no Horto e Maria junto à Cruz, pintados pelo mesmo autor dos quadros das paredes próximas ao altar-mor, Guilherme Shumaker. Nos altares ao lado do arco do cruzeiro, dosséis caracterizam bem o estilo Joanino, apresentando uma curiosidade: os dosséis saem da boca de uma carranca. Os quatro painéis ovais existentes representam os apóstolos São Pedro e São Paulo, os doutores Santo Ambrósio e São Gregório Magno. A autoria é desconhecida.
A igreja conserva um bom acervo de estatuária, com destaque para os santos de roca do altar-mor (Santa Bárbara e São João Nepomuceno), e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.[2]
Em espaços da Igreja foi constituído em 1968 o Museu Aleijadinho,[6] com peças de sua autoria e de outras reunidas na paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. São destaques da coleção os bustos dos quatro grandes Doutores das Ordens Mendicantes: Santo Tomás de Aquino (dominicano), o Venerável John Duns Scot, Santo Antônio de Pádua e São Boaventura (franciscano),[7] mais quatro leões de eça e a imagem de roca de São Francisco de Paula, todos realizados pelo Aleijadinho.[2]
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