Hípias Maior
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Hípias Maior (em grego Ἱππίας μείζων, Hippías Meízōn) é um diálogo de Platão que tem por objeto principal o belo. Com uma autenticidade que foi posta em discussão, sobretudo no século XIX[1], o diálogo breve entre Sócrates e o sofista Hípias de Élis adiantou as mais ricas discussões que circundam o pensamento estético contemporâneo. Dentre elas, destacam-se a questão da utilidade do belo; o belo enquanto gerador de prazer; a questão de se a contemplação da beleza está ligada ao desinteresse; e, claro, o questionamento principal do diálogo: é possível definir o belo (τὸ καλόν)?[2][3]
Sócrates e Hípias se empenham em encontrar uma definição para a palavra grega καλόν, que designa tanto o belo quanto o nobre e o valor ético, não podendo ser reduzida ao âmbito puramente estético.[8] O belo designa, então, segundo a análise de Woodruff, aquilo pelo qual estimamos algo, o que autoriza considerar o diálogo como uma "investigação com base em todos os tipos de juízos de valor".[9] Buscar a definição da beleza é, portanto, não apenas buscar entender sua natureza, mas também buscar entender por qual critério uma coisa que é bela, estimável, excelente, é julgada como tal.
Hípias de Élis, cujos negócios o afastaram de Atenas por muito tempo, acabava de chegar à cidade para apresentar um discurso na escola de Fidóstrato nos dias seguintes. Ele encontra Sócrates que imediatamente o saúda com os adjetivos "belo" e "sábio". Ao espanto irônico de Sócrates com a longa ausência de Hípias em Atenas, o sofista responde, elogiando as suas próprias qualidades de embaixador, que sua cidade natal, Élis, sempre solicita seus serviços e lhe confiou recentemente várias das mais importantes missões diplomáticas em diferentes cidades, notadamente em Esparta.
Assim, semelhante ao que faz no Íon (diálogo), Platão começa com um longo prólogo em que o interlocutor de Sócrates é ironicamente questionado sobre o que faz, suas habilidades, o que oferece de bom aos gregos. A ironia de Sócrates não reside apenas em fingir ignorância, mas também em simular reconhecer as habilidades que seu interlocutor afirma ter. Essas lisonjas encorajam este último a exibir seu suposto conhecimento, o que permite a Sócrates revelar a ignorância por um método interrogatório de refutação.
Sócrates afirma que, recentemente, enquanto fazia um discurso sobre as coisas que considera belas ou feias, foi censurado de forma bastante rude por um de seus conhecidos, que o repreendeu por falar sobre o que é belo ignorando completamente o que é o belo. Supostamente envergonhado por essa desventura, Sócrates diz que está, portanto, encantado por finalmente poder perguntar a uma pessoa competente como Hípias sua opinião sobre a natureza da beleza. O grande sofista, lisonjeado, certamente não vê objeções a isso, nem à iniciativa de Sócrates, que se propõe a mimetizar o papel do homem que o havia ensinado. Sócrates introduz, portanto, a figura do interlocutor anônimo, que será responsável por formular os problemas ao sofista.
Hípias oferece três hipóteses para definir o belo: o belo é uma bela donzela (287e2-289d5) (primeira hipótese); o belo é o ouro (289d6-291c9) (segunda hipótese) e o belo é a vida nobre (291d1-293c8) (terceira hipótese). Sócrates, por sua vez, também fornece três hipóteses: o belo é o conveniente (293c8-294e10) (quarta hipótese); o belo é o útil (295a1-296d3) (quinta hipótese) e, por fim, o belo corresponde aos prazeres advindos da audição e da visão (297d10-303d10) (sexta e última hipótese).
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.