O Grande Prêmio do Cinema Brasil (popularmente conhecido como Prêmio Grande Otelo) é um importante prêmio do cinema brasileiro, outorgado anualmente pela Academia Brasileira de Cinema com a finalidade de premiar os melhores filmes e condecorar a excelência dos melhores profissionais em cada uma das diversas especialidades do setor. O prêmio consiste numa estatueta banhada em ouro de um cavaleiro em homenagem ao ator brasileiro Grande Otelo segurando uma espada sobre um pedestal, desenhada por Ziraldo e esculpida pelo escultor Altair Souza. No Brasil, a transmissão da cerimônia é realizada pelo Canal Brasil.
Grande Otelo | |
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Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2024 | |
Estatueta do Grande Otelo | |
Descrição | Excelência em cinema |
País | Brasil |
Primeira cerimónia | 12 de setembro de 2002 |
Apresentação | Academia Brasileira de Cinema |
Página oficial |
É um prêmio organizado e votado pelos próprios profissionais, uma forma da própria classe celebrar o seu trabalho e dar o devido reconhecimento ao talento de seus profissionais.
Desde 2004, a votação passou a ser feita via internet, pelo site da Academia, e cada sócio recebe uma senha eletrônica para votar. A apuração é feita pela PricewaterhouseCoopers, a mesma empresa de auditoria que faz a apuração do Oscar.
Na fase de indicações, as cinco obras de cada categoria que passarão para a etapa seguinte são escolhidas pelos membros do Conselho Acadêmico da Academia, por meio de uma cédula de votação eletrônica com a lista completa de todos os concorrentes. Terminado o processo de apuração do primeiro turno, uma nova relação com os cinco escolhidos em cada categoria é enviada ao Conselho Acadêmico, que escolhe, então, os vencedores. Nas duas etapas, a votação é secreta e a abertura das cédulas é realizada pela PricewaterhouseCoopers que ao fim do processo garante de forma sigilosa os nomes dos vencedores em envelopes lacrados que somente são abertos no palco da cerimônia de premiação, transmitida ao vivo.[1]
História
Anos 1990
Depois que um decreto durante o governo do presidente Fernando Collor de Mello aboliu o apoio governamental à produção cinematográfica, quase nenhum filme foi produzido internamente no início da década de 1990[2].
Em 1991, apenas 1% dos filmes em exibição no Brasil eram produzidos no país e, em 1992, apenas dois filmes brasileiros eram lançados. Em 1993 (após o impeachment de Collor), o governo decretou um incentivo fiscal para a produção de filmes, e começou Retomada do Cinema Brasileiro, maneira como é chamado o renascimento das produções audiovisuais nacionais[3].
Em 1998, cinco por cento dos filmes nos cinemas eram brasileiros. O Ministério da Cultura do Brasil instituiu os prêmios nacionais de cinema em novembro de 1999 para reconhecer obras e personalidades da área audiovisual; Foram criadas 16 categorias e um prêmio especial. Com os prêmios, o Ministério da Cultura teve como objetivo fomentar a retomada, aumentando o público nacional; a meta era que 20% dos filmes no Brasil fossem produzidos no país a partir de 2002[4].
Anos 2000-2010
Com a criação da Academia Brasileira de Cinema - fundada no dia 20 de maio de 2002, com sede no Rio de Janeiro - uma das atribuições da recém-fundada instituição era, entre outras, a de instituir o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e contribuir para a discussão, promoção e fortalecimento do cinema como manifestação artística, ajudando, desta forma, a fortalecer a indústria cinematográfica brasileira. Hoje são mais de 200 sócios.[1]
A primeira edição do prêmio aconteceu em 12 de setembro de 2002, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e era chamado de Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro, pois era patrocinado pela BR, distribuidora de combustíveis da Petrobras. O nome foi mudado junto com o prêmio, que era chamado de Grande Prêmio Cinema Brasil. O grande vencedor da primeira edição foi o filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodansky, que conquistou sete prêmios. [1]
Em 2003, com o fim do patrocínio pela BR, a edição foi realizada com recursos doados por exibidores e distribuidores. Nesta edição, os grandes vencedores foram os filmes Cidade de Deus (seis prêmios, incluindo Melhor Filme de Ficção), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e Madame Satã (cinco prêmios), de Karim Aïnouz.
A partir da edição de 2004, o prêmio passou a se chamar Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro, pois a companhia aérea TAM assinou um contrato com a Academia Brasileira de Cinema por quatro anos. Nesta edição, O Homem que Copiava, de Jorge Furtado, foi o grande vencedor, com seis prêmios.
Em 2005, o grande vencedor foi Cazuza - O Tempo Não Pára, de Sandra Werneck e Walter Carvalho, com sete prêmios.
Em 2011 o grande vencedor foi Tropa de Elite 2: O Inimigo agora é Outro, o filme foi indicado em 16 categorias e venceu em 9, incluindo Melhor Filme de Ficção, Direção (José Padilha) e Melhor Ator (Wagner Moura). Na categoria Melhor Atriz venceu Glória Pires por Lula, O filho do Brasil. Cássia Kis faturou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por Chico Xavier.
No ano de 2012, o grande vencedor foi O Palhaço, de Selton Mello, com 12 dos 14 prêmios que disputou.
Em 2019, o filme Benzinho, de Gustavo Pizzi, é o grande vencedor do Grande Otelo, que aconteceu pela primeira vez no Theatro Municipal de São Paulo. O longa-metragem conquistou seis prêmios em categorias principais: Melhor Filme de Ficção, Melhor Direção (Gustavo Pizzi), Melhor Atriz (Karine Teles), Melhor Atriz Coadjuvante (Adriana Esteves), Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem de Ficção.
Anos 2020
Devido a pandemia de COVID-19, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro foi transmitido pela primeira vez na TV Cultura e suas plataformas digitais: no site, canal do Youtube, Facebook e Twitter.[5] O grande vencedor do prêmio em 2020 foi Bacurau. O longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles recebeu 17 indicações e venceu em seis categorias na noite do Theatro Municipal de São Paulo: Melhor Longa de Ficção, Melhor Direção, Melhor Ator (Silvero Pereira), Melhor Roteiro Original, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Montagem de Ficção.
A edição de 2021 também foi transmitida pela TV Cultura em 28 de novembro de 2021.[6]
A Estatueta
No ano em que a Academia celebraria o centenário do artista Grande Otelo, a Academia Brasileira de Cinema pediu para que o artista Ziraldo criasse o novo desenho do troféu Grande Otelo para o 14º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro[7].
Anteriormente o troféu, já batizado com o nome do autor desde a primeira edição, era uma obra abstrata - uma bola preta sobre um suporte entreaberto, no entanto, após o ano de 2015, ele finalmente assumiu as feições do seu homenageado. Ziraldo, autor do desenho, convidou o artesão Altair Souza para criar a escultura[8].
Categorias premiadas
Principais
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Coadjuvantes
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Técnicos
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Além dos prêmios de mérito à excelência, a Academia anualmente outorga, através de seu Conselho, os Prêmios Homenagem Especial e o Prêmio Especial de Preservação.[1]
Principais vencedores
De acordo com a Academia Brasileira de Cinema, os filmes vencedores em 2000 e 2001 não são outorgados por ela. Os prêmios anuais chamados de Grande Otelo somente foram concedidos a partir do ano de 2002 (para filmes lançados em 2001) até o presente ano, pois a Academia foi fundada em 20 de maio de 2002, com a primeira cerimônia a ter lugar em setembro de 2002, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o filme Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodansky e estrelado por Rodrigo Santoro, como o Melhor Filme do ano. A Academia não reconhece os prêmios concedidos em 2000 e 2001 porque foram entregues por uma comissão do Ministério da Cultura.
Melhor Filme de Ficção
- 2000 — Orfeu, de Cacá Diegues
- 2001 — Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington
- 2002 — Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky
- 2003 — Cidade de Deus, de Fernando Meirelles
- 2004 — O Homem que Copiava, de Jorge Furtado
- 2005 — Cazuza - O Tempo não Para, de Sandra Werneck e Walter Carvalho
- 2007 — Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes
- 2008 — O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger
- 2009 — Estômago, de Marcos Jorge
- 2010 — É Proibido Fumar, de Anna Muylaert
- 2011 — Tropa de Elite 2, de José Padilha
- 2012 — O Palhaço, de Selton Mello
- 2013 — Gonzaga - de Pai pra Filho, de Breno Silveira
- 2014 — Faroeste Caboclo, de Rene Sampaio
- 2015 — O Lobo atrás da Porta, de Fernando Coimbra
- 2016 — Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert
- 2017 — Aquarius, de Kleber Mendonça Filho
- 2018 — Bingo: O Rei das Manhãs, de Daniel Rezende
- 2019 — Benzinho, de Gustavo Pizzi
- 2020 — Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
- 2021 — A Febre, de Maya Da-Rin
- 2022 — Marighella, de Wagner Moura
- 2023 — Marte Um, de Gabriel Martins
- 2024 — Pedágio, de Carolina Markowicz
Melhor Ator
- 2000 — Matheus Nachtergaele, por O Primeiro Dia
- 2001 — Matheus Nachtergaele, por O Auto da Compadecida
- 2002 — Rodrigo Santoro, por Bicho de Sete Cabeças
- 2003 — Lázaro Ramos, por Madame Satã
- 2004 — Selton Mello, por Lisbela e o Prisioneiro
- 2005 — Daniel de Oliveira, por Cazuza - O Tempo Não Para
- 2007 — Ângelo Antônio, por 2 Filhos de Francisco
- 2008 — Wagner Moura, por Tropa de Elite
- 2009 — Selton Mello, por Meu Nome Não é Johnny
- 2010 — Tony Ramos, por Se Eu Fosse Você 2
- 2011 — Wagner Moura, por Tropa de Elite 2
- 2012 — Selton Mello, por O Palhaço
- 2013 — Júlio Andrade, por Gonzaga - de Pai pra Filho
- 2014 — Fabrício Boliveira, por Faroeste Caboclo
- 2015 — Tony Ramos, por Getúlio / Babu Santana, por Tim Maia
- 2016 — Marco Ricca, por Chatô, o Rei do Brasil
- 2017 — Juliano Cazarré, por Boi Neon
- 2018 — Vladimir Brichta, por Bingo: O Rei das Manhãs
- 2019 — Stepan Nercessian, por Chacrinha: O Velho Guerreiro
- 2020 — Silvero Pereira, por Bacurau / Fabrício Boliveira, por Simonal
- 2021 — Marcos Palmeira, por Boca de Ouro
- 2022 — Seu Jorge, por Marighella
- 2023 — Carlos Francisco por Marte Um
- 2024 — Aílton Graça por Mussum, o Filmis
Melhor Atriz
- 2000 — Denise Fraga, por Por Trás do Pano
- 2001 — Regina Casé, por Eu, Tu, Eles
- 2002 — Juliana Carneiro da Cunha, por Lavoura Arcaica
- 2003 — Marcélia Cartaxo, por Madame Satã
- 2004 — Débora Falabella, por Dois Perdidos Numa Noite Suja
- 2005 — Fernanda Montenegro, por O Outro Lado da Rua
- 2007 — Alice Braga, por Cidade Baixa
- 2008 — Hermila Guedes, por O Céu de Suely
- 2009 — Leandra Leal, por Nome Próprio
- 2010 — Lília Cabral, por Divã
- 2011 — Glória Pires, por Lula, o Filho do Brasil
- 2012 — Deborah Secco, por Bruna Surfistinha
- 2013 — Dira Paes, por À Beira do Caminho
- 2014 — Gloria Pires, por Flores Raras
- 2015 — Leandra Leal, por O Lobo atrás da Porta
- 2016 — Regina Casé, por Que Horas Ela Volta?
- 2017 — Andréia Horta, por Elis
- 2018 — Maria Ribeiro, por Como Nossos Pais
- 2019 — Karine Teles, por Benzinho
- 2020 — Andréa Beltrão, por Hebe: A Estrela do Brasil
- 2021 — Marcélia Cartaxo, por Pacarrete
- 2022 — Dira Paes, por Veneza
- 2023 — Dira Paes, por Pureza
- 2024 — Vera Holtz por Tia Virgínia
Melhor Ator Coadjuvante
- 2002 — Othon Bastos, por Bicho de Sete Cabeças
- 2003 — Paulo Miklos, por O Invasor
- 2004 — Pedro Cardoso, por O Homem que copiava
- 2005 — Gero Camilo, por Narradores de Javé
- 2007 — José Dumont, por 2 Filhos de Francisco
- 2008 — Milhem Cortaz, por Tropa de Elite
- 2009 — Babu Santana, por Estômago
- 2010 — Chico Diaz, por O Contador de Histórias
- 2011 — André Mattos, por Tropa de Elite 2 / Caio Blat, por As Melhores Coisas do Mundo
- 2012 — Paulo José, por O Palhaço
- 2013 — Cláudio Cavalcanti, por Astro - Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico / João Miguel, por Gonzaga - de Pai pra Filho
- 2014 — Wagner Moura, por Serra Pelada
- 2015 — Jesuíta Barbosa, por Praia do Futuro
- 2016 — Chico Anysio, por A hora e a vez de Augusto Matraga
- 2017 — Flávio Bauraqui, por Nise: O Coração da Loucura
- 2018 — Augusto Madeira, por Bingo: O Rei das Manhãs
- 2019 — Matheus Nachtergaele, por O Nome da Morte
- 2020 — Chico Diaz, por Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
- 2021 — João Miguel, por Pacarrete
- 2022 — Rodrigo Santoro, por 7 Prisioneiros
- 2023 — Cícero Lucas por Marte Um
- 2024 — Jorge Paz por O Sequestro do Voo 375
Melhor Atriz Coadjuvante
- 2002 — Laura Cardoso, por Copacabana
- 2003 — Mariana Ximenes, por O Invasor
- 2004 — Luana Piovani, por O Homem que copiava
- 2005 — Laura Cardoso, por O Outro Lado da Rua
- 2007 — Paloma Duarte, por 2 Filhos de Francisco
- 2008 — Sílvia Lourenço, por O Cheiro do Ralo
- 2009 — Júlia Lemmertz, por Meu Nome Não é Johnny
- 2010 — Denise Weinberg, por Salve Geral
- 2011 — Cássia Kiss, por Chico Xavier
- 2012 — Drica Moraes, por Bruna Surfistinha
- 2013 — Ângela Leal, por Febre do Rato / Leandra Leal, por Boca
- 2014 — Bianca Comparato, por Somos Tão Jovens
- 2015 — Thalita Carauta, por O Lobo atrás da Porta
- 2016 — Camila Márdila, por Que Horas Ela Volta?
- 2017 — Laura Cardoso, por De Onde Eu Te Vejo
- 2018 — Sandra Corveloni, por A Glória e a Graça
- 2019 — Adriana Esteves, por Benzinho
- 2020 — Fernanda Montenegro, por A Vida Invisível
- 2021 — Hermila Guedes, por Fim de Festa
- 2022 — Zezé Motta, por Doutor Gama
- 2023 — Adriana Esteves por Medida Provisória
- 2024 — Arlete Salles por Tia Virgínia
Edições
- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2024
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- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2005
- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2004
- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2003
- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2002
Referências
- «Academia Brasileira de Cinema». Consultado em 26 de janeiro de 2020
- «Collor x Bolsonaro: 'apagão' do cinema brasileiro pode se repetir?». tab.uol.com.br. Consultado em 3 de abril de 2021
- Cena, Cinema em. «Não gosta de filme nacional? Entenda o Cinema da Retomada | Cinema em Cena - www.cinemaemcena.com.br». Cinema em Cena (em inglês). Consultado em 3 de abril de 2021
- «Folha de S.Paulo - Política cultural: "Oscar nacional" celebra Grande Otelo - 06/11/1999». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de abril de 2021
- «Pela primeira vez, TV Cultura transmite o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro». Consultado em 1 de outubro de 2021
- «"BOCA DE OURO" E "PACARRETE" LIDERAM INDICAÇÕES AO GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO». Portal Exibidor. Consultado em 1 de outubro de 2021
- «Ziraldo homenageia Grande Otelo criando troféu estilizado do ator – Glamurama». Ziraldo homenageia Grande Otelo criando troféu estilizado do ator – Glamurama. 30 de julho de 2015. Consultado em 3 de abril de 2021
- Scarpa, Guilherme. «Troféu do Prêmio de Cinema Brasileiro homenageia centenário de Grande Otelo». Gente Boa - O Globo. Consultado em 3 de abril de 2021
Ligações externas
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