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patrimônio localizado em Bonfim, Roraima, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Forte de São Joaquim do Rio Branco localizava-se no estado de Roraima, no Brasil.
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Forte de São Joaquim do Rio Branco | |
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Forte de São Joaquim do Rio Branco, Roraima: planta. | |
Construção | José I de Portugal (1775) |
Estilo | Vauban |
Conservação | Ruínas |
Aberto ao público |
Ergueu-se na margem esquerda da confluência do alto rio Branco (atual rio Uraricoera) com o rio Tacutu, onde se forma o rio Branco, a cerca de 32 quilômetros ao norte da atual capital, Boa Vista.
No contexto da ameaça das entradas holandesas oriundas do Suriname, via fluvial, para comércio e apresamento de indígenas na região, que se estenderam de 1750 a 1780, a Provisão Régia de 14 de novembro de 1752 determinou ao governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1751–1759):
Em que pesem os alertas regulares das autoridades locais sobre a necessidade de uma fortificação, face às ameaças representadas por aquele comércio na região (os Paraviana, por exemplo, foram encontrados com "armas, pólvora e balla", conforme relato do Ouvidor-mor da Capitania do Rio Negro, Lourenço Pereira da Costa, ao governador da Capitania em 1762), por mais de vinte anos nada foi concretizado.
Uma ação efetiva só foi adotada pela Coroa portuguesa a partir de 1775, quando Nikolas Hartsman, desertor holandês oriundo de Essequibo, chegou a Barcelos, sede da Capitania de São José do Rio Negro, com notícias de um estabelecimento espanhol no Rio Branco. Esse estabelecimento remontava a expedições efetuadas nos anos de 1771–1773, em busca da lendária Serra Dourada do lago Parima, que expedições portuguesas anteriores já haviam descartado. O dado mais importante era o de que os espanhóis, enviados oficialmente pelo governo da Guiana espanhola (Venezuela) com o fim declarado de anexação da região, estavam aquartelados no rio Uraricoera, tendo já formado no curso do mesmo, dois aldeamentos indígenas, o de Santa Rosa e o de São João Batista de Caya-Caya.
Frente a essa ameaça concreta no alto rio Branco, que desarticulava toda a estratégia tático-defensiva portuguesa na bacia amazônica, no mesmo ano, uma tropa de guerra foi formada e enviada para dar combate aos espanhóis, sob o comando do Capitão de Engenheiros Phillip Sturm, com ordens de expulsá-los e de iniciar a construção de uma fortaleza, bem como de promover o aldeamento de indígenas na região. Dessa forma, entre os anos de 1775 (SOUZA, 1885:58) e 1776 iniciou-se finalmente a construção do Forte de São Joaquim dominando estratégicamente, do ponto de formação do rio Branco, o acesso ao rio Tacutu e ao rio Uraricoera, afastando definitivamente as ameaças de invasão espanhola ou holandesa por aquela via.
Empregando a mão de obra de indígenas tomados aos espanhóis como presa de guerra, e de outros, aldeados para o serviço da fortaleza (eram cinco as aldeias computadas em 1777), ela foi concluída em 1778. Ficou guarnecido por 30 soldados e por milicianos indígenas.
A fortificação foi visitada pela expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783–1792), dela existindo iconografia (Prospecto da Fortaleza de S. Joachim; Planta da Fortaleza de S. Joachim; Planta da Capela e Residência do Capelão do Forte de São Joachim. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro). Na primeira estão retratados a estrutura do forte — onde sobressaem os telhados do Quartel de Comando e do Quartel de Tropa ao abrigo do terrapleno —, e o aldeamento anexo (FERREIRA, 1971. Pranchas 67, 68 e 69[2]). Data desta época, ainda, a "Planta, Perfil e Prospecto do Forte de S. Joachim do Rio Branco, tirada no anno de 1787 pelo Cel. Eng. José Sarmento de Carvalho.", no Arquivo Histórico do Exército (AHEx), no Rio de Janeiro.
À época do Brasil Império, a informação mais completa sobre a estrutura, é a de BAENA (1839):
Irônicamente, a utilização desta mão-de-obra nativa, e as duras condições de uma vida sedentária nos aldeamentos impostos a populações até então nômades, conduziu a um círculo vicioso de revoltas e repressão durante a década de 1780, que dizimou os aldeamentos e culminou em uma grande revolta em 1790, violentamente reprimida.
O governador da Capitania do Rio Negro, Manuel da Gama Lobo D'Almada, entre 1787 e 1788, considerou-o fraco enquanto fortificação, embora muito bem situado, e, à época, a sua guarnição variava entre 40 e 50 homens. (OLIVEIRA, 1968:756)
Ao se iniciar o século XIX os aldeamentos de Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, às margens do rio Uraricoera, São Felipe, no rio Tacutu, e Nossa Senhora do Carmo e Santa Bárbara, no rio Branco, encontravam-se praticamente desertos e o serviço do forte era mantido com destacamentos de indígenas remetidos mensalmente do rio Negro. Ao mesmo tempo, as colônias espanholas obtendo a sua independência, os ingleses consolidando a sua presença na Guiana, e o processo de Independência do Brasil (1822), pouco a pouco mergulham a região no esquecimento, de onde saiu por um breve momento, no início do século XX com a Questão do Pirara (1904).
GARRIDO (1940) informa que, ao tempo do Império, foi criada na região a Colônia Militar do Rio Branco (Aviso de 12 de agosto de 1850), distante, entretanto, da antiga fortificação colonial. Ao tempo da República, a antiga Colônia Militar passou a ser denominada de Fazenda Federal, tendo a União ali mantido por longo tempo um destacamento do Exército Brasileiro (op. cit., p. 18).
Ainda assim o antigo forte conheceu obras de reconstrução, em 1875, por iniciativa do seu comandante à época, Pedro Jaime Lisboa. (OLIVEIRA, 1876:756) Ainda desse período, uma planta datada de 1883, assinada por Francisco Xavier Lopes de Araújo, barão de Parima, mostra um relógio de sol, colocado para observações astronómicas, e casas para o comando e para quartel da tropa, as ruínas da igreja e o cemitério. (OLIVEIRA, 1968:756)
BARRETTO complementa que, à época (1958), ainda podiam ser observadas as ruínas do antigo forte, encontrando-se a imagem entalhada em madeira do seu padroeiro, São Joaquim, abrigada na Capela da Fazenda São Marcos. Um dos canhões remanescentes da artilharia do forte ornamentava, na mesma época, a Praça da Bandeira, na capital Boa Vista (op. cit., p. 62-68). Parte da sua pedra foi reaproveitada em outras edificações, como por exemplo, na do Serviço de Proteção ao Índio na Fazenda São Marcos, em 1944.
As suas ruínas encontram-se tombadas como Patrimônio Histórico desde 22 de abril de 2001.
São conhecidos os nomes dos seguintes militares no comando da praça:
A fazenda São Marcos foi fundada pelo capitão Nicolau de Sá Sarmento, comandante do Forte de São Joaquim no final do século XVIII, em 1799. Localizada próxima ao forte, constituiu-se em um dos primeiros assentamentos de colonizadores que introduziram gado na região do rio Branco.
Já à época da República, estando o forte abandonado e em ruínas, o Governo Federal manteve uma guarnição na Fazenda de São Marcos, também Colónia Militar do Rio Branco. A informação de BARRETO (1940) de que a fazenda ficava no local do forte é incorreta, uma vez que ambos são distantes entre si. A fazenda sediou ainda um posto do antigo Serviço de Proteção aos Índios. (OLIVEIRA, 1968:756)
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