A Floralia era um festival romano, em honra à deusa Flora, ocorrido no mês de maio e ligado ao ciclo agrário, para consagrar as florações da primavera. Iniciava-se em 28 de abril e se estendia até 3 de maio, com representações teatrais, solturas de animais associados à fertilidade e divertimentos realizados no Circo Máximo. Foi criado em 240 a.C.[nota 1] pelos irmãos edis Públio e Marco Publício Maleolo.[1]
O poeta Ovídio, na obra Os Fastos (livro V), descreve-a como "mãe das flores", "deidade amiga" e "deusa jovial". Além de reinar sobre as flores, os campos também eram de seus cuidados: as videiras (produção de vinho), o olival (azeite e azeitonas), codeços, timo , ervilhas e lentilhas. Seus domínios eram os campos e jardins cercados e não o que era selvagem.
Ovídio narra, no poema-calendário, que ela era Clóris (ninfa dos campos) e Flora foi seu nome dado na região do Lácio. As florações lhe foram consagradas após Zéfiro raptá-la e desposá-la, dando as flores como dote. Sua função era cuidar de tudo que da terra brotasse. Segundo a lenda, Flora ajudou no nascimento de Marte, ao entregar uma flor fecunda, existente em seus jardins, à sua mãe que o desejava, mas não queria engravidar através da relação sexual com uma figura masculina.[2]
Sob a direção do oráculo dos livros Sibilinos, em 240 a.C, foi construído um templo em honra a Flora, dedicado em 28 de abril. A Floralia foi instituída para pedir sua proteção.[3] Devido às más colheitas, as festas foram intermitentes durante quase cem anos (entre 240 a.C a 173 a.C), tendo sido retomadas de forma anual a partir daí. Pela ausência de tais festivais é que Flora esquecera seu ofício, negligenciando seus campos, proporcionando esse período decadente.[2] Ovídio narra a fala da deusa sobre a suspensão de suas festas:
Soltavam cabras e lebres no Circo Máximo,[2] animais associados à fertilidade (uma preocupação com a concepção da mulher, pois sua imagem era fortemente ligada à natureza, por sua fertilidade e fecundidade, já que o principal atributo de uma mulher era conceder um filho ao seu marido e conseqüentemente um cidadão romano).
Os participantes jogavam grãos-de-bico para as pessoas no circo.[3]
As prostitutas atuavam nuas no teatro e lutavam na arena de gladiadores.[3]
Ocorriam a encenação de Farsas e mímicas, que tiveram seu reconhecimento oficial, eram conhecidas por sua licenciosidade.[3]
Diversidade de cores provenientes das flores na decoração e também das vestimentas, pois, ao contrário do usual branco no ritual de Ceres, as mulheres vestiam-se com roupas coloridas.[2]
TAYLOR, Lily Ross. The Opportunities for Dramatic Performances in the Time of Plautus and Terence. Transactions and Proceedings of the American Philological Association, Vol. 68, (1937), pp. 284-304.
TAYLOR, Lily Ross. Cicero's Aedileship. The American Journal of Philology, Vol. 60, No. 2 (1939), pp. 194-202.