Estação Ferroviária do Pocinho
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A Estação Ferroviária do Pocinho é uma interface da Linha do Douro, que serve a localidade do Pocinho, no concelho de Vila Nova de Foz Coa, no Norte de Portugal. Também serviu como entroncamento com a Linha do Sabor durante o seu funcionamento, entre 1911[3] e 1988.[4] Desde 1988 é estação terminal da Linha do Douro, dado o encerramento do troço que se prolongava até Barca d’Alva e Espanha.[5]
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Pocinho | |||||||||||
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Identificação: | 12005 POC (Pocinho)[1] | ||||||||||
Denominação: | Estação de Pocinho | ||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (norte)[2] | ||||||||||
Classificação: | E (estação)[1] | ||||||||||
Tipologia: | C [2] | ||||||||||
Linha(s): |
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Altitude: | 142 m (a.n.m) | ||||||||||
Coordenadas: | 41°7′48.432″N × 7°7′24.168″W (=+41.13012;−7.12338) | ||||||||||
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Município: | Vila Nova de Foz Côa | ||||||||||
Serviços: | |||||||||||
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Conexões: | |||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||
Endereço: | Rua da Estação (EM 614) PT-5150-502 Pocinho VLF | ||||||||||
Inauguração: | 10 de janeiro de 1887 (há 138 anos) | ||||||||||
Website: |
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Descrição
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Perspectiva
Localização e acessos
A estação situa-se junto à localidade do Pocinho, com acesso pela Rua da Estação.[6]
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Infraestrutura
O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, a Barca d’Alva).[7][8] Em Janeiro de 2011, também tinha um serviço de informação ao público, prestado pela Rede Ferroviária Nacional.[9]
Esta interface apresenta seis vias de circulação, identificadas como I, IA, I+IA, II, IIA, e II+IIA, com extensões variando entre 352 e 802 m, sendo apenas a primeira acessível por plataforma, que tem 129 m de comprimento e 30 cm de altura; existem ainda três vias secundárias, identificada como III, IV, e V, com comprimentos entre 164 e 177 m.[2] Em Outubro de 2003, a Rede Ferroviária Nacional prestava aqui os serviços de tratamento de mercadorias, manobras, e limpeza de carruagens e vagões.[10] Em Junho de 2007, também tinha um serviço de abastecimento de água,[11] e em Outubro de 2004 apresentava a classificação E (Estação) da Rede Ferroviária Nacional.[12]
Serviços
Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipos regional e inter-regional, com seis circulações diárias em cada sentido, ligando a Régua, Porto-Campanhã, e Porto-São Bento.[13]
História
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Perspectiva
Século XIX
O troço entre Tua e o Pocinho da Linha do Douro foi aberto à exploração em 10 de Janeiro de 1887, tendo sido a estação terminal provisória da linha até à entrada ao serviço do troço seguinte, até Côa, em 5 de Maio do mesmo ano.[3]
Mapa da Rede Complementar ao Norte do Mondego, incl. o projecto da Linha do Côa; estação Pocinho marcada.
Século XX
No Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego, promulgado por um decreto de 15 de Janeiro de 1900, estava prevista uma ligação de via larga entre o Pocinho e Vila Franca das Naves, na Linha da Beira Alta.[14] Esta linha, em conjunto com a do Sabor, tinha sido recomendada pela comissão responsável pelos estudos da rede ferroviária complementar no Norte do país,[15] e era considerada de grande importância, uma vez que ligaria as regiões do Douro e Trás-os-Montes à Beira Alta e ao centro do país.[16] Em Dezembro de 1968, o Gabinete de Estudos e Planeamento de Transportes Terrestres já tinha realizado o estudo para esta linha.[16]
Em 1901, um estudo da operadora Caminhos de Ferro do Estado revelou que esta estação possuía ligações rodoviárias com a Estrada Real n.º 9, em ambas as margens do Rio Douro.[17] Na margem Norte, também era servida por um ramal da Estrada Real n.º 38, de Mirandela a Vila Flor, que entroncava na Estrada Real 9 junto à foz do Rio Sabor, e estava planeada a construção da Estrada Distrital n.º 58, que facilitaria o acesso do Concelho de Alfândega da Fé à estação.[17] A estação do Pocinho era uma das servidas pelo Comboio Porto-Medina, que circulou desde os inícios do século XX até 1914, e que ligava a cidade do Porto a Salamanca e Medina del Campo.[18] O comboio foi retomado em 1919, mas foi definitivamente suspenso pouco tempo depois.[19]
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Em 1913, a estação do Pocinho era servida por carreiras de diligências até Vila Nova de Foz Côa, Touça, Fonte Longa, Poço do Canto e Mêda.[20]
Quando o plano da rede ao Norte do Douro foi revisto por um decreto de 1 de Abril de 1930, um dos caminhos de ferro de via estreita que foram classificados foi a Linha do Côa, do Pocinho a Idanha-a-Nova, com cerca de 183 km de comprimento.[21] Também se sugeriu a adaptação a via algaliada no lanço entre Livração e o Pocinho, obra que permitiria ligar todas as linhas de via estreita em Trás-os-Montes, mas causaria grandes perturbações ao tráfego.[21] Em 1933, a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro instalou uma bomba a motor no Rio Douro, para abastecer a toma de água.[22] No ano seguinte, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a modificação e a ampliação das vias,[23] e a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses fez o calcetamento do cais de transbordo.[24] Em 1935, a Companhia Nacional instalou uma báscula de 20 T nesta estação.[25] Em 1939, a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro, concessionária da Linha do Sabor, fez obras de remodelação nos edifícios dos Serviços de Tracção, Oficinas e Movimento e no reservatório, na estação do Pocinho.[26]
Um diploma publicado no Diário do Governo n.º 54, II Série, de 5 de Março de 1953, autorizou a expropriação de várias parcelas de terreno junto à estação do Pocinho, para se proceder a obras de modificação e expansão daquela gare.[27] Nesse ano, a estação do Pocinho era servida pelo menos por duas carreiras de autocarros, uma até Mêda e outra até Viseu por Sernancelhe.[28]
Em 16 e 17 de Maio de 1995, uma comissão do governo fez uma viagem às regiões do Norte e do centro do país, para visitar os empreendimentos da Rede Rodoviária Nacional, tendo o percurso entre Lisboa e o Pocinho, no primeiro dia, sido feito de comboio.[29]
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Ligação à Linha do Sabor
Em 30 de Abril de 1884, a Junta Geral do Distrito de Bragança enviou uma representação à Câmara dos Deputados, para pedir a construção das linhas de Foz Tua a Mirandela e do Pocinho a Miranda do Douro.[30] Este pedido foi repetido em 2 de Julho de 1890, quando a Câmara Municipal de Mirandela enviou uma representação à Câmara dos Deputados.[31]
Em 1899, o engenheiro Cachapuz, que representava uma sociedade de financeiros italianos, pediu autorização ao estado para instalar diversas linhas férreas em Portugal, tendo uma delas sido do Pocinho a Moncorvo.[32] Em 15 de Agosto desse ano, o Ministro das Obras Públicas fez uma visita ao Pocinho.[33] Ainda nesse ano, a comissão que tinha sido formada para estudar o Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego propôs a construção da linha a partir do Pocinho, que serviria para transportar o minério de ferro do Reboredo e os alabastros de Vimioso, e que seria de via larga para evitar os transbordos no Pocinho.[34] Devido à oposição do Conselho Superior de Guerra, o projecto foi mudado de forma a que o lanço de via larga fosse só até Carviçais, enquanto que o resto da linha seria de via estreita.[34] Foi desta forma que a linha foi classificada no Plano da Rede, decretado em 15 de Fevereiro de 1900.[34] Em 1901, o ministro Manuel Francisco de Vargas ordenou que fosse aberto o concurso para a construção da ponte do Pocinho, que seria para uso ferroviário e rodoviário, tendo o contrato sido assinado em 1903.[34] No entanto, devido às grandes dificuldades em construir em via larga no terreno montanhoso na margem Norte do Rio Douro, e à facilidade com que o transbordo do minério podia ser feito no Pocinho, decidiu-se que a linha poderia ser totalmente de bitola estreita, com a Ponte do Pocinho preparada desde logo para futuramente receber via larga, caso no futuro se pensasse em alargar a bitola da linha.[34][35] Em 3 de Outubro de 1903, foi concluído o ante-projeto para a ampliação do Pocinho, de forma a albergar também a nova linha,[36] que foi apresentado ao Conselho Superior de Obras Públicas ainda nesse mês.[37] As alterações no Pocinho foram feitas de forma a facilitar tanto quanto possível a transferência das mercadorias, especialmente minérios e alabastros, da linha estreita para a via larga.[35] Em Abril de 1904, foi aprovado o projecto para a linha do Pocinho a Miranda do Douro, e pouco depois iniciaram-se as obras.[34]
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O primeiro lanço da Linha do Sabor, entre o Pocinho e Carviçais, foi concluído nos princípios de 1911,[34] e entrou ao serviço em 17 de Setembro desse ano.[38] Após 1947, as locomotivas de via estreita E61 e E41 realizaram manobras nesta estação.[39] Na década de 1950, verificou-se um grande aumento no tráfego da Linha do Sabor, tendo chegado a ser organizados dois a quatro comboios diários de minério das Minas de Reboredo até ao Pocinho, onde era transbordado para vagões de via larga, e depois transportado até ao Porto de Leixões com destino ao Reino Unido.[40] Segundo Albino Teixeira, ferroviário reformado que trabalhou na Linha do Douro, o processo de transbordo era «duro, penoso, podendo chamar-se autêntica escravatura», sendo feito em «condições desumanas», com «homens nus da cintura para cima» que «faziam aquele trabalho no pico do calor, suportando ainda a poeira originada por aquele trabalho».[41]
Em 1988, foram encerrados os serviços na Linha do Sabor, e no troço entre Pocinho e Barca d’Alva da Linha do Douro.[4] Esta decisão foi tomada no âmbito da estratégia do governo para os transportes nessa altura, que beneficiou a construção de auto-estradas em detrimento do transporte ferroviário.[42]
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Século XXI
Em 2008, a Comissão de Coordenação da Região Norte estava a procurar operadores privados para a recuperação do troço entre Pocinho e Barca de Alva, e o seu aproveitamento para a circulação de comboios turísticos, rebocados por locomotivas a vapor, enquanto que a Rede Ferroviária Nacional considerava aquele lanço como sendo susceptível de ser transformando numa via verde.[43]
Em Novembro de 2009, o lanço da Linha do Douro entre as estações do Tua e da Régua foi encerrado devido ao clima adverso e à queda de barreiras, tendo sido organizado um serviço rodoviário de substituição entre a Régua e o Pocinho.[44] Em 25 de Dezembro do mesmo ano, ocorreu uma grande derrocada na Linha do Douro entre as estações do Tua e do Pocinho, interrompendo a circulação naquele lanço.[45] Em Fevereiro de 2010, a Rede Ferroviária Nacional relatou que já se tinham iniciado as obras, prevendo que o lanço iria ser reaberto nos finais de Março.[46] Entretanto, a ligação entre as duas estações foi feita através da utilização de autocarros e táxis.[47]
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Em Janeiro de 2011, a estação possuía duas vias de circulação, ambas com 817 m de comprimento, e duas plataformas, com 139 e 42 m de comprimento, e 35 cm de altura[48] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]
Em Abril de 2011, o coordenador da Estrutura de Missão Douro, Ricardo Magalhães, chamou a atenção para a necessidade de reabrir o lanço entre o Pocinho e Barca de Alva e a ligação internacional, defendendo que esta iniciativa seria de grande interesse do ponto de vista regional, devido ao impulso que daria ao turismo.[49] Naquela altura, a iniciativa para reabrir a linha já tinha o apoio do governo espanhol, e incluiria os municípios locais, a administração regional e os promotores do turismo e da indústria vinícola.[49]
Em 27 de Janeiro de 2012, quatro jovens espanhóis foram detidos por militares da Guarda Nacional Republicana na estação do Pocinho, quando estavam a fazer graffitis num comboio estacionado.[50] Os jovens foram apresentados no Tribunal de Foz Côa, que determinou uma caução no valor de 200 euros, e aplicou uma medida de coação de termo de identidade e residência.[50]
Em Novembro de 2016, o Bloco de Esquerda criticou o estado de abandono da Linha do Douro e a degradação dos serviços naquele eixo, tendo defendido a realização de obras nas estações e a eletrificação do lanço até à Régua, e posteriormente até ao Pocinho e à fronteira.[51] Este comunicado surgiu na sequência do Plano Ferrovia 2020, que previa a instalação da tracção eléctrica até Marco de Canaveses, e que deveria ter sido concluído até 2016.[51] Em 26 de Novembro de 2018, a operadora Comboios de Portugal suspendeu a circulação no lanço da Linha do Douro entre Caíde e Marco de Canaveses, tendo garantido a circulação normal dos comboios no troço restante da linha, desde aquele ponto até ao Pocinho.[52][53]
Em Junho de 2019, a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e a Fundação Museu do Douro iniciaram uma petição para a modernização de toda a Linha do Douro, incluindo o lanço do Pocinho a Barca de Alva, que deveria ser reaberto à circulação.[42] Esta petição atingiu mais de treze mil assinaturas, um número muito superior às quatro mil que eram necessárias para levar o assunto ao parlamento, tendo sido entregue em 9 de Janeiro.[42]
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Em Outubro de 2019, o presidente da Câmara do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, questionou a empresa Comboios de Portugal sobre uma planeada supressão dos serviços Regionais e Inter-Regionais na Linha do Douro, incluindo três comboios diários Inter-Regionais em cada sentido entre Peso da Régua e o Pocinho, tendo aquela operadora assegurado que não estava programada a suspensão de quaisquer serviços na linha.[54] O autarca perguntou igualmente se a companhia estava a planear a substituição do material circulante, e se aquele que foi empregue durante as obras de electrificação iria regressar ao serviço da linha entre Marco de Canaveses e Pocinho, tendo a empresa respondido que estava a ser estudadas várias alterações, mas que não iriam ser postas em prática nessa altura.[54]
Ver também
Referências
- Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 23 de Maio de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- REIS et al, 2006:150
- AROSO, Alberto (Agosto de 2005). «A Importância da Interoperabilidade dos Transportes Ferroviário e Fluvial na Estratégia de Desenvolvimento do Turismo do Vale do Douro». Transportes em Revista (30). p. 6-14
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- «Directório da Rede 2012». Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 73, 58
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Bibliografia
Leitura recomendada
Ligações externas
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