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avenida que se localiza no centro do Plano Piloto de Brasília, capital do Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Eixo Monumental é uma longa avenida que se localiza no centro do Plano Piloto de Brasília, a capital do Brasil. Foi inaugurada com a cidade, no dia 21 de abril de 1960. Estende-se por dezesseis quilômetros, fazendo a ligação entre a antiga Rodoferroviária de Brasília, hoje ocupada por órgãos e secretarias distritais, no extremo oeste, e a Praça dos Três Poderes, no extremo leste, perto do Lago Paranoá.
Eixo Monumental | |
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Brasília, Distrito Federal, Brasil | |
Vista aérea do Eixo Monumental visto desde a Praça dos Três Poderes. | |
Tipo | Avenida |
Extensão | 16 km |
Largura da pista | 250 m (largura máxima) |
Início | Rodoferroviária de Brasília |
Cruzamentos | Eixo Rodoviário de Brasília |
Fim | Praça dos Três Poderes |
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Foi criado por Lúcio Costa em seu projeto para o Plano Piloto, onde já é chamado Eixo, apesar de por vezes ter sido de Avenida Monumental. O Eixo Monumental é um dos dois grandes eixos da proposta de Lúcio que fazem o formato do Plano Piloto, sendo o Eixo Rodoviário, o popular Eixão, o outro. Os dois eixos se cruzam na Rodoviária do Plano Piloto, que por isso é considerada o local do Marco Zero de Brasília. É conhecido popularmente como o "corpo do avião", conforme a errônea crença popular que a cidade teria sido projetada com esse formato.[1]
Conforme o planejado, a avenida reúne boa parte dos principais edifícios governamentais brasileiros, incluído as sedes do executivo, legislativo e judiciário na Praça dos Três Poderes e os dezesseis edifícios dos ministérios. Também ficam na avenida diversos equipamentos culturais e esportivos, áreas de lazer e outros prédios institucionais. Seu largo canteiro central recebe feiras, espetáculos, competições, protestos, entre outros eventos.
O Eixo Monumental surge junto como a proposta urbanística de Lúcio Costa para o Plano Piloto, entregue a comissão do Concurso do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil em 1957. No relatório justificativo, que foi considerado um fator decisivo para a vitória, Lúcio descreve como chegou ao desenho: no item 1, ele faz uma cruz, segundo ele, um "gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse". Apesar do Eixo Monumental ser conhecido pela população como o "corpo do avião" devido a uma crença popular de que o Plano Piloto foi feito com um formato de uma aeronave, Lúcio colocou no relatório que pensou em uma cruz, e além disso, o nome Plano Piloto não foi criação dele, sendo um termo comum para planos gerais do urbanismo moderno.
Nos itens seguintes, ele curva um dos eixos e justifica sua escolha para que aquele seja o eixo residencial do projeto, deixando o eixo que permaneceu reto como o "eixo monumental do sistema", chamando a avenida por seu nome pela primeira vez. Os dois teriam funções opostas e complementares: o eixo residencial ficaria para a vida cotidiana e bucólica, e o eixo monumental, como o nome sugere, ficaria com os grandes palácios monumentais, que simbolizariam a capital, as instituições e o próprio Brasil, sendo por isso mais aberto e tendo vocação turística.
Após focar nos detalhes do eixo rodoviário, ele retorna ao eixo monumental no item 9, onde descreve as ideias para a Praça dos Três Poderes, os setores militares e culturais e para a Esplanada dos Ministérios, pensada como um mall - termo inglês para largas avenidas, como a Las Vegas Strip ou o National Mall de Washington, D.C. Outras inspirações citadas no documento são a Piccadilly Circus, de Londres, a Times Square de Nova Iorque e a Avenida Champs-Élysées, de Paris.[2][3][4]
Além de ter desenhado a cidade, Lúcio Costa também desenhou duas obras arquitetônicas - as únicas dele, já que os prédios ficaram a cargo de Oscar Niemeyer - localizadas no Eixo Monumental: a Rodoviária do Plano Piloto, o centro do projeto urbano, no cruzamento dos dois grandes eixos; e a Torre de TV de Brasília.
O Eixo Monumental foi inaugurado junto com a cidade em 21 de abril de 1960, recebendo diversos eventos no três dias de celebrações. Apesar disso, diversas atrações da avenida não foram entregues com a cidade. A Torre de TV, por exemplo, ficou pronta apenas em 1967, e o Jardim Burle Marx foi terminado apenas na década de 2010.[5]
Em 1987, a cidade se tornou a mais nova a se tornar Patrimônio Histórico da Humanidade, a única cidade modernista com esse título. O reconhecimento pela UNESCO acabou sendo importante para a preservação do Plano Piloto, já que o tombamento em nível mundial foi o primeiro recebido pela cidade. Para ganhar o título, a Lei n° 3 751, de 13 de abril de 1960, foi regulamentada, e nele estão presentes as quatro escalas de vida em Brasília - uma delas, a monumental, relacionada ao poder, que compreende o Eixo Monumental. O Eixo Monumental, no trecho entre a Praça dos Três Poderes e o Palácio do Buriti, foi tombado nacionalmente pela Portaria nº 314, de 8 de outubro de 1992 , do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com o artigo 3º tratando especificamente da via.[6][7]
Na maior parte da via, o Eixo Monumental tem seis faixas de tráfego em cada sentido e 250 metros de largura - um pequeno trecho, a leste do Congresso, fica menor, com três faixas em cada sentido e uma central de divisão - já tendo sido considerado pelo Guinness Book como a avenida mais larga do mundo.[8] Estas são as vias centrais do conjunto de vias leste-oeste do Plano Piloto, cujo nome vem da posição em relação ao Eixo Monumental (N ao norte, S ao sul) e o número aumenta conforme o afastamento - com as próprias pistas do Eixo sendo as primeiras, e por isso denominadas N1 - a pista norte, em sentido leste-oeste - e S1, a pista sul, no sentido oeste-leste. A velocidade máxima é de 60 quilômetros por hora. N1 e S1 são unidas por diversos retornos e quatro vias - a Avenida das Jaqueiras, a W3, o Eixo Rodoviário e a L2 - cruzam o Eixo Monumental em todo o seu trajeto.[9][10]
Os edifícios da Esplanada dos Ministérios foram concebidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que também projetou diversos edifícios ao longo da via, sendo que os projetos estruturais da catedral, dos palácios e vários outros prédios ficaram a cargo do engenheiro calculista Joaquim Cardozo. A via em si foi projetada pelo urbanista Lúcio Costa, e o paisagismo do Eixo Monumental foi projetado por Burle Marx.[11][12][13][14]
A parte mais a oeste do Eixo Monumental parte da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA), também chamada DF-003. Ao norte da N1 fica o Setor Militar Urbano, e ao sul da S1, a área residencial do Cruzeiro Velho. O primeiro cruzamento de vias no Eixo, para quem vem do oeste, é a Avenida das Jaqueiras, que segue no Setor Militar e divide, ao sul do Eixo, o Cruzeiro do Sudoeste. Esse é o único trecho que o Eixo Monumental passa perto de uma área fora da Região Administrativa do Plano Piloto e é muitas vezes considerado uma extensão do Eixo Monumental "turístico", que vai até a Praça do Cruzeiro. As vias seguem ladeando o Setor Militar e o Sudoeste até a Praça do Cruzeiro. Nesse trecho o canteiro central é ocupado apenas por uma construção, a Catedral Militar Rainha da Paz. A Praça do Cruzeiro é o ponto mais alto do Plano Piloto. Perto dela se encontram o Memorial JK e o Memorial dos Povos Indígenas. Ambas os prédios, e também a Catedral Militar, são obras de Oscar Niemeyer.[9][10][15]
A porção seguinte é dedicada aos órgãos do Governo do Distrito Federal, único do Brasil que tem características municipais e estaduais ao mesmo tempo. O Palácio do Buriti, sede executiva do governo distrital, fica ao norte da N1, e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios e a sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal ficam ao sul da S1. A Praça do Buriti, entre o palácio e o tribunal, ficam no canteiro central. Os principais prédios e a praça foram projetados por Nauro Esteves.[9][10][16]
O trecho a oeste da Torre de TV, chamado oficialmente Setor de Divulgação Cultural, é o de canteiro mais largo em toda a avenida. Fazem parte do setor o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Planetário de Brasília, o Clube de Choro de Brasília e o Complexo Cultural Funarte. Os dois primeiros são projetos de Sérgio Bernardes, e os outros dois, de Niemeyer. O projeto original de Niemeyer para a área previa sete prédios, e ainda há muitas áreas vagas. Ao norte da N1 fica o Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, com o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha ficando a beira da via. Ao sul da S1 fica o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek.[17]
Nessa esplanada fica a Torre de TV de Brasília, a estrutura mais alta da cidade e de todo o Centro-Oeste do Brasil. No entorno dela fica o Jardim Burle Marx, e a região também recebe a Feira da Torre e conta uma grande fonte. A via W3 atravessa o eixo na metade da esplanada, na região dos Setores Hoteleiros, que ficam ao norte e ao sul das pistas do Eixo Monumental.[9][10][18]
O Eixo Rodoviário e o Monumental se encontram pouco antes da Esplanada dos Ministérios. O encontro se dá na Rodoviária do Plano Piloto, e o Eixo Monumental passa por baixo do "eixão". Nessa área também fica a Estação Central do Metrô do Distrito Federal. Dois shoppings ficam em cada lado, na N1 e na S1. A última via que atravessa o Eixo é a L2. Entre o eixo rodoviário e a L2 ficam o Complexo Cultural da República, entre a S1 e a S2, e o Teatro Nacional, entre a N1 e a N2, nos Setores Culturais Sul e Norte, respectivamente.[9][10][19]
A Esplanada dos Ministérios compreende o trecho gramado entre os dezessete blocos idênticos dos ministérios é o mais reconhecido do Eixo Monumental. Enquanto a N1 tem dez prédios, a S1 tem sete deles, com o espaço restante ficando para a Catedral Metropolitana de Brasília e a sede da Cúria. Além dos blocos, existem outros dois prédios ministeriais diferentes, ficando ao leste dos blocos, o Palácio da Justiça, na N1, e o Palácio Itamaraty, na S1, sedes dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, respectivamente. O canteiro central é um gramado que vai até a sede do Congresso Nacional do Brasil.[9][10][20]
A N1 e o trecho mais ao leste da S1 passam ao lado do Palácio do Congresso Nacional, que fica entre elas. Na Praça dos Três Poderes, a S1, ao invés de seguir paralela a N1 em direção a frente do Palácio do Supremo Tribunal Federal, dobra em direção ao Palácio do Planalto, ficando entre o prédio do Congresso e a praça, e dobra novamente se juntando a N1 na frente da sede do executivo. Assim, a N1 se torna uma via de mão dupla com sete faixas - três em cada direção e uma no meio, sem tráfego, separando as duas - permanecendo assim até o final da via. Esse é o único trecho onde a avenida não tem as duas faixas em paralelo. Nesse trecho final, a N1 margeia o Bosque dos Constituintes, onde ficam algumas construções, como o Panteão da Pátria e da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, apesar de Lúcio Costa ter colocado a região como livre de edificações no projeto do Plano Piloto.[20][21]
A N1 termina em um entroncamento com a Via L4, também conhecida como Estrada Parque das Nações, Avenida das Nações ou DF-004. No mesmo entroncamento é possível seguir para o leste na N1 Leste ou para o Setor Palácio Presidencial na Via Palácio Presidencial.[9][10][22]
O gramado da Esplanada dos Ministérios recebe, anualmente, a festa de réveillon de Brasília, eventos de carnaval e festividades como o aniversário da cidade. É comum a realização de espetáculos, eventos esportivos e culturais no local, uma área grande e aberta. Aconteceram ali grandes espetáculos, como a gravação do álbum Nos Braços do Pai da banda gospel Diante do Trono, que reuniu cerca de um milhão e duzentas mil pessoas em 2002, e o concerto do RBD em 2008, gravado para o DVD Live in Brasília, que teve um público de mais de quinhentas mil pessoas no aniversário da cidade.[23]
O complexo, que atualmente é formado por dois prédios, o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional, tem previstas a construção de uma sala para concertos sinfônicos, uma ópera, um auditório para música de câmara e possivelmente mais outros dois edifícios voltados a cultura. Entretanto, poucas iniciativas para completar o Complexo aconteceram até hoje.[24]
O Museu da Ciência e Tecnologia de Brasília teve edital para o projeto feito em 2017, mas ainda não saiu do papel. Terá área total de 20 mil metros quadrados e ficará perto do Planetário de Brasília.[25][26]
Um centro financeiro e residencial está sendo estudado pelo Governo do Distrito Federal no oeste do Eixo Monumental, numa área sob guarda das Forças Armadas, sob a justificativa de criar um polo de desenvolvimento na região, que ficou praticamente vazia, e evitar tentativas de invasão.[27]
Também na região oeste do eixo fica a área onde está prevista a construção do Museu da Bíblia. A área do museu será de 3 690 metros quadrados, num terreno de quinze mil metros quadrados reservado para isso desde 1995, e o governo distrital espera que o museu receba cerca de 100 mil visitas por ano. Os esboços do projeto teriam sido feitos por Oscar Niemeyer em 1987. Foram divulgadas na mídia informações que o desenho tenha tido inspiração na Bíblia aberta ou em um museu similar em Washington, mas o bisneto de Niemeyer e coautor do projeto Paulo Sérgio Niemeyer desmentiu ambas.[28][29]
O projeto, no entanto, tem suscitado polêmicas: a Fundação Oscar Niemeyer, gerida pela neta do arquiteto, Ana Lucia Niemeyer, não reconhece a autoria da obra, assim como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), que afirmou que a autoria não pode ser baseada apenas em esboços e não se pode fazer um registro de responsabilidade técnica de um arquiteto falecido.[30][31] Outras preocupações vem da questão da preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, que é tombado e do qual faz parte o Eixo Monumental, e por isso obras precisam passar por um processo de discussão com a sociedade e com entidades como o IPHAN.[31]
Em 2009, perto do final de sua vida, Oscar Niemeyer fez o que é considerado por muitos o projeto mais polêmico de toda a sua carreira. O projeto consistia na construção de uma praça no meio da Eixo Monumental com 3000 vagas de estacionamento e um obelisco de mais de 100m de altura, o que claramente feria o tombamento da cidade.[32][33] Em conformidade ao Patrimônio Histórico de Brasília, o IPHAN vetou o projeto.[34]
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