Nota: Este artigo é sobre o navio tipo encouraçado Barroso de 1865; para outros navios, veja Barroso (desambiguação).

O Barroso foi uma canhoneira blindada construída para a Marinha do Brasil durante a Guerra do Paraguai em meados da década de 1860. Barroso bombardeou fortificações paraguaias em 1866 e 1867 várias vezes antes de participar na Passagem de Humaitá em fevereiro de 1868. Posteriormente, o navio forneceu apoio de fogo para o exército pelo resto da guerra. Após o fim do conflito, foi designado para a Flotilha do Mato Grosso. Barroso foi desativado em 1882, mas não foi demolido até 1937.

Factos rápidos Brasil, Características gerais ...
Barroso
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Barroso (encouraçado)
 Brasil
Operador Armada Imperial Brasileira
Custo £55,046
Homônimo Francisco Manuel Barroso da Silva
Construção 1865
Estaleiro Arsenal de Marinha da Corte, Rio de Janeiro
Batimento de quilha 21 de fevereiro de 1865
Lançamento 4 de novembro de 1865
Destino Demolido[nota 1]
Características gerais
Tipo de navio Encouraçado
Navio de bateria central
Deslocamento 980 toneladas (normal)
1354 toneladas (carga profunda)
Comprimento 61,44 m
Boca 10,97 m
Calado 2,74 m
Propulsão Uma hélice com duas pás
Um motor a vapor
Duas caldeiras
- 422 cv (310 kW)
Velocidade 9 nós
Armamento 1 canhão Withworth de 120 libras
2 canhões Whitworth de 70 libras
2 canhões de 68 libras
2 canhões de 12 libras
Blindagem Cinturão: 51–102 mm
Casemata: 102 mm
Convés: 12,7 mm
Tripulação 149 homens
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Design e descrição

O primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome Barroso, homenageia o Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva, Barão do Amazonas, herói da Batalha Naval do Riachuelo durante a Guerra do Paraguai. O encouraçado Barroso foi projetado para atender à necessidade da Marinha do Brasil de possuir uma canhoneira blindada pequena, simples e de calado raso, capaz de suportar fogo pesado. O navio é mais bem caracterizado como um projeto de bateria central pois a casamata não se estendia pelo comprimento do navio. Um rostro de bronze com 1,8 metros de comprimento foi instalado. O casco foi revestido com metal Muntz para reduzir a bioincrustação. Para viagens marítimas, a borda livre do navio podia ser aumentada para 1,7 metros pelo uso de baluartes removíveis com 1,1 metros de altura. Nas operações ribeirinhas, os baluartes e os mastros do navio eram geralmente removidos.[1][4]

O navio media 61,44 metros de comprimento, com uma boca de 10,97 metros e tinha um calado médio de 2,74 metros. O Barosso deslocava normalmente 980 toneladas e 1354 toneladas em carga profunda. A sua tripulação era composta por 149 oficiais e homens.[4]

Propulsão

O Barroso tinha uma única máquina a vapor John Penn & Sons de 2 cilindros que accionava uma única hélice de duas pás. O seu motor era movido por duas caldeiras tubulares. O motor produzia um total de 420 ihp (310 kW) que deu ao navio uma velocidade máxima de 9 nós. O funil do navio foi montado diretamente na frente da sua casamata. O Barroso era capaz de carregar carvão suficiente para seis dias.[4]

Armamento

O encouraçado tinha montado na sua casamata um canhão Whitworther de 120 libras, dois canhões Whitworth de 70 libras, dois canhões de 68 libras e dois de 12 libras.[4] Para minimizar a possibilidade de projécteis entrarem na casamata pelas portas dos canhões, elas eram as menores possíveis, permitindo apenas um arco de fogo de 24 ° para cada arma. A casamata rectangular de 9,8 metros tinha duas portas para canhões em cada lado, bem como na frente e atrás.[5]

O projéctil de 180 mm do canhão de 120 libras pesava 68,5 kg enquanto o próprio canhão pesava 16 660 kg. O canhão de 70 libras pesava 3892 kg e disparava um projéctil de 140 mm que pesava 36,7 kg. O projéctil sólido da arma de 68 libras era de 200 mm e pesava 30,8 kg enquanto a própria arma pesava 4826 kg. A arma tinha um alcance de 2900 metros a uma elevação de 12 graus. O tipo exato de canhão de 12 libras não é conhecido. Todas as armas podiam disparar munições sólidas e projécteis explosivos.[6][7]

Armadura

O casco do Barroso foi feito de três camadas de madeira, cada uma com 203 milímetros de espessura.[4] O navio tinha um cinturão de linha de água de ferro forjado, com uma altura de 1,52 metros; tinha uma espessura máxima de 102 milímetros cobrindo as máquinas e os depósitos, e 51 milímetros em outras zonas.[4] O convés curvo, assim como o tecto da casamata, era blindado com 12,7 milímetros de ferro forjado. A casamata foi protegida por 102 milímetros de armadura em todos os quatro lados, apoiados por 609 milímetros de madeira coberta com um 102 milímetros de madeira de peroba-comum.[5]

Serviço

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Paraguaios tentam embarcar no encouraçado Barroso e no monitor Rio Grande durante a Guerra do Paraguai.

O batimento de quilha do Barroso deu-se no Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1865. O navio foi lançado em 4 de novembro de 1865 e concluído em 11 de janeiro de 1866. De 26 a 28 de março de 1866, ele bombardeou as fortificações paraguaias em Curupaiti, onde foi atingido por fogo inimigo 20 vezes, mas sem sofrer danos significativos. O navio bombardeou o Forte do Curuzu, a jusante do Curupaiti, no dia 1 de setembro em conjunto com os couraçados Rio de Janeiro, Brasil, Lima Barros, Tamandaré e o monitor Bahia. Os navios bombardearam Curupaiti novamente no dia 4 de setembro e Barroso foi atingido mais quatro vezes.[8] No dia 22 de setembro, o exército aliado tentou invadir as fortificações em Curupaiti, apoiado pelo fogo dos couraçados brasileiros, mas foi repelido com pesadas baixas.[9] Entre 24 e 29 de dezembro Barroso, Tamandaré, Brasil, e outras 11 canhoneiras bombardearam novamente o Forte Curuzu.[8]

Os brasileiros romperam as defesas do rio em Curupaiti durante o dia de 15 de agosto de 1867 com Barroso, Tamanadaré e outros oito couraçados. Os navios foram atingidos 256 vezes, mas não ficaram seriamente danificados, e sofreram apenas 10 mortos e 22 feridos. Eles repetiram a operação novamente no dia 9 de setembro.[10] Em 19 de fevereiro de 1868, seis couraçados brasileiros, incluindo Barroso, passaram por Humaitá à noite. Três monitores de rio da classe Pará, Rio Grande, Alagoas e Pará, foram amarrados aos encouraçados maiores caso algum motor ficasse inoperacional pelos canhões paraguaios. O encouraçado Barroso liderou juntamente com Rio Grande, seguido por Bahia com Alagoas e Tamandaré com Pará. O Barroso continuou rio acima com os outros navios não danificados e eles bombardearam Assunção no dia 24 de fevereiro. Em 23 de março, Rio Grande e Barroso afundaram o navio Igurey e os dois navios foram abordados por soldados paraguaios na noite de 9 de julho, contudo conseguiram repelir os inimigos; apesar de os inimigos terem conseguido embarcar no Rio Grande, onde mataram o capitão do navio e alguns tripulantes. Os restantes trancaram as escotilhas do monitor e o encouraçado Barroso conseguiu matar ou capturar quase todos os paraguaios no convés.[3][11]

Após a guerra, segundo fonte da marinha brasileira, o encouraçado foi retirado de serviço no dia 4 de outubro de 1881 e no ano seguinte, em 1882, foi ordenado o seu desarmamento e entrega no Arsenal de Ladário para ser demolido.[1][12][nota 2] Contudo, Gratz afirma que a demolição do navio poderá ter ocorrido apenas em 1937.[13] Isto poderá acontecer pelo facto de que, em 1937, foi levada a cabo uma cerimónia de honra e homenagem ao Barroso, na qual uma parte do encouraçado foi enviada para o Museu Histórico, momento que encerrou a história deste navio.[1]

Ver também

Notas

  1. Segundo fonte da Marinha do Brasil, foi retirado de serviço em 1881 e desarmado e demolido em 1882.[1] Segunda outra fonte, foi desarmado em 1881.[2] Segundo Gratz, apenas foi demolido em 1937.[3]
  2. Ver nota de rodapé n.º 1.

    Referências

    1. «Encouraçado Barroso - Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha» (PDF). Marinha do Brasil. Consultado em 18 de dezembro de 2020
    2. «NGB - Encouraçado Barroso». www.naval.com.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020
    3. Gratz, pp. 149–50
    4. Gratz, p. 144
    5. Gratz, p. 147
    6. Holley, p. 34
    7. Lambert, pp. 85–7
    8. Gratz, p. 149
    9. Meister, p. 12
    10. Meister, p. 13
    11. Leuchars, p. 186
    12. «Navios com o nome Barroso | DPHDM». web.archive.org. 3 de novembro de 2018. Consultado em 22 de dezembro de 2020
    13. Gratz, p. 150

    Bibliografia

    Ligações externas

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