Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A discriminação contra ateus inclui a perseguição e discriminação sofridas pelos ateus e por aqueles rotulados como ateus no passado e na era atual.
Em democracias constitucionais, a discriminação legal contra os ateus é incomum, mas alguns ateus e grupos ateístas, em particular nos Estados Unidos, protestaram contra leis, regulamentos e instituições que eles vêem como sendo discriminatórias. Em alguns países islâmicos, ateus enfrentam discriminação, incluindo a falta de estatuto jurídico ou até mesmo sentença de morte no caso de apostasia.
Ateus que expressam abertamente a sua opinião passam frequentemente a carregar um estigma social, correndo o risco de serem discriminados, ou, em alguns países, condenados à morte. Alguns adeptos de visões teístas julgam aqueles que não professam qualquer crença em divindades como sendo amorais ou não confiáveis.
O ateísmo sempre foi uma forma de pensamento perseguida, clandestina e discriminada.[1]
Durante a cristianização do Império Romano, o ateísmo foi considerado crime terrível e praticamente deixou de existir na história das ideias europeias.[2] Até o século XIX, devido ao poder político-eclesiástico, o indivíduo que assumisse oposição aos ensinamentos da Igreja seria recriminado pela sociedade e pelo governo com acusações de desonestidade, rebeldia, incredulidade e libertinagem.[3]
O ateísmo já foi considerado crime em muitas sociedades antigas, sendo-o ainda em algumas da actualidade, sendo por vezes punido com a pena de morte.[4] As escrituras de muitas religiões condenam os descrentes.[carece de fontes] Podemos encontrar um exemplo bíblico na história de Amaleque.[carece de fontes] Na Europa Medieval, o ateísmo era tido como amoral e muitas vezes criminoso; ateus podiam ser sentenciados à morte na fogueira, especialmente em países onde actuava a Inquisição. Enquanto o Protestantismo sofria discriminação e perseguição pela então dominante Igreja Católica Romana,[5][6] Calvino também defendia a morte de ateus e hereges na fogueira.[7] O fato é que algumas igrejas, seitas ou grupos perseguiram, e ainda hoje perseguem, aqueles que não compartilham de suas interpretações religiosas, perseguindo ateus e teístas - mesmo aqueles que fazem parte da mesma religião mas que se insiram em grupos, seitas ou igrejas com interpretações religiosas distintas. O papa Bento XVI, durante uma visita a Londres em 2010, fez um discurso que associa ateus e nazistas:[8]
“ | Enquanto refletimos sobre as advertências do extremismo ateu do século XX, não podemos nunca esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude pública, conduz em última análise a uma visão truncada do homem e da sociedade. | ” |
As teorias modernas da democracia constitucional assumem que os cidadãos são intelectualmente e espiritualmente autônomos e que os governos devem deixar questões como a crença religiosa aos indivíduos e não coagir grupos religiosos usando sanções ou benefícios. As constituições, convenções de direitos humanos e a jurisprudência sobre liberdade religiosa da maioria das democracias constitucionais fornece proteção legal aos ateus e agnósticos. Além disso, a liberdade de expressão e disposições da legislação que separam a Igreja do Estado também servem para proteger os direitos dos ateus. Como resultado, a discriminação legal aberta contra os ateus não é comum na maioria dos países ocidentais.[9] No entanto, ainda existe preconceito contra no mundo ocidental. Um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica realizada nos Estados Unidos descobriu que os crentes desconfiam dos ateus tanto quanto desconfiam de estupradores. O estudo também mostrou que os ateus têm perspectivas de emprego mais baixas em relação ao restante das pessoas por conta da discriminação.[10]
Na maior parte da Europa, os ateus são eleitos para cargos de níveis elevados em muitos governos sem qualquer controvérsia.[11] Algumas organizações ateístas europeias manifestaram-se a respeito de questões como a separação entre Igreja e Estado, as taxas administrativas para deixar a Igreja praticadas na Alemanha[12] e os sermões organizados pelo parlamento sueco.[13] A Irlanda exige uma formação religiosa de faculdades cristãs para trabalhar como professor em escolas financiadas pelo governo.[14] No Reino Unido, um terço das escolas estatais são religiosas;[15] no entanto, não há restrições para que ateus ocupem cargos públicos: o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, é ateu.[16] De acordo com uma pesquisa de 2012, 25% dos turcos que vivem na Alemanha acreditam que os ateus são inferiores aos outros seres humanos.[17][18] Portugal elegeu dois presidentes, Mário Soares e Jorge Sampaio, que manifestaram abertamente a sua descrença. Na Grécia, pelo contrário, o partido de direita Nova Democracia afirmou que "o povo grego tem o direito de saber se o Sr. Tsipras é ateu", citando a irreligiosidade do seu adversário político como uma razão pela qual ele não devia ser eleito.[19]
Uma pesquisa de 2007 encomendada pela CNT/Sensus revela que 84% dos brasileiros votariam em um negro para Presidente da República, 57% em uma mulher, 32% em um homossexual mas apenas 13% votaria em um ateu.[20][21] Uma pesquisa de agosto de 2010 realizada pelo Núcleo de Opinião Pública da FPA, em uma iniciativa da Fundação Perseu Álamo e SESC, revelou que 66% das mulheres brasileiras jamais votariam em um ateu e 11% dificilmente votaria, enquanto 61% dos homens brasileiros nunca votaria e 13% dificilmente votaria.[22] Uma pesquisa realizada no dia 13 de dezembro de 2012 pelo Datafolha indica que 86% dos brasileiros acreditam que a crença em Deus torna as pessoas melhores, enquanto que apenas 13% acreditam que implicação não é obrigatória.[23][24][25]
Em julho de 2010, José Luiz Datena, apresentador do programa Brasil Urgente na emissora brasileira Band, fez associações preconceituosas entre criminalidade e descrença religiosa, acusando os que não acreditam em Deus como responsáveis pela degradação da sociedade.[26] No começo de dezembro o Ministério Público Federal em São Paulo moveu ação em tribunal pedindo uma retratação com duração mínima o dobro do tempo dos comentários.[26][27][28][29][30][31][32][excesso de citações]
Uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 1999 comprova que 95% dos estadunidenses votaria em uma mulher para presidente, 92% votaria em um judeu ou negro, 79% em um homossexual mas apenas 49% votaria em um ateu.[34] A revista Newsweek estima uma porcentagem ainda menor: 37%[35]
Desde a Segunda Guerra Mundial, toda formatura militar nos Estados Unidos é acompanhada pelo frequente uso dos dizeres "Não existem ateus em trincheiras". Durante a Guerra Fria, o fato de os inimigos dos EUA serem oficialmente ateus ("Comunistas sem Deus") e o Macartismo somaram-se à visão de que ateus não são confiáveis nem patriotas.[carece de fontes]
Apesar das atitudes do período de Guerra Fria, os ateus são legalmente protegidos da discriminação nos EUA e são os mais fortes advogados da separação legal entre igreja e Estado. Os tribunais estadunidenses regularmente interpretam o requisito constitucional em relação à separação entre Igreja e Estado como sendo protetor da liberdade dos descrentes, e também proibindo o estabelecimento de qualquer estado religioso. Os ateus muitas vezes resumem a situação legal com a frase: "Liberdade religiosa também significa liberdade da não religião."[carece de fontes]
Os ateus, ou aqueles acusados de serem ateístas, podem estar sujeitos a discriminação e perseguição em muitos países islâmicos.[37] De acordo com a União Internacional Ética e Humanista, em comparação com outras nações, os que são "incrédulos ... em países islâmicos enfrentam o mais grave - às vezes brutal - tratamento."[38] Os ateus e outros céticos religiosos podem ser executado em pelo menos treze países: Afeganistão, Irã, Malásia, Maldivas, Mauritânia, Nigéria, Paquistão, Catar, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Emirados Árabes Unidos e Iêmen.[36]
De acordo com interpretações populares do islamismo, os muçulmanos não são livres para mudar de religião ou tornarem-se ateus: negar o islã e, assim, tornar-se um apóstata é tradicionalmente punido com a morte para os homens e com a prisão perpétua para as mulheres. A pena de morte por apostasia é observada em vários países islâmicos, como Irã,[39][40] Egito,[41] Paquistão,[41] Somália,[42] Emirados Árabes Unidos,[43] Catar,[44] Iêmen[44] e Arábia Saudita.[41] Embora uma sentença de morte seja rara, é comum que ateus sejam acusados de blasfêmia ou incitação ao ódio.[45] Os novos regimes da "Primavera Árabe" na Tunísia e no Egito já prenderam vários ateus.[45][46]
Um apóstata pode ser considerado um muçulmano cujas crenças em dúvida quanto ao divino e/ou ao Alcorão.[47][48][49] Tanto fundamentalistas quanto moderados concordam que "blasfêmia não será perdoada", embora discordem sobre a gravidade da punição apropriada.[45] No noroeste da Síria em 2013, durante a Guerra Civil Síria, jiadistas decapitaram e desfiguraram uma escultura de Al-Ma'arri (973-1058 dC), um dos vários intelectuais ateus árabe e persa que viveu e ensinou durante a idade de ouro islâmica.[50][51]
No Irã, os ateus não têm qualquer estatuto jurídico reconhecido e devem declarar que são muçulmanos, cristãos, judeus ou zoroastristas, para reivindicar alguns direitos legais, como o acesso à universidade[52][53] ou se tornar um advogado.[54] a Associação Ateísta Iraniana foi criada em 2013 para formar uma plataforma para que ateus iranianos possam iniciar debates e questionar a atitude do regime islâmico atual em relação a ateus, apostasia e direitos humanos.[55] Da mesma forma, a Jordânia requer que seus cidadõas ateus associem-se com uma religião reconhecida para a identificação oficial,[56] enquanto que os ateus na Indonésia são vítimas de discriminação oficial no contexto de registro de nascimentos e casamentos, além da emissão de carteiras de identidade.[57] Em 2012, o ateu indonésio Alexander Aan foi espancado por uma multidão, perdeu o emprego como funcionário público e foi condenado a dois anos e meio de prisão por expressar suas opiniões online.[58]
Os sacerdotes foram os primeiros agentes do aparelho coercitivo do Estado. Duvidar dos deuses, portanto, sempre foi, na história das civilizações, um crime contra o Estado. Por isso, o ateísmo sempre foi uma doutrina clandestina, perseguida, denunciada, estigmatizada, e seus porta-vozes são, por milênios, praticamente inexistentes na história do pensamento. [...] lembremo-nos sempre que o debate do ateísmo sempre se fez de forma clandestina e, portanto, cifrada, sem uma exposição pública total de ideias cujo preço a se pagar por sustentá-las podia ser a morte ou até mesmo pior do que a morte, a tortura e a humilhação.
Com o advento da cristianização do Império Romano, pela primeira vez, uma religião monoteísta tornava-se dominante numa vasta área territorial. Para impor seu domínio declarou guerra implacável contra todos os outros deuses pagãos. Mais forte ainda, no entanto, foi a repressão às ideias negadoras da existência de Deus. O ateísmo foi considerado um crime terrível e praticamente desapareceu da história das ideias na Europa.
Até meados do século 19, toda a humanidade acreditava na existência de um “deus”, [...] O poder político-eclesiástico não admitia contradições em relação aos textos bíblicos e ser cristão era praticamente uma imposição. O indivíduo que quisesse assumir publicamente oposição aos ensinamentos da Igreja, de antemão sabia: seria recriminado pelo governo e pela sociedade com acusações de incredulidade, rebeldia, libertinagem e desonestidade. Para manter a boa imagem, era preferível não admitir tal posicionamento.
A VEJA desta semana traz reportagens sobre a resistência da fé e da religião. O dado mais interessante é revelado por uma pesquisa encomendada ao CNT/Sensus: apenas 13% dos brasileiros votariam num ateu para a Presidência da República, informa reportagem de André Petry. Outros números: 84% aceitariam votar num negro; 57%, numa mulher; 32%, num homossexual. Parece que os brasileiros levam a sério a sentença de que, se Deus não existe, então tudo é mesmo permitido.
Uma pesquisa encomendada por VEJA, realizada pela CNT/Sensus, mostra que 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente da República, 57% dariam o voto a uma mulher, 32% aceitariam votar em um homossexual, mas – perdendo de capote – apenas 13% votariam em um candidato ateu (veja quadro). Pior que isso só o capeta.
Quem não acredita em Deus não precisa me assistir não, gente. Quem é ateu não precisa me assistir, não. Mas se eu fizer uma pesquisa aqui, se você acredita em Deus ou não, é capaz de aparecer gente que não acredita em Deus. Porque não é possível, cada caso que eu vejo aqui é gente que não tem limite, é gente que já esqueceu que Deus existe, que Deus fez o mundo e coordena o mundo. É gente que não acredita no inferno. Esse é o detalhe.
Quem é ateu não precisa me assistir, não. Mas se eu fizer uma pesquisa aqui se você acredita em Deus ou não é capaz de aparecer gente que não acredita em Deus. Porque não é possível, cada caso que eu vejo aqui é gente que não tem limite, é gente que já esqueceu que Deus existe, que Deus fez o mundo e coordena o mundo. É gente que não acredita no inferno(...). Não é possível... isso é ausência de Deus. Nada justifica um crime como esses
“...porque o sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites, é por isso que a gente vê esses crimes aí” [...] “É por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais, entendeu? São os caras do mal. Se bem que tem ateu que não é do mal, mas, é ..., o sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque não sei, não respeita limite nenhum” [...] “Quem é ateu pode desligar a televisão, ou mudar de canal pois eu não faço questão nenhuma de que assistam o meu programa” [...]
Então, Márcio Campos [repórter], é inadmissível, você também é muito católico, não é possível, isso é ausência de Deus porque nada justifica uma crime como esse, não, Márcio?" [...] "Porque o sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites, é por isso que a gente vê esses crimes aí
Esse é o garoto que foi fuzilado. Então, Márcio Campos (repórter), é inadmissível, (...) não é possível. Isso é ausência de Deus, porque nada justifica um crime como esse, não, Márcio?" [...] "O sujeito que é ateu, na minha modesta opinião, não tem limites, é por isso que a gente vê esses crimes aí" [...] "É por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais, entendeu? São os caras do mau. Se bem que tem ateu que não é do mau. Mas o sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque (...) não respeita limite nenhum
[...] ele cita uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup em 1999. Segundo o levantamento, 95% dos americanos votariam em uma mulher para presidente, 92% em um negro ou judeu e 79% em um homossexual. Mas apenas 49% colocariam um ateu na Casa Branca.
Segundo a revista Newsweek, só 37% dos americanos afirmam que votariam em um ateu para presidente.
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.