A dinastia nerva-antonina foi uma dinastia de sete imperadores que governaram o Império Romano entre 96 d.C. e 192 d.C. Foram eles: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.
Sucessão por adoção
As primeiras cinco das seis sucessões ocorridas neste período foram notáveis por que o imperador reinante adotou o candidato de sua escolha para ser o seu sucessor. Sob a lei romana, uma adoção criava uma ligação legal tão forte quanto a de parentesco. Por conta disto, os imperadores do segundo ao sexto nesta dinastia são chamados de imperadores adotivos.
Esta peculiaridade tem sido geralmente considerada[1] como um repúdio consciente do princípio da herança dinástica e tem sido considerado como um dos fatores para a prosperidade do período.[2] Porém, não era uma prática nova; imperadores romanos adotaram herdeiros no passado: o imperador Augusto adotou Tibério e Cláudio adotou Nero. Júlio César que se auto-nomeou ditador vitalício, considerado instrumental na transição da República para o Império, adotou Otaviano, que seria conhecido como Augusto, o primeiro imperador de Roma, mesmo tendo, possivelmente, um filho ilegítimo, Cesarião, com Cleópatra. Além disso, havia sempre uma ligação familiar, pois Trajano adotou seu sobrinho Adriano e este obrigou Antonino Pio a adotar seu primo Marco Aurélio. Finalmente, a nomeação por Marco Aurélio de seu filho Cômodo foi considerada infeliz e o início do declínio do Império.[3]
Assim, esta teoria defende que a sucessão por adoção teria nascido da falta de herdeiros biológicos. Nenhum, exceto o último, dos imperadores adotivos tinha filhos legítimos para sucedê-los e foram, desta forma, obrigados a escolher um sucessor. Tão logo se apresentou a possibilidade de entregar a função para um filho biológico, a sucessão por adoção foi abandonada.
A dinastia pode ser subdividida na Dinastia nerva-trajana (também chamada de "ulpiana" por causa do nomen compartilhando entre eles, "Ulpius") e a Dinastia antonina (por causa do nomen "Antoninus").
Dinastia nerva-trajana
Dinastia antonina
Os antoninos foram quatro imperadores romanos que governaram entre 138 e 192: Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.
Em 138, depois de um longo reinado dedicado à unificação cultural e à consolidação do império, Adriano nomeou Antonino Pio seu filho adotivo e herdeiro na condição de que ele adotasse Marco Aurélio e Lúcio Vero. Adriano morreu no mesmo ano e Antonino começou seu pacífico e benevolente reinado. Ele aderia estritamente às antigas tradições e instituições romanas, dividindo o poder com o senado romano.
Marco Aurélio sucedeu-o quando ele morreu, em 161, e continuou seu legado como um administrador habilidoso e despretensioso e um líder. Lúcio Vero governou com ele até 169. Marco Aurélio morreu em 180 e foi sucedido pelo seu filho biológico Cômodo.
Cinco bons imperadores
Os imperadores conhecidos geralmente como "os cinco bons imperadores" foram Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio.[4] O termo foi cunhado pelo filósofo político Maquiavel em 1503
“ | "Do estudo desta história podemos também aprender como um bom governo deve ser fundado; pois enquanto todo os imperadores que acederam ao trono por nascimento, exceto Tito, foram ruins, todos foram bons que acederam por adoção, como foi o caso dos cinco de Nerva até Marco. Mas tão logo o império caiu novamente nas mãos dos herdeiros por nascimento, sua ruína recomeçou" | ” |
Maquiavel argumentou que estes imperadores adotados conquistaram o respeito de todos à volta através do bom governo:
“ | "Tito, Nerva, Trajano, Adriano, Antonino e Marco não precisaram de coortes pretorianas ou de incontáveis legiões para guardá-los, mas eram defendidos por suas próprias vidas direitas, pela boa vontade de seus súditos e pela ligação com o senado." | ” |
O historiador do século XVIII Edward Gibbon em sua obra "A História do Declínio e Queda do Império Romano" era da opinião que o governo deles foi uma época em que "o Império Romano era governado pelo poder absoluto guiado pela sabedoria e pela virtude".[6] Gibbon acreditava que estes ditadores benevolentes e suas políticas moderadas eram incomuns e contrastavam com seus sucessores, mais tirânicos e opressivos (Gibbon não tratou dos predecessores). Ele chegou ao ponto de afirmar que:
“ | Se um homem fosse convocado para escolher um período da história do mundo durante o qual a condição da raça humana foi mais feliz e próspera, ele iria, sem hesitar, escolher o que se passou entre a morte de Domiciano e a ascensão de Cômodo. A vasta extensão do Império Romano era governada pelo poder absoluto guiado pela virtude e pela sabedoria. Os exércitos eram contidos pela firme, mas gentil, mão de quatro sucessivos imperadores cuja personalidade e autoridade comandavam respeito. As formas da administração civil foram cuidadosamente preservadas por Nerva, Trajano, Adriano e os antoninos, que se deleitavam com a imagem da liberdade e gostavam de se ver como ministros responsáveis pelas leis. Tais príncipes mereceriam a honra de restaurar a república se os romanos da época fossem capazes de gozar uma liberdade racional. | ” |
Linha do tempo
- Note que Lúcio Vero, que reinou entre 161 e 169 como coimperador de Marco Aurélio, não aparece nesta linha do tempo.
Árvore genealógica
Ver também
Referências
- «Adoptive Succession». Consultado em 18 de setembro de 2007
- «Decline of the Roman Empire». Consultado em 18 de setembro de 2007
- McKay, John P.; Hill, Bennett D.; Buckler, John; Ebrey, Patricia B.; & Beck, Roger B. (2007). A History of World Societies (7th ed.). Boston: Houghton Mifflin Company, v-vi. ISBN 978-0-618-61093-8.
- Machiavelli, Discourses on the First Decade of Titus Livy, Book I, Chapter 10.
- Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, I.78.
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