Deórbita da Mir
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A deórbita da Mir foi uma reentrada atmosférica da estação espacial Russa Mir realizada no dia 23 de março de 2001. Os componentes principais tinham entre 5 e 15 anos de idade, incluindo o Módulo Principal da Mir, Kvant-1, Kvant-2, Kristall, Spektr, Priroda e o Módulo de Acoplagem da Mir. Apesar da Rússia ter estado otimista quanto ao futuro da estação, seu comprometimento com o projeto da Estação Espacial Internacional não deixou financiamento para a Mir.[1]
Deórbita da Mir | |
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Rastro da reentrada | |
Hora | 00h32-05h59 UTC |
Duração | 5 horas e 27 minutos |
Data | 23 de março de 2001 |
Local | Mir |
Coordenadas | 40° S, 160° O |
Tipo | Entrada atmosférica controlada. |
Resultado | Mir queimou na atmosfera. |
A deórbita foi realizada em três fases. A primeira foi esperar que o arrasto atmosférico fizesse com que a órbita decaísse para uma média de 220 quilômetros. Isso começou com a acoplagem da Progress M1-5. A segunda fase foi transferir a estação para uma órbita de 165 x 220 quilômetros. Isso foi realizado com duas ignições dos motores de controle da Progress M1-5 as 00h32 UTC e 02h01 UTC do dia 23 de março de 2001. Após uma pausa de duas órbitas, a terceira e final fase da queda da Mir começou com a ignição dos motores da Progress e do motor principal as 05h08 UTC, durando pouco mais de 22 minutos. A reentrada numa altitude de 100 quilômetros ocorreu as 05h44 próxima de Nadi, Fiji.
Após o começo da construção da ISS em 1998, os recursos da Rússia foram divididos entre as duas estações.[2][3][4] Em 2000, a Rosaviakosmos assinou um acordo com a MirCorp para alugar a estação para uso comercial,[5] com a missão Soyuz TM-30, que esperavam preparar a estação para uso futuro e realizar pesquisas comerciais, voando naquele ano.[6] Isso seria seguido por duas missões adicionais, incluindo voos com turistas espaciais. Devido a preocupação do governo Russo sobre se a MirCorp seria capaz de financiar esses voos, a Rosaviakosmos decidiu contra o financiamento futuro da Mir'.[2][3]
A Rosaviakosmos decidiu deorbitar a Mir em novembro de 2000[7] e no mês seguinte o Primeiro-ministro da Rússia Mikhail Kasyanov assinou uma ordem para isso.[8] Nessa época, a Mir já havia passado do seu tempo de vida projetado[9] e o Diretor Geral da Rosaviakosmos Yuri Koptev acreditava que "quaisquer de seus sistemas poderiam falhar em qualquer minuto".[7] Então, decidiram deorbitá-la enquanto ainda estava funcionando, em vez de arriscar que ela caísse fora de controle, tal como a Skylab em 1979[10] e a Salyut 7 em 1991, potencialmente derrubando detritos numa área populosa.[3]
Vídeos externos | |
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Veja mais | |
Uma animação mostrando o processo de deórbita. | |
Um vídeo mostrando os destroços da Mir reentrando sobre Fiji. |
O Grupo de Monitoramento da Deórbita da Mir, cujos membros estavam localizados no Controle de Missão e no CEOE, monitoraram toda a fase dinâmica da operação. As duas salas de controle em Moscou foram usados pela presença midiática durante as fases finais da operação.[11] Relatórios em tempo real do Controle de Missão foram enviados via teleconferência durante cada ignição para de=órbita para os porta-vozes da ESA e para representantes de várias agências espaciais. Transmissões de vídeo do Controle de Missão também foram disponibilizados para o CEOE.
Duas das três ignições do Progress M1-5, em intervalos de aproximadamente 90 minutos, foram usados para derrubar o perigeu da Mir para uma altitude de 160 quilômetros acima da superfície.[12] O contato com a atmosfera ocorreu aos 100 quilômetros de altitude, quando alguns elementos externos e leves da Mir foram arrancados ao atravessar o ar rarefeito.[12] Numa altitude de 90 quilômetros, o aquecimento da carcaça da Mir foi o suficiente para criar um halo brilhante de plasma aquecido.[12] Nessa hora, o complexo orbital se desfez e vários dos elementos da Mir, envoltos pelo plasma, estavam visíveis de Fiji contra o céu da manhã.[12] Imagens de televisão foram transmitidas ao redor do mundo em alguns minutos durante o evento.[12] A interinidade do processo durou de cerca de 16h20 até 20h20, horário solar local. Uma curta coletiva de imprensa foi realizada no Controle de Missão para cobrir o estágio final.
Uma declaração oficial anunciou que a Mir "deixou de existir" as 05h59min24 GMT. O rastreamento final da estação foi realizado por uma base do Exército dos Estados Unidos em Kwajalein.[13] A Agência Espacial Europeia, o Ministério da Defesa da Alemanha e a NASA também ajudaram com o rastreamento da Mir em sua órbita final e reentrada.[14][15]
Na época, a Mir foi a maior espaçonave a reentrar na atmosfera da Terra e houve preocupações de que grandes detritos, particularmente das áreas de acoplagem, gyrodynes e a estrutura externa, pudessem sobreviver a reentrada.[16] Entre a queda dos detritos, a Nova Zelândia liberou avisos internacionais para navios e aeronaves viajando na área do Pacífico Sul.[17] O diretor adjunto da Autoridade de Segurança Marítima da Nova Zelândia, Tony Martin, disse que a chance de detritos acertarem os navios seria muito pequena.[17] Uma situação parecida ocorreu no Japão, onde os moradores foram avisados a ficarem em casa durante o período de quarenta minutos quando os detritos deveriam cair. Os oficiais locais admitiram que as chances de acidente eram bem pequenas.[17] A localização da Mir foi anunciada após a reentrada, sendo de 40° S, 160° O no Oceano Pacífico Sul. Os detritos se espalharam numa área de cerca ±1 500 quilômetros em linha reta e ±100 quilômetros lateralmente, reduzida da estimativa inicial devido ao ângulo de reentrada fechado.[12]
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