Pedro V (Lisboa, 16 de setembro de 1837 – 11 de novembro de 1861), apelidado "o Esperançoso" e "o Muito Amado", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1853 até à sua morte. Era o filho mais velho da rainha Maria II de Portugal, e de seu marido, o rei Fernando II. Ascendeu ao trono com apenas 16 anos de idade, após a morte de sua mãe, tendo o pai exercido as funções de Regente do Reino até à maioridade, em 1855.
Pedro V | |
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Rei de Portugal e Algarves | |
Reinado | 15 de novembro de 1853 a 11 de novembro de 1861 |
Aclamação | 16 de setembro de 1855 |
Predecessores | Maria II |
Sucessor(a) | Luís I |
Regente | Fernando II (1853–1855) |
Duque de Bragança | |
Predecessor(a) | Pedro IV de Portugal |
Sucessor(a) | Carlos I de Portugal |
Nascimento | 16 de setembro de 1837 |
Palácio das Necessidades, Lisboa, Portugal | |
Morte | 11 de novembro de 1861 (24 anos) |
Palácio das Necessidades, Lisboa, Portugal | |
Sepultado em | Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa, Portugal |
Nome completo | |
Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Vítor Francisco de Assis Júlio Amélio | |
Esposa | Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen |
Casa | Bragança |
Pai | Fernando II de Portugal |
Mãe | Maria II de Portugal |
Religião | Catolicismo |
Assinatura | |
Brasão |
Biografia
Embora muito jovem aquando da sua ascensão ao trono português, com apenas 16 anos, foi considerado por muitos como um monarca exemplar, que reconciliou o povo com a casa real, após o reinado da sua mãe ter sido fruto de uma guerra civil vencida. D. Fernando II, seu pai, desempenhou um papel fundamental no início do seu reinado, tendo exercido o governo da nação na qualidade de regente do reino, orientando o jovem rei no que diz respeito às grandes obras públicas efectuadas. Pedro V é frequentemente descrito como um monarca com valores sociais bem presentes, em parte devido à sua educação, que incluiu trabalho junto das comunidades e um vasto conhecimento do continente europeu.
A 16 de setembro de 1855, completando 18 anos, foi aclamado rei, presidindo nesse mesmo ano à inauguração do primeiro telégrafo eléctrico no país e, no ano seguinte (28 de outubro), inaugura o caminho de ferro entre Lisboa e Carregado. É também no seu reinado que se iniciam as primeiras viagens regulares de navio, entre Portugal e Angola.
Dedicou-se com afinco ao governo do país, estudando com minúcia as deliberações governamentais propostas. Criou ainda o Curso Superior de Letras, em 1859, que subsidiou do seu bolso, com um donativo de 91 contos de réis. Nesse mesmo ano é introduzido o sistema métrico em Portugal.
Pedro V foi um defensor acérrimo da abolição da escravatura e data do seu reinado um episódio que atesta a convicção do monarca nessa matéria e que simultaneamente demonstra a fragilidade de Portugal perante as grandes potências europeias: junto à costa de Moçambique é apresado um navio negreiro francês, tendo o seu comandante sido preso. O governo de França não só exigiu a libertação do navio, bem como uma avultada indemnização ao governo português.
Portugal é, por essa altura, flagelado por duas epidemias, uma de cólera, que grassa de 1853 a 1856, e outra de febre amarela, principalmente em 1856/1857. Durante esses anos o monarca, em vez de se refugiar, percorria os hospitais e demorava-se à cabeceira dos doentes, o que lhe trouxe muita popularidade.
Em 1858, D. Pedro V casa-se, por procuração, com a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que morreu no ano seguinte. Sendo a saúde pública uma das suas preocupações, foi, juntamente com a sua esposa, a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que Pedro fundou hospitais públicos e instituições de caridade. Aliás, cumprindo os desejos por ela manifestados, o monarca fundou o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, após a sua morte.
Morreu com apenas 24 anos, em 11 de novembro de 1861, devido a febre tifoide[1] (enquanto o povo suspeitava de envenenamento e por isso viria a amotinar-se). A sua morte provocou uma enorme tristeza em todos os quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o infante D. Luís, que habitava então no sul de França. Foi sepultado no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Teve uma notável preparação moral e intelectual. Estudou ciências naturais e filosofia, dominava bem o francês, alemão, grego e o latim e chegou a estudar inglês. O seu espírito terá sido influenciado pela convivência que teve com Alexandre Herculano, que foi seu educador, junto com Francisco Antonio Martins Bastos.[2]
No dizer dos biógrafos, Pedro V: "com um temperamento observador, grave, desde criança [...] mandou pôr à porta do seu palácio uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse falar-lhe com franqueza, queixar-se [...] O povo começava a amar a bondade e a justiça de um rei tão triste [...]".
Casamento não consumado
Segundo o seu biógrafo Júlio de Vilhena,[3] baseado em testemunhos e documentação, Pedro V seria misógino e assexual, sofrendo de uma provável anafrodisia. Terá casado por imperativo dinástico, mas considerava Estefânia mais uma amiga e uma irmã do que uma esposa e uma amante. Tudo indica que o casamento não terá sido consumado. No seu artigo A Partenoplastia: Ensaio de medicina ética sobre a revirginização (revista A Medicina Contemporânea, Ano 27, 1909) o médico Ricardo Jorge escreveu que “a rainha D. Estefânia, esposa de D. Pedro V, morreu, como é conhecido, da difteria: à medida que as falsas membranas se espalhavam pela vulva, os médicos examinaram-na e ficaram surpreendidos por encontrar o hímen intacto.” Acrescentando que a informação que estava a revelar era conhecida “por tradição nunca divulgada até hoje”.[4]
Informações do arquivo
As cartas de Pedro V para sua sogra, Josefina de Baden, escritas entre 1858 e 1861, estão preservadas no arquivo da família Hohenzollern-Sigmaringen, que está no Arquivo do Estado de Sigmaringen (Staatsarchiv Sigmaringen) na cidade de Sigmaringa, Baden-Württemberg, Alemanha.[5]
As cartas de Pedro V a seu cunhado, Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen, escritas entre 1858 e 1861, também estão preservadas no Arquivo do Estado de Sigmaringen (Staatsarchiv Sigmaringen).[6][7]
Títulos, estilos e honrarias
Títulos e estilos
- 16 de setembro de 1837 – 15 de novembro de 1853: "Sua Alteza Real, o Príncipe Real de Portugal"
- 15 de novembro de 1853 – 11 de novembro de 1861: "Sua Majestade Fidelíssima, o Rei"
O estilo oficial de D. Pedro V enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, Pedro V, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias
Enquanto monarca de Portugal, D. Pedro V foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
Outros títulos
Ancestrais
Ver também
Referências
- GOMES, Bernardino António (1862). Notícia da Doença de que faleceu S. M. el-rei o Senhor D. Pedro V. Lisboa: [s.n.]
- VxMag (20 de novembro de 2017). «D. Pedro V: provavelmente, o melhor governante que Portugal alguma vez teve». VortexMag. Consultado em 11 de agosto de 2020
- Vilhena, Júlio de (1921). D. Pedro V e o seu reinado (2º volume). Coimbra: Academia das Ciências de Lisboa. pp. 380–409
- Isabel Corrêa da Silva (12 de dezembro de 2022). «Virtudes do corpo e da alma: um itinerário crítico pela memória de D. Pedro V». journals.openedition.org. Consultado em 2 de junho de 2024
- «Briefe des Königs Dom Pedro V. von Portugal an Fürstin Josephine von Hohenzollern-Sigmaringen, geb. Prinzessin von Baden». Staatsarchiv Sigmaringen. Consultado em 2 de outubro de 2021
- «Briefe (frz. u. dt.) des Königs Dom Pedro V. von Portugal an Erbprinz Leopold von Hohenzollern-Sigmaringen». Staatsarchiv Sigmaringen. Consultado em 2 de outubro de 2021
- «Briefe des Königs Dom Pedro V. von Portugal an Erbprinz Leopold von Hohenzollern-Sigmaringen». Staatsarchiv Sigmaringen. Consultado em 2 de outubro de 2021
Bibliografia
Ligações externas
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