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ordem de insetos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Os dípteros (Diptera, do grego δίπτερα: di = duas, ptera = asas) é a quarta ordem mais diversa pertencente à classe dos insectos (atrás apenas dos coleópteros, dos lepidópteros e dos himenópteros), com aproximadamente 150 mil espécies descritas em 158 famílias, sendo cerca de 8,7 mil presentes em território brasileiro. Deste grupo fazem parte moscas, mosquitos, varejeiras, pernilongos, borrachudos e mutucas.[1]
Diptera | |
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Ocorrência: 245–0 Ma | |
Classificação científica | |
Subordens | |
Brachycera |
Estes insetos são caracterizados por possuir apenas um par de asas para voo, enquanto o segundo par, comum às outras ordens de insetos, que apresentam dois pares de asas, é reduzido e modificado em halteres que auxiliam no controle de equilíbrio do voo.[2] São insetos holometábolos, ou seja, apresentam ciclo de vida com metamorfose completa, com fase de ovo, larva, pupa e adulto.[3]
Os dípteros pertencem à superordem dos neuropterídeos e estão inclusos no clado dos insetos holometábolos (os endopterigotos), ou seja, que realizam metamorfose completa ao longo do seu ciclo de vida e também os insetos que, durante a fase larval, suas asas estão internalizadas e, portanto, invisíveis ao olhar. Nestes insetos as asas se externalizam apenas na fase de pupa.[3]
Os dípteros são divididos em duas subordens, os braquíceros e os nematóceros, sendo a primeira composta pelas diversas famílias de moscas e a segunda principalmente por mosquitos e pernilongos.
Nematocera |
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Como os dípteros possuem uma diversidade gigantesca em número de espécies, habitats e, consequentemente, uma diversidade estrutural e morfológica extensa, é difícil fazer uma generalização a respeito da morfologia desses organismos.[4] Entretanto, há características bem notáveis, que são compartilhadas pela grande maioria desses insetos.
Uma dessas notáveis características é o par de grandes olhos compostos em cada lado da cabeça, que podem se apresentar muito juntos, praticamente unidos, ou podem estar dispostos na cabeça de forma bem separada. Além disso, eles podem se dividir em uma seção ventral e uma seção dorsal e, na maioria das espécies, são acompanhados por ocelos, situados no topo da cabeça. A cabeça é móvel e sua morfologia é bem variada entre as diferentes espécies.[4] Outra estrutura típica deste grupo é o terceiro par de peças bucais, o lábio, modificado em um aparelho comumente chamado de probóscide, que pode exercer a função sugadora, lambedora ou ambas.
A característica que dá nome ao grupo é a presença de um único par de asas membranosas, as quais promovem ativamente o voo, localizadas no mesotórax desses insetos. No metatórax, há estruturas modificadas a partir do que seria o segundo par de asas em outros insetos, que auxiliam e contribuem para a estabilidade do voo. Estas estruturas são denominadas balancins ou halteres e possuem em sua base mecanorreceptores, auxiliando no equilíbrio e na percepção da gravidade. Estes halteres, portanto, são responsáveis por informar o inseto acerca da velocidade e do sentido do voo, presença de correntes de ar e sua posição, sendo assim imprescindíveis para esta ação.[2]
Os insetos desta ordem são holometábolos, ou seja, apresentam ciclo de vida com metamorfose completa dividida em quatro estágios: ovo, larva, pupa e adulto. O número de ovos depositados por indivíduo pode variar bastante de acordo com a espécie, podendo as larvas serem de hábito aquático, terrestre ou até parasitando outros organismos. Pode-se dizer que o único ambiente ainda não explorado pelos dípteros é o mar aberto.[5]
Existe uma variedade morfológica tão grande a respeito das larvas de dípteros que não existe nenhum caráter único que as diferencie de outros grupos de insetos.[5] A ausência de pernas torácicas é a única característica comum à todas as larvas de dípteros, mas não é uma característica exclusiva do grupo, visto que ocorre também em larvas de sifonápteros e alguns himenópteros e coleópteros.
Uma característica que pode ilustrar bem essa imensa variedade morfológica em larvas de dípteros é a estrutura da cabeça. Larvas deste grupo podem ser eucefálicas, ou seja, com a cabeça bem desenvolvida e esclerosada, normalmente exposta e com mandíbula em plano horizontal ou oblíquo (característica comum nos nematóceros, que é o grupo mais basal de dípteros).[6] As larvas também podem ser hemicefálicas, ou seja, com a cabeça mais ou menos reduzida e incompleta, parcialmente retraída no tórax e com mandíbulas em forma de foice, ou ainda acefálicas, com redução e retração quase completa da cápsula cefálica no tórax, ambas ocorrem em larvas de braquíceros.[6]
No Brasil, os dípteros, especialmente os mosquitos, causam um imenso impacto na população humana por serem vetores de várias doenças graves, características de países tropicais. Exemplos notáveis incluem a malária, transmitida geralmente por Anopheles. Doenças como febre amarela, dengue, zika e chikungunya são transmitidas geralmente pelo Aedes aegypti. Algumas dessas doenças são endemias e/ou epidemias em vários estados do Brasil[7] e têm sido assunto de diversas notícias nos últimos anos devido aos contínuos e incontrolados surtos, atingindo até mesmo as regiões urbanas, anteriormente menos afetadas por essas doenças. O extenso problema de saúde pública consequente é agravado pela dificuldade do controle do mosquito,[8][9] problemas na distribuição de saneamento básico[10][11][12] e limitada eficiência dos serviços públicos de saúde.[13] Não obstante, as campanhas de prevenção de doenças, controle e combate ao mosquito são numerosas, tanto por parte dos governos municipais, estaduais e federal, quanto por parte de organizações não governamentais.
Uma das mais notáveis participações de grupos de dípteros na ciência é o uso de algumas espécies e famílias de moscas no estudo de genética. Um dos principais organismos modelo usados na genética desde o início do século passado é a espécie Drosophila melanogaster, que atualmente tem seu genoma inteiramente sequenciado, com grande parte dos genes descritos. A escolha desta espécie como modelo de estudos se deve por uma série de fatores, como tamanho pequeno, rápido desenvolvimento e capacidade de deixar um grande número de descendentes, ao mesmo tempo que é de fácil e barata criação, além de ser de fácil manipulação. Um dos principais fatores que impulsiona até hoje a utilização desta espécie é a facilidade com a qual seu genoma pode ser manipulado através de diversas técnicas de estudo de material genético.[4]
Os estudos genéticos envolvendo a Drosophila melanogaster foram iniciados por W. E. Castle, que foi o pesquisador que desenvolveu as técnicas de criação destas moscas em laboratório, muitas utilizadas até hoje. Thomas Hunt Morgan, em 1908, na Universidade Columbia (Columbia University, New York), adotou o mesmo organismo-modelo para seus estudos, a fim de entender padrões de hereditariedade. Com a descrição de dois genes envolvidos na coloração dos olhos (white, para olhos brancos e pink para olhos cor-de-rosa, em contraposição ao estado selvagem vermelho), Morgan publicou um artigo na revista Science, em 1911, que trouxe a proposta de que cada gene estaria presente em um cromossomo específico.[4][14]
Em 1915, Morgan, Sturtevant, Calvin Bridges e H. J. Muller publicaram o livro The Mechanism of Mendelian Heredity, que foi considerado um trabalho fundamental para a genética moderna. A partir de seus estudos com Drosophila melanogaster, foi possível relacionar a teoria mendeliana com a teoria de cromossomos, o que foi considerado “um grande salto de imaginação, comparável a Galileu e Newton” pelo geneticista Curt Stern.[14] O trabalho de Morgan inspirou diversos geneticistas pelo mundo a trabalhar com esta mosca, tornando-a um modelo de estudos não só de genética como de diversas outras áreas da biologia, como desenvolvimento, evolução, etc.[4]
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