A cruz celta ou cruz céltica combina a cruz com um anel que lhe faz interseção por trás. É um símbolo que caracteriza os celtas, e suas origens são anteriores ao cristianismo. Esta cruz representa uma das principais formas na arte deste povo.

Uma cruz céltica

Origens

Nas regiões celtas da Irlanda e da Bretanha são encontradas muitas cruzes com este formato, especialmente a partir do século VII. Algumas dessas cruzes célticas continham inscrições, com letras rúnicas. Algumas cruzes ainda existem na Cornualha e em Gales, nas ilhas Iona e Hébridas, como também em muitos outros lugares da Irlanda.

Cruzes assim, feitas de pedra, são achadas no sul da Escócia e na Cumbria, mas estas foram feitas já sob influência anglo-saxã. As cruzes célticas mais famosas são a Cruz de Kells, em Meath County e as cruzes no Monasterboice, em County Louth.

Existem numerosas representações da cruz combinada com um círculo, ao longo da história da cristandade. A chamada Cruz do Sol, que tem sua origem no paganismo do Noroeste Europeu - que simbolizava o deus nórdico Odin - e ainda nos Pireneus e na Península Ibérica - sem que haja uma origem comum entre estas e a cruz cristã.

Note-se que antigamente a palavra "cruz" no Inglês antigo/Anglo-saxão, significava "rood" (cruz de Cristo ou crucifixo). A palavra "cruz" em Inglês tem origem indirecta do Latim crux, crucis, passando para kross através do Nórdico primitivo. Linguisticamente é surpreendente a forma como os invasores pagãos nórdicos/escandinavos ("vikings") devem ter adaptado a palavra deles para "cruz" nos anglo-saxónicos que se tornaram Cristãos.

No cristianismo

Sabemos que os celtas foram convertidos ao cristianismo pela mensagem de Cristo levada por José de Arimateia, e também por escravos fugidos por volta do ano 77, sendo criada a Igreja Celta. Devido a isso, evangélicos carismáticos, ou afins, alegam que a cruz céltica, no sentido cristão, é um símbolo pagão.

Assim como a sarça ardente, é um dos grandes símbolos do presbiterianismo. É um tradicional símbolo presbiteriano, representa o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o plano da ação redentora de Cristo determinado pelo Pai, além da presença dEle na Igreja e o seu plano desde a Criação.[1] O círculo dá uma ideia de continuidade, podendo ser parafraseado com o lema: "Ecclesia Reformanda semper reformata est (Igreja Reformada: sempre reformando!)".[2][3]

Os celtas são um grande exemplo de espiritualidade. O cristianismo conhecido como “celta” floresceu na Irlanda, na Escócia, no País de Gales e mesmo em partes da Inglaterra, grosso modo, do quarto ao décimo séculos. São conhecidos os nomes de missionários celtas como Patrício, Columba e Columbano, que evangelizaram o norte das Ilhas Britânicas e vastas partes do continente europeu. Mas o cristianismo celta floresceu, humanamente falando, não apenas devido ao trabalho dos missionários mais conhecidos, mas também devido ao esforço de incontáveis anônimos, pessoas sinceras em sua fé, que viviam o cristianismo com “alegria e singeleza de coração”. Foi um cristianismo que desenvolveu características próprias, que o tornavam distinto do cristianismo de inspiração romana que florescia na Europa continental no mesmo período. O cristianismo celta tinha muitas características notáveis. Entre tantas, destaca-se aqui apenas a que interessa diretamente aos propósitos desta breve reflexão: um modelo de espiritualidade centrado na criação.

Os celtas desenvolveram uma teologia que enfatizava uma visão de Deus como Senhor da criação. Ainda que não haja nada de original nesta perspectiva — os cristãos celtas não foram os inventores desta teologia —, não se pode deixar de mencionar que há diversas implicações práticas dessa visão. Uma dessas consequências é exatamente ter uma atitude constante de júbilo e regozijo na criação, que revela Deus. Como os celtas eram um povo com forte inclinação à poesia, produziram muitas poesias comoventes, louvando a Deus pela obra da criação”.[4]

A cruz celta é amplamente utilizada pela Igreja Católica na Escócia e principalmente por igrejas de tradição reformada, como os presbiterianos, batistas reformados e anglicanos reformados.[5] Isso porque essas igrejas tiveram origem na Escócia.

Símbolo político

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Desenho de uma cruz céltica estilizada nacionalista
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Cruz céltica no cemitério Père Lachaise

As associações culturais da cruz céltica e a cruz do sol, da qual derivou - com conotações da cristandade, Westernness, e as tradições antigas Arianas - têm desde os anos 1960, encorajado a co-opção de uma forma estilizada como o emblema de vários grupos extremistas, particularmente na França, incluindo o significativamente denominado Occident (Ocidente) e o GUD (Grupe Union Droit ou Groupe Union Défense). Este símbolo é uma derivação da Cruz Solar e aparece por toda a Europa desde o terceiro milénio a.C. (Idade do Bronze), tendo sido utilizado sobretudo pelos povos Celtas (Celtiberos, Gauleses e Gaélicos) mas também pelos povos nórdicos. Também é chamada "Cruz de Iona", "Cruz de Odin” e "Roda de Taranis", sendo estes dois últimos nomes derivados da sua versão mais antiga, a já mencionada Cruz Solar. Apesar de muitas vezes ser confundido com um símbolo da Cristandade, a Cruz Celta é muito anterior, com algumas representações datadas de 5000 a.C. As suas origens são desconhecidas mas é de consenso geral que se trata de um símbolo solar, cujas semelhanças com a Suástica e com o Ankh egípcio não podem deixar de ser notadas. Tal como estes, apresenta o eixo horizontal, Feminino, receptivo, Yin e o eixo vertical, Masculino, criativo, Yang, representando tanto o Eixo do Mundo, como os Quatro Elementos e a Chave da Vida.

Com a conversão da Europa ao Cristianismo, o símbolo foi rapidamente absorvido pela nova ordem social e transformado numa cruz cristã. É muitas vezes chamada "Cruz de São Columbano", devido a uma lenda irlandesa que conta que foi trazida para a Irlanda por este Santo. O mosteiro de São Columbano, na ilha de Iona, deu origem às denominações "Cruz de Iona" ou "Cruz Iónica". Graças à sua antiguidade e origem europeia, a Cruz Celta, bem como a Cruz Solar e a Suástica - todas elas símbolos solares - foram adoptadas por grupos políticos nacionalistas e o seu significado antigo foi mudado para algo que a maioria das pessoas vê como algo muito negativo embora não o seja.

Apesar disto, o significado tradicional está a ser, lentamente, recuperado pelas comunidades neo-pagãs, bem como por seguidores e estudiosos das antigas tradições europeias. A Cruz Celta continua a ser usada como amuleto de protecção, é associada ao heroísmo e à coragem, servindo como talismã ajuda a superar obstáculos e conquistar vitórias. Como símbolo solar também é usado para prosperidade e fertilidade. A Cruz Celta é frequentemente gravada ou esculpida em pedra, para bênção das terras envolventes. O símbolo evoca o equilíbrio e a harmonia, bem como a proteção dos ancestrais.

Nas décadas mais recentes, o símbolo foi adotado pelo movimento White Nationalist, como um símbolo para a representação de todas as pessoas caucasianas europeias. Quando se utiliza este meio, às vezes chamado de "sun wheel" (roda do sol). O símbolo às vezes, também pode ser identificado com os nacionalistas radicais da Third Position (Terceira Posição) ou da persuasiva Catholic nationalist (Nacionalistas Católicos).

Este novo simbolismo eclipsou bastante o tradicional em França, Itália e muitos outros países Europeus.

As cruzes célticas também estão associadas a grupos políticos que defendem uma maior independência ou outras medidas relacionadas com as minorias célticas (cf Breton nationalism (Nacionalismo Bretão)).

Referências

  1. «nossahistoria». www.ipialfenas.com.br
  2. «crosses». www.seiyaku.com
  3. «lmpc.org». www.lmpc.org
  4. Rev. Carlos Caldas (é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Leciona na Escola Superior de Teologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo). Revista Ultimato, Edição 294.
  5. «protestantismo». www.estudos-biblicos.net
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