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A controvérsia dos planos ofensivos soviéticos foi um debate entre historiadores no final do século XX e início do século XXI sobre se Josef Stálin teria planejado lançar um suposto ataque preventivo, contra a Alemanha nazista no verão de 1941. A polêmica começou com o desertor soviético Viktor Suvorov com seu livro de 1988 " Quebra-gelo: Quem iniciou a Segunda Guerra Mundial? ". Nele, afirmou que Stalin poderia ter usado a Alemanha nazista como uma ponta de lança para atacar a Europa. [1]
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A tese de Suvorov de que Stalin teria planejado atacar a Alemanha nazista em 1941 foi rejeitada por vários historiadores, como Antony Beevor, Gabriel Gorodetsky, David Glantz e Dmitri Volkogonov e foi parcialmente apoiada por Valeri Danilov, Joachim Hoffmann, Mikhail Meltyukhov, e Vladimir Nevezhin. [1]
A maioria dos historiadores acredita que Stálin buscou evitar a guerra em 1941 porque acreditava que os seus militares não estavam preparados para combater as forças alemãs, embora os historiadores discordem sobre a razão pela Stálin persistiu com a sua estratégia de apaziguamento da Alemanha nazista, apesar das crescentes provas de uma iminente invasão alemã. O principal argumento de Suvorov, de que o governo soviético poderia planejar o lançamento de uma campanha ofensiva contra a Alemanha nazista, que é frequentemente defendido por comentadores ocidentais de extrema-direita, foi amplamente desacreditado como uma distorção histórica. [1]
O debate entre historiadores sobre se Stalin planejava ou não invadir o território alemão no verão de 1941 começou nos anos 1980, quando Viktor Suvorov argumentou que Stalin via a guerra na Europa Ocidental como uma oportunidade para espalhar o comunismo e que o exército soviético estava se mobilizando para um ataque iminente. Essa visão foi aceita por alguns historiadores, mas a maioria rejeita essa ideia, acreditando que Stalin estava tentando evitar a guerra em 1941, pois não considerava suas forças militares prontas para enfrentar a Alemanha. Atualmente, acredita-se que, embora a liderança soviética visse a guerra contra as "potências capitalistas" como potencialmente inevitável, os preparativos ativos para a guerra foram desencadeados pelo colapso rápido da aliança anglo-francesa em 1940. Stalin estava ciente da expansão alemã e das forças posicionadas ao longo da fronteira soviética, mas cometeu um erro ao presumir que não havia planos imediatos de ataque à Rússia. [2] [3]
Vladimir Rezun, conhecido pelo pseudônimo Viktor Suvorov, um ex-oficial da inteligência militar soviética e desertor do Reino Unido, argumentou em seu livro de 1988 "Icebreaker: Who Started the Second World War" e em outros livros subsequentes que a União Soviética estava se preparando para uma invasão da Europa. Ele afirmou que as forças soviéticas estavam organizadas ao longo da fronteira germano-soviética para uma invasão programada para 6 de julho de 1941, mas não estavam preparadas para defender seu próprio território. [4]
Suvorov usou como evidência o fornecimento de mapas e livros de frases para as tropas soviéticas, sugerindo que eles estavam sendo preparados para uma invasão da Alemanha e territórios ocupados, e não para defender a União Soviética. Ele também apontou a mobilização massiva do Exército Vermelho antes da invasão alemã, sugerindo que Stalin estava se preparando para uma guerra de conquista. [5]
Os principais pontos de Suvorov incluem a ideia de que a União Soviética era instável e precisava expandir-se para sobreviver, o apoio de Stalin à ascensão de Hitler ao poder na Alemanha como parte de um plano para desencadear uma guerra na Europa que permitiria à URSS conquistar a Europa praticamente sem oposição. Ele argumenta que Stalin sempre planejou explorar os conflitos entre os países capitalistas em seu benefício. [6]
A tese de Suvorov sobre a intenção de Stalin lançar um ataque ofensivo contra a Alemanha em 1941 gerou um intenso debate acadêmico e público em países como Rússia, Alemanha e Israel. Enquanto alguns historiadores, como Mikhail Meltyukhov, deram apoio parcial à ideia de que as forças soviéticas estavam se concentrando para atacar a Alemanha, outros, como Sean McMeekin, argumentam que essa tese foi largamente ignorada no Ocidente, mas levada a sério em países do Leste Europeu. No entanto, a maioria dos historiadores concorda que as evidências sobre as intenções reais de Stalin na véspera da guerra são limitadas e ainda não totalmente compreendidas. Embora haja indícios, como o discurso de Stalin aos cadetes militares em maio de 1941, que sugerem uma postura defensiva com possibilidade de ataque, não há evidências conclusivas de que Stalin estava se preparando para uma ofensiva contra a Alemanha. [7] [8] [9]
Existem três posições básicas defendidas: a primeira por autores que negam a possibilidade ou a existência de provas de que Stalin efetivamente invadiria a Alemanha; a segunda por autores que adotam uma posição intermediária, considerando que havia planos, mas executá-los dependeria de uma oportunidade favorável; e a terceira por aqueles que defendem que Stalin realmente invadiria a Europa Ocidental. [10]
Aqueles com posições contrárias a possibilidade de uma invasão, incluindo críticos renomados, incluindo historiadores como Gabriel Gorodetsky, David Glantz, Makhmut Gareev, Lev Bezymensky, Dmitri Volkogonov, e Alexei Isayev, contestam a tese de Suvorov. Eles apontam que Suvorov não revela suas fontes e depende de evidências circunstanciais. Outros historiadores concordam que o Exército Vermelho não estava preparado para uma guerra ofensiva em 1941 devido a purgas internas e projetos de modernização. A ideia de que Stalin planejava uma ofensiva é contestada com base na falta de evidências concretas e na compreensão geral da estratégia nazista de expandir seu domínio. Em resumo, a tese de Suvorov é criticada por falta de fundamentação e por não levar em consideração a complexidade das relações geopolíticas da época. [11] [12] [13]
Há os que defendem uma posição intermediária. Em um artigo de 1987 na revista Historische Zeitschrift, o historiador alemão Klaus Hildebrand argumentou que tanto Hitler quanto Stalin haviam planejado separadamente atacar um ao outro em 1941. Ele considerou que a notícia das concentrações do Exército Vermelho perto da fronteira levou Hitler a se engajar em um possível avanço, em resposta ao avanço inimigo, ao invés de de recuar: "Independentemente, o programa nacional-socialista de conquista encontrou o programa de objetivos de guerra igualmente abrangente que Stalin havia elaborado em 1940, no mínimo". [14]
A terceira corrente, incluindo alguns historiadores russos começaram a apoiar a tese de Suvorov a partir dos anos 1990, sugerindo que Stalin estava planejando um ataque contra Hitler em 1941. Autores como Valeri Danilov, V.A. Nevezhin, Constantine Pleshakov, Mark Solonin e Boris Sokolov apoiam essa ideia. Eles argumentam que o Exército Vermelho estava se preparando para um ataque, com base em materiais de arquivo desclassificados. Mikhail Meltyukhov, em "Stalin's Missed Chance", afirma que a ideia de atacar a Alemanha surgiu muito antes de maio de 1941 e era a base do planejamento militar soviético. Joachim Hoffmann, em "Stalin's War of Extermination", baseado em interrogatórios de prisioneiros de guerra soviéticos, argumenta que a União Soviética estava se preparando para seu próprio ataque quando a Wehrmacht atacou. Hoffmann e outros pesquisadores examinaram documentos que indicavam preparativos soviéticos para um ataque, sugerindo que a ideia de um ataque soviético não é sem fundamento. Alguns políticos também compartilham dessas visões, como o ex-primeiro-ministro da Estônia, Mart Laar, e o ex-presidente finlandês, Mauno Koivisto. [15] [16] [17]
É importante notar que as teorias não se excluem totalmente, sendo possível interpretá-las em busca de uma unidade. A inexistência de provas não consolida efetivamente a impossibilidade de existência de planos, vez que, com certeza a inteligência soviética não deixariam registros das intenções de invadir ou não a Alemanha. Que haviam planos, isso é muito verossímil; executá-los, todavia, dependeria das condições favoráveis. A questão seria até que ponto Adolf Hitler iria avançar e se seu avanço se consolidaria, de modo que manter-se numa posição neutra fosse estratégico. [16] [17]
Se Hitler se enfraquecesse muito rapidamente, o ataque soviético com certeza viria. Caso entrasse numa guerra muito custosa e se enfraquecesse, com o tempo perderia energia e um ataque soviético pelo Leste seria facilitado; quanto mais os soviéticos avançassem, mais território pertenceria a eles no pós-guerra. Por outro lado, se Hitler se mostrasse forte demais, vencendo rapidamente e consolidando sua posição, a estratégia seria oposta; se adotaria uma "neutralidade", consolidando posições defensivas, com recurso a aliados estrangeiros. O ataque alemão à União Soviética foi um choque para Stálin, o qual jamais sonhou com a ideia de que os alemães cometeriam o mesmo erro de abrir uma exaustiva guerra em duas frentes, como na Primeira Guerra Mundial. [10]
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