Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Consciência histórica pode ser entendida como uma representação social que uma coletividade adquire advinda de seu desenvolvimento no espaço e no tempo. O elemento que permite ao homem compreender a dimensão da própria história, sem o qual o homem não poderia compreender quem ele é ou o que foi.
Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo. |
Nas palavras de Raymond Aron: "A consciência do passado é constitutiva da existência histórica. O homem tem realmente um passado a que ele tem consciência, pois só esta consciência introduz a possibilidade do diálogo e da escolha. Caso contrário, os indivíduos e as sociedades trariam consigo um passado que eles ignoram, que eles se submetem passivamente... Então eles não teriam consciência do que eles são e do que foram, eles não compreenderiam a dimensão da própria história[1]".
Para Agnes Heller, a consciência histórica se dá em diferentes estágios. Num primeiro estágio, aquele onde a humanidade transcende o mundo, os instintos são naturalmente substituídos por normas e estas são relativizadas com a de outros grupos. Esse é o momento em que se forma uma primeira consciência histórica. Num segundo momento, têm-se a percepção de que a humanidade não evolui (necessariamente) para o progresso, o que dá forma a um novo estágio desta consciência. Por fim, a consciência de que a racionalidade e a ciência não conseguem dar conta da evolução humana, e de que o futuro é missão de cada um e de todos, acaba por culminar na atual configuração da consciência histórica[2].
Diferentemente de Heller, Hans-Georg Gadamer acredita que somente nossa visão atual sobre a história pode ser tomada como consciência histórica, não existindo, portanto, estágios anteriores ou mesmo outras consciências. A consciência histórica, para Gadamer, pode ser definida como o "privilégio do homem moderno ter plena consciência da historicidade de todo o presente e da relatividade de toda opinião[3]".
Marc Ferro chama atenção para a possibilidade de coexistirem, num mesmo grupo social, múltiplos focos de consciência histórica. Um exemplo disso pode ser verificado na dualidade entre as instituições (a história oficial) e os setores de oposição (contra-história), além de outros focos esparsos[4].
De acordo com Antonio Gramsci, aquilo que as pessoas pensam é fruto de uma sedimentação da história, onde valores, ideias e imagens de períodos anteriores não desaparecem com a desestruturação de seus períodos, pelo contrário, tais fragmentos permanecem, com intensidade variável, sobre a forma dos indivíduos se definirem e compreenderem o mundo.
O historiador Luis Fernando Cerri, em sua compreensão acerca de consciência histórica, afasta-se de Gadamer por considerar que este não leva em consideração a heterogeneidade cultural presente, sendo que, somente aqueles que obtiveram uma educação formal, laica e humanista, bem como acesso a informações mundializadas, teriam condições para desenvolver uma “consciência histórica”. Cerri aproxima-se da ideia subentendida em Heller, de que existem diversas formas de conceber o grupo em relação ao tempo, bem como a ideia que, em Ferro, diferentes consciências coexistem numa mesma sociedade. Por fim, ele recorre à Gramsci, no sentido de que aquilo que forma a consciência histórica, provem tanto das representações da classe dominante atual, como da permanência de outras representações, que tiveram maior importância em outros momentos históricos[5].
Tema evanescente, impreciso e incompreendido tanto na fisiologia humana como na psicologia coletiva, o termo “consciência”, devido ao seu aspecto metafísico, está condenado a permanecer como uma entidade abstrata. De outro lado, o conhecimento do passado é uma operação intelectual e espiritual erigida sobre a erudição e os novos métodos científicos. Na tentativa de estabelecer uma ponte entre a consciência e o conhecimento histórico, a adoção dos métodos da psicologia coletiva apareceu como um recurso, permitindo definir tanto a consciência como o objeto, relacionando-os com a representação social, como explica Pierre Mannoni:
Alguns desses aspectos pertinentes à psicologia coletiva, que são o imaginário, a memória semântica e a inserção do grupo no meio, podem ser verificados a seguir:[7]
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.