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domesticado do coelho Europeu Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O coelho-doméstico (Oryctolagus cuniculus domesticus) é uma subespécie do coelho-europeu (Oryctolagus cuniculus) que foi domesticada há pouco mais de 1.500 anos[1] e exposta à seleção artificial. Coelhos não são roedores. Fazem parte da ordem dos Lagomorfos, junto com as lebres e os ochotonas.
Coelho-doméstico | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758) |
Coelhos não são bons animais de estimação para crianças, porque são frágeis e facilmente feridos por manuseio brusco, podem morder quando machucados ou assustados e se assustam facilmente com barulhos altos e movimentos bruscos.[2]
Os coelhos nunca devem ser pegos pelas orelhas ou pela "barba" na parte de trás do pescoço, pois seus esqueletos são leves e frágeis em comparação com seus corpos e são suscetíveis a traumas de queda, torção e chute.[3]
Inicialmente, os romanos criavam os coelhos para abate. Apenas a partir do século XIX, são tidos como animais de estimação nas nações ocidentais,[4] tendo se popularizado como pet na década de 1980. Os coelhos podem ser criados livres pela casa desde que o espaço seja organizado "à prova de coelhos". Os coelhos podem ser treinados a usar o banheiro e a vir quando chamados, eles precisam se exercitar e podem danificar uma casa que não foi organizada "à prova de coelhos", já que possuem grande necessidade de mastigar (seus dentes crescem por toda a vida).
Os coelhos são especialmente populares como animais de estimação durante a época da Páscoa. Durante as semanas e meses após esse feriado, os grupos de resgate registram aumento do número de coelhos abandonados e negligenciados que foram comprados como presentes de Páscoa para crianças.[5][6] Em 2017, eles foram o terceiro animal de estimação mais abandonado nos Estados Unidos.[7] Alguns deles têm sorte e são resgatados, tratados, castrados e colocados para adoção.
O coelho começou a ser tratado como animal de estimação doméstico a partir da Era Vitoriana.[8] A manutenção do coelho como animal de estimação a partir dos anos de 1800 coincide com as primeiras diferenças esqueléticas observáveis entre as populações selvagens e domésticas.[4]
Os coelhos domésticos são populares nos Estados Unidos desde o final do século XIX. O que ficou conhecido como “Boom das Lebres Belgas” começou em 1888 com a importação dos primeiros animais dessa raça da Inglaterra para os Estados Unidos. De 1898 a 1901, milhares delas foram importadas e hoje é uma das raças mais raras, com apenas 132 exemplares encontrados nos Estados Unidos em 2015.[9] Em 1910, foi fundada a American Belgian Hare Association (ARBA), o primeiro clube de coelhos da América.[10]
Atualmente, são mais de 200 raças,[1] pesando de 1kg (a exemplo da raça Anão Holandês - Netherland Dwarf) a 12kg os coelhos-domésticos são, assim como outros animais domesticados, capazes de se tornar maiores que seus ancestrais. Coelhos castrados mantidos dentro de casa com os devidos cuidados têm expectativa de vida de 8 a 12 anos (recorde mundial de 18 anos), com coelhos mestiços vivendo mais do que espécimes de raça pura, e raças anãs com expectativa de vida mais longa do que raças maiores.[11]
Existem 11 grupos de genes de cores (ou loci) em coelhos.[1][12][13] A pelagem de um coelho tem dois pigmentos (feomelanina para amarelo e eumelanina para marrom escuro) ou nenhum pigmento (para um coelho albino). Agrupamentos de genes de cores mais seus modificadores controlam aspectos como padrões de pelagem (por exemplo , marcas holandesas ou inglesas), matizes de cores e sua intensidade ou diluição, e a localização das faixas de cores na haste do pêlo (por exemplo, prateado).
Coelhos podem se relacionar com humanos[14] e aprender a seguir comandos de voz simples e vir quando chamados,[15] e são curiosos e brincalhões. Os coelhos normalmente são criaturas calmas e pacíficas, que se assustam com facilidade. Os coelhos-domésticos não têm facilidade em se adaptar a novos ambientes.[16]
Como descendentes domésticos de presas selvagens, os coelhos são criaturas alertas e tímidas que se assustam com bastante facilidade, e muitos de seus comportamentos são desencadeados pela resposta de luta ou fuga a ameaças percebidas.[17] Pelo mesmo motivo, os coelhos são animais silenciosos, tendo desenvolvido sua comunicação com base em outros sentidos.[18] Dentre os poucos sons que emitem, estão:[19]
Eles são territoriais, cavam tocas e aturam outros coelhos no mesmo espaço desde que tenham sido castrados e adaptados entre si.[16] São animais ditos crepusculares, ou seja, seu período de maior atividade é do anoitecer ao amanhecer.[20]
Coelhos machos não castrados podem pulverizar seu território com uma urina de cheiro forte, a urina feminina não castrada também é pungente. Eles também podem deixar fezes pela casa, intencionalmente ou não. Coelhos podem morder e arranhar para comunicar desagrado, ou se forem ignorados; é uma parte da comunicação normal e não pode ser totalmente interrompida. Eles devem ser apanhados e manuseados adequadamente para evitar ferimentos ao coelho ou ao proprietário.[14]
Os coelhos têm uma linguagem corporal diferente dos animais domésticos mais comuns: cães e gatos. Eles são frequentemente comparados, em cuidados e comportamento, aos gatos. Como os gatos, eles são inteligentes e podem ser treinados para usar o "banheiro". Eles também usam seus dentes e garras como armas de defesa e podem pular como um gato. Eles são quietos como um gato e independentes, mas também são bastante curiosos.[14]
Coelhos não precisam ser criados em gaiolas.[21] Na verdade, terão uma vida mais saúdavel caso tenham um espaço seu na casa, que não precisa ser grande. Para isso, é preciso preparar o espaço para o coelho, tornando-o seguro para o animal, principalmente protegendo fios elétricos e móveis.[21] Os coelhos roem quase tudo, incluindo cabos elétricos (possivelmente levando a eletrocussão), plantas potencialmente venenosas e materiais como tapetes e tecidos que podem causar bloqueios intestinais com risco de vida, portanto, as áreas às quais eles têm acesso precisam ser à prova de animais de estimação.[22][23][24]
O coelho tem hábitos parecidos com o gato: se limpa constantemente. Por isso, não é preciso levá-los para banho em petshops; o que pode ser inclusive perigoso, na verdade, pois: 1. se não for bem seco vai gerar fungos no pêlo; 2. o barulho de outros animais ou dos secadores pode levá-lo a se assustar demais e ter um infarto; 3. o manuseio incorreto de um coelho assustado pode levar a quebrar ossos (pois são frágeis).[21]
A dieta de um coelho de estimação é voltada para ter um companheiro saudável e de longa vida.[25]
A base da alimentação do coelho é composta por feno de gramínea e, segundo estudo,[26] ele faz um bom uso da proteína desse alimento, mas não digere muito bem a fibra; o que é essencial para o pleno funcionamento de seu trato digestivo (evitando enterites - inflamações no intestino - e mesmo obstruções) e o controle do crescimento dentário (evitando hipercrescimento dos dentes). Além disso, o coelho possui facilidade de acúmulo de cálcio nos rins, de modo que sua alimentação deve ser baixa nesse elemento.[26] O feno de alfafa não é recomendado para coelhos adultos, pois é muito rico em proteínas e muito rico em cálcio. Os fenos de capim são os melhores porque são mais baixos em proteínas e cálcio.[27]
A complementação com verduras é diária, se possível intercalar 4 espécies diferentes para oferecer mais nutrientes, na proporção de 1 xícara de chá de folhas por kg de peso do coelho. Nem todas as verduras são ideais para o coelho, porque algumas podem causar gases (que virá com muita dor para o coelho) ou diarreia (que é um quadro mortal para o coelho, porque é difícil de ser revertida). Segue uma tabela com algumas indicações:[21]
Verduras e vegetais que podem ser oferecidos diariamente | ||
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Aipo (salsão) | Almeirão | Capim cidreira |
Catalônia | Chicória | Coentro |
Endívia | Erva doce | Escarola |
Folhas de endro | Funcho | Grama de trigo |
Hortelã | Jiló | Manjericão |
Rama de cenoura | Rúcula | |
Verduras e vegetais que podem ser oferecidos 1x por semana (têm alto teor de oxalato, que se acumula no organismo do coelho e pode causar pedra nos rins e irritação na pele e na boca) | ||
Acelga chinesa | Agrião | Couve |
Folhas de beterraba | Folhas de brócolis | Folhas de mostarda |
Folhas de pepino | Folhas de rabanete | Salsinha |
Flores e ervas que podem ser oferecidas com moderação | ||
Calêndula | Camomila | Flor de abóbora |
Hibisco | Lavanda | Rosa |
Verduras e vegetais PROIBIDOS (podem causar gases ou diarreia) | ||
Alface | Batata | Espinafre |
Favas | Feijões | Flor de brócolis |
Repolho | Vagem |
O feno é inclusive um dos componentes importantes das rações comerciais formuladas para coelhos domésticos. Para imitar seu comportamento natural e prevenir a obesidade, apenas uma colher de chá de ração é oferecida a coelhos adultos, uma ou duas vezes ao dia.
Alimentos para coelho parecidos com uma granola, contendo flocos e pedaços de frutas, não são recomendados, pois são baixas em fibras e ricas em açúcares. Além disso, numerosos estudos descobriram que eles aumentam o risco de obesidade e de doenças dentárias.
A doença é rara quando os coelhos são criados em condições de higiene e recebem cuidados adequados. Considerado espécie exótica (animais que não o cachorro e o gato[28]), o coelho demanda atendimento veterinário especializado e cuidados diários bastante específicos. Por serem presas na natureza, os coelhos desenvolveram a capacidade de dissimular sinais de doença ou dor pelo maior tempo possível, de modo a não demonstrar fraqueza perante o grupo e o inimigo.[28] Por isso, geralmente, o estado clínico dos animais é pior do que aparentam, quando se detecta alguma doença.
Os principais problemas de saúde vistos em coelhos domésticos são:[28]
Os coelhos são fermentadores do intestino posterior e, portanto, têm um ceco alargado. Isso permite que um coelho digira, via fermentação, o que de outra forma não seria capaz de processar metabolicamente. O processo de coprofagia é importante porque os cecótrofos contêm uma porção suficientemente grande de nutrientes que são essenciais para a saúde do coelho, dentre eles a vitamina B.
Depois que um coelho ingere a comida, ela desce pelo esôfago e passa por uma pequena válvula chamada cárdia (que, nos coelhos, é muito pronunciada e os impede de vomitar). O alimento então se move para o estômago e intestino delgado, onde ocorre a maior parte da extração e da absorção dos nutrientes. A comida então passa para o cólon e, eventualmente, para o ceco. Contrações musculares peristálticas (ondas de movimento) ajudam a separar partículas fibrosas e não fibrosas. As não fibrosas são movidas pelo cólon, através da válvula ileocecal, e para dentro do ceco. Bactérias simbióticas no ceco ajudam a digerir as partículas não fibrosas em uma substância metabolicamente mais gerenciável. Depois de três horas, uma massa fecal macia semelhante a uvas, chamada cecótrofo, é expelida pelo ânus e instintivamente comida pelo coelho, sem mastigar para que o revestimento mucoso proteja do ácido estomacal as bactérias ricas em vitaminas e nutrientes, até atingirem o intestino delgado, onde os nutrientes do cecótrofo podem ser absorvidos.[29][30]
Quando os cecótrofos estão úmidos e escorrendo (semi-líquidos) e grudam no coelho e nos objetos ao redor, são chamados de cecótrofos moles intermitentes (ISCs). Isso é diferente da diarreia comum e geralmente é causado por uma dieta muito rica em carboidratos ou muito pobre em fibras. Causas possíveis: frutas macias ou itens de salada, como alface, pepino e tomate.
Organizações e veterinários recomendam que coelhos de estimação sejam castrados. As vantagens para a saúde incluem maior longevidade e (para fêmeas) um risco reduzido de câncer de ovário e útero ou de endometrite.[11][15][23] Em pequenos mamíferos fêmeas, os distúrbios uterinos são muito comuns, afetando até 77,8% dos animais com mais de 6 anos.[31] Para ambos os sexos de coelhos, a castração reduz a agressão a outros coelhos, bem como a marcação territorial (especialmente nos machos).[23][32][33] Os animais não-castrados não são tão propensos a formar laços sociais agradáveis, assim, a castração promove interações menos estressantes entre coelhos e deles com os humanos.
Qualquer atendimento aos coelhos deve ser realizado por um veterinário especializado em coelhos.[15][32] No caso de cirurgias, coelhos apresentam alto risco de complicações relacionadas à anestesia por uma série de questões fisiológicas (por exemplo, temperatura corporal, frequência de batimentos cardíacos e respiratória), por isso, deve ser administrada anestesia inalatória. Além disso, é preciso ter cuidado com infecção do local da cirurgia no pós-operatório.[23]
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