Casa Museu José Régio (Portalegre)
museu em Portalegre Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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A Casa Museu José Régio, ou Casa-Museu do Poeta José Régio, em Portalegre, é um museu que está instalado na casa onde viveu o escritor José Régio durante 34 anos.[1]
Casa Museu José Régio | |
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Informações gerais | |
Tipo | Galeria de arte Local histórico |
Inauguração | 1971 (53 anos) |
Diretor(a) | Joana Munõz |
Página oficial | Site oficial |
Património de Portugal | |
DGPC | 22407583 |
SIPA | 2036 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Portalegre |
Localidade | Praça do Município |
Coordenadas | 39° 17′ 20″ N, 7° 25′ 48″ O |
Localização em mapa dinâmico |
É um museu simultaneamente biográfico e etnográfico, pois além de escritor, Régio era um ávido coleccionador.
O edifício está classificado como Monumento de Interesse Municipal desde 2020.[1]
José Régio é o pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, um professor, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, fundador da revista literária Presença e colaborador da revista literária Seara Nova. Foi professor de Português no então Liceu Nacional de Portalegre (actual Escola Secundária Mouzinho da Silveira), de 1928 a 1967. Um dos seus poemas mais famosos é a Toada de Portalegre, no qual menciona casa onde actualmente funciona o museu:
“ | vivi numa casa velha/velha, grande, tosca e bela/à qual quis como se fosse feita para eu morar nela | ” |
— José Régio, Toada de Portalegre. |
No museu respira-se o ambiente em que viveu José Régio, portalegrense de adopção. O quarto e a sala de trabalho do poeta encontram-se tal e qual ele os deixou.[2]
Data dos finais do século XVII e terá sido um anexo do Convento de São Brás, do qual ainda existem alguns vestígios, nomeadamente da capela. Serviu como quartel-general aquando das Guerra Peninsular (vulgo invasões francesas) e muito mais tarde foi uma pensão.[3]
Quando José Régio hospedou-se na pensão quando chegou a Portalegre, começando por alugar um quarto modesto, mas à medida que o tempo foi passando e as suas necessidades de espaço foram aumentando, foi ocupando mais quartos, acabando por se tornar o único hóspede.[3]
Além das suas actividades literárias, José Régio foi um grande coleccionador, principalmente de arte sacra, arte popular e artesanato. Em 1965 vendeu as suas colecções à Câmara Municipal de Portalegre com a condição desta adquirir a casa, restaurá-la e transformá-la em museu, ficando ele com o usufruto até à sua morte. Tal não aconteceu, pois José Régio viria a falecer em 22 de Dezembro de 1969, enquanto que o museu só abriria a 23 de Maio de 1971.[3]
Antes de morrer, o escritor voltou para a sua terra natal, Vila do Conde, onde também conseguiu abrir um museu na sua própria casa.
O espólio do museu resultou do gosto de José Régio pelas antiguidades e pelo coleccionismo que segundo diz, nasceu-lhe cedo por influência do seu avô, mas foi no Alentejo que se ampliou e desenvolveu. A região era fértil para essa actividade, e rapidamente se espalhou que havia um professor do liceu que comprava coisas velhas. Começou por ser um passatempo, mas depressa se transforma numa actividade regular, quase um vício.[3]
Entre o vasto número de objectos destacam-se os de arte sacra, quer de origem conventual, quer de origem popular e o artesanato local de cariz simultaneamente utilitário e decorativo.
Para além de algumas obras conventuais e um oratório, juntou uma extensa colecção de Cristos nas mais diversas apresentações e representações, a maior parte em madeira, Santo Antónios, santos chatos (com as costas achatadas), os reis da casa de David (representação da ascendência de Jesus), barros de Portalegre e mobiliário rústico. Na sua quase totalidade, estas peças eram produzidas por mestres iletrados, mas com certo jeito natural e muito talento manual. Os Cristos faziam parte do enxoval das noivas, em tempos idos. Os barros de Portalegre são fortemente expressivos nas suas cores intensas e formas simultaneamente poderosas e graciosas, adequadas à intensidade sensitiva de quem vivia muito próximo da natureza.[3][4]
Há também uma colecção assinalável de faianças, sobretudo pratos de Coimbra denominados "ratinhos", trazidos pelos migrantes sazonais que vinham do norte para fazer as ceifas no Alentejo, e que os trocavam por roupa e tecidos antes de voltarem a suas casas. O termo "ratinho" era o nome a esses migrantes pelos alentejanos, pois as suas silhuetas nos campos faziam lembrar ratos, por vestirem normalmente de cinzento e estarem constantemente curvados.
Aos locais adquiria os estanhos, os cobres, os ferros forjados, e outras curiosidades do artesanato alentejano, como marcadores de pão e bolos, chavões ou pintadeiras (para marcar o pão nos fornos comunitários), dedeiras ou canudos (protecção dos dedos dos ceifeiros) e trabalhos em chifre, como as cornas (recipientes para azeitonas) e os polvorinhos.[3] Estes objectos eram principalmente obra de pastores, daí serem usualmente designados de "arte pastoril", e são apontados como representando a psicologia dos próprios autores — se tivessem à mão um pedaço de madeira, de cortiça, cana ou chifre, dele faziam surgir pintadeiras, dedeiras, polvorinhos (recipientes para pólvora), tarros e tarretas (recipientes em cortiça), com inscrições, datas e nomes.[4]
De destacar ainda um quadro de um amigo de Régio, Ventura Porfírio, em que o poeta aparece retratado no seu escritório, outro quadro que representa Portalegre no fim do século XIX e uma extensa colecção de almofarizes.
O museu tem duas cozinhas. Uma delas tem exposta a colecção de pratos "ratinhos" e peças em ferro, como suportes dos espetos. O ferro forjado foi bastante utilizado para as formas dos mesmos suportes (nas cozinhas) e para a decoração de portas e janelas, aliando a arte à funcionalidade. Na outra cozinha estão os trabalhos pastoris.
Além do espólio descrito, a Casa Museu possui um variado acervo literário dividido entre a própria casa, as reservas e o centro de estudos.
Devido à falta de espaço, nem todas as peças estão expostas, nomeadamente as colecções de numismática e medalhística, e parte das colecções de escultura, faiança, trabalhos pastoris, ferros forjados e registos.
As colecções expostas estão distribuídas por 17 salas de exposição permanente e por uma sala de reservas, ocupando os dois pisos do edifício.
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