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O combate do Pico do Seleiro, também referido como batalha do Pico do Seleiro e batalha do Pico Celeiro, foi um recontro militar ocorrido no Pico do Seleiro, na Ilha Terceira, nos Açores, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). Feriu-se a 4 de Outubro de 1828 entre forças liberais e absolutistas, com a vitória das primeiras. É considerada como o combate terrestre mais importante do período na ilha.[1][2][3]
A revolta dos Terceirenses, que se reuniram na então vila Praia, foi fruto mais de um descontentamento popular com as arbitrariedades das tropas liberais do que a afirmação de um ideal político.
Após a instalação da Junta Governativa, no Verão de 1828 em Angra, e o início da chegada à Terceira dos militares afectos a D. Pedro, as iniciativas dos liberais começaram a desgostar os Terceirenses, que se viram vítimas de injustiças no seu dia-a-dia. De acordo com o historiador José Guilherme Reis Leite:
O sentimento de derrota dos amotinados absolutistas em 22 de Junho contribuiu para que, entre os meses de junho e outubro, as forças absolutistas se unissem, congregando a sua ação em torno de um comandante - o capitão João Moniz Corte Real - veterano da Guerra Peninsular que, evadido das suas quintas na Terra-Chã, acabou por aceder ao comando da causa absolutista na Terceira.
A 1 de outubro, no porto dos Biscoitos, desembarcou um pequeno reforço vindo da ilha do Faial, efetivo que, segundo o historiador Francisco Ferreira Drummond, ascendia a "pouco mais de 200 espingardas quase todas incapazes de servir; cartuchos e algumas balas, mas nenhuma pólvora; nada de soldados, nem de oficiais (...)."[5]
Os amotinados, inicialmente pouco mais de 90 homens, acamparam na Arrochela, na freguesia dos Altares. Ao longo da noite, gente das freguesias vizinhas foi-se juntando, o mesmo ocorrendo nos dias seguintes. As tentativas para pôr fim à insubordinação, por parte das forças do Batalhão de Caçadores n.º 5 foram baldadas, reforçando os ânimos dos revoltosos.
Na madrugada de 2 de Outubro, a milícia armada caminhou as cinco léguas que separavam os Biscoitos da vila da Praia, onde, ao chegar, aclamaram D. Miguel como rei de Portugal, juntando a Terceira ao resto do país, sob domínio absolutista. a milícia aquartelou na vila, instalando-se no Convento de São Francisco e no Convento da Graça, em casas de moradores e outros pontos, estabelecendo como quartel-general a casa da Câmara.
José Machado Homem da Costa foi então mandado à Fortaleza de São João Baptista, em Angra, para negociar com o Governador das Armas, general Diocleciano Leão de Brito Cabreira, a rendição dos liberais. Lá chegando, porém, o emissário absolutista foi desarmado e atirado para os calabouços da fortaleza, ficando sem comer nem beber por mais de 24 horas. A notícia do desfecho da embaixada chegou à Praia, mostrando a iminência do conflito.
Os números dos efetivos envolvidos neste combate variam segundo os autores:
As milícias realistas (como então se denominavam as forças absolutistas), sob o comando do capitão de linha João Moniz Corte-Real e do morgado Joaquim de Almeida Tavares do Canto, estavam equipadas com armas ligeiras. O destacamento liberal, pertencia ao 5º de Caçadores, tendo saído da Fortaleza de São João Baptista, em Angra, e apesar da inferioridade numérica, contava com experiência, disciplina e o apoio de fogo de artilharia.
O encontro feriu-se no acesso ao Pico do Seleiro, quando o destacamento liberal foi recebido pelo fogo das espingardas dos absolutistas, emboscados na colina da elevação montanhosa. Esse fogo foi respondido pelas "peças de campanha", sob o comando do segundo-tenente Joaquim Maria Pamplona. Ferreira Drummond narra que "o outro parque de artilharia" (dos absolutistas), sob o comando de João Moniz do Couto, chegou mais tarde ao combate, "por embaraços que se lhe opuseram no serviço das bestas".
A mesma fonte nos dá conta de que a troca de tiros terá durado uma hora e meia, "sem vantagem de parte a parte". Entretanto, os oficiais liberais Sá e Borges conseguiram flanquear os adversários, vindo a desbaratá-los. Ferreira Drummond acrescenta: "Parece que começou a retirada quando os amotinados viram despedaçado pelo ar um pobre Francisco Machado Faria, o 'Caçador', morador em Porto Judeu, e casado."
Os milicianos miguelistas debandaram em direção à Terra Chã, aos Biscoitos e aos Altares, sendo perseguidos noite a dentro pelos liberais. Estes últimos, embriagados pela vitória, avançaram colina abaixo espingardeando os adversários em retirada pelas costas.
E Ferreira Drummond regista ainda::"Chegando às primeiras casas da povoação denominada Casa da Ribeira, estenderam-se os soldados entregando-se à pilhagem daquele lugar e suas imediações."
Os excessos cometidos pelos liberais na altura empanaram o brilho de uma vitória que contribuiu para afirmar a Terceira como o único ponto do país afecto à causa liberal. Menos de um ano mais tarde, a vitória liberal na Batalha da Praia da Vitória (11 de agosto de 1829) consolidaria essa condição, preparando o caminho para o Desembarque do Mindelo (8 de julho de 1832).
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