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Bartolomeu de las Casas (Sevilha, 1484[1] — Madrid, 17 de julho de 1566) foi um frade dominicano espanhol que atuou como cronista, teólogo, político e jurista no processo de colonização da América.
Bartolomé de las Casas | |
---|---|
Bispo da Igreja Católica | |
Bispo-emérito de San Cristóbal de Las Casas | |
Retrato anônimo do século XVI de Bartolomé de las Casas | |
Atividade eclesiástica | |
Ordem | Ordem dos Pregadores |
Diocese | Diocese de San Cristóbal de Las Casas |
Nomeação | 19 de dezembro de 1543 |
Predecessor | Dom Juan de Arteaga y Avendaño |
Sucessor | Dom Tomás Casillas, O.P. |
Mandato | 1543 - 1550 |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 1510 |
Nomeação episcopal | 19 de dezembro de 1543 |
Ordenação episcopal | 30 de março de 1544 por Dom Diego de Loaysa, C.R.S.A. |
Santificação | |
Veneração por | A Igreja Episcopal (EUA); A Igreja Católica Romana |
Festa litúrgica | 18 de julho |
Dados pessoais | |
Nascimento | Sevilha 11 de novembro de 1484 |
Morte | Madrid 31 de julho de 1566 (81 anos) |
Nacionalidade | espanhol |
Habilitação académica | Universidade de Salamanca |
Assinatura | |
dados em catholic-hierarchy.org Bispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Foi bispo de Chiapas (México), e também reconhecido como grande defensor dos índios. Teve grande atuação no processo de missionação, mesmo que um papel mais teórico. Sua luta focou, principalmente, no combate às encomiendas e aos repartimientos de indígenas na América hispânica.
Sua história é alvo de diversas disputas, sendo Las Casas uma das principais - senão a principal - figuras do século XVI no quesito de colonização. Alguns autores atribuem a ele a origem da chamada Leyenda Negra[2], outros afirmam que ele foi um grande cristão que apenas queria defender os indígenas[3]. Foi, definitivamente, uma das figuras mais polêmicas do período.
Conhecido em português como Frei Bartolomeu de las Casas (em espanhol: Fray Bartolomé de las Casas),[4] era filho de um modesto comerciante de Tarifa, na Andaluzia. Participou da segunda viagem de Cristóvão Colombo. Havia feito estudos de latim e de humanidades em Salamanca. Partiu para a ilha de Hispaniola ou La Española na expedição de Nicolás de Ovando, em 1502 ou 1503, chegando em 15 de abril. Como a maioria, Bartolomeu estava motivado pelo espírito aventureiro e explorador de riquezas, logo se adaptando ao estilo de vida dos colonizadores. No início, aceitou o ponto de vista convencional quanto à exploração da mão de obra indígena e também participou dos ataques contra as tribos e a escravização dos nativos em plantações.
Viajou depois a Roma, onde terminou os estudos e se ordenou sacerdote em 1507. Isabel de Castela, a rainha a quem o papa dera licença para se intitular "A Católica", considerava a evangelização dos índios uma importante justificativa para a expansão colonial e, como tal, insistia para que sacerdotes estivessem entre os primeiros a se fixarem na América.
Em 1510, Bartolomeu de Las Casas retornou à ilha Espanhola, agora como missionário. Conseguiu um repartimiento ou encomienda de índios, dedicando-se assim ao trabalho pastoral. Os dominicanos contrários à encomienda, dados os abusos cometidos contra os índios, não mudaram sua opinião, mas frei Bartolomé defendia a instituição. Transferiu-se para Cuba com Pánfilo de Narváez e, ali, foi capelão militar. Recebeu outra vez um repartimiento onde se ocupava em mandar seus índios às minas, tirar ouro, e fazer sementeiras, aproveitando-se deles como podia.
Em 21 de dezembro de 1511, escutou o célebre Sermão do Advento por frei António de Montesinos, no qual este defendia a dignidade dos indígenas. O profundo impacto daquela pregação levou Bartolomeu de las Casas a uma nova atitude, e ele passou a pregar contra o sistema de encomienda, denunciando-o como injusto. Considerava, então, que os únicos donos do Novo Mundo eram os índios, e que os espanhóis só deviam lá ir para o trabalho de conversão. Renunciou a todas as suas encomiendas e iniciou uma campanha de defesa dos índios, mostrando tudo o que havia de injusto do sistema. A campanha foi dirigida ao próprio rei de Aragão, Fernando II, e depois ao Cardeal Cisneros, que viria a nomeá-lo "protetor dos índios", em 1516.
Com a morte do cardeal, recomeçou seu trabalho e tentou convencer o rei de Espanha Carlos I (imperador Carlos V), neto dos Reis Católicos. Como denunciava publicamente os abusos dos funcionários, obteve a inimizade de muitos, especialmente membros do Conselho das Índias, presidido pelo bispo Juan Rodríguez de Fonseca. Advogava por uma colonização pacífica das terras americanas, por meio de lavradores e missionários.
Com tal objetivo, partiu de novo para a América, onde, em 1520, Carlos I lhe deu o território hoje venezuelano de Cumaná para pôr em prática suas teorias. Teve pouco êxito e durante uma de suas ausências, os índios aproveitaram para matar grande número de colonos. O desastre fez com que entrasse para a ordem dominicana. Manteve porém suas inflamadas teorias contra a escravidão dos índios e alegava que todas as guerras contra estes eram injustas. Por isso, se enfrentou a diversos teólogos, especialmente frei Francisco de Vitória. Pediu, a seus superiores, para ir advogar suas teorias diante do Conselho das Índias, mas o fracasso em Cumaná o desacreditava.
Em 1535, partiu para o Peru, mas o navio em que viajava naufragou no litoral da Nicarágua. Lá, ele enfrentou o governador Rodrigo de Contreras y de la Hoz denunciando o envio de escravos índios ao Peru.
Em 1536, se transferiu à Guatemala, para continuar a pregação e pôr, em marcha, um projeto de conquista pacífica que batizou de "Vera Paz". Entre 1537-1538, conseguiu cristianizar a zona de modo pacífico, substituindo a encomienda por um tributo pago pelos índios. Regressou em 1540 à Espanha, convencido de que era na corte que deveria vencer a batalha em favor dos índios. Em 1542, o Conselho das Índias o ouviu, e suas opiniões causaram profunda impressão em Carlos V.
Atribui-se à sua influência o fato de que, em 20 de novembro de 1542, tenham sido publicadas as "Leis Novas", em que se restringiam as encomendas e a escravidão dos índios, embora não tenham sido do agrado pleno de Las Casas. Escreveu, então, sua obra mais importante: Brevísima relación de la destrucción de las Indias. Como acusa os descobridores da América de crimes, abusos e violências, a obra foi chamada de escandalosa e exagerada, e não conseguiu evitar a continuação das conquistas, como desejava. Seria publicada ilegalmente em 1552, e conseguiu grande sucesso no século XVII, convertendo-se numa das fontes de nascimento da "lenda negra" do Império Espanhol.[5]
Em defesa dos índios do novo continente, viajou numerosas vezes à Espanha, apelando aos oficiais do governo e aos que quisessem ouvir. Desde que ingressou na vida religiosa dominicana, dedicou-se à causa dos indígenas, defendendo-lhes a vida, a liberdade e a dignidade e lutando para que tivessem direitos políticos como povos livres e capazes de realizar uma nova sociedade, mais próxima do Evangelho. Sua prioridade foi sempre a evangelização. Com tal propósito, viajou pela América Central em trabalho pioneiro, registrando, em seus diários, o que se passava. Foi perseguido pelos colonizadores espanhóis de São Domingos, Peru, Nicarágua, Guatemala e do México.
Várias vezes acusaram Las Casas de que ele foi o principal estimulador da escravidão dos africanos na América. O próprio autor, ainda em 1527, fala contra a escravização dos africanos em sua Historia de las Indias[6].
Em 1543, recusou o bispado de Cuzco mas aceitou o de Chiapas, no México, para pôr em prática suas teorias. Foi consagrado em Sevilha em 1544, aos 70 anos de idade. Mas ficou apenas três anos em Chiapas, porque os colonos o consideravam responsável pela publicação das "Leis Novas".
Escreveu, ainda, "Confessionário", em que mandava que antes de iniciar a confissão, o penitente devia libertar seus escravos. Tais medidas provocaram distúrbios, e em 1546 teve que partir para a cidade do México, sem mudar sua política. Sua doutrina seria repelida por uma junta de prelados.
Em 1547, partiu da América para não mais voltar. Regressou à Espanha, continuando, ali, a defesa dos índios, onde corrigiu e publicou seus escritos, todos se contrapondo à política colonial. Porém suas ideias foram contestadas na América e também na Espanha
Se recolheu ao convento de São Gregório, em Valladolid. Nessa cidade tiveram lugar importantes discussões de 1550 a 1551 entre ele e Juan Ginés de Sepúlveda, o amputado sobre a legitimidade da conquista, saindo vitorioso o segundo.
Naquelas discussões Bartolomeu:
Em 1552, suas obras foram censuradas e proibidas para a leitura. Havia renunciado a seu bispado, antes de morrer aos 92 anos de idade no Convento Dominicano de Atocha, em Madri, no dia 17 de julho de 1566.
Muito querido do povo mexicano, seu nome hoje é lembrado como um dos maiores humanistas e missionários da História do Cristianismo.
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