Axé (candomblé)

Pode se referir tanto aos assentamentos de orixás que ficam nos pejis (altares de candomblé) quanto à força mágica que sustenta os terreiros de Candomblé. Da Wikipédia, a enciclopédia livre

O termo "axé" (de àṣẹ, termo iorubá que significa "energia", "poder", "força") pode se referir tanto aos assentamentos de orixás que ficam nos pejis (altares de candomblé) quanto à força mágica que sustenta os terreiros de candomblé, uma filosofia iorubá definida para representar o poder que faz as coisas acontecerem. [1][2]

 Nota: Para outros significados, veja Axé.

Acredita-se que seja dado por Olodumarê a tudo - deuses, ancestrais, espíritos, humanos, animais, plantas, rochas, rios e palavras expressas como canções, orações, louvores, maldições ou até conversas cotidianas. A existência, de acordo com o pensamento iorubá, depende disso.[3]

A cabeça como morada do axé

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A cabeça, ou orí, é investida de grande importância na arte e no pensamento iorubá. Quando retratado na escultura, o tamanho da cabeça é frequentemente representado como quatro ou cinco vezes o tamanho normal em relação ao corpo, a fim de transmitir que é o local do axé de uma pessoa, bem como de sua natureza essencial, ou iwa.[3] Os iorubás distinguem entre a cabeça externa (ode) e a interna (inu). Ode é a aparência física de uma pessoa, que pode mascarar ou revelar seus aspectos internos (inu). Qualidades internas, como paciência e autocontrole, devem dominar as externas.

A cabeça também liga a pessoa com o outro mundo. A cerimônia imori (que se traduz em "conhecer a cabeça") é o primeiro rito realizado após o nascimento de uma criança iorubá. Durante o imori, um oraculista determina se a criança vem da linhagem de sua mãe ou de seu pai ou de um orixá em particular. Se este for o caso, então a criança passará por uma iniciação no orixá indicado durante a idade adulta, durante a qual o ori inu da pessoa se torna o receptáculo espiritual para o axé daquele orixá. Para se preparar para essas cerimônias, a cabeça da pessoa é raspada, banhada e ungida.[3]

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Assentamento do orixá Obaluaiê em terreiro de Salvador

Uso do termo na capoeira

Na capoeira, "axé" representa força, ânimo e energia. Uma roda de capoeira cheia de axé é uma roda animada e alegre. Como a maior parte dos praticantes da capoeira da atualidade não é adepta do candomblé, a palavra, no contexto da capoeira, perdeu o âmbito sobrenatural e místico que tem no candomblé. Algumas vezes, a palavra "axé" pode ser utilizada como uma saudação, um cumprimento através do qual se desejam, ao próximo, coisas boas, força, ânimo e energia.[carece de fontes?]

O axé na ritualística do candomblé

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No ritual original do candomblé, há duas partes: a preparação, que começa uma semana antes de cada festa, com muita gente na casa lavando, passando, cozinhando, limpando e enfeitando. Quando se entra no barracão e se veem as bandeirinhas no teto da cor do orixá que está sendo homenageado, é preciso lembrar que alguém teve que comprar, cortar e colar as bandeirinhas e colocá-las no lugar para que o barracão ficasse bonito. Durante a semana, diversas obrigações são feitas, de acordo com a determinação do jogo de búzios; animais são sacrificados a exus, eguns e aos orixás homenageados (revigorando o axé). Os animais têm que ser limpos e preparados por alguém, pois será servido uma parte (axé) para os orixás e outra parte para todos os presentes na festa.

Na parte pública da festa, os filhos de santo (iniciados) dançam e entram em transe com seu orixá. O babalorixá evoca cantigas que lembram os feitos do orixá e este executa uma dança simbólica recordando seus atributos. A cerimônia termina com um banquete onde será distribuído o axé em forma de alimento entre todos os presentes. A manutenção da oralidade em algumas religiões afro-brasileiras é fundamental.

Mesmo fazendo-se uso da escrita, a oralidade não poderá ser abandonada, uma vez que o axé também é transmitido através da palavra, do hálito e da saliva; portanto, o silêncio nas casas de candomblé e outras religiões afro-brasileiras é imprescindível. A palavra tem força dinâmica: dependendo do momento em que for pronunciada, a palavra pode ter a sua força sagrada ampliada.[carece de fontes?]

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 209.
  2. Drewal, H. J., and J. Pemberton III with Rowland Abiodun (1989). Allen Wardwell (ed.). Yoruba: Nine Centuries of African Art and Thought. New York City: The Center for African Art.

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