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Príncipe Consorte de Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Augusto de Beauharnais (em francês: Auguste Charles Eugène Napoléon; Milão, 9 de dezembro de 1810 – Lisboa, 28 de março de 1835), foi o primeiro marido da rainha Maria II e Príncipe Consorte de Portugal e Algarves de 26 de janeiro de 1835 até à sua morte dois meses depois. Foi também a partir de 1824 e até 1835 o segundo Duque de Leuchtenberg e Príncipe de Eichstätt. Ele também possuía o título brasileiro de Duque de Santa Cruz. Filho primogénito do príncipe Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg e de sua esposa, a princesa Augusta da Baviera, era irmão da imperatriz Amélia, segunda esposa de Pedro I do Brasil.
Augusto | |
---|---|
Duque de Leuchtenberg, Príncipe de Eichstätt Duque de Navarra, Duque de Santa Cruz | |
Príncipe Consorte de Portugal | |
Reinado | 26 de janeiro de 1835 a 28 de março de 1835 |
Predecessora | Maria Leopoldina da Áustria |
Sucessor(a) | Fernando de Saxe-Coburgo-Gota |
Duque de Leuchtenberg Príncipe de Eichstätt | |
Reinado | 21 de fevereiro de 1824 a 28 de março de 1835 |
Predecessor(a) | Eugênio |
Sucessor(a) | Maximiliano |
Nascimento | 9 de dezembro de 1810 |
Villa Mirabellino, Milão, Itália | |
Morte | 28 de março de 1835 (24 anos) |
Palácio das Necessidades, Lisboa, Portugal | |
Sepultado em | Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa, Portugal |
Nome completo | |
Augusto Carlos Eugênio Napoleão de Beauharnais | |
Esposa | Maria II de Portugal |
Casa | Beauharnais |
Pai | Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg |
Mãe | Augusta da Baviera |
Religião | Catolicismo |
Brasão |
Augusto de Beauharnais nasceu em 9 de dezembro de 1810 em Milão, filho do príncipe francês Eugênio de Beauharnais, enteado de Napoleão Bonaparte, e da princesa Augusta da Baviera, filha do rei Maximiliano I da Baviera.
Augusto passou a sua infância e parte de sua juventude na cidade de Munique, residência dos Wittelsbach, a família real da Baviera, da qual faziam parte, por sua mãe, que era uma princesa bávara. Augusto foi educado nos princípios da honra militar pelo pai, Eugênio, e da moral católica pela mãe, Augusta.[1]
Em 14 de novembro de 1817, o seu avô materno o rei Maximiliano I concedeu a seu genro Eugênio o título de Duque de Leuchtenberg e Príncipe de Eichstätt, com direito ao tratamento de Alteza Real para ele e Alteza Serena para seus filhos, incluindo Augusto.
Além da posição e herança consolidadas, Eugênio, falecido jovem, em 21 de fevereiro de 1824, deixou à família um ilustre parentesco (o filho de sua irmã Hortensia viria a ser, em 1852, o Segundo Imperador da França com o título de Napoleão III) e uma fama " liberal " consolidada que marcou a existência de Augusto.
A primeira chance do cadete da família quase Napoleônica veio após a Revolução Belga, que começou em 25 de agosto de 1830 com o levante de Bruxelas. A independência proclamada no dia 4 de outubro seguinte, o recém-eleito Congresso Nacional da Bélgica votou pela forma monárquica e procedeu à eleição de um governante hereditário.
Por duas vezes, Augusto ficou em segundo lugar na votação: o duque de Nemours, segundo filho do rei Luís Filipe I da França, foi o preferido. Só que este último recusou a oferta, forçado pela oposição feroz das outras potências. Assim, o Congresso teve que se preparar para aceitar o candidato indicado pelos poderes, na pessoa de Leopoldo de Saxe-Coburgo-Gota.
Para Augusto, príncipe de uma casa não reinante, porém, esse resultado já poderia ser considerado um meio-sucesso, a respeito do qual ele poderia se gabar de créditos para a próxima ocasião. Tanto que a segunda ocasião não tardou a se apresentar noutro pequeno reino com um presente turbulento: Portugal.
Após o casamento por procuração com do Imperador D. Pedro I do Brasil, com sua irmã Amélia, que insistiu para que o irmão a acompanhasse em sua viagem ao Brasil. Augusto não pretendia aceder ao desejo da nova Imperatriz, mas foi estimulado pela mãe a transferir-se para a corte do Rio de Janeiro. Antes de partir, o jovem, que ainda não havia atingido a maioridade, deixou pronto o seu testamento.[2]
Em solo brasileiro, ele passou a residir no Palácio Imperial de São Cristóvão e tornou-se muito próximo do cunhado.[2] Em alvará datado de 5 de novembro de 1829, D. Pedro I concedeu a Augusto, enquanto príncipe de Eichstätt e duque de Leuchtenberg, o direito ao tratamento de Alteza Real em todo o território nacional.[3] Em Carta Imperial datada do mesmo dia, o imperador concedeu-lhe o título de duque de Santa Cruz, também com tratamento de Alteza Real.[4][2]
Quando D. Pedro I partiu para reconquistado o trono de Portugal para sua filha a rainha Maria II, Augusto voltou para a Baviera para junto dos seus familiares. Augusto foi o eleito por D. Pedro I, para marido da jovem rainha portuguesa pelas qualidades verificadas durante a sua estada no Brasil, quando acompanhou a sua irmã Amélia, segunda esposa do imperador.
Cumprindo o desejo do cunhado, Augusto casou com a rainha Maria II, enteada da sua irmã, por procuração,[5] a 1 de dezembro de 1834, e por palavras e de presente, na Sé de Lisboa, a 26 de janeiro de 1835.
Augusto foi marechal do exército português e Par do Reino, tomando assento na Câmara Alta alguns dias após o matrimônio.
Augusto morreu em 28 de março de 1835, no Palácio das Necessidades, em Lisboa, ao cabo de escassos dois meses de casamento e sem ter chegado a engravidar a soberana. Sua morte repentina e em tão pouca idade gerou grande distúrbio popular em Lisboa, pois corria o rumor de que o príncipe-consorte havia sido envenenado. Contudo, em carta enviada à duquesa Augusta, a antiga aia dos irmãos, Fanny Maucomble, descreveu a rápida evolução da doença de Augusto:
"[…] Parece-me que o Príncipe tinha começado a sofrer de uma ligeira dor de garganta sexta-feira dia 20. Não tinha dito nada, não dando importância ao facto. Infelizmente! Vós como eu, tínhamos conhecimento de como ele pouco cuidava da sua saúde […] Domingo saiu por volta das 7 horas para passear e disparar alguns tiros de carabina num pequeno parque ao redor da Ajuda. Fazia muito frio; pois neste país, na primavera as manhãs e as noites são frias e por isso perigosas.
Voltou para o almoço às 10 horas e não disse ainda nada do seu mal da laringe, que o estava atormentando. A 1 hora foi passear com a Rainha num lugar chamado Campo Grande, onde eram realizadas corridas a cavalo. Fazia calor, com um sol muito forte. Ficaram no carro aberto, no mesmo lugar por mais de uma hora a fim de observar as corridas. Ao regressar o Príncipe sofria ainda mais, mas jantou e desejou fazer uma partida de bilhar com a Rainha; no entanto foi obrigado a procurar a cama. Todo mundo o aconselhou de chamar um médico, mas não foi possível convencê-lo. O Conde Mejan e a Imperatriz o pregaram de colocar os pés na água e de lhe aplicar compressas de mostarda. Recusou. Finalmente na segunda-feira ele consentiu em falar com um médico. Este aplicou em primeiro lugar 24 sanguessugas à garganta […]"
"Após diversas outras tentativas e vendo nenhum êxito foram chamados outros médicos. O estado do paciente estava extremamente grave. A noite esteve calma, mas na manhã do dia 28 os médicos chamaram a Imperatriz a fim de inteirá-la de que, infelizmente, não existia mais alguma esperança e que preparasse o espírito da Rainha."
"A Imperatriz providenciou um sacerdote que subministrou os Sacramentos, que recebeu ao meio-dia. Em seguida se despediu com grande coragem de todos, falou longamente com a Rainha e recomendou a mesma à Imperatriz. Pouco depois entrou em agonia e às 2 horas exalou o último suspiro nos braços da Rainha e da Imperatriz, que não o haviam deixado um momento."
"O Príncipe deixou um grande pesar e ontem se realizaram grandes desordens na cidade, pois dizia-se que tinha sido envenenado. Isso obrigou a Imperatriz a mandar fazer, com grande precisão, uma autópsia por três médicos e convocou mais um doutor inglês, um francês e um espanhol, pedindo a opinião de cada um.
Este exame vai provar aquilo que nós todos sabemos, de que a morte do jovem homem foi completamente natural e unicamente causada por não ter curado o mal em tempo. Encontraram a garganta, o esófago e o estômago terrivelmente inflamados[…] Antes de morrer o Príncipe disse a Mr. Billing que morria tranquilo, mas que estava muito triste de findar sem ter podido fazer alguma coisa pela felicidade da Rainha e de Portugal."[2]
Maria II casou-se em segundas núpcias com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota.[5][6]
Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Duque de Santa Cruz foi um título de nobreza do Império Brasileiro criado por Carta Imperial de 5 de Novembro de 1829, por Pedro I do Brasil para seu cunhado o príncipe Augusto de Beauharnais.
O topônimo associado a este título é relativo à Fazenda Imperial de Santa Cruz, situada hoje no bairro de mesmo nome, na cidade de Rio de Janeiro.[7]
Houve apenas um agraciado para este ducado.
O ator Miguel Thiré interpretou Augusto de Beauharnais na minissérie O Quinto dos Infernos.
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