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ataque contra duas instalações do governo dos Estados Unidos em Bengasi, Líbia Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O ataque terrorista em Bengasi em 2012 ocorreu na noite de 11 de setembro de 2012, quando militantes islâmicos atacaram o complexo diplomático estadunidense em Bengasi, na Líbia, matando o embaixador J. Christopher Stevens e o Oficial de Gestão de Informação do Serviço de Relações Exteriores dos Estados Unidos Sean Smith.[5] Stevens foi o primeiro embaixador dos Estados Unidos a ser morto no cumprimento do dever desde 1979.[6] O ataque também tem sido referido como 'Batalha de Bengasi'.[7]
Ataque terrorista em Bengasi em 2012 | |
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De cima para baixo e da esquerda para a direita: o presidente e o vice-presidente dos Estados Unidos sendo atualizados sobre a situação no Oriente Médio e Norte da África na noite de 11 de setembro de 2012; o presidente Obama, com a secretária de Estado, Hillary Clinton, proferindo uma declaração no Jardim das Rosas da Casa Branca, em 12 de setembro de 2012, sobre o ataque ao consulado estadunidense; duas fotografias mostrando um automóvel queimado após o ataque e o graffiti de slogans dos militantes islâmicos no prédio do consulado saqueado; Hillary Clinton testemunhando perante o Comitê do Senado de Relações Exteriores em 23 de janeiro de 2013; parte do cartaz de "procurado" do FBI em busca de informações sobre os ataques em Bengasi. | |
Local | Bengasi, Líbia |
Data | 11-12 de setembro de 2012 |
Tipo de ataque | ataque coordenado, assalto à mão armada, motins, incêndio criminoso |
Alvo(s) | Consulado dos Estados Unidos e dependência anexa da CIA |
Mortes | Embaixador dos Estados Unidos J. Christopher Stevens; oficial da USFS Sean Smith; oficiais da CIA Tyrone S. Woods e Glen Doherty |
Feridos | 4 estadunidenses, 7 líbios |
Suspeito(s) | Ansar al-Sharia;[1] Al-Qaeda no Magrebe Islâmico;[2] Al Qaeda no Iraque;[3] Al-Qaeda na Península Arábica[4] |
Várias horas mais tarde, um segundo ataque atingiu um composto diferente a cerca de uma milha de distância, matando os oficiais da CIA Tyrone S. Woods e Glen Doherty.[8][9] Dez outros também ficaram feridos nos ataques.
Muitos líbios condenaram os ataques e elogiaram o falecido embaixador, organizando manifestações públicas condenando as milícias (formadas durante a guerra civil de 2011 para se opor ao líder Muammar Gaddafi),[10][11][12] que eram suspeitas dos ataques.
Os Estados Unidos aumentaram imediatamente a segurança a nível mundial nas instalações diplomáticas e militares e começaram a investigar o ataque de Bengasi.[13][14] Na sequência do ataque, oficiais do Departamento de Estado foram criticados por negar pedidos de maior segurança no consulado antes do ataque. Em seu papel como a secretária de Estado, Hillary Clinton, posteriormente, assumiu a responsabilidade pelas falhas na segurança.[15]
Em 6 de agosto de 2013, foi relatado que os Estados Unidos haviam arquivado acusações criminais contra vários indivíduos, incluindo o líder da milícia, Ahmed Abu Khattala, pelo suposto envolvimento nos ataques.[16] Khattala foi descrito pelas autoridades líbias e estadunidenses como o líder da Ansar al-Sharia de Bengasi, que seria considerada em janeiro de 2014 pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como uma organização terrorista.[17][18][19] Em 14 de junho de 2014, forças de operações especiais do Exército dos Estados Unidos, em coordenação com o FBI, capturaram Khattala na Líbia.[20]
Inicialmente, altos oficiais estadunidenses e os meios de comunicação informaram que o ataque em Bengasi foi um protesto espontâneo desencadeado por um vídeo anti-muçulmano, Innocence of Muslims. [21] Entretanto, investigações posteriores determinaram que não houve tal protesto e que o incidente começou como um ataque premeditado que foi rapidamente acompanhado por desordeiros e saqueadores enfurecidos com o vídeo. [22] O suspeito capturado Ahmed Abu Khattala afirmou que o ataque foi de fato em retaliação ao vídeo Innocence of Muslims.[23]
A primeira versão dos acontecimentos foi a de que o ataque seria provocado por radicais islâmicos em protesto contra o filme Innocence of Muslims, uma sátira ao profeta Maomé.[24]
Para alguns especialistas o ataque teria sido planejado antecipadamente na data simbólica dos atentados de 11 de setembro por fundamentalistas islâmicos ligados à al-Qaeda, usando a manifestação surgida pelo filme Innocence of Muslims como uma cortina de fumaça.[25]
Em 15 de setembro, a Al-Qaeda na Península Arábica reivindicou a responsabilidade pelo ataque em vingança pela morte de seu número dois, Abu Yahya al-Libi, em uma ofensiva estadunidense no Paquistão.[26]
Uma terceira versão, inicialmente oferecida pelas autoridades líbias (porém posteriormente descartada), seria de que o ataque foi realizado por partidários do líder deposto Muammar Gaddafi em retaliação à prisão de Abdullah al-Senussi, que foi chefe da inteligência durante o governo do líder líbio.[27]
O Primeiro-ministro líbio Mustafa Abushagur condenou e lamentou os ataques, afirmando: "Enquanto condenamos fortemente qualquer tentativa de abusar da pessoa de Maomé, insultar os locais sagrados ou o preconceito contra fé, rejeitamos e condenamos o uso de força para aterrorizar e vitimar pessoas inocentes". O gabinete de Abushagur também reafirmou "a profunda relação entre os povos da Líbia e dos Estados Unidos, que desenvolveram relações próximas após o apoio norte-americano na Revolução de 17 de Fevereiro".[28] Muhammad Yusuf al-Magariaf, presidente do Congresso Geral Nacional Líbio lamentou "pelos Estados Unidos, pelo povo e por todo o mundo o ocorrido. Nós afirmamos que nenhum fugirá do julgamento".[29]
Ocorreram diversos protestos em Bengasi[30] e Trípoli[31] em 12 de setembro condenando a violência e reafirmando o apoio líbio a "Chris Stevens como um amigo de todos os líbios". Alguns manifestantes erguiam cartazes reafirmando sua postura contra os atos terroristas, enquanto outros elogiavam as políticas norte-americanas em nome do país. No mesmo dia, o vice-embaixador líbio em Londres declarou a Ansar al-Sharia como responsável pelos ataques.[32][33][34] Em 13 de setembro, durante reunião na sede do Departamento de Estado dos Estados Unidos em Washington, D.C., o embaixador líbio Ali Aujali desculpou-se perante Hillary Clinton por "estes ataques terroristas que aconteceram contra o consulado americano na Líbia".[35][36] O embaixador também elogiou Stevens como "um querido amigo" e "um verdadeiro herói", além de incentivar as investigações pelo governo estadunidense.
Nos dias seguintes ao ataque, o jornal The New York Times afirmou que jovens líbios haviam inundado o Twitter com mensagens de apoio aos Estados Unidos. Semelhantemente, o site de notícias ThinkProgress divulgou uma pesquisa em que a população líbia demonstrava-se mais adepta aos americanos do que aos povos vizinhos.[37] Em pesquisa de 2012, a Gallup divulgou que "54% dos líbios aprovavam a liderança dos Estados Unidos", sendo a maior taxa de aprovação recebida pelo governo estadunidense em todos os países árabes.[38] Outra pesquisa realizada no país em 2011 relatou que a população mantinha seu conservadorismo religioso enquanto apoiava a influência dos Estados Unidos em assuntos internos.[39][40]
A reação do governo líbio foi bem-recebida pelo governo estadunidense. Barack Obama enfatizou o quanto os líbios "apoiaram nossos diplomatas em questão de segurança" para o público norte-americano no dia seguinte,[41] enquanto o editorial do The New York Times criticou o governo egípcio por "não fazer o mesmo que os líbios".[42]
Em 16 de setembro, o presidente líbio Muhammad Magariaf afirmou que o ataque ao consulado estadunidense vinha sendo planejado há meses e que "a ideia de que este ato covarde e criminoso foi um protesto espontâneo é completamente infundada e absurda. Nós cremos firmemente que foi um ataque planejado e calculado especificamente contra o consulado".[43][44]
Em 12 de setembro, o presidente estadunidense Barack Obama condenou "este ataque ultrajante" durante visita às instalações diplomáticas na Líbia e afirmou que "desde nossa fundação, os Estados Unidos têm sido uma nação que respeita todas as crenças. Nós rejeitamos todos os esforços em denegrir as crenças religiosas de terceiros".[45][46][47] Em seguida referindo-se aos Ataques de 11 de Setembro, afirmou que "tropas se sacrificaram no Iraque e Afeganistão" e então "noite passada, recebemos notícias deste ataque em Bengasi".[45] Obama conclamou a população norte-americana com a seguinte frase: "Nunca nos deixem esquecer que nossa liberdade está sustentada somente porque há pessoas que querem lutar por ela, se erguer por ela e, em alguns casos, cair por ela".[45][48]
Em decorrência do ataque, a Casa Branca intensificou o esquema de segurança em todas as instalações diplomáticas do país no exterior.[49] Um esquadrão anti-terrorismo do Corpo de Fuzileiros Navais, conhecido como FAST foi enviado para a Líbia visando "ampliar a segurança".[50][51] Posteriormente, o governo norte-americano anunciou que o FBI conduziria investigações sobre o planejamento do ataque e que a vigilância sobre o país seria elevada, incluindo o uso de drones para "caçada aos terroristas".[52]
A Secretária de Estado Hillary Clinton também realizou um comunicado em 12 de setembro, descrevendo os autores do ataque como "militantes fortemente armadas" e "um pequeno e selvagem grupo (...) e não o povo ou governo líbio".[53] Clinton também reafirmou o "compromisso americano para com a tolerância religiosa" e declarou que "alguns querem justificar este comportamento perverso, assim como o protesto que ocorreu na embaixada no Cairo ontem, como respostas ao material inflamado publicado na internet".[54] O Departamento de Estado já havia classificado "a segurança das embaixadas e de suas equipes" como um grande desafio em seu relatório de orçamento e prioridades.[55][56][57]
Em 12 de setembro, a Marinha dos Estados Unidos despachou os navios USS McFaul e USS Laboon, dois contratorpedeiros da classe Arleigh Burke, para monitoramento da costa líbia.[58][59][60] Os navios são equipados com mísseis BGM-109 Tomahawk. Além da esquadra, os Estados Unidos enviaram os drones para sobrevoo do território líbio em busca de atividades terroristas.[61][62][63]
Em 18 de setembro, a Casa Branca publicou um relatório de imprensa em que descrevia o ataque: "Com base em informações prévias não vimos nenhuma evidência que sustentasse as alegações de outros de que se tratava de um ataque pré-planejado ou premeditado; que vimos evidência de que foi provocada pela reação a este vídeo. E é isso que sabemos até agora com base na evidência, evidência concreta".[64]
Em 20 de setembro, o Secretário de Imprensa Jay Carney respondeu a uma questão sobre uma audiência aberta com o Diretor do Centro Nacional Anti-terrorista, Matthew G. Olsen, que defendia o envolvimento de grupos extremistas no ataque. Segundo Carney, "é evidente que o que ocorreu em Bengasi trata-se de um ataque terrorista. Nossa embaixada foi atacada violentamente e o resultado foi a baixa de quatro funcionários americanos. Então, reafirmando, é auto-evidente".[65][66] No mesmo dia, durante uma entrevista à emissora latino-americana Univision, Obama defendeu que "a insurgência de grupos líbios após o vídeo foi usada como desculpa pelos extremistas na tentativa de ameaçar os interesses dos Estados Unidos".[67][68][69]
Paralelamente, Clinton apresentou um relatório confidencial ao Senado dos Estados Unidos, que acabou sendo criticado por membros do Partido Republicano.[70][71] De acordo com o artigo, senadores protestaram contra a recusa da Casa Branca em aprofundar os detalhes sobre o ataque ao passo que jornais de circulação internacional, como The New York Times e The Wall Street Journal, publicaram tais informações nos dias seguintes.
O filme 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi (2016) desenvolve os acontecimentos do ataque a Bengasi.[72]
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