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Argonauta (nomeados, em inglês, argonaut, paper nautilus -sing.[3][6] ou paper nautiluses -pl.;[6][7] estas duas últimas frases, na tradução para o português, significando "náutilo de papel" ou "nautiloides de papel"; embora sejam polvos verdadeiros[4][6] e não animais pertencentes à subclasse Nautiloidea.[1][4] Em portuguêsː argonauta -sing., um nome dado a cada um dos lendários heróis gregos que viajaram na mitológica nau Argo em busca do velocino de ouro)[5][8][9] é um gênero de moluscos cefalópodes pelágicos marinhos de distribuição cosmopolita em mares tropicais e subtropicais,[2][3][5][10][11] classificado por Carolus Linnaeus, em 1758,[1] no seu Systema Naturae, ao descrever sua espécie mais conhecida: Argonauta argo, que também habita o mar Mediterrâneo.[9][12] É o único gênero (táxon monotípico) pertencente à família Argonautidae (popularmente conhecidos como argonautídeos -pl.) da ordem Octopoda, na subclasse Coleoidea (polvos, lulas e chocos), contendo quatro espécies extantes.[1][4][8][9]
Argonauta | |||||||||||||||
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Uma ilustração da fêmea do molusco Argonauta argo, publicada em 1896 na monografia I Cefalopodi viventi nel Golfo di Napoli, por Comingio Merculiano. | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Espécie-tipo | |||||||||||||||
Argonauta argo Linnaeus, 1758[1] | |||||||||||||||
Espécies | |||||||||||||||
Argonauta não produz conchas verdadeiras,[7][13] sendo um gênero com grande dimorfismo sexual e dotado de duas fileiras de ventosas em seus tentáculosː suas fêmeas, cerca de oito vezes maiores e bem mais pesadas que os machos, confeccionam uma concha branca ou castanha de ampla abertura; fina, frágil, translúcida, de calcita semelhante ao pergaminho e comprimida lateralmente, feita com dois de seus tentáculos, de abas membranosas, e que serve principalmente como proteção e como um invólucro para seus ovos, tanto que são capazes de abandoná-las; tais conchas podendo ter uma dobra para fora, formando um tipo de "orelha" e podendo alcançar até os 30 centímetros de comprimento;[2][3][5][6][11][14] não tendo estas a mesma origem que a concha de outros moluscos (não sendo produzidas por seu manto),[7][11] por vezes sendo dotadas de uma dupla fila de tubérculos em sua superfície ondulada e altamente variável.[4][5] Aparecendo ocasionalmente pelas praias, em encalhes maciços e periódicos,[4] as suas conchas ainda servem como um tanque de lastroː o argonauta sobe à superfície da água, engole ar com sua concha e, depois, o sela em seu interior; mergulhando em seguida até que a bolha de ar, nela presa, neutralize o peso de seu corpo. Ele então pode nadar sem ter que gastar energia para manter a sua posição na coluna de água.[6] No oceano são encontrados geralmente unidos às medusas.[11] O macho do Argonauta difere da fêmea por sua menor dimensão, por prescindir de concha e por um tentáculo de maior comprimento,[5] denominado hectocótilo[10] e cuja função é fecundar a fêmea.[9] Tal estrutura contém os espermatozoides, é liberada e permanece dentro da fêmea; sua denominação técnica dada pelo naturalista Georges Cuvier, que documentou pela primeira vez a presença de um hectocótilo em uma fêmea e pensou que se tratava de um verme parasita, por ele denominado Hectocotyle octopodis, em 1829.[4][6][10] Machos já foram relatados vivendo dentro das salpas.[11]
Em 300 a.C., o filósofo Aristóteles já sugerira que a fêmea desse polvo usasse a sua concha como barco, flutuando na superfície do oceano e usando os seus tentáculos como remos e velas. Apesar da total falta de evidências para esta "hipótese da navegação", ela fora defendida por Júlio Verne, centenas de anos depois, escrevendo sobre a navegação dos argonautas em seu romance de 1887, Vinte Mil Léguas Submarinas. Apenas após 1923 e pelo trabalho de Adolf Naef é que se soube que tal estrutura não era uma espécie de barco, mas um recipiente de ovos.[15] Antes, no século XIX, uma mulher, costureira e bióloga autodidata cujo nome era Jeanne Villepreux-Power, se concentrou no estudo dos argonautas e descobriu a verdadeira função de sua concha e tentáculos modificados.[14][16] O agrônomo Eurico Santos, divulgador da fauna do Brasil,[17] também erra ao citar que nada lhe falta ao símile de embarcação, pois o argonauta só difere dos outros polvos porque, dos oito braços que lhe cercam a cabeça, dois deles formam palhetas ovais nas extremidades e que, levantando aos céus aquelas duas "velas", lá se vão sobre a doçura das brisas com a sua concha que é uma verdadeira embarcação que lhe permite navegar sobre a superfície das águas.[5] O Dicionário Aurélio cita a fêmea "tendo também dois braços com dilatação apical que lhe serve de vela para locomoção".[9] Estas conchas têm uma longa história e suas ilustrações adornam artefatos que remontam à Civilização Minoica ou aparecem nas primeiras obras conquiliológicas.[7]
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