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O Arg-e Bam (em persa: ارگ بم) foi o maior edifício de adobe do mundo, localizado em Bam, cidade da província de Carmânia, no sudeste do Irã. Listado pela UNESCO como parte do Patrimônio Mundial "Bam e sua paisagem cultural". A origem dessa enorme cidadela na Rota da seda pode ser traçada desde o Império Aquemênida (séculos VI a.C. a IV a.C.). Seu auge data dos séculos sétimo a décimo primeiro por sua localização na encruzilhada de importantes rotas comerciais e conhecida pela produção de vestuário de seda e algodão.[1]
Arg-é Bam ★
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---|---|
Tipo | Cultural |
Critérios | (ii)(iii)(iv)(v) |
Referência | |
País | Bam, Irã |
Coordenadas | 29° N, 58° L |
Histórico de inscrição | |
Inscrição | 28a |
Extensão | 180,000 m2 |
★ Nome usado na lista do Património Mundial |
Todo o edifício consistia em uma grande fortaleza que englobava a cidadela, mas por conta da fascinante vista da cidadela, que representa o ponto mais alto do lugar, toda a fortaleza é conhecida como Cidadela de Bam.
Em 26 de dezembro de 2003 a Cidadela de Bam foi quase completamente destruída por um sismo, que também atingiu grande parte de Ban e seus arredores. Dias após o terremoto, o presidente do Irã, Mohammad Khatami, anunciou que a Cidadela seria reconstruída.[1]
Não há data arqueológica precisa sobre a construção da Cidadela de Bam. Entretanto, a partir de fontes históricas e textos antigos, o primeiro assentamento humano na região pôde se dar a partir da construção do forte entre 579 e 323 a.C.. Algumas das características da cidadela, como a sua construção sobre uma plataforma que combina uma colina natural e um terraço artificial foram comparadas por arqueólogos ao modelo arquemênida de Persépolis. Durante o Império Parta, o forte foi expandido e tornou-se Arg-é Bam, a Cidadela de Bam. um estudo comparativo chamado Bam and a Brief History of Urban Settlement and Planning in Iran (Bam e uma breve história de colonização e planejamento urbano no Irã) concluiu que a parte central e da cidade de Bam e sua seção governante foram construídos durante o Império Parta. Sob o Império Sassânida, a cidadela foi confiscada por Ardeshir Babakan. Novas extensões foram construídas entre os anos 224 e 637 d.C..[2]
Alguns anos mais tarde, em 645, a região da Carmãnia foi conquistada pelos Árabes e Arg-é Bam provavelmente foi danificada durante a guerra. Um dos comandantes Árabes construiu a mesquita Al Rasoul, uma das primeiras mesquitas construídas no Irã no início da Era islâmica. Em 656 os Carijitas, grupo radical muçulmano derrotado por Imame Ali, escapara para Carmânia e se instalaram na Arg-é Bam. Em 869, Iacube ibne Alaite Alçafar, que estava lutando contra o Califado Abássida, derrotou os carijitas e tomou Arg-é Bam, tornando-a sua base permanente. O nome Bam é mencionado por escritores islâmicos pela primeira vez no século X. De acordo com esses autores, Bam era um mercado bem localizado e rodeado por uma vasta área agrícola. A cidade foi famosa por seus tecidos de algodão de bom gosto, sua impenetrável cidadela, seu mercado movimentado e suas palmeiras.[2]
Depois da invasão mongol no Irã, Bam e a região da Carmânia foram entregues a dinastia Qarakhataian, que liderou entre os anos 1240 e 1363. Bam se beneficiou da localização estratégica na rota de especiarias que liga a região à rota da seda. A região era conhecida pela criação do bicho da seda e por uma florescente industria de produção de seda.[2]
Durante a dinastia Safávida (1502 - 1722), o Irã passou por um período de relativa estabilidade. Arg-é Bam e todo o restante do país sofreram um desenvolvimento considerável. Em direção ao fim do período safávida, Arg-é Bam foi conquistada pelo fundador da Dinastia Qajar, Maomé Cã Cajar, que usou a cidadela como ponto estratégico para evitar incursões afegãs e baluchas, transformando o edifício em um complexo militar. Em 1839, Agha Khan Mahalliati, fundador da seita Esmaili, levantou-se contra Mohammad Shah Qajar e se refugiou em Arg-é Bam até que o principe Mirza Firouz, que depois ficou conhecido como Farman Farma (o governante dos governantes) o prendeu. A crescente presença militar dentro dos muros da Arg-é Bam fez com que gradualmente as pessoas se estabelecessem fora dos limites das muralhas: em 1880, Firooz Mirza escreveu que apenas o pessoal militar poderia residir na área da cidadela e sugeriu que a cidade velha e abandonada assentada aso pés da cidadela fosse demolida para a construção de um jardim. Em 1900, se iniciou a construção da nova cidade de Bam e a população gradualmente migrou pra a velha Bam.[2]
A cidadela de Arg-é Bam foi usada por uma guarnição até 1932 mas aparentemente ninguém mais residia a antiga cidade aos seus pés. Arg-é Bam e a velha cidade foram então abandonadas desde 1932. Em 1953, o local passou a ser reconhecido como um patrimônio histórico nacional de grande importância. Um processo de conservação e restauro foi iniciado na região mas a maioria do trabalho só foi realizada a partir de 1973.[2]
Depois da Revolução islâmica, Arg-é Bam ficou sob a responsabilidade da Organização do Patrimônio Cultural do Irã (Iranian Cultural Heritage Organization (ICHO)).[1]
Em 1993, a cidadela foi designada como um dos projetos mais importantes da Organização do Patrimônio Cultural Nacional.[1]
O planejamento e arquitetura da cidadela são pensados a partir de diferentes pontos de vista. A partir da forma atual da cidadela pode-se notar que os planejadores do edifício previram totalidade final da Arg-é Bam e da cidade através das primeiras etapas da processo de construção. Durante cada etapa do processo de construção a parte já construída podia desfrutar o complemento completo, e cada parte adicional a ser construída poderia ser acoplada ao bloco já existente com perfeição.
A cidadela é situada no centro da fortaleza-cidade, no ponto que permite uma visão mais ampla.
Na forma arquitetônica da Cidadela de Bam existem duas partes distintas:
A parte governante na muralha mais interior, sustendo a cidadela, os quarteis, o moinho, a casa das quatro estações, o poço (cavado na terra rochosa e com cerca de 40 metros (130 pés) de profundidade), e o estábulo com capacidade para 200 cavalos.
A parte governada rodeada consiste na entrada principal de toda a fortaleza-cidade e do bazar ao longo do eixo norte-sul (que conecta a entrada principal à cidadela), e aproximadamente 400 casas com seus prédios públicos associados (como uma escola e um local desportivo).
São distinguíveis três tipos de casas diferentes:
Casas menores de 2 a 3 cômodos para as famílias mais pobres. Casas maiores com 3 a 4 cômodos, e algumas com varandas, para famílias um pouco mais abastadas. E casas mais luxuosas, e em menor número, com mais cômodos orientados em diferentes direções adequadas as diferentes estações do ano. Essas casas maiores também costumam ter área com grande campo e estábulo para os animaisda proximidade.
Todas as construções são feitas com tijolos de argila não-cozidos, ou seja, adobes. A Cidadela de Bam foi provavelmente a maior estrutura arquitetônica feita em adobe no mundo até o terremoto de 2003.
Sua estrutura foi utilizada como locação principal para as filmagens de Valerio Zurlini's em The Desert of the Tartars.[1][2]
A cidadela consiste em quatro seções principais: uma zona residencial, os estábulos, os quarteis do exército e a residência do governador.
Arg-e-Bam tinha 38 torres de vigia, quatro portões de entrada e a parede de defesa estava cercada por um fosso exterior. Os quartéis do governo estão em uma colina rochosa, protegida por um muro de fortificação dupla. As estruturas mais notáveis são o mercado, a Mesquita Congregacional, o conjunto Mirza Na'im e a Casa Mir.[1][2]
Maior que o Castelo Rayen, a área da Cidadela de Bam é de aproximadamente 180,000 metros quadrados (44 acres), e ela é rodeada por gigantescos muros de 6 a 7 metros (20-23 pés) de altura e 1,815 metros (5,955 pés) de comprimento. A cidadela possui duas das "torres permanentemente acordadas", pelas quais Bam é famosa - há mais de 67 torres espalhadas por toda a antiga Bam.[1][2]
Em 26 de dezembro de 2003 ás 5:26 da manhã do horário local, Bam foi atingida por um forte terremoto. O Geological Survey dos Estados Unidos estimou que a magnitude desse desastre natural foi de 6,6 na Escala Richter e o terremoto ainda teve uma aceleração vertical de 1G. Aproximadamente 142,000 pessoas viviam em Bam. Os abalos extremamente destrutivos chegaram a matar cerca de 26,200 pessoas, e deixou milhares de feridos e mais de 75,000 desabrigados. Aproximadamente 70% dos edifícios foi destruído. O terremoto foi tão devastador porque seu hipocentro estava localizado logo abaixo da cidade de Bam, em cerca de 7 km de profundidade.[2]
A região de Bam possui um subsolo com uma série de falhas. A principal falha geológica, conhecida como Falha de Bam, estava inativa por muito tempo. Embora o terremoto tenha sido na parte sul de Bam a maior parte da movimentação horizontal de suas ondas se direcionou de leste para oeste e foi perpendicular à direção da principal falha localizada aproximadamente a 3 km ao leste de Bam. É provável que a Falha de Bam canalizou sua energia de norte para sul, contudo, ao mesmo tempo atuou como um bumerangue, retornando sua energia de leste a oeste. Essa constatação foi perceptível nos vários locais em que os edifícios arruinados tinham seus eixos principais orientados de norte a sul (Arg-é Bam, Bam e as aldeias no leste de Bam). Dessa forma, esses edifícios não podiam suportar as ondas vindas do leste (Bam) ou oeste (vilas a leste de Bam) e perpendiculares à cidade.[2]
Os edifícios que tinham o seu eixo principal orientados de lesta para oeste estavam na mesma direção das ondas sísmicas e responderam muito melhor aos abalos. Algumas de suas partes ficaram danificadas mas não foram completamente arruinadas. Esses edifícios também apresentaram típicas fendas de cisalhamento típicas de quando o movimento do solo está na direção do plano das paredes.
As estruturas que foram mantidas e repetidamente modificadas ou expandidas ao longo dos tempos foram foram mais abaladas do que as estruturas mais antigas da cidadela que não sofreram qualquer modificação pelos séculos. O mesmo pôde ser observado nas estruturas que tiveram alguma modificação mais parcial como algum fortalecimento ou restauro durante o final do século XX.[2]
A cidadela, incluindo a residência do governador, a torre principal, o Palácio das Quetro Estações e hamame, foi quase totalmente destruída por ter sido construída no topo da colina. A colina rochosa concentrou a energia do terremoto. Os edifícios ruiram pois os alicerces estavam assentes num estrato não homogêneo, feito de pedras e terra. A terra entre as pedras desandou com a movimentação do solo. A cidade aos pés da cidadela foi quase devastada, especialmente a parte que tinha sido restaurada. A maioria dos telhados abobadados ficaram rachados devido à danificação das paredes.[2] Paradoxalmente, essa parte da cidade foi menos danificada do que a parte que tinha sido parcialmente restaurada, embora toda a muralha ao lado tenha ruído.
Na área do templo zoroástrico, os edifícios já se encontravam bastante danificados antes do teerremoto e não sofreram tanto quanto a cidade restaurada de Arg-é Bam. A Cidadela de Khale Dokhtar já não tinha muitos dos telhados abobadados. A parte mais danificada foi a torre. A Cidadela de Khale Dokhtar pode ser datada até o Império Sassânida e acredita-se que pode ser ainda anterior à Arg-é Bam.[2]
O Pavilhão de Verão Kushk Rahim Abad e um antigo caravançarai a três quilômetros a leste de Arg-é Bam não foram danificados pelo terremoto. O Pavilhão de verão já estava criticamente arruinado antes do terremoto. O antigo caravançarai estava abandonado há muito tempo e partes da construção já estavam em ruínas.[2]
Após uma fase de planeamento moroso de 2007 a 2014, a cidade foi reconstruída, concluindo-se as obras em março de 2018.[3].
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