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Governador da capitania de São Paulo, de 1797 a 1802 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
António Manuel de Melo e Castro de Mendonça (c. 1761 - 1812) foi um fidalgo e administrador colonial português, governador da capitania de São Paulo (1797 - 1802) e governador de Moçambique (1809 - 1812).
António Manuel de Melo e Castro e Mendonça | |
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14.º governador e capitão-general de São Paulo, 32.º governador de Moçambique | |
Palácio do Cunhal das Bolas em Lisboa, propriedade de António Manuel de Melo e Castro e Mendonça | |
Nascimento | 1761 |
Morte | 1812 (51 anos) |
Pai | Dinis Gregório de Melo e Castro e Mendonça, capitão-general da Ilha Terceira |
Mãe | D. Maria Rosa de Ataíde e Cunha, filha do senhor das honras de Barbosa e Ataíde |
Ocupação | Fidalgo, Estadista |
Religião | Católica |
Tomou posse do governo de São Paulo em 28 de junho de 1797,[1] tendo sido o décimo quarto capitão-general da capitania. O seu mandato estendeu-se até 28 de dezembro de 1802.[2]
Posteriormente, foi enviado pela Coroa, a partir da Corte no Rio de Janeiro, como 32.º capitão-general, ou Governador-geral de Moçambique, entre 14 de Agosto de 1809 e Agosto de 1812, tendo também sucedido a seu pai (interinamente?) no cargo de capitão-general dos Açores.
Pelo lado paterno, era oriundo da família Mello e Castro, alcaides-mores de Colares, comendadores de Fornelos na Ordem de Cristo, da qual saíram ao longo dos vários séculos da expansão portuguesa destacadas personalidades religiosas, militares, navegadores, vice-reis e governadores coloniais.
Sua mãe, D. Maria Rosa Xavier de Ataíde e Cunha[3] (nascida a 16 de abril de 1731[4]), era filha de D. António José de Ataíde Azevedo e Brito (23 de Setembro de 1688 - 1750[5]), comendador de S. Pedro de Folgosinho na Ordem de Cristo[6], senhor das Honras de Barbosa e de Ataíde e das vilas de Aguieira e Mourisca (senhorios que estavam na sua família "desde o princípio do Reino"[4]) e de sua mulher D. Ana Joaquina da Cunha e Meneses, (n. 30 de Novembro de 1710,[4] da casa dos Cunhas senhores de Tábua e irmã de D. António Álvares da Cunha, primeiro conde da Cunha e Vice-rei do Brasil de 1763 a 1767).[7]
Ele era conhecido como Pilatos, apelido já antes dado em Portugal, por brincadeira, a seu pai, Diniz Gregório de Melo e Castro de Mendonça, quando ele comprara o célebre Palácio do Cunhal das Bolas, em Lisboa, a um rico comerciante do Bairro Alto chamado localmente pelo povo de "o Pilatos". O avô materno de Diniz, bisavô de António Manuel, D. Rodrigo da Costa (filho do renomado embaixador a França, um dos Quarenta Conjurados, D. João da Costa, primeiro conde de Soure) 37º vice-rei da Índia, fora também o 31º Governador do Brasil entre 1702 e 1705.
Foi comendador de Alcaria Ruiva, na Ordem de Santiago, em sucessão a seus maiores.[8][9]
O historiador Afonso d'Escragnolle Taunay teceu elogios a Mello e Castro por muitos aspectos da forma como administrou a capitania de São Paulo. Escreveu sobre ele o historiador das monções e das bandeiras paulistas:
"Era homem de bastante cultura como demonstram as suas preocupações pela organização de estatísticas de todo o gênero para a orientação do seu governo; o enorme empenho em divulgar o emprego da vacina antivariólica...(n)o tocante à cidade de São Paulo tornou-se notada a sua preocupação pelo reforço e melhoria do abastecimento de água, o estabelecimento de feiras no bairro da Luz, as chamadas feiras de Pilatos, segundo a alcunha que lhe haviam posto."[10]
Antônio de Mello e Castro foi escolhido governador por influência do ministro e secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, D. Rodrigo de Sousa Coutinho (primeiro conde de Linhares). Deu grande atenção à economia e também à demografia de São Paulo, tendo nomeadamente orientado a elaboração de 24 mapas com dados minuciosos sobre a população da capitania no ano de 1800. Os mapas demográficos referem-se a nascimentos, casamentos e óbitos. Os demais mapas tratam da exportação e importação da capitania, comparação de preços unitários dos gêneros exportados e importados, a navegação transatlântica a partir do porto de Santos, o movimento dos portos e dos registos. Tudo isso foi remetido a D. Rodrigo no dia 22 de Abril de 1802, junto com um ofício no qual o capitão general dava azo ao seu otimismo e antevia o futuro de São Paulo: “graças ao excesso da exportação sobre a importação, marchava a capitania para um estado de considerável opulência”.
Melo e Castro foi também autor de 5 memórias, publicadas sob o título de "Memórias do Governador António Manuel de Melo e Castro e Mendonça" (São Paulo, 1799). Igualmente endereçadas a D. Rodrigo de Sousa Coutinho, as Memórias tratam das dificuldades encontradas no exercício da administração colonial, especialmente na relação com as elites locais, sintetizando a complexidade da governança portuguesa no ultramar em fins do século XVIII; os textos originais das Memórias estão no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.[11]
No ano seguinte, o governador submeteu à apreciação de Sousa Coutinho uma "Memória Econômico Política da Capitania de São Paulo", trabalho que ele apresentava como sendo "o mais interessante serviço que ainda se fez até o presente sobre um variado objeto nesta capitania". Nesse texto, o autor traçava um panorama completo do estado econômico da capitania nos 3 anos decorridos do seu governo e ainda expunha as razões que o tinham levado a alterar a política do seu antecessor de centralizar o comércio da capitania no porto de Santos.[12]
Essa mudança de orientação política empreendida pelo governador beneficiou algumas regiões de São Paulo, nomeadamente as vilas localizadas no Vale do Paraíba, onde se revelou vantajosa a política de Antônio de Melo e Castro de restabelecer a liberdade de comércio marítimo para todos os portos paulistas. A agricultura do litoral, como também a de toda a área ao longo do caminho para o Rio de Janeiro passou assim a poder aproveitar-se dos portos da costa norte e de Parati para exportar os seus produtos.[13]
Não admira assim que as câmaras das vilas do Vale do Paraíba tenham transmitido á coroa portuguesa o desejo de prorrogação do governo de Melo e Castro, nomeadamente em carta dos oficiais da câmara da vila de São Sebastião dirigida ao príncipe regente D. João em 18 de abril de 1801[14]. É que a localização geográfica desta região fazia com que fosse mais fácil aos seus comerciantes vender produtos através dos portos de Ubatuba e de São Sebastião, do que através do porto de Santos.
Apesar destes pedidos, não seria normal que a coroa prorrogasse por muito mais tempo o mandato de Melo e Castro e o governador acabou por ser substituído em 28 de dezembro de 1802. Deixou entretanto para o seu sucessor uma Memória[15] em que realçava a importância da liberdade de comércio para o desenvolvimento da capitania e lembrava que a restrição a esse princípio durante o governo do seu predecessor tinha resultado "na decadência das mencionadas vilas de São Sebastião e Ubatuba".
Não deixou geração, passando a herança e a representação da sua casa para seu irmão mais novo, Francisco Manuel Bernardo de Melo e Castro e Mendonça, que casou em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel, em 16.07.1805, com sua prima Leonor de Ataíde e Azevedo Pontes, filha de Joaquim António de Pontes e de Maria da Piedade Xavier de Ataíde (neta por via materna de D. António José de Ataíde, senhor das honras de Barbosa e Ataíde, acima referido).
Deste casamento nasceu uma filha, Maria Rosa Xavier de Melo e Castro Ataíde Costa Mendonça e Sousa (Rio de Janeiro, 31.01.1811 - Lisboa, 28.01.1884) que casou em Lisboa, em 03.02.1830, com D. Pedro José de Mello da Cunha de Mendonça e Menezes (Lisboa, 18.03.1810 - Alverca, 28.05.1866), filho segundogênito do 2.º marquês de Olhão, com a seguinte descendência:
16. António de Melo e Castro, 29.º vice-rei da Índia | ||||||||||||||||
8. Dinis de Melo e Castro, capitão das naus da Índia | ||||||||||||||||
17. Ana de Castro, filha do 2.º copeiro-mór do reino | ||||||||||||||||
4. António Caetano de Melo e Castro, alcaide-mór de Colares | ||||||||||||||||
18. Pedro Cabral de Lacerda | ||||||||||||||||
9. Violante Francisca Casimira de Mendonça | ||||||||||||||||
19. Joana Henriques de Mendonça | ||||||||||||||||
2. Dinis Gregório de Melo e Castro e Mendonça, capitão-general da Ilha Terceira | ||||||||||||||||
20. D. João da Costa, 1.º Conde de Soure | ||||||||||||||||
10. D. Rodrigo da Costa, 37.º vice-rei da Índia e 31.º Governador do Brasil | ||||||||||||||||
21. D. Francisca de Noronha, 1.ª Marquesa de Soure | ||||||||||||||||
5. D. Maria Francisca Bonifácia de Noronha | ||||||||||||||||
22. Manuel de Melo, porteiro-mór, grão-prior do Crato | ||||||||||||||||
11. Leonor Josefa de Vilhena | ||||||||||||||||
23. Francisca de Vilhena, filha do morgado do Alcube | ||||||||||||||||
1. António Manuel de Melo e Castro e Mendonça | ||||||||||||||||
24. D. Francisco de Azevedo e Ataíde, senhor de Barbosa e Ataíde | ||||||||||||||||
12. D. António de Azevedo e Ataíde | ||||||||||||||||
25. D. Maria de Brito e Alcáçova, herdeira do morgadio de Valbom | ||||||||||||||||
6. D. António José de Ataíde Azevedo e Brito, senhor das honras de Barbosa e Ataíde | ||||||||||||||||
26. Agostinho da Silva, cavaleiro da Ordem de Santiago | ||||||||||||||||
13. Teresa da Silva | ||||||||||||||||
27. Mariana da Conceição | ||||||||||||||||
3. D. Maria Rosa Xavier de Ataíde | ||||||||||||||||
28. D. António Álvares da Cunha, 17.º senhor de Tábua, guarda-mór da Torre do Tombo | ||||||||||||||||
14. D. Pedro Álvares da Cunha, 18.º senhor de Tábua | ||||||||||||||||
29. D. Maria Manoel de Vilhena (irmã do 1.º Conde de Vila Flor) | ||||||||||||||||
7. D. Ana Joaquina da Cunha e Meneses | ||||||||||||||||
30. D. António de Meneses, alcaide-mór de Sintra | ||||||||||||||||
15. D. Maria Teresa de Vilhena | ||||||||||||||||
31. Maria Vicência de Vilhena, filha do 1.º Visconde de Fonte Arcada | ||||||||||||||||
Precedido por Bernardo José de Lorena |
Governador de São Paulo 1797 — 1802 |
Sucedido por António José da Franca e Horta |
Precedido por Junta administrativa provisória |
Governador de Moçambique 1809 — 1812 |
Sucedido por Marcos Caetano de Abreu e Meneses |
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