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perturbação alimentar caracterizada por peso inferior ao normal, receio de ganhar peso, uma vontade intensa de ser magro e restrições alimentares Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Anorexia nervosa, muitas vezes referida simplesmente como anorexia,[1] é um distúrbio alimentar caracterizado por peso abaixo do normal, receio de ganhar peso, uma vontade intensa de ser magro e restrições alimentares.[2] Muitas pessoas com anorexia veem-se a si próprias com sobrepeso, apesar de na realidade apresentarem baixo peso.[2][3] Ao serem confrontadas, geralmente negam existir um problema de baixo peso.[4] Em muitos casos pesam-se frequentemente, ingerem pequenas quantidades de alimentos e comem apenas determinados alimentos.[2] Algumas realizam exercício de forma excessiva, forçam o vómito ou ingerem laxantes para perder peso. Entre as complicações da doença estão, entre outras, osteoporose, infertilidade e problemas cardíacos..[2] As mulheres muitas vezes deixam de ter períodos menstruais.[4]
Anorexia nervosa | |
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Retrato de uma mulher em 1866 e 1870, antes e após o tratamento. Este é um dos primeiros casos publicados de anorexia nervosa. | |
Especialidade | psiquiatria, psicologia clínica |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F50.0-F50.1 |
CID-9 | 307.1 |
CID-11 | 263852475 |
OMIM | 606788 |
DiseasesDB | 749 |
MedlinePlus | 000362 |
eMedicine | [http://www.emedicine.com/med/topic144.htm med/144-overview med/144] |
MeSH | D000856 |
Leia o aviso médico |
A causa é desconhecida. Alguns componentes genéticos podem ter um papel na doença,[3] assim como fatores culturais, uma vez que a prevalência da doença é maior em sociedades que valorizam a magreza.[4] Ocorre ainda com maior frequência entre pessoas envolvidas em atividades que valorizam a magreza, como entre atletas de competição de alto nível, modelos e dançarinos.[4][5] A anorexia tem muitas vezes início na sequência de uma alteração significativa na vida ou de um evento que induza stresse. O diagnóstico da doença requer um peso significativamente baixo. A gravidade tem por base o índice de massa corporal (IMC). Os adultos com anorexia leve apresentam um IMC superior a 17, com anorexia moderada um IMC entre 16 e 17, com anorexia grave um IMC entre 15 e 16 e com anorexia crítica um IMC inferior a 15. Em crianças é muitas vezes usado um IMC inferior ao percentil 5.[4]
O tratamento da anorexia consiste em devolver à pessoa um peso saudável, no tratamento dos problemas psicológicos que lhe estiveram na origem e em fazer face aos comportamentos que promovem o problema. Embora os medicamentos não ajudem a ganhar peso, podem ser usados para tratar a ansiedade ou depressão associados à doença.[2] Alguns tipos de psicoterapia podem ser úteis, incluindo abordagem de Maudsley e terapia cognitivo-comportamental.[2][6] Por vezes é necessário dar entrada no hospital para recuperar o peso.[7] As evidências dos benefícios do uso de sonda nasogástrica são ainda pouco claros.[8] Enquanto algumas pessoas apresentam apenas um único episódio e recuperam, outras podem apresentar vários episódios de anorexia ao longo dos anos. Muitas das complicações melhoram ou resolvem-se ao recuperar o peso normal.[7]
Estima-se que em 2013 a anorexia afetasse dois milhões de pessoas.[9] Em países ocidentais, estima-se que afete 0,9% – 4,3% das mulheres e 0,2% – 0,3% dos homens em algum momento da vida.[10] Em cada ano são afetadas 0,4% das mulheres jovens, sendo dez vezes menos comum em homens.[4][10] Os dados nos países em desenvolvimento são pouco claros.[4] A anorexia tem geralmente início durante a adolescência ou na fase de jovem adulto.[2] Não é ainda claro se o aumento de diagnósticos durante o século XX se deveu a um aumento da frequência ou se se deve simplesmente ao melhor diagnóstico.[3] Em 2013, a doença foi responsável pela morte de 600 pessoas em todo o mundo, um aumento em relação Às 400 em 1990.[11] Os distúrbios alimentares também aumentam o risco de morte por várias outras causas, incluindo suicídio.[2][10] Cerca de 5% das pessoas com anorexia morrem de complicações num prazo de dez anos.[4] O termo "anorexia" foi usado pela primeira vez por William Gull em 1873.[12]
Os sintomas mais frequentes são:
Outros possíveis sintomas incluem:
No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de autoimagem, dismorfia, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying.
Tem sido enfatizada, em debates populares, a importância da mídia para o desenvolvimento de desordens como anorexia e bulimia, por alegadamente promover ela uma identificação da beleza com padrões físicos de magreza acentuada. Qualquer papel a ser exercido pela cultura de massa na promoção dessas desordens, no entanto, está ainda para ser demonstrado. Na busca da etiologia de perturbações da saúde mental, inclusive da anorexia nervosa, comumente são procuradas causas de ordem intrapsíquico, ambiental e genético.
Até agora, os seguintes fatos têm emergido na busca das causas desse transtorno:
Causas genéticas:
Características sociopsíquicas de anoréxicas:
Uma pessoa anoréxica não pode ser, ao mesmo tempo, bulímica.[15] O diagnóstico de um anula o outro, embora seja possível que uma pessoa com antigo quadro anoréxico venha a desenvolver um quadro posterior de bulimia. A anorexia está mais associada a traços ansiosos e obsessivos como perfeccionismo, enquanto a bulimia está associada a traços depressivos e baixa autoestima.[16]
Em Portugal, a prevalência foi de 4 em cada 1000 habitantes (0,4%), sendo mais comum aos 19 anos, mas com 12,5% da população apresentando mais de dois sintomas de anorexia e 7% possuindo uma autoimagem corporal distorcida. Esse índice é menor que de outros países desenvolvidos, mas ainda bastante sério pelo alto risco de mortalidade (5 a 20%) desse transtorno.[17]
Durante os exames é importante descartar primeiro outras possíveis causas para perda de peso, como problemas endócrinos, intestinais ou outros transtornos psicológicos. Dentre os exames usados para diagnosticar a anorexia estão[18]:
Além disso existem testes psicológicos associados a entrevistas com um psicólogo para identificar o caso e os transtornos associados.
Deve-se ter duas vertentes, a não farmacológica e a farmacológica. Entretanto deve-se ter em mente a importância de uma relação médico-paciente satisfatória,uma vez que a negação pelo paciente é muitas vezes presente. Dependendo da gravidade do paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem definido são fundamentais.
Medicamentos usados no tratamento da depressão e da ansiedade como fluoxetina e topiramato tem mostrado resultados moderados em transtornos alimentares, provavelmente por tratar os pensamentos obsessivos e compulsivos, baixa autoestima, instabilidade e estresse que frequentemente estão associados ao quadro de anorexia. Outra opção é a olanzapina, remédio para transtorno bipolar pelo seu efeito como estabilizante de humor. [20]
Em relação a abordagem farmacológico tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a multicausalidade da doença e a resistência dos pacientes. Dessa forma, é importante uma abordagem multidisciplinar, apoio da família e aderência do paciente. É comum os pacientes abandonarem os medicamentos que os façam reter líquidos e/ou aumentem o apetite, e esses são efeitos colaterais possíveis para grande parte dos remédios psiquiátricos. Antidepressivos e estabilizantes de humor podem também ter o efeito contrário, causando perda do apetite e de massa corporal, agravando ainda mais a anorexia ao invés de ajudar.
Mesmo sendo o tratamento medicamentoso da anorexia nervosa pouco eficiente, continua sendo útil para tratar os sintomas relacionados (ansiedade, pensamentos obsessivos e mau humor) e para prevenir recaídas.[21]
Dentre as psicoterapias mais eficientes estão a terapia cognitivo comportamental[22][23][24] e psicoterapia familiar.[25][26]
Mesmo com tratamento, cerca de 30% dos pacientes voltam a desenvolver anorexia em menos de 5 anos. Mesmo nesses casos o tratamento é útil para melhorar a saúde geral de 76% dos pacientes.[27] Em 42 pesquisas, cerca de 6% dos pacientes com anorexia morreram antes da conclusão dos estudos em decorrência de problemas relacionados ao o desequilíbrio na quantidade de eletrólitos em sangue (sódio, potássio, cloro e cálcio) e nas células, causando arritmias cardíacas. [28]
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