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A análise financeira refere-se à avaliação ou estudo da viabilidade, estabilidade e capacidade de lucro de um negócio ou projeto. Engloba um conjunto de instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de uma empresa, assim como prognósticos sobre o seu desempenho futuro.
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Para que o analista possa verificar a situação econômico-financeira de uma empresa, é fundamental o recurso a alguns indicadores. Os mais utilizados são aqueles que assumem a forma de rácios. Estes apresentam uma vantagem, não só de tornar mais precisa a informação, como também de facilitar comparações, quer para a mesma empresa, ao longo de um certo período de tempo, quer entre empresas distintas, num mesmo referencial de tempo. Contudo, convém salientar que os rácios apenas constituem um instrumento de análise. Esse instrumento deve ser complementado por outros tantos. Com efeito, a análise de indicadores fornece apenas alguns indícios que o analista deverá procurar confirmar através do recurso a outras técnicas.
“ | A técnica estabelecida pelos analistas financeiros consiste em estabelecer relações entre contas e agrupamentos de contas do Balanço e de Demonstração de resultados entre outras grandezas económico–financeiras". | ” |
A análise financeira é, assim, a capacidade de avaliar a rentabilidade das empresas, tendo em vista, em função das condições actuais e futuras, verificar se os capitais investidos são remunerados e reembolsados de modo a que as receitas superem as despesas de investimento e de funcionamento.
De forma a alcançar a sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela empresa, a avaliação e interpretação da situação económico-financeira de uma empresa centra-se nas seguintes questões fundamentais:
O recurso à análise financeira é extremamente importante para as diversas partes interessadas numa boa gestão empresarial, sendo que essas partes interessadas são gestores, credores, trabalhadores e as respectivas organizações, Estado, investidores e clientes.
Cada grupo ou indivíduo tem diferentes interesses, por isso fazem a análise financeira mais adequada aos objetivos pretendidos. Apesar desses objetivos poderem ser diferentes, as técnicas utilizadas baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto de informações econômico-financeiras:
A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar o desempenho econômico-financeiro das empresas ao longo do tempo. Constituem assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se-ão nos aspectos qualitativos da gestão.
Nos anos 80, dá-se uma revolução financeira, marcada pelo aumento dos riscos financeiros a que as empresas estavam expostas, pela crescente importância das emissões de títulos no financiamento das empresas e pela consequente relevância quer da gestão de tesouraria, quer das variáveis financeiras. A implicação desta revolução foi o aumento do número de entidades que emitem pareceres sobre a situação financeira das empresas, não estando já este papel reservado apenas aos bancos, aparecendo aí os auditores e suas empresas de auditoria.
Esta evolução foi acompanhada de alterações na gestão das empresas, no sentido de questionar os tradicionais instrumentos de análise financeira (como os rácios ou o fundo de maneio), não para os inviabilizar mas antes para os enriquecer. A medida que a Análise Financeira evolui, torna-se assim cada vez mais claro que não se trata de uma ciência exata e que não há uma forma única de analisar a saúde financeira de uma empresa.
O diagnóstico da situação financeira de uma empresa pode surgir de uma necessidade interna ou externa. Um diagnóstico interno pode ser necessário para tomar decisões de gestão, utilizando a análise financeira como um instrumento de previsão no âmbito de planos de financiamento e investimento ou para o controle interno (acompanhamento da atividade e comparação entre as previsões e a performance real). Pode também servir um objetivo informacional, usando a informação financeira como instrumento de comunicação interna ou como elemento de relações sociais na empresa. A análise financeira quando a serviço do Estado visa auditar a centralização do poder bancário permitido ilicitamente pelo governo a fim de estabilizar o mercado de commodities essenciais.[1][2][3][4][5][6][7]
Quanto ao diagnóstico externo, surge como instrumento de decisão para entidades externas com influência junto da empresa, tais como bancos, investidores institucionais, governos, fornecedores e clientes. O diagnóstico externo surge também como ferramenta de comunicação com os investidores, o público, os media, as agências de rating e as entidades que elaboram estudos estatísticos financeiros. Os bancos e casas de investimento publicam ou comercializam a sua análise financeira de empresas, com base nas qual divulgam recomendações de investimento. A evidência sobre a capacidade de previsão destas recomendações não é sólida.[8]
Os dados utilizados para calcular os rácios são na sua grande maioria retirados dos principais documentos financeiros das empresas, já mencionados anteriormente.
Documento contabilístico que expressa a situação patrimonial de uma empresa num determinado momento (geralmente um trimestre, semestre ou ano). Este documento permite comparar o ativo (bens que a empresa possui assim como o dinheiro que tem e as dívidas de terceiros), com o passivo ou capital alheio (o que a empresa deve a terceiros, quer seja empréstimos bancários, responsabilidades para com o Estado, dívidas a fornecedores, etc.). A diferença entre o que tem e o que deve é designada de Situação líquida (composta pelo Capital que foi usado para criar a empresa, pelo acumular de resultados positivos ou negativos ao longo dos anos de funcionamento da empresa, e por eventuais reavaliações de componentes do ativo).
Num Balanço, o Ativo é igual à soma do Capital de Terceiro com a Situação líquida, ou seja, o Capital Alheio (Passivo) e a Situação líquida (Capitais próprios) financiam o Ativo, logo:
Ativo = Capital de Terceiro + Situação líquida
Devido às empresas se financiarem com Capitais Próprios e Alheios, o Ativo, normalmente, é maior que o Capital Alheio. Caso não se verifique, ou seja, sempre que o Ativo for inferior ao Passivo (valor do Capital Próprio vai ser negativo), existe falência ou insolvência técnica da empresa.
Numa óptica financeira, o ativo corresponde às aplicações de fundos ou investimento. Estes bens e direitos da empresa são financiados quer por capitais próprios, quer por capitais alheios. Por isso, também se designa o 2° membro do balanço como origens de fundos ou financiamento.
O total das aplicações de fundos iguala, a todo o momento, o total das origens de fundos, podendo enunciar-se a equação fundamental da contabilidade da seguinte forma:
Evidencia a formação de resultados num certo período (entre dois balanços), avalia a situação econômica da empresa.
Esta formação de resultados evidencia-se pela síntese dos custos e proveitos em grupos homogêneos, sendo que:
Resultados = Proveitos – Custos
Proveitos > Custos = Resultado Positivo (Lucro) Proveitos < Custos = Resultado Negativo (Prejuízo)
De acordo com o POC existem duas formas de elaboração da demonstração de resultados:
Agrega os proveitos e os custos em grupos homogêneos, consoante a sua natureza.
Resultados Operacionais = Proveitos Operacionais - Custos Operacionais
Resultados Financeiros = Proveitos Financeiros - Custos Financeiros
É de salientar que existe uma distinção nítida entre resultados operacionais e resultados financeiros. Nos resultados operacionais integram-se os proveitos e custos respeitantes à exploração, enquanto que nos resultados financeiros consideram-se os proveitos de aplicações de capital e os custos dos financiamentos, assim como ganhos ou perdas resultantes de aplicações financeiras.
Resultados Correntes = Resultados Operacionais + Resultados Financeiros
Resultados Extraordinários = Proveitos e Ganhos Extraordinários - Custos e Perdas Extraordinários
Resultado antes de Impostos = Resultados Correntes + Resultados Extraordinários
Por fim, temos então o Resultado Líquido do exercício:
Resultado Líquido do exercício = Resultado antes dos Impostos - Imposto sobre o Rendimento Extraordinário
A demonstração de fluxos de caixa deve relatar os movimentos de caixa durante o período, classificados por actividades operacionais, de investimento e de financiamento, de forma a proporcionar informação que permita aos utentes das demonstrações financeiras determinar o impacto dessas actividades na posição financeira da empresa e nas quantias de caixa e seus equivalentes.
Pode-se dizer que cada um destes itens dá-nos a respectiva comparação:
Devido ao carácter sintético dos documentos contabilísticos referidos, estes não respondem por inteiro às exigências da análise financeira. Resumindo, temos como principais limitações dos documentos contabilísticos, os seguintes aspectos:
São também utilizados dados externos como:
Os rácios são fundamentais para o conhecimento da situação e evolução economico-financeira de uma empresa ao longo do tempo, servem também para perceber a sua evolução futura. Existem muitos rácios que podem ser calculados mas só interessa calcular aqueles que tenham interesse para a análise pretendida, só assim é que terão sentido e serão úteis.
A utilidade dos rácios na análise da situação das empresas faz-se sentir através da comparação com rácios calculados nos anos anteriores e rácios de empresas similares.
Para os analistas é importante saberem escolher bem os rácios que satisfaçam os objectivos da análise que pretendem fazer.
Os principais utilizadores e interessados dos rácios na análise financeira são:
Os rácios são uma forma de observar aritmeticamente as relações entre os diversos valores extraídos dos documentos financeiros e são de extrema importância para análise da situação das empresas. No entanto, devem ser utilizados com o máximo de cuidado, pois podem levar a conclusões erradas.
A correlação entre diferentes rácios podem determinar se a informação fornecida é a mesma, evitando que se calculem e analisem rácios de forma duplicada. Por outro lado, quando não há correlação entre rácios, pode obter-se informação adicional, se forem analisados ambos os indicadores. Habitualmente, os valores de balanço são utilizados nos rácio financeiros e os de demonstração de resultados nos rácios económicos.
A análise financeira estática baseia-se na informação que consta no Balanço, apresentando uma apreciação de:
A análise financeira estática consiste em estabelecer relações entre conta e agrupamento de contas do Balanço, da Demonstração de Resultados e da Demonstração dos Fluxos de Caixa, ou ainda entre outras grandezas económico-financeiras. Estas relações têm várias designações, tais como rácios, índices, coeficiente, indicadores, etc.
Conforme refere o POC, as demonstrações financeiras devem proporcionar informação acerca da posição financeira, das alterações desta e dos resultados das operações, para que sejam úteis a investidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente, concederem crédito e tomarem outras decisões, e contribuam assim para o funcionamento eficiente dos mercados de Capitais. A informação deve ser compreensível para aqueles que a desejam analisar e avaliar, ajudando-os a identificar a eficiência da gestão de recursos económicos. São os administradores/ gerências que têm a responsabilidade pela preparação da informação financeira. A qualidade essencial da informação proporcionada pelas Demonstrações Financeiras é a de que seja compreensível aos utilizadores e deve satisfazer as seguintes características:
Estas características resultam da aplicação de conceitos, princípios e normas contabilísticas adequados. Se assim for, as demonstração financeiras evidenciarão uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e do resultado das operações da empresa.
O conceito de fundo de maneio pode referir-se a diversos indicadores, pelo que é usual recorrer-se ao conceito de fundo de maneio líquido ou permanente. Sendo o fundo de maneio bruto igual ao activo circulante (existências + créditos + disponibilidades), o fundo de maneio líquido é dado pela diferença entre o activo circulante e os débitos de curto prazo.
O fundo de maneio líquido pode ser interpretado de duas formas:
Um fundo de maneio líquido negativo ou nulo é indicador de problemas de solvabilidade.
Podemos ainda definir o fundo de maneio próprio como os capitais próprios deduzidos do activo imobilizado líquido. Outra forma de calcular o fundo de maneio próprio é como a diferença entre o fundo de maneio líquido e os débitos de médio e longo prazo.
A existência de fundo da maneio (fundo de maneio positivo) pode, exprimir uma margem de segurança (liquidez aparentemente excessiva) pois, uma determinada parcela dos capitais permanentes, caracterizada por um grau de exigibilidade de médio e longo prazo, financia um certo montante do capital circulante total, cujo grau de liquidez é de curto prazo.
O conceito de fundo de maneio aparece, então, associado ao grau de liquidez das aplicações de fundos e ao grau de exigibilidade das origens de fundos.
Em termos gerais, o que a regra de ouro da gestão financeira nos diz é que "os capitais utilizados pela empresa no financiamento dos seus activos devem ter uma maturidade (período em que estão ao dispor) igual ou superior à vida económica destes".[9] Em termos numéricos, esta regra implica que o activo imobilizado deve ser igual aos capitais permanentes ou que o activo circulante deve ser igual aos débitos de curto prazo.
A relação fundamental de tesouraria diz-nos que:
Tesouraria = Aplicações de tesouraria – Origens de tesouraria = Fundo de maneio líquido – Necessidades em fundo de maneio = Tesouraria Activa - Tesouraria Passiva
Sendo as Necessidades em fundo de maneio calculadas pela diferença entre as necessidades cíclicas (existências, mercadorias e matérias, clientes c/c) e os recursos cíclicos (dívidas a terceiros a curto prazo relacionadas com exploração).
No que diz respeito ao equilíbrio financeiro, é desejável que a Tesouraria apresente sinal positivo, ou seja, que o fundo de maneio líquido é mais que suficiente para financiar o ciclo de exploração.
Uma Tesouraria cujo valor é bastante positivo, poderá ser sinónimo de existência de demasiado capital ocioso, ou seja, recursos financeiros disponíveis e não aplicados de forma eficiente, perdendo-se, assim, oportunidades de capitalização que poderão ser significativas.
Por oposição, uma Tesouraria cujo valor apresenta sinal negativo, é sinónimo de preocupação, pois a empresa poderá correr risco de crédito.
A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar o desempenho económico-financeiro das empresas ao longo do tempo.
Constituem assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se-ão nos aspectos qualitativos da gestão.
Os rácios financeiros contêm, como qualquer instrumento de medida, vantagens e inconvenientes.
No que concerne às vantagens dos rácios, estas podem sintetizar-se em:
Quanto às desvantagens podemos resumi-las em:
A análise financeira através de rácios só tem sentido se existir uma base de comparação. Para tal, uma fonte de informação são as centrais de balanços (tais como Dun & Bradstreet, Banco Português do Atlântico e Banco de Portugal), bem como a informação publicada pelas associações de indústria e comércio.
Outra fonte possível, são os relatórios de contas das empresas concorrentes. Podem construir-se inúmeros rácios, mas a sua utilização vai depender sobretudo dos objectivos de análise: qual a natureza dos fenómenos que se pretende medir ou revelar, quais as fontes de informação que se vão utilizar, etc.
Apesar de se poderem construir inúmeros rácios, a sua utilização depende dos objectivos da análise: qual a natureza dos fenómenos que pretende revelar ou medir, quais as fontes de informação utilizadas, etc.
Quanto aos fenómenos a revelar, estes podem ser rácios financeiros, económico-financeiros, técnicos e de funcionamento.
Rácios de Rendibilidade Chama-se rácio de rendibilidade ao indicador (expresso em %) da relação entre o resultado (lucro ou prejuízo) e as vendas ou uma grandeza de capital. Podem ter - se assim vários indicadores de rendibilidade. Numa empresa, a rendibilidade toma três dimensões distintas segundo os objectivos da análise: rendibilidade comercial, rendibilidade económica e rendibilidade financeira.
Rendibilidade comercial Está estreitamente relacionada com a política de preços da empresa e a margem bruta que esta reserva sobre o preço de custo das mercadorias vendidas. É o Rácio que analisa a relação entre os resultados e as vendas. Consoante o tipo de numerador, assim se tem uma diferente noção de rendibilidade das vendas.
A Rendibilidade operacional das vendas É independente da política financeira adoptada pela empresa (antes de encargos financeiros) e a incidência fiscal resultante da sua política de investimento (dotações às amortizações), dependendo evidentemente, do sector de actividade em causa e do grau de integração vertical do ciclo de produção.
Rendibilidade líquida das vendas Obtém-se a partir da margem líquida obtida pela empresa após a dedução de todos os encargos.
Rendibilidade financeira A rendibilidade dos capitais próprios analisa a remuneração que eles geram. Este rácio pode considerar-se o mais importante em finanças empresariais. Mede a rentabilidade absoluta entregue aos accionistas. Um bom número traz êxito ao negócio, tornando fácil atrair novos fundos que permitirão à empresa crescer, havendo condições favoráveis de mercado, e isso, por sua vez, conduz a maiores proveitos. É a medida de eficiência privilegiada dos accionistas e investidores.
Rendibilidade Económica Caso se queira analisar a rendibilidade, separadamente das decisões financeiras, tem de se recorrer ao rácio Rendibilidade do Activo, que é um rácio de avaliação do desempenho dos capitais totais investidos na empresa, independentemente da sua origem (próprios ou alheios): A rendibilidade do investimento total permite avaliar a eficácia da aplicação de capital na operação. Este é o melhor indicador para comparações entre empresas. Pode ainda ser comparado com o custo do capital alheio, podendo concluir-se se o endividamento pesa favorável ou desfavoravelmente na rendibilidade dos capitais próprios. É um rácio que de avaliação do desempenho dos capitais totais investidos na empresa.
Rácios de Funcionamento Os rácios de funcionamento servem para analisar a eficiência das decisões na gestão dos recursos aplicados. Os rácios de funcionamento apuram - se em termos. Devem utilizar - se valores médios de balanço de forma a não serem afectados pelos valores acidentais em determinadas datam do balanço. Estes rácios só têm sentido se comparados dentro do mesmo sector e entre empresas com características tecnológicas e de mercado semelhante.
Rácios Rotação do Activo É o rácio que indica o grau de utilização dos activos. Um rácio muito elevado pode significar que a empresa está a trabalhar perto do limite de capacidade. O inverso pode significar subutilização de recurso.
Rotação das Existências Evidencia os efeitos da gestão ao nível dos armazéns.
Prazo médio de Recebimentos É o rácio que mede a celeridade com os seus clientes com que os clientes costumam pagar suas dívidas
Prazo médio de Pagamentos É o rácio que mede a celeridade com que a empresa costuma pagar as suas dívidas aos fornecedores.
Rácios Baseados no Mercado É muito útil ao director de marketing e ao director de produção, a fim de definirem as suas estratégias e linhas de actuação, conhecerem respectivamente, os preços e o custo unitário dos produtos concorrentes. O mesmo acontece com o director financeiro relativamente aos indicadores de mercado. São rácios fundamentais para todos os investimentos e credores da empresa.
Liquidez Geral Esse índice mostra se a empresa tem a capacidade de honrar os seus compromissos em curto e longo prazo.
Este rácio também nos indica em que medida o passivo de curto prazo está coberto por activos que se esperam a ser convertidos em meios financeiros líquidos num período correspondente ao vencimento das dívidas de curto prazo, como também em circunstâncias normais uma empresas com dificuldades tenderá a pagar as dividas mais lentamente o que em princípio leva a aumentar o seu passivo de curto prazo.
Podemos concluir que o interesse do rácio reside numa hipótese improvável para a maioria das empresas que é a imediata liquidação do seu activo circulante e o vencimento dos créditos de curto prazo.
Liquidez corrente Simples divisão entre ativo circulante e passivo circulante produz o Índice de Liquidez Corrente, que reflete a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo. O crescimento exagerado das contas a receber, principalmente quando ocasionado por aumento de inadimplência, ou ainda o aumento dos estoques, devido a falhas em linhas de produção ou obsolescência, devem ser expurgados do cálculo desse índice.
Liquidez reduzida A liquidez reduzida é uma medida mais severa da posição líquida da empresa. Dá a ideia clara da capacidade da empresa para, sem grandes riscos, ser capaz de solver os seus compromissos de curto prazo. É utilizado com a mesma finalidade do rácio de liquidez geral, mas admite que as existências não poderão ser transformadas de imediato em dinheiro. Este rácio fazendo a comparação entre o glg e o glr permite destacar o peso das existências numa empresa.
Liquidez imediata Um terceiro indicador de liquidez é aquele que restringe ainda mais o conceito de activos líquidos, cingindo-os às disponibilidades e aplicações financeiras de curto prazo de uma empresa. É utilizada pelos analistas que pretendem conhecer o grau de cobertura dos passivos circulantes por disponibilidades:(Depósitos Bancários+Caixa+Títulos Negociáveis) / Passivo Circulante.
Este indicador em algumas situações poderá dar-nos informação útil sobre a situação financeira da empresa.
Também temos que ter em conta que aquilo que é actualmente uma prosperidade financeira poderá num curto espaço de tempo deixar de o ser se a empresa dispensar os activos líquidos existentes em investimentos de longo prazo,tornando imprescindível o conhecimento da capacidade da exploração em geral meios líquidos. Todos têm que ter em conta que mais fácil gastar dinheiro do que gerá-lo.
Endividamento Geral Mede o montante da dívida em relação ao património líquido da empresa. Em termos de risco para a empresa, quanto menor for o endividamento, melhor. No entanto, se a empresa (ou os seus proprietários) tiverem a possibilidade de realizar investimentos a taxas superiores àquelas que pagam pelo endividamento é preferível contrair dívida pois maximizará o lucro da empresa. Ou seja, o grau óptimo de endividamento de uma empresa está directamente relacionado com o custo de oportunidade dos capitais investidos.
Solvência Geral A solvência geral mostra a base da situação financeira da empresa, ou seja, a capacidade da mesma em satisfazer suas obrigações de curto prazo, na data do vencimento. Quanto maior, melhor.
Capital de Giro O capital de giro precisa de acompanhamento permanente, pois está continuamente sofrendo o impacto das diversas mudanças enfrentadas pela empresa. Solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na recuperação da lucratividade da empresa e a consequente recomposição de seu fluxo de caixa. Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo. Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais, entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de normalidade.
Necessidade de Capital de Giro - A necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa. Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser uma meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas. O cálculo através do ciclo financeiro possibilita mais facilmente prever a necessidade de capital de giro em função de uma alteração nas políticas de prazos médios ou no volume de vendas.
Perante os factos e noções a tomar em conta, salienta-se os cálculos de maior relevância para a obtenção dos rácios e comparações precisas, daí:
Rácios de Liquidez:
Liquidez Geral = Activo Total / Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Liquidez Reduzida = (Activo Circulante - Existências) / Passivo Circulante
Liquidez imediata = (Depósitos Bancários + Caixa + Títulos Negociáveis) / Passivo Circulante
Sendo um indicador utilizado pela quase generalidade das instituições financeiras como ferramenta importante na sua apreciação de crédito da empresa salientamos que é extremamente frequente que uma evolução extremamente "favorável" deste indicador reflicta não a melhoria mas a degradação da sua liquidez.
Como por exemplo numa situação em que uma empresa enfrenta atrasos de pagamentos dos seus clientes e enfrenta dificuldades no escoamento dos seus stocks afecta a muito curto prazo a capacidade da empresa em satisfazer os seus compromissos de curto prazo.
No entanto o que sucede ao rácio de Liquidez Geral? Os dois acontecimentos, aumento das existências e crédito sobre clientes, contribuem para um aumento do grau de liquidez geral e não uma diminuição dando por consequência indicações completamente opostas das esperadas do indicador de liquidez.
Podemos concluir deste modo que o real interesse do grau de liquidez geral reside numa hipótese largamente improvável para a maioria das empresas que é a imediata liquidação do seu activo circulante e vencimentos dos seus crédito de curto prazo.[10]
Rácios de Funcionamento:
Rotação do Activo = Volume de negócios / Activo médio
Representa o grau de utilização dos activos, sendo que rácios elevados podem indiciar que a empresa está a trabalhar no limite da sua capacidade. O contrário pode indiciar um desaproveitamento de recursos.
Rotação das Existências = Volume de negócios / Existências médias
Este rácio quando elevado é considerado como um sinal de eficiência. No entanto, pode também indiciar rupturas frequentes de stock.
Permanência Média das Matérias Primas em Armazém = Existências Médias de Matérias-primas*365 / Custo das Matérias Consumidas
Permanência Média de Produtos em Curso = Existências Médias de Produtos em Curso*365 / Custo de Produção
Permanência Média dos Produtos Acabados em Armazem = Existências Médias de Produtos Acabados*365 / Custo dos Produtos Vendidos
Permanência Média das Mercadorias em Armazem = Existências Médias de Mercadorias*365 / Custo das Mercadorias Vendidas
Medidas de redução de stock, em função do objectivo de reduzir a permanência em armazém, diminuem estes racios
Prazo médio de Recebimento = Créditos Comerciais*365 / Vendas e Prestação de Serviços c/ IVA
Prazo médio de Pagamento = Débitos Comerciais*365 / Compras e Fornecimentos c/IVA
Estes rácios dão informação sobre o ciclo de exploração da empresa. Um rácio elevado no prazo médio de recebimento é desvantajoso, podendo ter origem na ineficiência de cobrança da empresa ou falta de poder negocial da empresa perante os clientes. No prazo médio de pagamento um rácio elevado pode indiciar um poder negocial da empresa elevado perante os seus fornecedores ou também dificuldades da empresa em satisfazer os seus compromissos.
Rácios de rentabilidade:
Rentabilidade dos Capitais Próprios
O rácio de Rentabilidade dos Capitais Próprios (RCP), constitui o indicador de rentabilidade mais utilizado pelos analistas financeiros, e é calculado da seguinte forma:
RCP = RL / CP, em que RL = Resultados Líquidos e CP = Capitais Próprios.
Rentabilidade das Vendas
O rácio de Rentabilidade das Vendas serve para analisar a relação entre os resultados líquidos e as vendas e o seu cálculo é efectuado da seguinte forma:
(1) RV = RL / V, onde RL = Resultados Líquidos e V = Vendas + Prestação de Serviços.
Esta é a versão mais vulgarizada, no entanto existe um segundo conceito para cálculo deste rácio, que não recorre ao lucro líquido mas ao cash-flow tradicional (= resultados líquidos + amortizações + provisões). Assim temos:
(2) RV = CF / V, onde CF = Cash-Flow (tradicional) e V = Vendas
Rentabilidade do Activo
O rácio de Rentabilidade do Activo é um rácio de avaliação do desempenho dos capitais totais investidos na empresa, independentemente da sua origem (próprios ou alheios). Procura relacionar os resultados antes de impostos e encargos financeiros com o activo total da empresa, sendo calculado da seguinte forma:
RA = RO / A, onde RO = Resultado Operacional e A = Activo
Efeito dos Custos Fixos
Efeito dos Custos Fixos = Resultados Operacionais / Margem Bruta
Rácios de Endividamento:
Endividamento = Capitais Alheios / Capitais Totais
Debt to Equity Ratio = Capitais Alheios / Capitais Próprios
Peso do Endividamento Longo Prazo = Capitais alheios a longo prazo / Capitais Totais
Debt to Equity ratio de estrutura = Capitais alheios de longo prazo / Capital Próprio
Estrutura de Endividamento = Capitais alheios de curto prazo / Capitais alheios
Taxa de Juro Média = Juros Suportados / Dívida Sujeita a Juros
Rácios de Estrutura: Autonomia Financeira = Capital Próprio / Activo Total Liquido
Solvabilidade = Capital Próprio / (Passivo+Interes.Mintr)
Estrutura de capitais = Capitais Alheios / Capitais Próprios
Os indicadores/rácios financeiros podem ser agrupados em várias classes:
Estes indicadores têm por objectivo medir a capacidade que a empresa tem para honrar os seus compromissos financeiros no curto prazo, isto é, analisam em que medida a empresa está em condições de cumprir as obrigações de natureza financeira, tais como o pagamento das matérias-primas, dos salários, da energia, etc.
Podemos salientar como indicadores de liquidez:
Grau de Liquidez Geral = Activo Circulante/Passivo de curto prazo
Este rácio mostra-nos a capacidade que a empresa tem para solver os seus compromissos de curto prazo, isto é, activos que se espera que sejam convertidos em liquidez num período semelhante ao das responsabilidades.
Quando o seu valor é superior a um, é frequentemente assumido que a empresa possui uma boa situação financeira no curto prazo. Há no entanto que tomar em consideração o ciclo de exploração da empresa e os tempos médios de recebimento e pagamento.
Ao analisar este rácio, deveremos ter alguma atenção para que não sejamos induzidos em erro, pois este pode fornecer-nos indicações contrárias às que se deveriam esperar por um indicador de liquidez.
Grau de Liquidez Reduzida ("Acid Test") = Activo maneável/Passivo de curto prazo
Activo maneável = Activo Circulante - Existências
Relativamente ao anterior exclui as existências do numerador. Este rácio indica se as parcelas do Activo Circulante mais líquidas (Disponíveis e Realizáveis) são suficientes para cobrir o Passivo (dívidas) de Curto Prazo. O seu valor para uma empresa que honra os compromissos é normalmente superior a um, mas, pode ser inferior a um, sem que isso signifique que a empresa tem dificuldades financeiras. Basta para isso, que a empresa consiga gerar Disponíveis e Realizáveis a uma cadência superior ao Passivo (dívidas).
Grau de Liquidez Imediata = Disponibilidades/ Passivo de curto prazo
Disponibilidades = Depósitos bancários + Caixa + Títulos negociáveis
Este indicador difere do anterior porque exclui do numerador as dívidas de terceiros. Apesar da grande homogeneidade das rubricas que figuram no activo a sua utilidade prática é muito reduzida visto que as empresas se esforçam por terem uma tesouraria nula. Portanto o valor do rácio ou é zero, ou aproxima-se dele.
Caso contrário, uma relação superior ou próxima de um, pode querer dizer: uma Tesouraria Ociosa, valores disponíveis subutilizados ou/e decréscimos de actividade. Na existência de valores aplicados em títulos de negociação ou outras aplicações, este raciocínio não se aplica.
É importante referir que a avaliação deste indicador deve ter em conta eventuais especificidades de uma determinada empresa ou sector. Por outro lado, é importante proceder a uma análise dinâmica deste indicador, ou seja, proceder à sua comparação e avaliação da evolução ao longo do tempo, na medida em que eventuais variações podem indiciar a ocorrência de algum desequilíbrio ao nível da gestão operacional da empresa a que se refere.
Podemos salientar:
Rentab.das Vendas (ou margem das vendas)=Resultados Líquidos/Vendas+Prest Serviços
Analisa a relação entre os resultados e as vendas.
Indica-nos a margem total das vendas após os efeitos produtivos (exploração), financeiro e fiscal.
Rentab. da Produção = Resultado Liquido/Produção
Exprime a geração de fundos que a produção proporciona após remunerar os diferentes factores produtivos e pagar os impostos que incidem sobre o rendimento das sociedades. É mais usual nas empresas industriais.
Rentab. do Activo = RAIEF[11]/Activo
Exprime a rentabilidade do activo da empresa. É um rácio útil quando se quer analisar a rentabilidade de forma separada das decisões financeiras. A maioria das empresas está interessada que com um mínimo de activos seja gerado o maior resultado possível. É o chamado "Earning Power). Este indicador além de ser útil ao cálculo da rentabilidade, é importante para a definição da estrutura de capitais ou do endividamento das empresas., permitindo aferir se um aumento de endividamento potencia ou amortece a rentabilidade dos capitais próprios de uma empresa. Se o custo do capital alheio for inferior a este rácio, um aumento de dívida melhora a rentabilidade dos capitais próprios da empresa; se for superior, um aumento de endividamento deteriora a rentabilidade dos capitais próprios da empresa, isto é, diminui a sua rentabilidade financeira.
Este rácio reflecte o efeito conjunto da Margem da empresa (Rentabilidade das Vendas antes Encargos Financeiros e Impostos)e da Rotação dos seus activos, como se pode constatar pelo desdobramento do ráci:
Rentabilidade Activo = RAEFI[11] /Activo = RAEFI/Vendas x Vendas/Activo
Rentab. dos Cap Próprios = Resultado Líquido / Capitais Próprios
É o chamado ROE ou "return on equity". É um rácio de grande utilidade para os investidores porque pretendem conhecer a rentabilidade das suas aplicações. Em muitas empresas, a adopção de um valor alvo a atingir para este indicador afigura-se muitas vezes como um dos objectivos de gestão da empresa.
A análise Dupont é uma técnica que procura analisar a evolução da rentabilidade dos capitais próprios através da decomposição desta em vários factores explicativos. Estes incluem rácios de rentabilidade, de atividade e de autonomia financeira.
A análise Dupont assume duas modalidades:
- Análise Sintética
RCP = (RL/Vnd).(Vnd/A)/(A/SL)
Considera três factores explicativos na formação da rentabilidade dos capitais próprios: a rentabilidade das vendas, a rotatividade das vendas e a autonomia financeira.
Assim, uma empresa pode melhorar a rentabilidade dos seus capitais próprios aumentando qualquer um dos termos do numerador (rentabilidade das vendas ou rotatividade das vendas) ou diminuindo o termo do denominador (autonomia financeira).
O 1º Termo (RL/Vnd) rentabilidade das vendas, é um indicador em que as empresas mais direccionadas para nichos de mercado devem ter em bastante atenção, dado que esses mercados por natureza não permitem grandes possibilidades no que respeita a grandes variações de quantidades vendias.
O 2º Termo (Vnd/A) rotatividade das vendas, exprime o valor das vendas por unidade de activo e é um indicador em que as empresas direccionadas ao mass market mais têm em atenção, dado que a sua rentabilidade, depende grande parte da manutenção ou ganho de quota de mercado. Por vezes podemos assistir a empresas que voluntariamente diminuem a sua rentabilidade das vendas para que o aumento da rotatividade das vendas supere essa perda.
O 3º Termo (SL/A) autonomia financeira, é um indicador em que as empresas devem gerir de acordo a maximizar a rentabilidade dos seus capitais próprios através do mecanismo da "alavancagem financeira" e o nível óptimo do endividamento estudados por "Modigliani e Miller"
- Análise Desenvolvida
RCP=(RAIEFRE/Vnd).(Vnd/A).(RAIRE/RAIEFRE).(A/SL).(RAI/RAIRE).(RL/RAI)
Notas:
O 1º termo da fórmula traduz em termos globais a chamada rentabilidade operacional do activo, que representa o produto de dois rácios, a rentabilidade operacional das vendas e a rotação do activo.
O 2º termo representa o que podemos chamar efeito da alavancagem financeira. O primeiro desses efeitos será, em princípio, desfavorável do ponto de vista da sua contribuição para a formação da RCP (e do lucro da empresa) já que assumirá em geral valores inferiores a um. É este o efeito com que a generalidade dos gestores se preocupa mais e que decorre directamente do pagamento de encargos financeiros. O segundo dos efeitos, porventura menos considerado pelos responsáveis das empresas traduz-se num efeito favorável (valor do indicador superior a um) que tem a ver com o peso relativo dos capitais próprios no activo da sociedade (inverso da autonomia financeira).
O efeito conjunto dos dois indicadores em termos da sua contribuição líquida para a formação da RCP não é imediato, podendo ser neutro, positivo ou negativo. Tal dependerá do comportamento relativo do crescimento dos encargos financeiros em relação aos resultados operacionais à medida que a empresa aumenta o seu grau relativo a recursos a capitais alheios.
O terceiro termo representa, conforme facilmente se verificará, o efeito dos resultados extraordinários. O valor desse efeito poderá ser maior, igual ou inferior a um consoante a empresa apresente resultados extraordinários líquidos positivos, nulos ou negativos, respectivamente. A observação deste efeito permite facilmente apreciar em que medida os resultados extraordinários têm sido ou não responsáveis pela formação ou evolução da rentabilidade dos capitais próprios de uma sociedade. Poder-se-á deste modo ajuizar mais adequadamente a chamada "qualidade" dos resultados, isto é, a medida em que estes poderão manter-se no futuro. Isto porque, por definição, os resultados extraordinários são eventos não recorrentes.
O último efeito considerado pela expressão acima consiste no efeito fiscal. Facilmente se verifica que o seu valor poderá ser inferior ou igual a um, respectivamente, se a empresa for ou não pagadora de impostos.
Não obstante a RCP apresentar limitações graves enquanto medida da rentabilidade para os proprietários da empresa ou como objectivo a prosseguir pelos responsáveis da empresa julga-se que tal não invalida alguma utilidade para a análise Dupont.
De facto, ao procurar identificar as diversas componentes que contribuem para a formação da RCP poder-se-á, através desta técnica, analisar alguns importantes aspectos que são relevantes para uma compreensão da evolução das actividades da empresa. Nomeadamente, permite uma chamada de atenção para eventuais alterações verificadas no domínio operacional, financeiro, fiscal ou sobre eventos não recorrentes que possam ter afectado algumas das mais importantes rubricas da evolução económico-financeira da empresa mas que nem sempre são de imediata percepção.
Estes indicadores procuram dar indicações sobre o grau de intensidade de recurso a capitais alheios no financiamento de uma empresa. Dentro dos mais importantes:
Autonomia Financeira = Capitais próprios / (Capitais Próprios + Passivo)
Este rácio é um dos rácios de endividamento mais populares, e exprime em que medida o activo está a ser financiado por capitais próprios e por capitais alheios, ou seja pelo esforço financeiro dos accionistas e dos credores se o valor for significativamente baixo significa que há maior perigo de falência. No entanto isto depende muito de setor para setor. Por exemplo, os bancos têm tradicionalmente uma Autonomia Financeira baixa devido a maior do Ativo ser constituída pelos depósitos de clientes.
Debt do Equity Ratio = Passivo total/Capitais próprios ou Passivo MLPrazo/Capitais Próprios
É usado para analisar a relação entre as dívidas e os capitais próprios.
O rácio cobertura dos encargos financeiros mede o grau com que a exploração consegue cobrir os encargos financeiros. Existem duas versões:
Cobertura dos Encargos Financeiros = Resultados operacionais / Encargos financeiros
Cobertura dos Encargos Financeiros = Excedente Bruto de Exploração/Encargos financeiros
Período de recuperação da dívida =Empréstimos em dívida / Autofinanciamento[12]
Este rácio dá-nos uma estimativa do número de anos em que a empresa é capaz de pagar as suas dívidas, admitindo que tudo se mantém constante.
Variabilidade dos resultados operacionais = (Res operac t – Res operac em t-1)/média dos resultados operacionais
A análise da variabilidade dos resultados operacionais é útil para a análise de risco. Se o rácio de cobertura dos encargos financeiros indicam que ela é baixa, então é conveniente analisar a variabilidade dos resultados operacionais como forma de análise do risco.
Estes indicadores procuram caracterizar aspectos operacionais das actividades económicas de uma empresa, nomeadamente, os que procuram determinar a rapidez com que uma empresa cobra os seus créditos de clientes, regulariza as suas dívidas para com os fornecedores e faz "rodar" os seus stocks de existências.
Rotação do Activo = Vendas totais (inclui prest serv)/Activo
Este rácio indica-nos qual o grau de utilização dos activos.
Podemos dizer que o aumento do valor deste rácio ao longo do tempo poderá significar uma melhor eficiência no aproveitamento dos activos da sociedade.
Tempo Médio de Recebimentos = (Clientes/(Vendas+Prest Serv).(1+IVAv)). 365
O rácio procura evidenciar o prazo médio que os clientes da empresa estão a demorar a regularizar as suas responsabilidades. A empresa tem todo o interesse em estudar este rácio para analisar, por um lado, a sua política de crédito, e por outro lado, a eficácia dos serviços financeiros.
Tempo Médio de Pagamento = (Fornecedores/(Compras+FSE).(1+IVAv)).365
Este rácio dá-nos uma ideia do tempo que demoramos a pagar aos nossos fornecedores após fazermos as compras. Um valor muito elevado pode significar dificuldades da empresa em satisfazer as suas obrigações.
Tempo médio de rotação das existências
Numa empresa comercial ou de serviços = (Existências/ CEVMC[13]). 365
Numa empresa industrial = (Existências/CEVMC+Desp c/pessoal+FSE). 365
Este rácio exprime o número de vezes que as existências em armazém têm de rodar para satisfazerem os consumos anuais da empresa.
Estes rácios são úteis para os investidores, credores da empresa, bem como para a direcção financeira da empresa. Todos os rácios de mercado são muito usados como instrumentos de comparação do valor das empresas.
Como exemplos de alguns rácios podemos salientar, entre muitos outros:
Price Earning Ratio (PER) = Preço de cotação/Resultados por acção
Price to Cash Earnings (PCE) = Preço de cotação/ Cash earnings por acção[14]
Rendimentos em dividendos = (Dividendo por acção/Preço de cotação)%
Market to Book Value = Preço de cotação/Valor contabilístico por acção
EV to EBIT = EV / Resultados operacionais
EV to EBITDA = EV / Excedente bruto de exploração
Nota:
Nos tempos que correm, o recurso à técnica de análise através de rácios tem vindo a utilizar-se com frequência para quase todos os fins. Por isso, convém alertar que este instrumento de análise financeira possui algumas limitações:
A análise dos fluxos pode ser vista quer como complementar quer como substituta da análise estática. Consiste em analisar as origens e aplicações de fundos na altura de fecho das contas.[15] Os dados para a análise dinâmica podem ser encontrados nos anexos às Demonstrações Financeiras.
Do que se pode ver anteriormente, os aspectos limitadores da análise dos rácios resultam da qualidade das informações por parte da contabilidade. Por isso, o analista tem de ter sempre em conta a qualidade dos resultados. A utilidade desta análise centra-se principalmente, na identificação dos sinais de perigo sobre os resultados futuros.
Apesar de não haver uma concreta definição quanto à qualidade dos resultados, a prática sugere alguns factores de alta qualidade:
Factores políticos, económicos, etc., podem afectar a qualidade dos resultados. Estes factores normalmente não são controláveis pelos gestores. É o caso das empresas que actuam em países com instabilidade política e económica, onde há o risco de nacionalização, controlo generalizado sobre os preços ou sobre o movimento de capitais, etc.
Deve-se ter em conta o sector de actividade em que a empresa actua, pois as práticas contabilísticas aceites num sector, podem ser rejeitadas noutros.
Quanto maior a variabilidade potencial dos resultados, menor a qualidade destes e maior o risco para o accionista.
Um elevado grau de alavanca operacional é um factor de risco para a evolução dos resultados.
Elevados graus de alavanca financeira tendem a tende a tornar os resultados mais voláteis, dái menor qualidade dos resultados.
Quanto maior a qualidade dos resultados, maior o rácio PER.
Menor qualidade dos resultados significa volatilidade e incerteza, logo, o investidor tem tendência a atribuir menos valor a essas empresas, pelo que os PER desse tipo de empresas são mais baixos.
O investidor tem tendência para ter mais confiança nas empresas que são transparentes na comunicação e na análise dos seus resultados. Fazendo com que essas empresas tenham tendência para ter PER mais elevados.
Uma das importâncias do exame da qualidade dos resultados é a de identificar alterações no valor da empresa que podem não ser claras nos indicadores de medida do desempenho económico e financeiro.
Os aspectos contabilísticos que podem chamar a atenção para sinais de perigo são:
De toda esta análise podemos facilmente concluir que um dos aspectos limitativos da análise dos rácios resulta principalmente da qualidade da informação que advém a contabilidade, logo, toda a cautela é pouca na sua utilização. De qualquer forma, um bom analista procura sempre determinar a qualidade dos dados em que baseou a sua análise, pois é uma garantia de validade das conclusões por si retiradas.
Geralmente diz-se que só uma estrutura financeira equilibrada permite à empresa um funcionamento normal. Esta análise tem como base o balanço. Quanto à noção de equilíbrio, pode ser encarada de duas maneiras, que se complementam:
Como se sabe as decisões de gestão têm efeito sobre os resultados operacionais, mas para além disso, o gestor deverá tomar também decisões quanto à estrutura financeira, ou seja, sobre a forma de financiamento do processo decisivo para qualquer ser dependendo do activo, capitais próprios e alheios. Estas decisões de carácter financeiro poderão ser favoráveis para a rentabilidade do activo, mas por outro lado, induzem um risco adicional sobre a rentabilidade dos capitais próprios (risco financeiro).
Nesta análise estuda-se a capacidade que uma empresa tem para satisfazer as suas obrigações de pagamento nas datas exigidas. Através do balanço, faz-se o estudo da liquidez.
Para esta análise desenvolvem-se os conceitos de grau de liquidez e exigibilidade, de acordo com o seguinte agrupamento das rubricas de balanço em função desse grau:
A teoria tradicional da análise financeira conclui que a empresa estará equilibrada a curto prazo desde que:
Activo Ciculante > Passivo Circulante
Activo Circulante - Passivo Circulante >0
Esta diferença designa-se como Fundo de Maneio:
Fundo de Maneio = Activo Circulante - Passivo Circulante > 0
Em alternativa a uma análise com valores absolutos, é costume recorrer-se ao rácio:
(Activo Circulante / Passivo Circulante) > 1
Trata-se então do rácio de liquidez. Como o Fundo de Maneio deverá ser positivo para garantir a liquidez, então o rácio de liquidez deverá apresentar-se superior a 1.
O Fundo de Maneio também se pode calcular da seguinte forma:
Fundo de Maneio = Capitais Permanentes - Activo Fixo
A conclusão a que se chegou anteriormente de que o Fundo de Maneio tem de ser positivo para a empresa estar equilibrada, parte de conclusões erradas, pois a análise é demasiadamente estática. Esta parte do princípio de que a actividade da empresa pára, contradizendo o princípio contabilístico da continuidade dos exercícios em que assenta o Balanço.
Assim, actualmente, reconhece-se que o nível do Fundo de Maneio adequado está dependente de diversas variáveis, distinguindo-se a natureza e o volume da actividade.
Princípios Orientadores:
Para ser possível esclarecer a influência de algumas políticas, como a política geral da empresa e as políticas operacionais, sobre os fluxos de caixa e o equilíbrio financeiro, será necessário estruturar o balanço funcional em três componentes:
Apura-se pela diferença entre capitais permanentes e o activo fixo.
O Fundo de Maneio Funcional (FMF) representa a parte de fundos estáveis que financia o ciclo de exploração. Se o seu valor for negativo, significa que parte dos fundos não estáveis estão a financiar activos fixos, o que constitui um factor de risco.
FMF = Capitais Permanentes - Activo Fixo
A noção de Necessidades em Fundo de Maneio está ligada à necessidade de financiamento do ciclo de exploração.
As Necessidades de Fundo de Maneio (NFM) subdividem-se em:
As NFM representam, quando o seu valor é positivo, as necessidades de financiamento do ciclo de exploração. Quando o seu valor é negativo, representam excedentes financeiros do ciclo de exploração.
As NFM são um meio de avaliação financeira dos esforços da gestão operacional e resultam da diferença entre as Necessidades Cíclicas e os Recursos Cíclicos.
NFM = Necessidades Cíclicas - Recursos Cíclicos
A noção de TRL fornece uma informação sobre a situação de liquidez e mostra que o equilíbrio financeiro é o resultado da política estratégia (FMF) e da política de gestão operacional (NFM).[16]
O Balanço Funcional identifica para o 1º membro:
Para o 2º membro:
Tem-se então,
AF + NC + TA = CE + RC +TP
Sendo a Tesouraria Líquida (TRL) a diferença entre tesouraria activa e passiva, tem-se:
TRL = FMF - NFM
Esta relação quantifica e caracteriza de uma forma mais rigorosa a definição de equilíbrio financeiro.
Visto que o FMF é a parte de fundos permanentes que ficam disponíveis para financiar outros investimentos permanentes e as NFM são investimento de carácter permanente, conclui-se que existe equilívrio financeiro se o FMF for suficiente para financiar as NFM.
FMF - NFM ≥ 0
Como a Tesouraria Líquida é a diferença entre FMF e NFM, então o equilíbrio financeiro exige que:
TRL ≥ 0
É possível identificar seis tipos de estruturas financeiras:
1- FM > 0, NFM > 0 e FM > NFM → TRL > 0 -Tesouraria Superavitária, é a situação financeira normal, com uma certa segurança.
2- FM > 0, NFM > 0 e FM < NFM → TRL < 0 -Tesouraria Deficitária, evidencia desequilíbrio financeiro, a empresa financia parte das suas necessidades ciclicas com operações de tesouraria, típica em empresas com um ciclo longo de exploração.
3- FM <0, NFM > 0 → TRL < 0 - Tesouraria Deficitária,evidencia uma situação financeira delicada, os capitais estáveis não são suficientes para financiar o activo fixo, não cumpre a regra de ouro do equilíbrio financeiro. A situação será tanto mais grave quanto mais negativa seja a tesouraria.
4- FM < 0, NFM < 0 e FM < NFM → TRL < 0 -Tesouraria Deficitária, não apresenta liquidez nem garantia de segurança, geralmente representa situações arriscadas derivadas de crescimentos elevados face às capacidades financeiras.
5- FM <0, NFM < 0 e FM > NFM → TRL > 0 -Tesouraria Superavitária, esta situação apresenta risco em caso de redução de actividade, poderá deixar de realizar fundos suficientes para suprir a exigibilidade das dívidas a pagar.Falta de segurança derivada da inexistência de fundo de maneio.
6- FM > 0, NFM <0 → TRL > 0 -Tesouraria Superavitária, as necessidades de fundo de maneio negativas são resultado de um ciclo de exploração favorável
A base do modelo apresentado em seguida assenta na teoria das alavancas e das vantagens competitivas.
A Rendibilidade do Capital Próprio pode decompor-se num modelo multiplicativo, com o seguinte método:
Área Operacional (Rendibilidade dos Capitais Investidos):
Área Financeira (Índice de Alavanca Financeira):
Área Extraordinária:
Este conjunto de rácios permite fazer uma análise integrada da rendibilidade do capital próprio, permitindo compreender melhor a gestão de uma determinada empresa, percebendo de onde vem a rendibilidade dos capitais e também o impacto que cada rácio terá na mesma.
ADÃO A. GABRIEL
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