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Amadou & Mariam é uma dupla musical do Mali formada pelo casal Amadou Bagayoko (guitarra e vocal) e Mariam Doumbia (vocal), ambos nascidos em Bamako, capital do país.[1] Chamados de "casal cego do Mali", tocam juntos desde 1983 e ficaram conhecidos, principalmente, a partir da década de 1990, pelos elementos “Afro-blues” de sua música, que mescla o som tradicional do Mali com riffs de guitarra de blues-rock.[2]
Amadou & Mariam | |
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Banda em 2005 | |
Informação geral | |
Origem | Bamako |
País | Mali |
Gênero(s) | |
Período em atividade | 1983-atualmente |
Gravadora(s) | |
Integrantes | Amadou Bagayoko Mariam Doumbia |
Página oficial | www |
Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, receberam três nomeações ao Grammy Award. Em 2006, seu quinto album, Dimanche à Bamako (2005), produzido pelo cantor Manu Chao, recebeu tanto o prêmio da categoria de World Music da BBC Radio 3, quanto o de melhor álbum na França. No mesmo ano, protagonizaram um dos temas da Copa do Mundo FIFA, sediada na Alemanha.
Ao longo de quatro décadas de carreira, Amadou & Mariam construíram em sua música uma identidade própria e um ritmo quase único por meio da fusão de referências tradicionais do Mali e diferentes estilos mundiais. Sua letras frequentemente levantaram a bandeira da solidariedade e consciência social.[3]
Em 2017 lançaram uma autobiografia intitulada Away From the Light of Day, "Longe da luz do dia", traduzido para o português.
Amadou Bagayoko nasceu em 24 de outubro de 1954 e sua esposa, Mariam Doumbia, em 15 de abril de 1958. Amadou perdeu sua visão aos dezesseis anos de idade, enquanto Marriam ficou cega aos cinco anos, vítima do não tratamento de sarampo.[4] Conheceram-se no Instituto para Jovens Cegos do Mali, onde ambos tocaram na orquestra da instituição, dirigida por Idrissa Soumaoro. Lá, perceberam que compartilhavam interesse em música. Casaram-se em 1980, tendo depois disso 3 filhos. Passaram a tocar juntos em 1983.
Antes de conhecer Mariam, Amadou já era músico, tocando guitarra na banda Les Ambassadeurs du Motel de Bamako entre 1974 e 1980. A banda foi muito popular na região oeste do continente africano.
Em 1986, frustrados com a falta de oportunidades para eles no Mali, mudaram-se para a cidade de Abidjan na Costa do Marfim. Lá, lançaram uma série de cassetes que logo alcançou popularidade regional e, pouco a pouco, internacional. Durante as viagens que fizeram neste período, chegaram a conhecer Stevie Wonder.[5]
Em 1996, se mudaram para Paris e assinaram contrato com a Polygram. O primeiro album lançado internacionalmente, Sou Ni Tile (1999), havia sido lançado em cassete no ano anterior e obteve considerável sucesso através do single Je pense a toi, que alcançou popularidade na França[6]. Tal sucesso fez o som de Amadou & Mariam chegar aos ouvidos do cantor e produtor Manu Chao que não só se tornou fã, como passou a apoiar a dupla.[7]
Em 2005, Manu Chao produziu o quinto album de Amadou & Mariam, o Dimanche à Bamako (2005)[8]. Neste álbum, cujo título traduzido do francês é "Domingo em Bamako", a música Senegal Fast Food, em conjunto com o cantor, alcançou a 28ª posição nas paradas musicais francesas.[9]
Em duas ocasiões performaram em shows de abertura da Copa do Mundo FIFA, primeiramente em 2006, na Alemanha e, posteriormente, em 2010, na África do Sul. A música Celebrate the Day, em conjunto com Herbert Grönemeyer foi um dos temas oficiais da Copa de 2006 entrando para a Lista de Canções da Copa do Mundo FIFA.
Apresentaram-se na cerimônia do Prêmio Nobel da Paz de 2009.[10]
As gravações iniciais da dupla nas décadas de 1980 e 1990 apresentaram apenas arranjos de guitarra e voz gravados em fitas cassetes. Nas palavras de Amadou, essa simplicidade tinha como objetivo manter a essência da música.[7] A partir da terceira gravação em cassete, eles passaram a incorporar outros sons com a adição de uma banda. O primeiro album, Se Te Djon Ye (1999) inaugura a sonoridade de fusão de ritmos pela qual o duo passou a ficar conhecido: uma mistura da música tradicional do Mali, principalmente, por meio da percusão do povo Dogon, com as sonoridades orientais do Neys (Oriente Médio) e Tablas (Índia) e o som da guitarra, violino e trompete. Em conjunto, esses elementos são chamados de "Afro-blues".
"Bem, nós queremos mesclar sons. É o jeito que tocamos e combinados esses instrumentos tradicionais, pois queremos tocar a música do Mali, mas com influências que a façam internacional e universal. Então, nós tentamos tocar a guitarra como o ngoni, um instrumental tradicional de cordas. Creio que essa mistura é o que faz a sonoridade ser universal" Amadou Bagayoko em entrevista para a Revista Pitchfork em 2006.[7]
Além do blues-rock, Amadou & Mariam tiveram como grandes influências os artistas malineses Ali Farka Toure and Oumou Sangare para o seu estilo musical. O cantor Manu Chao, além de auto-declarado fã e também produtor da dupla, aproxima-se do som de Amadou & Mariam por meio da fusão de estilos musicais de várias origens étnicas e nacionais.[7]
Os álbuns Dimanche à Bamako (2005), Welcome To Mali (2008) e Folila (2012) foram nomeados para o prêmio Grammy de Melhor Álbum em categorias relacionadas à World Music, respectivamente, nos anos de 2006, 2009 e 2012.[11]
Dimanche à Bamako (2005) recebeu da BBC Radio 3 o prêmio de melhor álbum de World Music no ano de 2006.[12]
Dimanche à Bamako (2005) foi premiado o melhor álbum mundial do ano pela Les Victoire de la Musique, premiação francesa equivalente ao Grammy Award.
Em 2009, Amadou & Mariam fizeram uma colaboração musical com David Gilmour, guitarrista e vocalista da banda Pink Floyd. Eles realizaram um show na Union Chapel em Islington, Londres, como parte uma campanha de caridade inglesa, chamada "Crisis", sobre a crise de moradia no país, como forma de ressaltar o problema da invisibilidade da população sem-teto.[13]
No ano de 2010, Amadou & Mariam viajaram para o Haiti, como embaixadores do Programa Mundial da Alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU), após o terremoto ocorrido em janeiro daquele ano. Ao estar lá, afirmaram que sua intenção era conversar com a população haitiana para, posteriormente, levar as demandas locais à União Europeia e, ainda, conscientizar para o problema da fome mundial por meio de suas canções. A partir desta experiência lançaram a música Lebendela, que significa "as crianças são o futuro". Ao falar sobre o significado da música, Mariam ressaltou a importância da solidariedade do mundo todo na luta contra a fome.[14] A escolha do casal como embaixadores da ONU se deu como forma de reconhecimento da mensagem de solidariedade e esperança características de suas músicas.[15]
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