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O temporal na ilha da Madeira em 2010 foi uma sequência de acontecimentos iniciados por forte precipitação durante a madrugada do dia 20 de fevereiro, seguida por uma subida do nível do mar. Estes acontecimentos provocaram inundações e derrocadas ao longo das encostas da ilha, em especial na parte sul.
Temporal na ilha da Madeira em 2010 | |
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Duração | 20 de fevereiro de 2010 |
Danos | 217 milhões de euros[1] |
Vítimas | 47 mortos, 4 desaparecidos, 600 desalojados e 250 feridos |
Áreas afetadas | Funchal, Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Santa Cruz |
Na origem do fenómeno esteve um sistema frontal de forte atividade associado a uma depressão que se deslocou a partir dos Açores, segundo o Instituto de Meteorologia.[2] O choque da massa de ar polar com a tropical deu origem a uma superfície frontal, que aliada à elevada temperatura da água do oceano acelerou a condensação, causando uma precipitação extremamente elevada num curto espaço de tempo. A orografia da ilha contribuiu para aumentar os efeitos da catástrofe.[3] É possível que, aliado a valores de precipitação recorde, erros de planeamento urbanístico, tais como o estreitamento de leitos das ribeiras e a construção legal ou ilegal dentro ou muito próximo dos cursos de água, bem como falta de limpeza e acumulação de lixo nos leitos de ribeiras de menor dimensão tenham tornado a situação ainda mais grave.[4]
A parte baixa da cidade do Funchal foi inundada e a circulação viária foi impedida por pedras e troncos de árvore arrastados pelas ribeiras de São João, Santa Luzia e João Gomes.[5] Na freguesia do Monte, a capela de Nossa Senhora da Conceição, ao Largo das Babosas, foi levada pela força das águas, junto com algumas das residências vizinhas.[2] Alguns populares conseguiram salvar a imagem da virgem e vários ornamentos.
Foram confirmados 47 mortos, 600 desalojados[6] e 250 feridos. O Curral das Freiras esteve acessível, embora com acesso condicionado. A freguesia da Serra de Água, a montante da Ribeira Brava, esteve completamente inacessível.[7] Eram evidentes os sinais de destruição provocados pelas enxurradas, com as zonas altas do concelho do Funchal e, também, no concelho da Ribeira Brava a serem as mais afetadas.[5][8][9]
A quantidade de água que caiu no dia 20 de fevereiro de 2010 sobre a Ilha da Madeira, em particular no Pico do Areeiro, foi o valor mais alto jamais registado em Portugal. Neste cume, o segundo mais alto da ilha, foram registados 185 litros por metro quadrado, sendo que os valores mais altos registados em Portugal até à altura não chegavam aos 120. O Funchal, com uma média anual de 750 l/m² registou em poucas horas 114 l/m² de precipitação.[3]
O elevado número de vítimas transformou este evento na pior catástrofe da história da Madeira desde 1803. O governo nacional de Portugal ponderou decretar estado de emergência. O governo autónomo da região, coordenou os salvamentos e a limpeza e deu abrigo às centenas de desalojados.[10]
Rui Pereira, ministro da Administração Interna de Portugal, enviou à Região Autónoma equipas de socorro no dia 21, que incluíam 4 militares da equipa cinotecnica de busca e Salvamento do Grupo Intervenção Cinotecnico da GNR. Sendo a única equipa cinotecnica em Portugal com larga experiência em cenários de catástrofe quer a nível nacional e internacional para resgate de possíveis sobreviventes nos escombros, assim como seis mergulhadores da Força Especial de Bombeiros, para ajudar na busca de cadáveres perdidos no mar, e cinco médicos do Instituto de Medicina Legal, para auxiliar nas autópsias. Destacado foi também um pelotão do Corpo de Intervenção da PSP que auxiliou em buscas e salvamento, bem como na salvaguarda e vigilância de pessoas e bens na baixa funchalense. Enviou também pontes militares e um corpo de 15 elementos das Forças Armadas Portuguesas, para restabelecer as comunicações viárias nos locais afetados.[11] A fragata Corte-Real da Marinha Portuguesa chegou à Ilha da Madeira com meios humanos e materiais para auxiliarem nas buscas.
O primeiro-ministro português, José Sócrates, deslocou-se na noite de dia 20 ao Funchal, numa visita de solidariedade.[12] O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, expressou igualmente as suas condolências,[13] visitando a Região no dia 24 de fevereiro de 2010.[14]
O governo português declarou a observância de três dias de luto nacional.[15]
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