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Alto de Pinheiros é um bairro nobre localizado na Zona Oeste do município de São Paulo, capital do estado brasileiro homônimo. Faz parte do distrito homônimo, pertencente à Subprefeitura de Pinheiros.[2] Ao longo das décadas, Alto de Pinheiros evoluiu de um projeto visionário de cidade-jardim para um bairro consolidado e altamente valorizado. A combinação de planejamento cuidadoso, controle rigoroso das construções e um forte senso de comunidade ajudou a manter o bairro como um exemplo de urbanismo bem-sucedido em São Paulo. Hoje, Alto de Pinheiros continua a ser um símbolo de qualidade de vida e um refúgio verde em meio à metrópole paulistana.[3][4]
Alto de Pinheiros | |
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Bairro de São Paulo | |
Vista do bairro e o Rio Pinheiros. | |
Área | 7,49 km² [1] |
Fundação | 1925 |
Distrito | Alto de Pinheiros |
Subprefeitura | Pinheiros |
Região Administrativa | Oeste |
ver |
Antes da chegada dos colonizadores europeus, a região onde hoje se encontra o Alto de Pinheiros era habitada por povos indígenas, principalmente os Tupi-Guarani. Esses habitantes originais viviam da caça, pesca e agricultura de subsistência.[4][5][6]
Durante o período colonial, a área começou a ser ocupada por fazendas e sítios. A história dessa região tem início quando a Lei do Marquês de Pombal, em 1770, expulsou os Jesuítas, e suas terras foram leiloadas, dando origem a chácaras e sítios particulares, como as chácara:s do Barão, Freguesia da Bela Vista, Chácara Boa Vista, Água Branca, Bela Veneza e Sítio do Buraco.[7]
No século XIX, o Alto de Pinheiros ainda era marcado por grandes propriedades rurais.[5] Com a abolição da escravidão e a chegada de imigrantes europeus, como italianos e portugueses, houve um aumento na fragmentação das grandes propriedades, que começaram a dar origem a pequenas glebas e chácaras.[4][6]
O processo de urbanização do Alto de Pinheiros se intensificou no início do século XX. Em 1913, as terras foram adquiridas pela Companhia City, que iniciou o loteamento do bairro em 1925. O projeto do novo bairro aproveitou as experiências bem-sucedidas dos bairros ajardinados já implantados pela Cia. City, como Jardim América e Pacaembu.[8] A São Paulo Tramway, Light and Power Company recebeu a concessão para retificar e alargar o Rio Pinheiros, o que retardou a implantação do bairro, que só teve seu arruamento recomeçado em 1937. Com curvas de níveis respeitáveis e uma distribuição hábil de áreas livres, o bairro se tornou uma área residencial das classes média e alta.[9][5][6]
"Oferecemos-lhe todas as vantagens: crédito, longo prazo para pagamento e financiamento IMMEDIATO para a construção de sua residência, além de nossa assistência técnica, a fim de lhe proporcionar já a realização da mais legítima das aspirações de cada chefe de família: possuir a casa própria.[9]" Era assim que a City of San Paulo Improvements and Freehold Land Company Ltd. – ou Cia. City, simplesmente – anunciava seus empreendimentos em 1936, nas páginas do jornal “O Estado de S. Paulo”.[8] Na peça publicitária, aparecem os nomes dos bairros criados pela companhia décadas antes: Jardim América, Pacaembu, Anhangabaú, City Butantã, Água Branca, Vila Romana e Alto da Lapa.[5]
Victor da Silva Freire, diretor de Obras Municipais – que se tornaria diretor na Cia. City em 1939 –, foi quem apresentou ao empreendedor belga seus amigos Cincinato Braga e Horácio Sabino, que vinham adquirindo grandes pedaços de terra também pensando em montar empreendimentos imobiliários.[10] Os brasileiros decidiram vender suas propriedades aos estrangeiros. Com o negócio prestes a ser fechado, Laveleye e Bouvard partiram para a Europa em busca de apoio financeiro. Conseguiram empréstimo do banco inglês Boulton Brothers. Assim, foi fundada em 25 de setembro de 1911, em Londres, a City of San Paulo Improvements and Freehold Land Company Ltd., com escritórios também em Paris e São Paulo.[8] A escritura definitiva de transferência dos imóveis foi assinada em 18 de janeiro de 1912, tornando a Cia. City proprietária de 12.380.098 metros quadrados – 37% do território urbano de São Paulo na época.[5]
Os ingleses trouxeram o conceito de "cidade-jardim", inspirado no urbanismo de Ebenezer Howard, que propunha locais planejados com ênfase em áreas verdes.[10] Este conceito foi adaptado para São Paulo, onde os loteamentos como o Jardim América e Alto de Pinheiros foram desenvolvidos com características próprias, como ruas sinuosas e áreas verdes integradas à cidade.[9][6]
Parker chegou a viver no Brasil entre 1917 e 1919, período durante o qual delineou os conceitos que norteariam os empreendimentos imobiliários e sua comercialização.[5] Uma comparação entre o projeto para o Jardim América de Bouvard e Rouch com o de Unwin e Parker expõe claramente as diferenças entre ambos.[9] No primeiro esboço do Jardim América, por exemplo, as ruas são retas, dispostas como grades e com duas grandes vias cortando o plano em diagonais, encontrando-se numa praça central.[8] Já o desenho dos urbanistas ingleses previa vias sinuosas, que avançam em curvas suaves e orgânicas, abrindo espaço para praças e jardins.[10] Tome-se um mapa atual de Alto dos Pinheiros, e lá estão características fundamentais do movimento garden-city: ruas que serpenteiam, rotatórias, jardins públicos, e praças em diversos pontos do bairro, sendo um bairro-jardim.[11]
A infraestrutura (ruas asfaltadas, rede elétrica) era um dos destaques em anúncios de jornais e em panfletos de propaganda dos loteamentos.[5] Os textos ressaltavam ainda a distância em relação às grandes concentrações urbanas: nem tão longe a ponto de se perder muito tempo com deslocamentos, nem tão perto a ponto de se conviver com o barulho, a fumaça e o cinza. Eram locais ideais para, como dizia uma das peças publicitárias, “viver o campo na cidade”.[8] Havia outro chamariz: a Cia. City criou uma atraente política de financiamento para comercializar seus terrenos. A venda a prazo não era uma novidade no Brasil – Cincinato Braga, de quem a empresa comprou parte das terras, já havia recorrido a esse sistema em outros empreendimentos. Mas a City o fez em escala maior.[9] Para tentar atrair mais compradores, a empresa também dava 10% de desconto caso a construção começasse em até 60 dias – a ideia era de que mais pessoas seriam atraídas conforme fosse se caracterizando a ocupação dos terrenos.[1][3]
Diante da enorme extensão de terras que tinha em mãos, a Cia. City adotou uma estratégia sugerida por Barry Parker em sua passagem pelo país: desenvolver os loteamentos paulatinamente. Em livro também sobre o Jardim América, o urbanista Rodney Bacelli escreve:[10] “A princípio parece-nos que a City seguiu em parte tal conselho; se verificarmos as plantas relativas ao loteamento das suas propriedades, constatamos que seu planejamento data da segunda década deste século [XX], sendo, entretanto, intensificado um esquema de loteamento em momentos diferentes para cada bairro.[8] Notamos assim a tendência da Companhia em promover maciçamente a venda de determinado loteamento até que este alcançasse uma satisfatória estabilidade econômica, sem, no entanto, descuidar-se de suas outras propriedades”. Isso pode ser observado de um bairro para o outro – o Jardim América, por exemplo, foi lançado em 1915; Alto dos Pinheiros, em 1930.[9] Mas também dentro de cada bairro: Alto dos Pinheiros se desenvolveu em quatro fases – a última delas em 1960.[1][3]
O estímulo às novidades arquitetônicas nos dois clubes talvez possa ser visto como uma continuidade de uma política introduzida desde o lançamento do bairro. A Cia. City era muito zelosa com as construções feitas em seus loteamentos.[5] Havia um controle forte para garantir que as normas, fixadas na escritura dos terrenos, fossem observadas. Construtor de diversas casas no bairro, o engenheiro Carlos Maurício Schutt conta como era o processo para fazer residências em Alto dos Pinheiros. “Para aprovar um projeto, tinha de levar primeiro à City e, depois, à Prefeitura. A City examinava, via se estava de acordo com as exigências do bairro.[1][3]
Durante as décadas de 1940 e 1950, passou pela mudança de nome de Alto dos Pinheiros para Alto de Pinheiros começou a se consolidar como um bairro residencial de alto padrão, seguindo o modelo de cidade-jardim que a Cia. City havia introduzido.[5][6] A infraestrutura do bairro, que incluía ruas asfaltadas e rede elétrica, era frequentemente destacada em anúncios de jornais e panfletos de propaganda.[8] A Cia. City promovia o bairro como um local ideal para "viver o campo na cidade", oferecendo uma política de financiamento atraente para a comercialização dos terrenos.[9][10]
A expansão do bairro foi planejada em fases, com a primeira etapa de desenvolvimento ocorrendo em 1930 e a última em 1960. Durante esse período, a Cia. City manteve um controle rigoroso sobre as construções, garantindo que as normas estabelecidas fossem seguidas.[8] Isso incluía restrições sobre o tamanho das construções e a preservação de áreas verdes, o que ajudou a manter o caráter distinto do bairro.[5]
Nos anos 1960, o bairro continuou a se desenvolver, mas a Cia. City começou a reduzir seu papel direto na administração do bairro. A partir de 1972, com a aprovação do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de São Paulo, a Prefeitura intensificou suas atividades fiscalizadoras, o que permitiu que a Cia. City se retirasse gradualmente do processo de controle.[9] Durante esse período, começou a atrair uma população de alto poder aquisitivo, que buscava a qualidade de vida proporcionada pelas áreas verdes e pela tranquilidade do local.[5] As casas continuaram a ser construídas de acordo com os padrões estabelecidos, mantendo o baixo adensamento e a presença de jardins privados.[12]
Nas décadas de 1980 e 1990, o bairro consolidou-se como um dos bairros mais desejados de São Paulo. A infraestrutura urbana foi aprimorada, com melhorias no transporte público e na oferta de serviços.[13] O bairro manteve seu caráter residencial, com poucas mudanças no zoneamento, o que ajudou a preservar sua identidade.[8] A partir dos anos 2000,[6] o bairro começou a enfrentar novos desafios, como o aumento do tráfego e a pressão por desenvolvimento urbano.[10] No entanto, a comunidade local, juntamente com associações de moradores, continuou a trabalhar para preservar o ambiente e a qualidade de vida que tornaram o bairro tão atraente.[12]
O Alto de Pinheiros é conhecido por suas amplas áreas verdes e baixa densidade populacional, o que proporciona um ambiente tranquilo e agradável.[14] O bairro é um refúgio verde dentro da metrópole paulistana, com ruas arborizadas que oferecem um contraste com o ritmo acelerado da cidade.[10] Além disso, Alto de Pinheiros enfrenta um problema com casarões abandonados que se tornaram criadouros do mosquito da dengue, levando o bairro a registrar a maior incidência de casos da doença em São Paulo.[13] A Secretaria Municipal da Saúde anunciou ações de bloqueio e nebulização para combater a proliferação do mosquito.[15][12][13]
Ocupado predominantemente pelas classes média-alta e alta da sociedade paulistana,[14] abriga o consulado ganês, a Praça Pôr do Sol, além de diversos museus, bares e restaurantes.[13] [16][17][18][3] É abastecido pela Sabesp através do reservatório de água do Sistema Cantareira.[19]
Com uma infraestrutura bem desenvolvida,[14] o bairro oferece acesso a serviços de alta qualidade, incluindo escolas renomadas, como o Colégio Santa Cruz,[10] e uma variedade de opções de lazer e cultura. O Parque Estadual Villa-Lobos, um dos maiores parques urbanos de São Paulo, é uma das principais atrações, oferecendo amplas áreas para atividades ao ar livre.[12][13][6]
Recentemente, o bairro tem enfrentado desafios relacionados à revisão da Lei de Zoneamento, sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes em 2024.[20] Essa revisão reclassificou trechos da avenida Ruth Cardoso e da rua General Furtado Nascimento como zona de centralidade, permitindo construções de até 48 metros de altura, o que alterou o limite anterior de 10 metros.[20] Moradores, liderados pela Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros (SAAP),[9] recorreram ao Ministério Público de São Paulo, alegando que tais mudanças comprometem o caráter residencial do bairro e não foram devidamente debatidas.[20]
As estações de metrô mais próximas para Alto de Pinheiros estão no Terminal Intermodal Pinheiros.[21]
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