Vibhajjavāda
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Vibhajjavāda (Pāli; sânscrito: Vibhajyavāda; chinês tradicional: 分別說部; pinyin: fēnbiéshuō-bù), ou Ensino da Análise,[1] era uma designação que especificava algumas tradições budistas iniciais que teriam pertencido a linhagem dos sthaviras (seniores), as quais promoviam a "análise" (vibhajya) como um método fundamental para o desenvolvimento da visão, os "vibhajjavadins" rejeitaram algumas doutrinas da escola sarvastivada durante o período do terceiro concílio budista (cerca de 250 a.C).[2] Eles rejeitavam a afirmação desta escola de que os dhammas (fenômenos) existem no passado, no presente e no futuro.[3][4][5] Desse modo, os vibhajjavadins (kasyapiyas) fizeram distinções entre os dhammas que existem e os que não existem, por isso foram denominados como "aqueles que fazem distinções" ou "analistas" (vibhajja-vadī). Essa corrente distincionista enfatizava a discriminação precisa de todos os fenômenos e de suas intrincadas e dinâmicas relações.[6]
Em certo momento é defendido por alguns bhikkhus o conceito de que "os dhammas que existem se referem as ações passadas cujos resultados ainda não amadureceram, os dhammas que não existem se referem as ações passadas das quais as consequências já ocorreram e as coisas do futuro."[7] Essa visão supostamente atribuída aos vibhajjavadins pode ser encontrada no Kathāvatthu, contudo ela é descrita como um dos pontos de vista em discussão, e não se refere a posição adotada pelos vibhajjavadins.[8] Vasumitra concorda em atribuir essa doutrina a seita Kāśyapīya,[9] que em alguns casos é considerada como uma das escolas vibhajjavadins[10][11] (embora, segundo as fontes do Mahavamsa,[12] e o comentário do Kathavatthu,[13] os kaśyapīyas fossem dissidentes da escola Sarvastivada). De qualquer modo, essa doutrina não foi adotada pelos vibhajjavadins (mahāvihāravāsins).[14] Em geral, as fontes do norte atribuíam diferentes pontos de vista aos vibhajjavadins para se referir as doutrinas que fossem especificamente opostas ou divergentes da ortodoxia sarvastivada, mas não com relação aos remotos mahaviharavasins do sul (cingaleses).
São notáveis as concepções distintas sobre a palavra "vibhajjavada". Em algumas fontes do norte,[10][11] o termo é utilizado frequentemente para se referir a doutrinas divergentes do princípio exposto pela escola Sarvastivada sobre a existência tri-temporal dos fenômenos, esse é um dos casos em que a denominação "vibhajjavadin" é utilizada. As fontes do norte se referem ao termo "vibhajjavādin" para distinguir uma escola representada no norte,[7] mas não pelos cingaleses remotos. Contudo, o ponto mais importante para esse propósito atual é que nem o Vijñānakāya (do Sarvāstivādin Devaśarman) e nem o Kathāvatthu (dos Mahāvihāravāsins) com seu comentário usam o termo "vibhajjavādin" em discussão sobre esta questão, ou seja, esse termo não tem nada a ver com os pontos de vista anteriormente citados. Mas não há motivos particulares para pensar que essas passagens se referem a uma escola claramente definida; de fato, tais visões podem ter sido realizadas por diferentes grupos ou indivíduos.[14]
Nas fontes do sul (Pali), conforme as descrições do Kathāvatthu, a designação "vibhajjavadin" não tem nada a ver com o debate sobre a existência tri-temporal dos fenômenos. Embora seja claro que houve um debate e desentendimento sobre esta questão, não está claro que isso tenha atingido uma divisão sectária naquele momento. O Kathavatthu discute tão somente doutrinas heréticas que haviam naquele período durante o terceiro concílio e se abstém de se referir a pessoas ou a escolas específicas, assim como não assume quaisquer pontos de vista, nesse caso o termo "vibhajjavāda" não se refere as discussões sobre a existência tri-temporal dos fenômenos. O próprio Kathāvatthu não deixa claro se as discussões eram entre diferentes escolas ou simplesmente um debate em curso entre uma comunidade. Portanto, não há razão para pensar que ao se identificarem como "vibhajjavādins", os mahāvihāravāsins (do sul) pretendiam se distinguir dos sarvāstivādins em particular.[14]
Tanto o Vijñānakāya (dos sarvastivadins) como o Katthavathu (dos mahaviharavasins) refutaram a doutrina da "puggala" (pessoa) da escola Puggalavada.[15] Para os vibhajjavadins, os fenômenos não possuem uma "natureza intrínseca", ao invés disso eles analisavam a insubstancialidade e o caráter sobredeterminado dos fenômenos.[carece de fontes?] Em outras palavras, eles acreditavam que todos os fenômenos surgem devido a causas e condições.[2][16][17] Diversos pontos de vista heréticos foram analisados por Moggaliputta Tissa Thera[18] que presidiu o terceiro concílio convocado pelo imperador mauria Asoka, por volta de 250 a.C, na cidade de Pataliputra (a moderna Patna) e podem ser encontrados no Kathavatthu ("Pontos de Controvérsia"), contido na quinta seção do Abhidharma Pitaka, o terceiro cesto do Canône Pali.[19][20][21]