Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Tipo ideal (do alemão Idealtyp) ou tipo puro é um termo comumente associado ao sociólogo Max Weber (1864-1920). Na concepção de Weber é um instrumento de análise sociológica para o apreendimento da sociedade por parte do cientista social com o objetivo de criar tipologias puras, destituídas de tom avaliativo,[1] de forma a oferecer um recurso analítico baseado em conceitos, como o que é religião, burocracia, economia, capitalismo, educação, dentre outros.
Uma das principais características do tipo ideal é o fato de que não corresponde à realidade, mas pode ajudar em sua compreensão,[2] estabelecido de forma racional, porém com base nas escolhas pessoais anteriores daquele que analisa. É então um conceito teórico abstrato criado com base na realidade-indução, servindo como um "guia" na variedade de fenômenos que ocorrem na realidade; por se basear na indução, dá "ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos (característica das ciências humanas) opõe a conceituação típico-ideal à conceituação generalizadora, tal como esta é conhecida nas ciências naturais",[3] fazendo oposição ao método comparativo dos positivistas como Émile Durkheim.[4]
Weber, sistematiza sua metodologia sociológica partindo da perspectiva de que o caráter particular e específico de cada formação social e histórica deve ser respeitado. Suas formulações podem ser vistas como produtos de seu contexto, visto que somente ao início do século XIX a Alemanha passava pelo seu processo de industrialização — tardiamente quando comparado à expansão urbana e formação da burguesia industrial na Inglaterra e na França ainda no século XVIII; onde floresceram o Positivismo, e o Evolucionismo, resultando em uma metodologia sociológica voltada aos anseios da sociedade industrial, e à ela adaptada.
Pode-se dizer que enquanto Comte se valia de dos preceitos das chamadas ciências "naturais", como a Biologia, Física e Matemática, em outras palavras como exemplo: darwinismo, mecanicismo e racionalismo; na Alemanha a Sociologia ali surginte estaria sob influências de outras correntes, que visavam anseios menos expansionistas, e lançando mão das ciências humanas, tal como a Antropologia.[4]
Uma dessas correntes filosóficas é o Historicismo,[5] que após Hegel foi bastante influente na Alemanha, especialmente dentro de seu Idealismo, e mais tarde presente também em Marx e seu Materialismo histórico-dialético. Portanto, o Historicismo como outras escolas filosóficas germânicas, propunham um contexto ao que Weber, para elaborar o tipo ideal como instrumento de seu método, preconizava a preocupação com o estudo das evidências particulares e compreensão das mesmas, em oposição à generalização e comparação presentes em Comte e Durkheim, próprias da sociologia positivista.[6]
Para Weber portanto, o historiador, ou o sociólogo, jamais trabalha com a totalidade dos fatos históricos, baseando-se na coleta de dados e no esforço interpretativo das fontes, lida portanto com dados esparsos e fragmentários. Propondo para essa análise o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas.[7]
Neste âmbito, o tipo ideal surge como forma de compreender a realidade, mas sem de fato corresponder à ela, já que a realidade não seria possível de ser alcançada em sua totalidade.[1] Igualmente não seria alcançada a neutralidade total e objetiva do cientista, pois este é guiado pelos seus sentimentos, por suas escolhas subjetivas e seus valores.
Apesar de seguirem por construções tipológicas e ideologias distintas, tanto Weber quanto Durkheim estavam preocupados em estabelecer as bases sólidas para tornar a Sociologia uma ciência; estavam portanto preocupados com a objetividade e rigor científico com que o cientista social estudaria determinado aspecto da sociedade. Durkheim enxerga a sociedade como algo muito mais complexo do que a simples soma dos indivíduos que a compõem,[8][9] ele vê a sociedade como algo exterior ao homem enquanto estudioso, devendo ser analisado sob ótica rigorosa livre de pré-noções e preconceitos.<ref>{{citar web|url=http://paginas.terra.com.br/educacao/gentefina/durkheim.htm|titulo=Durkheim: Uma Breve Visão|acessodata=3 de março de 2008|autor =Magda Regina Ribeiro Braga, Luciane Selegar|lingua = Português}}</ref>
Weber tenta resolver tal questão de uma maneira menos dedutiva, dando maior importância ao processo empírico - tomando cada fato signficativo em sua especificidade, fato este escolhido de acordo com os valores do cientista; eis aqui mais um ponto de influência do historicismo, o qual afirma que
“ | Para compreender correctamente uma doutrina do passado, é necessário que esteja inserida no seu contexto histórico e cultural (Karol Józef Wojtyła) [10] |
” |
Contudo, captar uma realidade cultural infinita, que "considerasse todas as circustâncias ou variáveis envolvidas num determinado acontecimento, torna-se uma pretensão inatingível".[11] Exatamente por isso, o cientista deve escolher de acordo com sua significância subjetiva, isolando da “imensidade absoluta, um fragmento ínfimo”.[12] “É a paixão que um valor desperta no cientista que guiará seu interesse entre o infinito material empírico da realidade”.[13]
Uma vez que a paixão serviu de "guia" para a escolha do fenômeno a ser estudado, o cientista deve preocupar-se em alcançar a objetividade do conhecimento científico que está disposto a buscar. Ao fazê-lo, não deve julgar ser capaz de livrar-se de todos os seus preceitos e crenças pessoais, já que isso seria para Weber impossível; ao contrário o cientista deve valer-se da chamada "neutralidade axiológica" (em alemão: Wertfreiheit). Este termo designa 'liberdade de valor',[14] retoma assim o conceito de axioma. Por conseguinte, Weber quer propor termos neutros, destituídos de valores ideológicos; servindo como consenso inicial necessário para a sua construção típico-ideal. Ou seja, mesmo que o cientista seja movido por valores, ele deve entender que a investigação deve ser científica, deve render-se à evidencia dos dados, nunca distorcê-los.[15]
O tipo ideal portanto, possibilita a criação de uma ponte que permite unir o componente subjetivo e o conhecimento empírico. Servindo como instrumento de análise inicial pelo qual passariam praticamente todos os estudos metodológicos posteriores e que orientariam os pesquisadores sociais na "construção de hipóteses".[15]
Resumindo-se todas as características inerentes aos tipos ideais, podemos resumí-las em três. São elas:
Deve-se tomar muito cuidado com o termo caráter utópico, e mesmo com o próprio significado de "tipo ideal— Eu
Tipo Ideal
». Escola Secundária Gama Barros. Consultado em 1 de fevereiro de 2008|Páginas=
ignorado (|páginas=
) sugerido (ajuda)|Páginas=
ignorado (|páginas=
) sugerido (ajuda)Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.