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lado extremo do nacionalismo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Ultranacionalismo ou nacionalismo extremo é uma forma extrema de nacionalismo em que um país afirma ou mantém hegemonia prejudicial, supremacia ou controle sobre outros países (geralmente através de coerção) para perseguir seus interesses.[1] O ultranacionalismo é um aspecto do fascismo.[2]
Segundo Janusz Bugajski, "em suas formas mais extremas ou desenvolvidas, o ultranacionalismo assemelha-se ao fascismo, marcado por um desdém xenófobo de outras nações, apoio a arranjos políticos autoritários beirando o totalitarismo e uma ênfase mítica na 'unidade orgânica' entre um líder carismático, um partido do tipo movimento organizacionalmente amorfo e a nação".[3]
Roger Griffin afirma que o ultranacionalismo é essencialmente xenófobo e é conhecido por se legitimar "através de narrativas profundamente mitificadas de períodos culturais ou políticos passados de grandeza histórica ou de velhas contas a acertar contra supostos inimigos". Também pode recorrer a "formas vulgares de antropologia física, genética e eugenia para racionalizar ideias de superioridade e destino nacional, de degeneração e sub-humanidade".[4]
lealdade absoluta e inquestionável a um governante rígido. -”
Roger Eatwell e Matthew Goodwin, em seu livro "National Populism: The Revolt Against Liberal Democracy" (2018), descrevem o ultranacionalismo como um componente essencial do populismo de direita. Para eles, o ultranacionalismo envolve um fervor patriótico extremo e um desejo de supremacia nacional em detrimento de outros grupos étnicos, culturas ou nações. Eles enfatizam a rejeição das instituições internacionais e a crença de que essas instituições ameaçam a identidade nacional. Os autores veem o ultranacionalismo como uma resposta à globalização e à migração, com a promessa de proteger a nação de influências externas.[5]
Cas Mudde, um cientista político especializado em extremismos, discute o ultranacionalismo como uma forma radical e agressiva de nacionalismo. Em suas análises, ele destaca a ênfase na identidade nacional e a exclusão de grupos percebidos como não pertencentes à nação. Mudde argumenta que o ultranacionalismo muitas vezes envolve sentimentos de xenofobia e hostilidade em relação a estrangeiros. Ele observa que essa ideologia pode estar presente em movimentos políticos de extrema direita e influenciar a agenda política.[6]
Michael Mann, um sociólogo e historiador, aborda o ultranacionalismo em seu livro "The Dark Side of Democracy: Explaining Ethnic Cleansing" (2005). Ele descreve o ultranacionalismo como uma ideologia que pode ser um precursor do genocídio e da limpeza étnica. Mann argumenta que o ultranacionalismo é uma forma extrema de nacionalismo étnico, que pode levar a ações violentas contra grupos minoritários. Ele destaca a conexão entre o ultranacionalismo, o nacionalismo étnico e os conflitos violentos ao longo da história.[7]
Stanley G. Payne, um historiador especializado em fascismos e extremismos políticos, associa o ultranacionalismo ao fascismo em seu livro "A History of Fascism, 1914-1945" (1996). Ele enfatiza o culto à nação e à raça como elementos-chave do ultranacionalismo fascista. Payne descreve o ultranacionalismo fascista como uma ideologia que busca a unidade nacional através da exclusão e da supressão de grupos considerados não conformes com a visão nacionalista.[8]
Atualmente, o fenômeno ultranacionalista está majoritariamente ligado a movimentos orientados pela extrema-direita, porém ressalta-se que há também movimentos nacionalistas extremados na extrema-esquerda. Nos países europeus se conecta fortemente a pautas populistas que contribuem para a reemergência dessa variante. Na sequência se apresenta partidos ultranacionalistas representativos que frequentemente aparecem nos noticiários.
Maior movimento com traços fascistas além das fronteiras europeias, o integralismo se ligou fortemente a grupos católicos tradicionais. Majoritariamente um movimento que se desenvolvia nas grandes cidades, torna-se partido político com a Ação Integralista Brasileira na breve abertura política no período varguista. Posteriormente, é cassado do sistema eleitoral, assim como outros partidos, após a implantação do Estado Novo. Sua principal liderança foi Plínio Salgado Filho o qual junto a outros membros buscou dar golpe de Estado em 1938. Com o falecimento de Plínio Salgado, surge o neointegralismo que intenta reavivar os motes integralistas. Desde então, esse movimento busca se articular com outros grupos da direita radical. Nos anos 1990, aproximou-se fortemente do PRONA com muitos integrantes adentrando neste partido. No século XXI, é marcado pela divisão em muitos grupos, divergindo em questões doutrinárias e táticas. Hoje, os maiores grupos são a Frente Integralista e o Movimento linearista brasileiro, sendo este último explicitamente anti-semita.
O Partido da Reforma e Ordem Nacional foi uma agremiação com traços fortemente ultranacionalistas, fundada por Éneas Carneiro, que tinha como base um nacionalismo conservador fervoroso crítico ao neoliberalismo dos anos 1990. O partido se vinculava a defesa da família cristã e a oposição contra o aborto e a união civil homossexual. Além disso, rechaçava fortemente a adesão brasileira a organismos internacionais considerados como instituições antinacionais. Embora não tenha alcançado altos postos no executivo brasileiro, a figura de Éneas Carneiro é retomada por políticos e movimentos ultranacionalistas e de extrema-direita, principalmente por Bolsonaro e grupos neointegralistas.
Uma das características mais notáveis do bolsonarismo é a apropriação de símbolos nacionais, como a bandeira do Brasil e o hino nacional, para promover uma narrativa de defesa dos interesses do país. Os partidários do movimento frequentemente empunham a bandeira brasileira em manifestações e eventos, reforçando a ideia de que estão agindo em nome do país e de seu povo. Entretanto, o sequestro da identidade nacional serve como forma de legitimar os interesses do grupo como se fossem interesses de toda a nação brasileira.[9]
Os lemas "Deus, Pátria e Família" e "Brasil Acima de Tudo" foram repetidamente destacados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores como os pilares do bolsonarismo. Esses lemas servem para evidenciar novamente o caráter ultranacionalista do movimento. Importa ressaltar que esses slogans possuem inspirações em outros movimentos ultranacionalistas do passado. O lema "Deus, Pátria e Família" também era utilizado pelo fascismo italiano e pelo movimento integralista brasileiro [10], ao passo que o slogan "Brasil Acima de Tudo" é uma paráfrase do slogan "Deutschand Über Alles" (em português, Alemanha Acima de Tudo) utilizado por Adolf Hitler na Alemanha Nazista.[11]Vale ressaltar que esses lemas utilizados por fascistas funcionam como um "Dog Whistle",que é quando alguém fala ou faz algo que parece normal, mas tem um significado secreto que só algumas pessoas entendem, geralmente para apelar a um grupo específico, nesse caso outros fascistas, sem que todos percebam.
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