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Socialismo científico é um termo cunhado em 1840 por Pierre-Joseph Proudhon na obra What is Property? (O que é a propriedade?)[1] para se referir a uma sociedade orientada por um governo científico, ou seja, aquele cuja soberania repousa na razão, ao invés de um governo cujas ações baseiam-se no acaso ou no arbítrio[2]:
Assim, numa determinada sociedade, a autoridade do homem sobre o homem é inversamente proporcional ao estágio de desenvolvimento intelectual que essa sociedade alcançou; e a provável duração dessa autoridade pode ser calculada a partir do desejo mais ou menos geral de um verdadeiro governo — isto é, de um governo científico. E assim como o direito da força e o direito do artifício recuam diante do avanço constante da justiça, e devem finalmente se extinguir em igualdade, assim a soberania da vontade cede à soberania da razão, e deve enfim se perder no socialismo científico.[3]
No livro de 1844, A Sagrada Família, Karl Marx e Friedrich Engels descreveram os escritos dos escritores socialistas e comunistas Théodore Dézamy e Jules Gay como verdadeiramente "científicos". [4] Mais tarde, em 1880, Engels usou o termo "socialismo científico" para descrever a teoria sócio-política-económica de Marx. [5]
Embora o termo socialismo tenha significado especificamente uma combinação de ciência política e econômica, também é aplicável a uma área mais ampla da ciência, abrangendo o que hoje é considerado sociologia e humanidades. A distinção entre socialismo utópico e científico originou-se de Marx, que criticou as características utópicas do socialismo francês e da economia política inglesa e escocesa. Engels mais tarde argumentou que os socialistas utópicos não conseguiram reconhecer por que o socialismo surgiu no contexto histórico que ele criou, que surgiu como uma resposta às novas contradições sociais de um novo modo de produção, ou seja, o capitalismo. Ao reconhecer a natureza do socialismo como a resolução dessa contradição e aplicando uma compreensão científica completa do capitalismo, Engels afirmou que o socialismo havia se libertado de um estado primitivo e se tornado uma ciência. [6]
Essa mudança no socialismo foi vista como complementar às mudanças na biologia contemporânea desencadeada por Charles Darwin e a compreensão da evolução pela seleção natural — Marx e Engels viram essa nova compreensão da biologia como essencial para a nova compreensão do socialismo e vice-versa.
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), desenvolveram a teoria socialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo.
Ao contrário dos utópicos, Marx e Engels não se preocuparam em pensar como seria uma sociedade ideal. Preocuparam-se, em primeiro lugar, em compreender a dinâmica do capitalismo e para tal estudaram a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da produção capitalista e, mais importante, suas contradições. Eles acreditavam que o capitalismo seria, inevitavelmente, superado e destruído. E, para eles, isso ocorreria na medida em que, na sua dinâmica evolutiva, o capitalismo, necessariamente, geraria os elementos que acabariam por destruí-lo e que determinariam sua superação. Entenderam, que a classe trabalhadora agora completamente expropriada dos meios de subsistência, ao desenvolver sua consciência histórica e entender-se como uma classe revolucionária, teria um papel decisivo na destruição da ordem capitalista e burguesa. Apesar dele defender a ciência, ele criticava o cientificismo e alegava que o método científico não era neutro nem estava isento de dogmas.[7]
Marx e Engels afirmaram, também, que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém, necessária, para se alcançar a sociedade comunista.[carece de fontes] Esta representaria o momento máximo da evolução histórica do homem, momento em que a sociedade já não mais estaria dividida em classes, não haveria a propriedade privada e o Estado, entendido como um instrumento da classe dominante, uma vez que no comunismo não existiriam classes sociais. Chegar-se-ia portanto, à mais completa igualdade entre os homens. Para eles isso não era um sonho, mas, uma realidade concreta e inevitável. Para se alcançar tais objetivos o primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora.
A teoria marxista, expressa em dezenas de obras, foi claramente apresentada no pequeno livro publicado em 1848, O Manifesto Comunista. Posteriormente, a partir de 1867, foi publicada a obra básica para o entendimento do pensamento marxista: O Capital, de autoria de Marx. Os demais volumes, graças ao esforço de Engels, foram publicados após a morte de Marx.
Os princípios básicos que fundamentam a teoria marxista podem ser sintetizados em quatro teorias centrais:
O socialismo científico refere-se a um método para compreender e prever fenómenos sociais, económicos e materiais, examinando as suas tendências históricas através da utilização do método científico, a fim de obter resultados prováveis e prováveis desenvolvimentos futuros. Está em contraste com o que os socialistas posteriores chamaram de socialismo utópico – um método baseado no estabelecimento de proposições aparentemente racionais para organizar a sociedade e convencer os outros da sua racionalidade e/ou desejabilidade. Também contrasta com as noções liberais clássicas de direito natural, que se baseiam em noções metafísicas de moralidade, em vez de numa concepção dinâmica materialista ou fisicalista do mundo. [8]
Os socialistas científicos vêem os desenvolvimentos sociais e políticos como sendo em grande parte determinados pelas condições económicas, em contraste com as ideias dos socialistas utópicos e dos liberais clássicos, e assim acreditam que as relações sociais e as noções de moralidade são baseadas no contexto relativamente ao seu estágio específico de desenvolvimento económico. Eles acreditam que, como sistemas económicos, o socialismo e o capitalismo não são construções sociais que possam ser estabelecidas a qualquer momento com base na vontade e nos desejos subjetivos da população, mas, em vez disso, são produtos da evolução social. Um exemplo disto foi o advento da agricultura, que permitiu às comunidades humanas produzir um excedente – esta mudança no desenvolvimento material e económico levou a uma mudança nas relações sociais e tornou obsoleta e um obstáculo a antiga forma de organização social baseada na vida de subsistência. para um maior progresso material. As mudanças nas condições económicas exigiram uma mudança na organização social. [9]
Em seu livro “Em Defesa do Marxismo”, Leon Trotsky defendeu o método dialético do socialismo científico durante as divisões em facções no movimento trotskista americano no período 1939-40. Trotsky via a dialética como um método essencial de análise para discernir a natureza de classe da União Soviética. Especificamente, ele definiu o socialismo científico como a “expressão consciente de um processo histórico”. [10]
Em Bangladesh, depois de 1971, Jatiya Samajtantrik Dal foi formado com o objetivo de exercer um governo baseado no socialismo científico. [11] [12] No Japão, o Partido Comunista Japonês tem uma ideologia baseada no socialismo científico. [13]
O filósofo da ciência Karl Popper em seu livro The Open Society and Its Enemies caracterizou o socialismo científico como pseudociência. Ele argumenta que seu método é o que ele chama de "historicismo": o método de analisar tendências históricas e derivar leis universais a partir delas. Ele critica essa abordagem como não sendo científica, uma vez que seus princípios não podem ser testados, e em particular, não estão sujeitos à capacidade de se provarem falsos. Keynes afirmou que o marxismo é a mais radical aplicação do utilitarismo já teorizada.[14] Apesar das críticas de Keynes, ele concordava na necessidade de se conciliar trabalho e estudo.[15]
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