Seleção estabilizadora
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Seleção estabilizadora (AO 1945: Selecção estabilizadora), ou selecção purificante, é um tipo de selecção natural em que a diversidade genética diminui quando a população estabiliza num valor de determinada característica em particular. Dito de outra maneira, valores extremos da característica são seleccionadas contra. Um exemplo de selecção estabilizadora é a selecção contra mudanças no tamanho dos bebés humanos. Antigamente, a taxa de mortalidade infantil no parto era grande. Agora, além dos avanços médicos e tecnológicos de nossa sociedade podemos observar uma estabilidade no tamanho dos bebés recém-nascidos.
Este tipo de seleção tende a manter a população constante ao longo do tempo. Ou seja, os membros com características médias - mais encontradas - dentro da população tem maior aptidão do que aqueles com características extremas. Por exemplo, humanos com tamanhos corporais intermediários tem maior aptidão do que aquele muito alto ou muito baixo, portanto, a seleção estabilizadora agirá para aumentar ainda mais a aptidão desses indivíduos, atuando contra mudanças no tamanho corporal. Assim, sob condições estáveis (ambientes menos dinâmicos) indivíduos intermediários (genótipo de maior frequência) tipicamente deixam mais descendentes do que os extremos (genótipo menos frequente). A adaptabilidade de um indivíduo é medida pela proporção de seu genótipo no conjunto de genótipos da população. Portanto, o fenótipo médio prevalece.
Em um ambiente constante, a troca de genes entre os indivíduos irá aumentar a variância da população a cada geração, e a seleção estabilizadora a reduz para um valor próximo da geração anterior, assim, os valores médios da população não se modificam.[1][2]
As ações humanas podem interferir no processo natural da seleção estabilizadora, fazendo com que esta se torne mais "relaxada" e não segure a aptidão dos intermediários. Um exemplo seria o peso no nascimento de bebês em populações humanas. Desde a época da expansão evolutiva do cérebro humano, há aproximadamente 1 a 2 milhões de anos, até ao século XX, a seleção estabilizadora agia sobre o peso de bebês, então aqueles que apresentavam aproximadamente 3,6 kg ao nascer teriam uma taxa de sobrevivência maior do que crianças mais pesadas ou mais leves. Porém, nos países ricos, aonde houve melhora no cuidado de partos prematuros e aumento da frequência de partos por cesariana para bebês grandes em relação ao tamanho de sua mãe, a seleção estabilizadora foi relaxada e crianças mais leves ou mais pesadas tiveram sua frequência aumentada.[1]
Na natureza, grande parte das características estão sujeitas à seleção estabilizadora e esta tende a diminuir a variação herdável. Por exemplo, uma característica pleiotrópica que seja influenciada por quatro locus e que, em cada loco, estejam presentes dois alelos. Um dos dois alelos aumenta (+) o valor da característica, e o outro diminui (-). Sendo assim, cada haplótipo individual será composto de uma série de alelos.
INDIVÍDUO 1: ++++/---- heterozigoto
INDIVÍDUO 2: ++--/--++ heterozigoto
INDIVÍDUO 3: ++--/++-- homozigoto
A seleção natural irá favorecer indivíduos com um fenótipo intermediário, produzido por genótipos com metade de genes (+) e metade (-).
O esperado seria que fosse mantida a variabilidade genética, pois os genótipos cruzam e produzem descendentes variáveis. Porém, se for assim, os indivíduos homozigotos (3) terão uma pequena vantagem, pois todos os descendentes serão iguais aos parentais, então estes possuirão o fenótipo ótimo, enquanto os descendentes dos heterozigotos (1) e (2) não, pois a prole não terá fenótipo ótimo como o da geração parental.
Portanto, numa população composta por esses três genótipos, a seleção favorecerá levemente o genótipo (3), e se o ambiente não mudar durante um longo período o fenótipo (3) continuará sendo favorecido e a seleção irá produzir uma população uniforme.Todavia, existem outros genótipos que também podem ser homozigotos:
INDIVÍDUO 4: +-+-/+-+- homozigoto
INDIVÍDUO 5: +--+/+--+ homozigoto
INDIVÍDUO 6: -++-/-++- homozigoto
Suponha que exista uma população com os genótipos do (3) ao (6) e que a seleção ainda favoreça o fenótipo intermediário, portanto, novamente a evolução tenderá para a direção de apenas um genótipo, que deve ser homozigoto para todos os locos.
Então, qualquer homozigoto que possui uma frequência um pouco maior do que os outros terá vantagem. Por exemplo, se o genótipo (6) possui frequência maior que os genótipos (3), (4) e (5), todos os genótipos terão maior probabilidade de cruzar com o genótipo (6) do que com qualquer outro.
Quando o genótipo (6) se cruza com o genótipo (6), todos seus descendentes serão favorecidos, pelo mesmo motivo citado anteriormente. Mas, se os genótipos (3), (4) ou (5) cruzam com o genótipo (6), seus descendentes possuirão alguns genótipos desvantajosos (heterozigotos). Mesmo se seus descendentes tiverem o genótipo homozigoto sendo, portanto, vantajoso, estes terão uma prole com recombinantes desvantajosos.
A conclusão, portanto, é que a seleção reduz a variabilidade genética para zero, mesmo com a seleção estabilizadora atuando.
Se um caráter está sofrendo pressão seletiva estabilizadora, o efeito da seleção será de reduzir a variação e a herdabilidade.
Apesar de uma herança poligênica tender a se tornar uniforme, há características reais com muita variabilidade genética. Porém, sabe-se de forma imperfeita qual(is) processos que mantém a variabilidade genética.