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Púgio ou pugião (em latim: pugio; pl. pugiones; em grego: μάχαιρα; romaniz.: máchaira) era uma adaga, um punhal ou faca de dois gumes e lâmina larga triangular ou foliforme, cujo nome, tanto em grego como em latim (ambos desinências das respectivas palavras para "punho")[1], denota a pequenez do artefato e a maneira de segurá-lo na mão.[2]
De origem celtibera, chegou a ser utilizada como segunda arma pelos legionários.[3]
A lâmina, geralmente de bronze ou ferro, teria cerca de 15 a 28 centímetros de comprimento e 5 centímetros de largura.[4]
O punho, variadamente ornado ou enriquecido, às vezes feito de madeira dura preta do terebinto sírio[1], podia ter entre 10 e 13 centímetros de comprimento. Pesava cerca de 450 a 700 gramas em média.
O pomo (então chamado capulus) foi sofrendo alterações desde o século I até ao II. Originalmente era esférico, mas foi sendo substituído por pomos mais bulbosos e trapezoidais.[5] Por volta do século III, quando o púgio conhece um novo surto de popularidade, os pomos ganham um formato de crescente, "língua de carpa" ou "em antenas", como aconteceu aos gládios, durante o mesmo período histórico. [4]
Tal como o gládio, o púgio seria certamente uma arma mormente perfurante, o que, por sinal, era o tipo de arma predilecto dos Romanos. Para este efeito, o escritor romano Vegécio, lavrou:[6]
Um golpe com o gume, mesmo que desferido com força, raramente mata […] Por outro lado, as punhaladas, basta que penetrem duas polegadas, para que sejam fatais […] O corpo está a coberto, quando a estocada é desferida, e o adversário leva com a ponta antes de ver a espada sequer. Este era o método de combate primacial empregue pelos Romanos […]
É possível que Vegécio esteja a exagerar, especialmente tendo em vista que há inúmeras representações romanas de soldados a dilacerar com armas cortantes e não apenas a perfurar os inimigos. Inobstante, é um relato relevante para depreender o papel do púgio para os romanos.[6]
Além da sua utilização pelas legiões romanas, também era uma das armas utilizadas pelo reciário.[7]
Há abundantes referências aos pugiões na literatura romana imperial, mormente nas obras de Tácito e Suetónio. Tácito relata que Cneu Domício Córbulo deu ordem de execução a um legionário por não portar espada, enquanto abria um valado, e a outro por só portar o púgio, enquanto cumpria a mesma tarefa. Daqui não podemos, no entanto, depreender que o púgio fosse portado universalmente por todos os legionários.[8] Com efeito, exumações a tumbas de legionários do séc. I d.C. revelaram que nem toda a soldadesca teria púgios. As tropas equestres por vezes também portavam pugiões. [9]
Tácito também relata[10] uma ocorrência em que um centurião, de nome Semprónio Denso, da guarda pretoriana, desembainhou o púgio para salvar Lúcio Calpúrnio Pisão Liciniano num momento de aperto.
Esta adaga foi, também, o implemento de eleição para assassinato e suicídios, por ser maneirinha o suficiente para se poder ocultar discretamente, entre as vestes romanas. De acordo com registos da época, como sendo as Cartas de Marco Túlio Cícero[11] [12] e a obra «Vidas dos Doze Césares» de Suetónio[13], não só Marco Bruto, mas todos os conspiradores que apunhalaram Júlio César serviram-se de pugiões. [7]
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