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ordem religiosa católica Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus, conhecida em italiano como Ordine Ospedaliero di San Giovanni di Dio, GCB é uma ordem religiosa da Igreja Católica.
Tipo | Organização não governamental |
Fundação | 1572 |
Sede | Roma, Itália |
Línguas oficiais | Português |
Sítio oficial | Página oficial da Ordem, em português |
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus tem como finalidade prestar serviços de saúde e de assistência aos indivíduos mais carenciados, como pacientes mentais e idosos, mantendo neste sentido uma rede de estabelecimentos, como hospitais e centros de apoio.[1]
Foi fundada na cidade espanhola de Granada, por discípulos do santo português João de Deus.[2] Procuraram desta forma continuar e expandir a obra do santo, que ficou conhecido pelos seus esforços na prestação de cuidados de saúde aos mais pobres, tendo sido responsável pela fundação de um hospital para doenças incuráveis e contagiosas.[3] Com efeito, São João de Deus é considerado um padroeiro dos enfermeiros, dos doentes e dos estabelecimentos de saúde.[3] A formação da irmandade foi aprovada em 1572 pelo Papa Pio V, e em 1586 foi reconhecida como Ordem Religiosa pelo Papa Sisto V.[3] No século XVI a ordem fundou o Hospital Fatebenefratelli (en), em Roma, que é considerado um dos hospitais mais antigos do mundo.[4] Porém, em 1592 o Papa Clemente VIII retirou-lhe o estauto de ordem, que só foi reposto pelo Papa Paulo V em 1611 em Espanha, e em 1617 na Itália, criando desta forma duas organizações distintas, situação que perdurou durante cerca de duzentos e cinquenta anos.[3]
A ordem esteve em risco de desaparecer durante o século XIX, devido à implementação de políticas contra a religião, tendo por exemplo a província portuguesa sido encerrada em 1834.[3] Porém, sobreviveu devido em grande parte aos esforços de São Bento Menni, que a a partir de 1867 conseguiu reformar e reunificar a ordem.[3] Iniciou-se então uma fase de grande desenvolvimento, com a criação de casas em vários pontos do mundo, principalmente em meados do século XX, processo que foi apoiado pelo reconhecimento de vários antigos membros da ordem como santos.[3]
Em Dezembro de 2020, quatro divisões da Ordem Hospitaleira receberam o certificado do programa Beyond the Call of Duty for COVID-19 da Federação Internacional de Hospitais (en), pelos seus esforços no combate à pandemia.[5] As organizações reconhecidas foram o Instituto São João de Deus, em Portugal, dois hospitais na Catalunha, em Espanha, e o Hospital de Viena, na Áustria.[5]
Em 1606 foi fundado o primeiro núcleo da ordem em Portugal, em Montemor-o-Novo, terra natal de São João de Deus, tendo esta comunidade sido transformada numa província em 1671.[3] Após um período de declínio ao longo do século XIX, a comunidade portuguesa foi restaurada em 1893, embora a província só tenha reiniciado as suas funções em 1928.[3] No seguimento da Revolução de 1974 em Portugal, a ordem esteve em risco de perder o seu património imóvel, pelo que encetou esforços no sentido de integrar juridicamente os seus estabelecimentos de saúde e de assistência, além das funções dos membros da irmandade e dos profissionais a seu cargo.[3] Desta forma, em 11 de Novembro de 1977 foi fundado o Instituto São João de Deus, que tinha como função administrar os vários estabelecimentos de saúde que pertenciam à província nacional da Ordem Hospitaleira.[6] Nos finais do século XX, a ordem começou a organizar campos de férias em Portugal para jovens deficientes mentais, no sentido de combater os estigmas e o medo associados às suas condições.[2]
Em 20 de Novembro de 2006, a província portuguesa da Ordem Hospitaleira lançou a Fundação São João de Deus, uma instituição particular de solidariedade social, que tinha como fim auxiliar os cidadãos mais vulneráveis, divulgar os problemas de saúde mental, e promover um maior dinamismo entre os indivíduos na terceira idade.[1]
Embora originalmente os estabelecimentos de saúde da Ordem em Portugal fossem quase totalmente compostos por irmãos, progressivamente o número de empregados leigos ganhou proporção, e nos princípios do século XXI já vários núcleos funcionavam sem membros religiosos.[2] Apesar de tudo, segundo o padre Alberto Mendes, a Ordem tentou manter uma vertente mais espiritual e carismática junto dos doentes, uma vez que se acredita que para a prestação de bons cuidados de saúde é necessário «juntar no fundo a humanização à técnica».[2] Afirmou igualmente que havia uma aposta na «desinstitucionalização», no sentido de colocar os pacientes no «seu ambiente, junto da sua família», quando fosse possível.[2] Neste sentido, tinha dois programas de assistência, CuiDando e Home 360, que procuravam apoiar os doentes nas suas residências.[7] Em 2017 lançou igualmente o programa Mind Up, que estimulava a integração do paciente na sua família e comunidade, através da organização de grupos de suporte, entre outras medidas.[8] Em 2021, a Ordem tinha oito estabelecimentos em Portugal, onde concentravam 80% das «respostas ligadas a psiquiatria e saúde mental, onde há pessoas institucionalizadas».[2]
Em Portugal, a ordem possui igualmente um um museu dedicado ao seu fundador, o Santo João de Deus, na unidade do Telhal.[3] Também foi responsável pela publicação de vários periódicos, incluindo a revista trimestral Hospitalidade e o jornal O Irresponsável, este último nos Açores.[3]
A Ordem foi introduzida no Brasil em 1947, por membros portugueses. Nesse ano tornou-se responsável pela Casa do Padre, no Rio de Janeiro, tendo administrado aquele estabelecimento durante cerca de treze anos.[9] Em 1955 fundou a Clínica Cirúrgica de São João de Deus, igualmente no Rio de Janeiro, e em 1968 inaugurou o Hospital São João de Deus, em Divinópolis, no estado de Minas Gerais.[9] Em 1970 fundou o Lar São João de Deus, no distrito de Itaipava, e vinte anos depois estabeleceu-se em São Paulo com a Casa de Saúde São João de Deus.[9] Outro passo decisivo foi dado em 2007, com a criação da Casa da Hospitalidade, em Aparecida do Taboado.[9]
A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus foi agraciada, a 3 de Outubro de 1950, com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência.[10]
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