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avião híbrido criado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont em 1906, sendo o primeiro objeto mais pesado que o ar a projetar-se do solo por impulsos próprios Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O 14-bis, também conhecido como Oiseau de Proie (francês para “ave de rapina”),[2] foi um avião construído pelo inventor brasileiro Alberto Santos Dumont que em 12 de novembro de 1906 conquistou o Prêmio Archdeacon e o Prêmio do Aeroclube da França ao realizar um voo de 220 metros em Paris.[3]
Oiseau de Proie | |
---|---|
14-bis | |
Descrição | |
País de origem | Brasil França |
Fabricante | Alberto Santos Dumont |
Quantidade produzida | 1 |
Primeiro voo em | 23 de outubro de 1906 (118 anos) |
Tripulação | 1 – piloto |
Especificações | |
Dimensões | |
Comprimento | 10 m (32,8 ft) |
Envergadura | 12 m (39,4 ft) |
Altura | 4,8 m (15,7 ft) |
Peso(s) | |
Peso vazio | 160 kg (353 lb) |
Propulsão | |
Potência (por motor) | 50 hp (37,3 kW) |
Performance | |
Velocidade máxima | 30,8 km/h (16,6 kn) |
Notas | |
Destruído em 4 de abril de 1907 (117 anos)[1] |
O 14-bis era inicialmente constituído por um aeroplano unido ao balão 14, em testes feitos por Santos Dumont em meados de 1906 – daí o nome "14-bis", isto é, o "14 de novo". A função do balão era reduzir o peso efetivo do aeroplano e facilitar a decolagem. O aeróstato, porém, gerava muito arrasto e não permitia ao avião desenvolver velocidade.
O primeiro teste do 14-bis foi feito em 19 de julho de 1906, conectado ao balão n.º 14. Em 23 de agosto, o 14-bis foi finalmente testado sem estar acoplado ao balão. Após uma primeira corrida sem decolar, na segunda tentativa o aeroplano elevou-se do chão e voou. Entretanto a sua estabilidade não agradou a Santos Dumont, que mesmo assim declarou-se satisfeito.[4]
No dia 3 de setembro de 1906 foi instalado o motor náutico Antoinette de 50 cavalos-vapor no lugar do de 24 até então utilizado. Transformou o 14-bis assim no Oiseau de Proie, com o qual obteve um salto de 11 metros em 13 de setembro de 1906; infelizmente o pouso brusco danificou a estrutura e o motor do avião e quebrou as duas rodas, interrompendo os testes.
Santos-Dumont fez novas modificações no avião: envernizou a seda das asas para aumentar a sustentação, retirou a roda traseira, por atrapalhar a decolagem, e cortou a estrutura portadora da hélice. Em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, Paris, o Oiseau de Proie II, após várias tentativas, percorreu sessenta metros em sete segundos, a uma altura de aproximadamente dois metros, perante mais de mil espectadores. Esteve presente a Comissão Oficial do Aeroclube da França, entidade reconhecida internacionalmente e autorizada a homologar qualquer evento significante, tanto no campo dos aeróstatos como no dos "mais pesados que o ar". Novamente, porém, o pouso brusco danificou as rodas do avião. O 14-bis ainda não era totalmente controlável.[5]
Em 12 de novembro do mesmo ano, com o avião Oiseau de Proie III, provido de ailerons rudimentares para ajudar na direção, percorreu 220 metros em 21,5 segundos, estabelecendo o recorde[6][7] de distância da época.[8] O feito foi registrado pelo Aeroclube da França em um monumento, preservado no campo de Bagatelle.[9]
Em 4 de abril de 1907 o 14 bis realizou seu último voo.[1] Após tentativas frustradas de estabilizar a aeronave, Santos-Dumont perdeu o controle e bateu contra o chão. Ao invés de reparar o avião, Santos-Dumont preferiu canibalizar as peças do protótipo em outros projetos – seu motor equipou os projetos 15, 16 e 18, e as hélices e as rodas também foram aproveitadas em outros aparelhos.[10]
A réplica que mais se aproxima do original é a criada por Alan Calassa. Duas outras réplicas já foram construídas antes dessa: uma em 1956, para comemorar os cinquenta anos do avião pioneiro, e outra em 1976, pelo centenário de nascimento de Santos Dumont. No entanto, a falta de tempo para pesquisa impediu a reconstituição perfeita do 14 Bis em ambas as situações. Apesar de terem aparência semelhante ao avião original, o material utilizado na montagem era mais moderno para proporcionar maior segurança durante os voos. Os motores também eram totalmente diferentes do modelo de Dumont.[11]
O projeto liderado por Alan Calassa teve início em 2004, conduzido por um grupo de Caldas Novas (GO), composto por cinco pessoas. Eles construíram a réplica mais perfeita do primeiro avião da história feita até hoje. O projeto, chamado 14 Bis Cem Anos Depois, foi idealizado por Alan Calassa. Apaixonado por aviação desde criança, ele é piloto há 25 anos e decidiu, em 2002, aproveitar o centenário para reconstituir o voo pioneiro de 1906. Começou, então, uma extensa pesquisa de fotos e documentos da época para iniciar a construção do aparelho. Usando recursos próprios, o empresário construiu um hangar em Caldas e comprou uma moita de bambu da Índia em Corumbaíba (GO) para montar a estrutura da aeronave. Mas ainda faltavam algumas peças para concretizar o projeto.[11]
As comemorações do centenário do voo no Brasil, tiveram início em 23 de outubro de 2005, para isso, o grupo constrói uma segunda réplica. Esta segunda réplica voou na Esplanada dos Ministérios em Brasília em outubro de 2006, fato esse amplamente documentado em fotos e vídeos.[12]
A fuselagem é feita com cana-da-índia. As asas são recobertas com seda importada do Japão e amarradas com fios de seda recobertos com cera de abelha. No total, foram gastos 220 metros de seda e 2 mil metros de cordão. O motor é idêntico ao utilizado em 1906: um Antoinette, movido a gasolina. O investimento nas três réplicas é de R$ 1,5 milhão e o voo programado para Paris terá como piloto a filha do empresário, Aline Calassa, de 23 anos, que já fez voos de teste em Caldas Novas.[13]
Devido a problemas nas negociações, a equipe de Alan Calassa e sua réplica foi preterida para o voo comemorativo de Paris. No lugar dela foi enviada a "réplica" do coronel da reserva Danilo Fuchs,[14] que teve problemas logo na decolagem com a quebra de uma asa, e o voo acabou não sendo realizado.[15]
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