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político brasileiro, 7° presidente do Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Nilo Procópio Peçanha GCSE (Campos dos Goytacazes, 2 de outubro de 1867 – Rio de Janeiro, 31 de março de 1924) foi um político brasileiro. Assumiu a Presidência da República após o falecimento de Afonso Pena, em 14 de junho de 1909[1] e governou até 15 de novembro de 1910.[2][3] Nilo Peçanha é patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.[4]
Apesar de haver controvérsias em relação a sua identidade racial, em que muitos buscam descrevê-lo como negro, Nilo Peçanha é considerado como o primeiro presidente pardo da história do Brasil.[5][6]
Nilo Peçanha nasceu em 2 de outubro de 1867 em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha, padeiro, e de Joaquina Anália de Sá Freire, descendente de uma família de agricultores.[1] Teve quatro irmãos e duas irmãs. A família vivia pobremente em um sítio no atual distrito de Morro do Coco, Campos dos Goytacazes, até que se mudou para o centro da cidade quando Nilo Peçanha chegou à idade escolar.[7] Seu pai era conhecido na cidade como "Sebastião da Padaria".[8]
Fez os estudos preliminares em sua cidade, no Colégio Pedro II. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo e depois na Faculdade do Recife, onde se formou.[1]
Casou-se com Ana de Castro Belisário Soares de Sousa, conhecida como "Anita", descendente de famílias aristocráticas e ricas de Campos dos Goytacazes, neta do Visconde de Santa Rita e bisneta do Barão de Muriaé e do primeiro Barão de Santa Rita. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para se casar com um pobre e mulato, embora político promissor.[8]
Foi descrito como sendo mulato[3][9][10] e frequentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam à cor da sua pele.[2][11][12] Durante sua juventude, a elite social de Campos dos Goytacazes chamava-o de "o mestiço de Morro do Coco".[8]
Participou das campanhas abolicionista e republicana. Iniciou a carreira política ao ser eleito para a Assembleia Constituinte em 1890. Em 1903 foi eleito sucessivamente senador e presidente do estado do Rio de Janeiro, permanecendo no cargo até 1906 quando foi eleito vice-presidente de Afonso Pena. Como presidente do estado do Rio de Janeiro, assinou, em 26 de fevereiro de 1906, o Convênio de Taubaté.[13]
Quatro dias após o Convênio de Taubaté, em 1 de março de 1906, foi eleito vice-presidente da república, com 272.529 votos contra apenas 618 votos dados a Alfredo Varela.[14]
Seus seguidores eram chamados de nilistas.
Foi maçom e Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil de 23 de julho de 1917 a 24 de setembro de 1919, quando renunciou ao cargo.
Em 1921, quando concorreu à presidência da República como candidato de oposição, a imprensa publicou cartas atribuídas falsamente ao candidato governista, Artur Bernardes, que causaram uma crise política, pois insultavam o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca,[15] representante dos militares, e também Nilo Peçanha, que era xingado de mulato. Gilberto Freyre, escrevendo sobre futebol, usou-o como paradigma do mulato que vence usando a malícia e escondendo o jogo mencionando que "o nosso estilo de jogar (…) exprime o mesmo mulatismo de que Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política".[16]
Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura.[11][17][18] Alberto da Costa e Silva afirma que Nilo Peçanha foi um dos quatro presidentes brasileiros que esconderam os seus ancestrais africanos, sendo os outros Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís.[19] Já o presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de se considerar da etnia branca, confirmou ter entre seus ancestrais uma escrava.[20]
Abdias Nascimento afirma que, apesar de sua tez escura, Nilo Peçanha escondeu suas origens africanas e que seus descendentes e família sempre negaram que ele fosse mulato.[21]
A biografia oficial escrita, Celso Peçanha, ex-governador do Estado do Rio de Janeiro e que era seu parente,[22][23][24] nada menciona sobre suas origens raciais; todavia uma outra biografia posterior o faz.[3] Portanto, alguns pesquisadores expressam dúvidas sobre se Nilo Peçanha era ou não uma pessoa parda.[25] Em qualquer caso, suas origens foram muito humildes: ele mesmo contava ter sido criado com "pão dormido e paçoca".[8]
Com a morte de Afonso Pena em 1909, assumiu o cargo de presidente. É importante lembrar que Nilo Peçanha foi o primeiro Presidente pardo do Brasil. Seu governo foi marcado pela agitação política em razão de suas divergências com Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador.
Durante seu governo, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai). Durante seu breve período na presidência da República, Nilo Peçanha tomou a iniciativa de criar as Escolas de Aprendizes e Artífices, precursoras dos atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); por esta razão o ex-presidente é o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil, através da Lei 12.417/2011, que oficializou a homenagem em 2011.[4]
Apoiou o candidato Hermes da Fonseca a sua sucessão em 1910, contra Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins, candidatos de oposição que fizeram a campanha civilista. Hermes venceu as eleições e elegeu-se presidente da república em 1º de março de 1910, para governar até 1914. Os conflitos entre as oligarquias estaduais intensificaram-se, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo. Minas Gerais apoiou Hermes e São Paulo apoiou Rui Barbosa, lançando seu presidente estadual Albuquerque Lins à vice presidência na Campanha Civilista.
Ao fim do seu mandato presidencial, retornou ao Senado em 1912 e, dois anos depois, novamente elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Em 1918 novamente elegeu-se senador federal.
A 14 de junho de 1920 Portugal o agraciou com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[26]
Em 1921 candidatou-se à presidência da República pelo Movimento Reação Republicana, que tinha como objetivo contrapor o liberalismo político à política das oligarquias estaduais. Embora as situações pernambucana, baiana, gaúcha e fluminense, e boa parte dos militares, o apoiassem, Artur Bernardes o derrotou nas eleições de 1o de março de 1922. O presidente da república na época, Epitácio Pessoa, não participou das negociações (démarches, no galicismo corrente à época), sobre sua sucessão presidencial.
Artur Bernardes teve 466 877 votos contra 317 714 votos dados a Nilo Peçanha. Nilo teve apoio apenas dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.[14]
Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política, e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.
O nome do município fluminense Nilópolis, fundado em 1947, na região metropolitana do Rio de Janeiro o homenageia. No estado da Bahia desde 1930 há o município de Nilo Peçanha em homenagem ao ex-presidente.
Existem 31 instituições de ensino básico no país batizada em homenagem ao ex-presidente.[27]
1 | Agricultura, Indústria e Comércio | Antônio Cândido Rodrigues |
Francisco Sá | ||
Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda | ||
2 | Fazenda | José Leopoldo de Bulhões Jardim |
3 | Guerra | Luís Mendes de Morais |
Carlos Eugênio de Andrade Guimarães | ||
José Bernardino Bormann | ||
4 | Justiça e Negócios Interiores | Augusto Tavares de Lira |
Esmeraldino Olímpio Torres Bandeira | ||
5 | Marinha | Alexandrino Faria de Alencar |
6 | Relações Exteriores | José Maria da Silva Paranhos Júnior |
7 | Viação e Obras Públicas | Miguel Calmon du Pin e Almeida |
Francisco Sá |
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