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uma princesa saudita Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Misha'al bint Fahd al Saud (nome completo: Misha'al bint Fahd bin Mohammed bin Abdulaziz Al Saud, em árabe: الأميرة مشاعل بنت فهد بن محمد بن عبدالعزيز آل سعود) (1958–15 de julho de 1977) foi uma princesa saudita, membro da Casa de Saud. Misha'al foi executada a tiros como pena por alegado crime de adultério em 1977, aos 19 anos de idade.[1][2] Ela era neta do príncipe Muhammad bin Abdulaziz Al Saud, único irmão co-sanguíneo do então rei Khalid.[1] A história de Misha'al ganhou repercussão mundial em 1980 através da exibição do telefilme Morte de uma princesa no Reino Unido e nos Estados Unidos.[1]
Misha'al bint Fahd al Saud | |
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Princesa dos Sauditas | |
Nascimento | 1958 |
Morte | 15 de julho de 1977 (19 anos) |
Jidá, Arábia Saudita | |
Nome completo | |
Misha'al bint Fahd bin Mohammed bin Abdulaziz Al Saud الأميرة مشاعل بنت فهد بن محمد بن عبدالعزيز آل سعود | |
Casa | Casa de Saud |
Religião | Islã |
Embora haja diversas versões sobre como Misha'al conheceu seu amante, a maioria das versões relatam que ela o conheceu em Beirute. Ela foi enviada ao Líbano pelo pai para estudar, a seu próprio pedido. Lá, conheceu Khaled al-Sha'er Mulhallal, o sobrinho de Ali Hassan al-Shaer, embaixador saudita no Líbano. Quando retornaram à Arábia Saudita, eles começaram a se encontrar escondidos em diversas ocasiões. Ela fingiu ter se afogado numa praia para tentar escapar do país disfarçada de homem. No entanto, um oficial a reconheceu no aeroporto de Jidá.[3] Misha'al era casada com um primo mais velho e foi acusada de adultério. Há quem sugira, no entanto, que ela não era casada[1] e que foi executada por preferir um plebeu ao homem que a família havia escolhido por ela.[4][5] Segundo outra versão, Khaled era o marido de Misha'al, tendo eles se casado em segredo.[4]
Segundo a charia, o Direito islâmico aplicado com especial rigor na Arábia Saudita, uma pessoa só pode ser condenada por adultério se quatro adultos do sexo masculinos testemunharem que presenciaram o coito do infiel – e falsos testemunhos são punidos com chicotadas. A única outra maneira de alguém ser condenado por adultério é se a pessoa admitir a culpa dizendo três vezes em voz alta no tribunal: "Eu cometi adultério". Como não haviam testemunhas, a família real orientou Misha'al a não confessar, mas ela preferiu confessar a nunca mais ver Khaled. Essa versão foi questionada pelo documentário Morte de uma princesa, que sugere que Misha'al e seu amante nunca foram julgados num tribunal. Eles teriam sido vítimas da ira do príncipe Muhammad. Há quem sugira que o rei Khalid, temendo a publicidade negativa do caso, pediu a Muhammad que poupasse a vida da princesa.[6] O príncipe, no entanto, teria insistido em honrar sua família.[6]
Em 15 de julho de 1977, Misha'al e Khaled foram ambos executados num parque em Jidá ao lado do Prédio da Rainha. Apesar de ser membro da família real, ela foi vendada, obrigada a se ajoelhar e executada segundo as instruções de seu avô[4][7] pela desonra que ela trouxe para seu clã. Khaled, após ser forçado a assistir à execução da amada, foi decapitado, possivelmente pelo marido da princesa.[6] Foram necessários cinco golpes para matá-lo, o que indica que ele não foi executado por um profissional.[3][6] Ambas as execuções foram conduzidas perto do palácio em Jidá e não na praça pública dedicada à execução da pena capital.
Após a execução de Misha'al, a segregação entre homens e mulheres tornou-se ainda mais intensa na Arábia Saudita[8] e a polícia religiosa começou a patrulhar lojas, shoppings e qualquer outro local onde homens e mulheres pudessem vir a se encontrar.[6] (Segundo uma das versões, Misha'al e Khaled se conheceram numa boutique). As mulheres foram proibidas de viajarem sozinhas após o caso. Mais tarde o príncipe Muhammad foi indagado se as mortes foram necessárias e retrucou: "foi [crime] suficiente para mim que eles estivessem no mesmo quarto juntos".[6]
Em 1979, o produtor cinematográfico anglo-indiano Antony Thomas viajou para a Arábia Saudita para fazer um documentário sobre a história de Misha'al. Ele entrevistou diversas pessoas e obteve versões conflitantes sobre o caso. Como nenhum dos entrevistados aceitou ter a identidade revelada, ele decidiu fazer um filme baseado em sua busca pela verdade. Morte de uma princesa foi primeiramente exibido pela ITV em 9 de abril de 1980 no Reino Unido. A atriz egípcia Sawsan Badr interpretou Misha'al.
A Arábia Saudita, insatisfeita com a forma que seu regime foi retratado, retaliou de todas as formas possíveis. A intérprete da princesa "foi colocada na lista negra dos produtores egípcios de cinema, teatro e televisão, que são dependentes do petrodólar saudita", segundo a revista People,[9] embora a medida acabou surtindo o efeito contrário, aumentando sua popularidade e transformando-a numa das atrizes mais famosas do Egito. Além disso, o regime saudita expulsou o embaixador britânico de Riad,[10] fez com que 400 membros da família real retornassem do Reino Unido para a Arábia Saudita, cancelou transações comerciais[1] e baniu os voos da British Airways de seu espaço aéreo, tornando inviável o voo Londres-Singapura. Como resultado da polêmica, o filme nunca mais foi exibido novamente na televisão britânica.
Em maio de 1980, foi a vez da emissora estadunidense PBS sentir o peso da pressão saudita. Durante um mês os executivos da emissora foram coagidos por empresas e políticos a não exibir o filme. A Mobil Oil, um dos maiores anunciantes da emissora, comprou um anúncio de uma página no New York Times acusando a emissora de estar colocando em risco as relações entre Arábia Saudita e Estados Unidos. Especulou-se na época que o Rei Khalid teria oferecido US$ 11 milhões à emissora para que ela não exibisse o filme.[4] Após algum atraso, Morte de uma princesa foi exibido em 12 de maio de 1980 em grande parte dos EUA. Algumas afiliadas, no entanto, decidiram não transmiti-lo. Na Carolina do Sul a exibição do filme foi cancelada por medo de retaliação ao então embaixador dos EUA na Arábia Saudita, John C. West, que havia sido governador do estado.[11] Morte de uma princesa foi re-exibido em 2005 para comemorar os 25 anos do filme.
Segundo David Fanning, co-roteirista e produtor executivo de Morte de uma princesa, a controvérsia não tem nada a ver com a morte da garota propriamente dita: "A diferença entre a versão oficial, de que a garota foi morta porque ela foi considerada culpada de adultério e a verdade, que ela foi, de fato, executada pelo irmão mais velho do rei num ato de vingança tribal num estacionamento de Jidá foi, de fato, o motivo da controvérsia, porque essa era a parte que, é claro, a família real não poderia tolerar. E essa foi a grande indignação".
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