Metáfora é uma figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações. Também é um recurso expressivo.[1]
Amor é fogo que arde sem se ver.
Vi sorrir o amor que tu me deste.
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Junho de 2013) |
O termo fogo mantém seu sentido próprio - desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis, como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor, paixão, excitação, sofrimento etc.
Didaticamente, pode-se considerá-la uma comparação que não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada.[2]
Meu coração é um balde despejado.
Etimologia
Metáfora deriva do grego μεταφορά, "transferência, transporte para outro lugar",[3][4] composto de μετά (meta),"entre"[5] e φέρω (pherō), "carregar".[6] Em seu sentido literal, o verbo grego metaphrein seria traduzido pelo verbo latino transferire.[3]
Relação com outras figuras de linguagem
Enquanto a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias, a metonímia funciona com a relação de contiguidade entre elas. Moacyr Garcia em seu clássico "Comunicação em Prosa Moderna", percebe-se que os traços de significados das duas ideia comparadas entram em intersecção na metáfora.
Por exemplo (subjetivo): um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.
Já na metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão relacionadas por proximidade.
Por exemplo, as expressões "sem-teto", "tomou o copo todo", "adoro ler Veríssimo" são metonímias, porque:
- O termo teto está em relação de contiguidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão);
- O termo copo normalmente contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo);
- O termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor; é impossível ler uma pessoa).
Diferente da metonímia, outras figuras de linguagens como a personificação e a hipérbole mantêm com a metáfora uma relação de união semântica, não podendo assim ser totalmente dissociada uma da outra. É como se tais figuras fossem “metáforas especiais”. Se observarmos a frase: “ Neste dia ensolarado, o mar me convida ao seu encontro e as ondas querem me abraçar”, temos a metáfora na comparação sem o conectivo: O dia está tão lindo e o mar tão bom que é “como se” ele me convidasse para o mergulho e ondas estão tão movimentadas que “parecem” querer me abraçar. Existe também, de forma simultânea, a personificação, uma vez que “convidar” e “abraçar” são ações próprias de pessoas e não de seres inanimados como o mar ou as ondas.
O mesmo ocorre com a metáfora e a hipérbole. Vejamos essa outra frase: “Chorei um rio de lágrimas”. A metáfora está na comparação sem o conectivo: O choro era tão intenso e as lágrimas tantas que era “como se fossem iguais” às águas de um rio. Isso também forma, de maneira simultânea, a hipérbole, ora, não se pode alguém chorar um rio de lágrimas, por essa ser uma quantidade de lágrimas impossível de alguém produzir por lacrimação. Registra-se aí, nitidamente, o modo exagerado de se expressar.
É importante observar, entretanto, que nem sempre a metáfora será uma personificação ou hipérbole(“A minha pequena é uma flor” entenda-se aí uma "metáfora pura": ela tão delicada, bonita, cheirosa “quanto uma flor é”), mas muito frequentemente o contrário se confirma: a personificação ou hipérbole serão também metáforas. Assim como também outras figuras de linguagem consideradas semânticas como a catacrese e a sinestesia.
Outros exemplos:
- “O fogo dançava com a chuva” ( Metáfora = personificação);
- “ A lua roubara todo o seu brilho, naquela noite” (Metáfora = personificação);
- “ Eles morreram de rir com a peça”. (Metáfora = hipérbole);
- “ Choveu mais de meia hora sem parar, foi um dilúvio!” (Metáfora = hipérbole).
Exemplos de metáfora
- "Sou um cachorro sem sentimentos"
- "Cada fruto desta árvore é um pingo de ouro"
- "Meu pensamento é um rio subterrâneo" (Fernando Pessoa)
- "Fulano é um gato"
- "Essa menina é uma flor"
- "Essa menina é um filé"
- "Essa comida está muito massa"
- "É um ato de falta de grandeza desprezar o desejado pássaro depois que ele pousa em suas mãos" (Giuliano Fratin)
- "Em sua sincera dissimulação ele usou uma máscara feita com o molde de seu próprio rosto" (Giuliano Fratin)
- "Os Lenhadores da ilusão jamais obterão êxito na floresta da minha verdade" (Giuliano Fratin)
- "Jamais deveriam ser asfaltados os bosques e campos floridos de um ingênuo coração" (Giuliano Fratin)
- "E se na vida estamos apenas a fazer tempo a espera da libertação da morte" (Dodanim Macedo)
- “Sua boca é um cadeado/ E meu corpo é uma fogueira” (Chico Buarque)
Referências
- Bagno, Marcos (2013). Gramática de Bolso do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola. p. 165
- «μεταφορά». Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus. Consultado em 15 de junho de 2013
Bibliografia
Ligações externas
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